Clipping de Notícias
-
- 13/06/2016 - Mantida decisão que negou periculosidade a agente de aeroporto que trabalhava junto a raios-X de bagagensFonte: MaxpressA Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso de uma ex-agente de proteção da Top Lyne Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Ltda., que prestava serviço no aeroporto de Confins (MG), contra decisão que isentou a empresa de pagar adicional de periculosidade pelo trabalho realizado junto aos aparelhos de raios-X, na inspeção de bagagens e passageiros.
Na reclamação, a agente alegou que trabalhava em área de risco, exposta à radiação ionizante dos scanners, sem o uso de qualquer equipamento de proteção. Ela requereu o pagamento de periculosidade no percentual de 30% do salário, além dos reflexos nas demais verbas.
A defesa que a agente, que trabalhou na empresa de setembro de 2009 a agosto de 2012, exercia atividades em local de risco. Segundo a Top Lyne, ela não operava diretamente aparelhos de raios-X nem ficava próxima de local onde houvesse qualquer ameaça a sua integridade física.
Divergências de laudos periciais
O juízo da 1ª Vara do Trabalho de Pedro Leopoldo (MG) julgou o pedido improcedente, mas ressaltou a divergência entre a perícia realizada no processo da agente, que concluiu pela caracterização da periculosidade devido à exposição habitual, e o laudo produzido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a pedido da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), que afirmou não haver riscos aos operadores e ao público, devido aos baixos níveis radiométricos emitidos pelos aparelhos.
Diante da divergência pericial, o juiz contatou o Setor de Radioproteção da CNEN, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um engenheiro nuclear explicou que os aparelhos RX dos aeroportos apresentam níveis de radiação bem inferiores aos limites de tolerância estabelecidos pelos órgãos controladores, e que não seriam permitidos nesses locais, caso ocasionassem algum mal.
A sentença, então, negou o adicional, ao considerar que a compensação financeira pelos riscos no trabalho só deve ser feita quando há a possibilidade de dano à integridade física e a saúde (artigo 193 da CLT). A trabalhadora recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, que manteve a decisão.
TST
O relator do recurso de revista da agente, desembargador convocado Marcelo Lamego Pertence, entendeu que o conjunto de provas analisadas pela segunda instância levou o TRT a manter a conclusão de que os níveis de radiação não representaram risco à agente. Ele explicou que, para a Turma chegar a um entendimento contrário ao do acórdão regional, seria necessário a reexame de fatos e provas, o que é vedado pela Súmula 126 do TST. "Tendo a corte de origem registrado que as provas dos autos não permitem concluir pela existência de risco acentuado nas atividades desenvolvidas pela trabalhadora, afigura-se inviabilizada a caracterização da atividade como perigosa", concluiu.
A decisão foi unânime.
(Alessandro Jacó/CF)
-
- 10/06/2016 - Laboratório da Eletronuclear passa a integrar rede que analisa radioatividadeFonte: EBC Agência Brasil
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
O Laboratório de Monitoração Ambiental da Eletronuclear receberá oficialmente a designação de membro da rede internacional de Laboratórios Analíticos para Medição da Radioatividade Ambiental (Almera, do nome em inglês), criada pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), em 1995. A solenidade será realizada hoje (10), na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro.Para o presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, a entrada na rede Almera atesta o reconhecimento internacional da excelência do Laboratório de Monitoração Ambiental da estatal brasileira. "Isso é uma garantia de que as amostras e as análises que o laboratório faz no entorno da usina podem ser cotejadas internacionalmente. É uma coisa bastante importante, porque eleva o laboratório a um patamar de qualificação muito alto”.
Figueiredo explicou que, para entrar na rede Almera, um laboratório tem que cumprir requisitos, amostras e fazer intercomparações. "É uma coisa bastante significativa para nós”, reiterou.
A rede Almera engloba 149 laboratórios de 84 países, capacitados para fornecer uma análise confiável e oportuna de amostras ambientais em caso de liberação acidental ou intencional de radioatividade.
Angra 3
Pedro Figueiredo adiantou que a Eletronuclear está em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério de Minas e Energia para tentar encontrar uma solução para a Usina Nuclear Angra 3, cuja construção está paralisada, em função de investigações sobre irregularidades ligadas à obra. Uma reunião para tratar do assunto está programada para a próxima semana, em Brasília.
A auditoria contratada pela Eletrobras investiga as condições de todos os contratos das obras de Angra 3, que foram suspensos, bem como as fontes de financiamento, para apurar esquema de corrupção entre funcionários da Eletronuclear e fornecedores.
O ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, é suspeito de ter recebido R$ 4,5 milhões de propina em contratos da Andrade Gutierrez e da Engevix, de acordo com a Polícia Federal.
O contrato de financiamento do BNDES para Angra 3 foi firmado em fevereiro de 2011, totalizando R$ 6,146 bilhões. O BNDES confirmou que está analisando as propostas apresentadas pela Eletronuclear visando a possibilidade de renegociação do contrato, uma vez que o prazo de carência está se aproximando do final.
Do total contratado de R$ 6,1 bilhões, foram desembolsados R$ 2,6 bilhões. As liberações do BNDES foram suspensas há um ano devido a fatores diversos, entre os quais denúncias de irregularidades na construção da usina, envolvimento de dirigentes da empresa na Operação Lava Jato e falta de garantia para as contrapartidas contratuais, informaram fontes ligadas à negociação.
A expectativa é que todo o processo envolvendo a usina, com estabelecimento de novo preço para a energia gerada e novo cronograma da obra, esteja encerrado até o segundo semestre. Como serão necessários três anos para a construção, Angra 3 deverá entrar em operação somente em 2020.
-
- 09/06/2016 - Cientistas cobram explicações sobre novo Ministério a KassabFonte: Jornal da Ciência
Em meio a manifestos contra a fusão e questionamentos sobre como a pasta pretende dar conta da agenda científica nacional, o ministro interino do MCTIC se disse aberto ao diálogo em encontro realizado ontem, em São Paulo, e anunciou o descontingenciamento de R$1 bi de verba do Planejamento à nova pasta. O eventofoi organizado por meio de uma solicitação de Kassab à SBPC
A pedido do ministro interino da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a SBPC promoveu ontem (8) à tarde, em São Paulo, um encontro de Gilberto Kassab com mais de 100 dirigentes de instituições científicas, presidentes de sociedades científicas, reitores e demais representantes da comunidade científica e acadêmica de todo o País. O encontro aconteceu com a finalidade de buscar estabelecer um canal de diálogo com o setor nacional de CT&I, já que há um consenso entre os representantes da comunidade científica e acadêmica, frontalmente contrários à fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações. É essa a firme posição que tem sido defendida pela SBPC e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), que deverão continuar lutando pelo retorno do MCTI.
"Tenho profundo respeito por aqueles que pensam que não é adequada a fusão, mas eu penso diferente. Não existe governo que consiga governar com 39 ministérios”, disse Kassab, argumentando, ainda, que apesar de a Ciência e Tecnologia ter absorvido atribuições das Comunicações, ela será preservada nesse processo. "A redução dos ministérios é para trazer mais eficiência à máquina pública, não para reduzir custos. A redução de custos se dará com a reforma administrativa”, disse.
Mantendo o discurso sobre permanência do MCTIC, o ministro interino anunciou que o Planejamento descontingenciou na terça-feira (7) R$ 1 bilhão ao novo Ministério, o que recuperaria o corte que a pasta sofreu, ainda no governo de Dilma Rousseff.
A fusão dos ministérios, comunicada pelo presidente interino, Michel Temer, no dia 12 de maio, vem junto ao enxugamento de mais 16 pastas. No encontro de ontem, Kassab disse que ainda existe a possibilidade de o governo interino extinguir outros cinco ministérios, chegando a 18 apenas.
O encontro desta quarta-feira foi organizado pela SBPC a pedido do novo ministro interino. Mais de 100 representantes de instituições científicas, empresariais e universidades estiveram presentes e questionaram o novo cenário político. A principal crítica foi sobre a forma como se deu o anúncio da fusão, sem consulta à sociedade.
"Por que uma transformação tão drástica sem diálogo?”, questionou o vice-presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira. "A população brasileira não foi ouvida sobre ciência e tecnologia. Falar em redução de ministérios, de forma geral, não justifica a redução deste Ministério”, argumentou.
Moreira entregou ao ministro 14 manifestos pela volta do MCTI, publicados por diferentes instituições de todo o País, ressaltando que os protestos contra a fusão ainda não tiveram uma resposta clara do governo interino.
MCTI
A presidente da SBPC, Helena Nader, e o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, ressaltaram o desempenho da ciência brasileira e a importância da atuação do MCTI ao longo dos 31 anos de sua existência.
"O MCTI, além de ser um articulador, de ser um órgão transversal de toda política científica de trazer o financiamento, ele trouxe para seu bojo dezenas de institutos importantes”, disse Nader.
A presidente da SBPC demonstrou como a produção científica nacional cresceu de forma contínua nos últimos 31 anos – desde a criação do Ministério da CT&I -, o que colocou o País na 13ª posição entre os países com maior produção de conhecimento. "É nítido o impacto do crescimento da importância da ciência brasileira. E não são apenas números que aumentam, mas a qualidade, medida pelo incremento nas citações das pesquisas brasileiras”, comentou.
A presidente falou ainda do desempenho do País em resposta à epidemia da zika, mesmo com os cortes ao financiamento de pesquisas. "Neste último ano, o mundo inteiro viu que foi com a ciência feita neste país que se fez a associação da zika com a microcefalia. É uma ciência que quando chamada, responde de imediato. É fora do comum o que fazemos com pouco financiamento”, observou.
Nader falou ainda dos desafios que a CT&I nacional enfrenta, entre eles, o baixo desempenho em inovação, que exige uma relação mais próxima entre pesquisa, governo e empresas, e lembrou a luta pela derrubada dos vetos ao Marco Legal da CT&I: "Estamos todos aqui, representantes de instituições científicas, tecnológicas e de inovação, juntos por um Brasil que atinja aquilo que nós brasileiros queremos e por um Ministério da CT&I forte”.
Davidovich, por sua vez, falou da ausência da ciência no discurso político do Brasil, destacando que o País precisa de um governo que lidere a tarefa de levar a ciência nacional a um patamar mais importante. "Não existe ponte para o futuro sem ciência e tecnologia. Estamos jogando na retranca na área de CT&I. Mas nós queremos avançar. Precisamos de um governo do mais alto nível que lidere essa tarefa”.
Ele destacou ainda que EUA e China e outros países investiram em ciência como estratégia para sair da crise, e citou a frase do Presidente dos EUA, Barack Obama, "Não se joga fora o motor do avião”, em referência à porcentagem do PIB investido por alguns países em pesquisa e desenvolvimento.
O presidente da ABC manifestou que considera retrocesso a transformação de um patrimônio nacional de 31 anos sem diálogo com a comunidade científica. "Não vejo sentido juntar a Anatel com Ciência e Tecnologia. Estão juntando atividades com etos muito diferentes”, alertou.
O cientista lembrou ainda que o MCTI foi resultado de mais de 20 anos de uma luta que teve início ainda na década de 1960, quando, segundo ele, houve uma conjectura de que um Ministério da Ciência seria útil ao País: "O Ministério foi criado em 1985, e provou que era importante. Sua responsabilidade agora, ministro, de provar que essa fusão vai funcionar, é grande”.
Promessas
Kassab respondeu a perguntas da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, da Associação Brasileira de Universidade Estaduais e Municipais (Abruem), da Sociedade Brasileira de Arqueologia, da Academia Nacional de Engenharia, da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), de universidades como UFRJ, UFRGS, Unifesp, USP, Unesp, entre outros. No total, o evento teve a participação de mais de cem representantes. Todos reiteraram não apoiar a fusão dos ministérios e manifestaram preocupação com a descontinuidade de políticas em curso e com possíveis cortes no orçamento da CT&I.
Em resposta às preocupações, Kassab se comprometeu a realizar uma nova reunião com a comunidade científica para discutir a proposta de redistribuição das secretarias do novo Ministério e prometeu reavivar o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT). O ministro interino também garantiu que irá tratar em regime de urgência a reversão dos vetos ao Marco Legal da CT&I.
Sobre os financiamentos, disse que sua meta é recuperar o orçamento original do planejamento de 8 bilhões ao longo do ano. "Não é compromisso, é uma meta. É muito bom termos uma meta na vida pública”, ponderou, defendendo, repetidamente, que a fusão é uma medida do governo que trará mais eficiência à área.
Balanço
Para a secretária-geral da SBPC, Claudia Masini d’Avila-Levy, a presença maciça dos cientistas no auditório e os mais de 5 mil acessos à transmissão do encontro (transmitido ao vivo pelo site da SBPC), demonstra que a comunidade precisa manter um canal aberto de diálogo com o governo interino. "A gente precisa conversar e colocar quais são as necessidades da comunidade científica. Não adianta a gente se afastar de quem está no poder executivo hoje”, comentou.
Porém, segundo ela, o consenso de que a fusão dos ministérios é preocupante permanece. "O MCTI é inegociável e inextinguível, se a gente quiser dar um salto de qualidade para a ciência, tecnologia e inovação”.
Helena Nader, presidente da SBPC, acredita que o encontro com o ministro interino não demoveu os cientistas da luta contra fusão dos ministérios, mas possibilitou, além de uma abertura ao diálogo, que o novo ministro conhecesse melhor as preocupações e necessidades das instituições. "Vamos continuar lutando pela volta do MCTI, o que não quer dizer que não trabalharemos juntos pela ciência, tecnologia e inovação do País”, concluiu.
-
- 07/06/2016 - Empresas brasileiras ampliam parceria nuclear e de radiofármacos com RússiaFonte: Agência Brasil - EBC
Flávia Villela* – Repórter da Agência Brasil
Quando a estatal russa de energia nuclear Rosatom abriu um escritório regional no Rio de Janeiro em junho de 2015, a empresa não imaginava a dimensão da crise política e economia brasileira apenas um ano depois. Durante o maior fórum internacional de energia nuclear na Rússia, Atomexpo 2016, na primeira semana de junho, o vice-presidente da Rosatom na América Latina, Ivan Dybov, admitiu que grandes negócios no Brasil terão de esperar, até que o cenário político se estabilize, mas comemorou avanços nas áreas de radioisótopos, agricultura, entre outras.
"Com a Lava Jato, os negócios diminuíram o ritmo. Talvez haja algum adiamento em futuras parcerias para usinas nucleares, mas temos outras possibilidades de negócios no Brasil e em diferentes países também interessantes e lucrativos. Somos os maiores fornecedores de radioisótopos no Brasil, temos um grande projeto na Bolívia, estamos discutindo vários projetos de radiotecnologia na região”, disse Dybov "Há também a possibilidade de prover insumos para a agricultura, esterilização para ferramentas médicas e equipamentos médicos para toda a América Latina, que é um parceiro estratégico”.
Dybov mencionou ainda a possibilidade de construir um depósito de lixo radioativo para a Eletronuclear, que opera as Usinas Angra I e II, em Angra dos Reis, costa verde fluminense.
O vice-diretor geral da estatal Rosatom, Kirill Komarov também se mostrou otimista em relação às parcerias comerciais com o Brasil.O Brasil também tem motivos para comemorar. De acordo com o diretor de produção do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Jair Mengatti, o fornecimento de produtos radioisótopos da Rússia para o Brasil permitiu que o governo brasileiro reduzisse pela metade os gastos com insumos que ajudam a diagnosticar e tratar vários tipos de câncer. O Ipen é o principal produtor de radiofármacos no país e enfrentou problemas no ano passado para conseguir alguns insumos, como o Iodo-131, agora 100% importado da Rússia.
"Até o fim do ano passado, nosso fornecedor era do Canadá e depois do processo de licitação passamos a receber da Rússia. Economizamos por semana em torno de US$100 mil. São mais de R$10 milhões por ano de economia”, disse o diretor do Ipen.
Mengatti, que também é gerente do Centro de Radiofármacos do instituto, visitou com outros técnicos as instalações da parceira russa. "A capacidade de produção deles é impressionante, uma quantidade enorme de reatores. Alguns insumos podem ser irradiados lá e poderemos processá-los aqui. Já temos uma lista de novos insumos e como temos acordo bilateral, podemos estabelecer parcerias estratégicas, sem licitação, desde que nos seja interessante do ponto de vista econômico”, explicou. Dentre os itens da lista, estão gálio 67 e cloreto de tálio, ambos usados para diagnósticos.
Nuclep e Rosatom
Um dos convidados do AtomExpo 2016, o presidente da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), Jaime Cardoso, informou que os negócios com a Rússia podem ajudar a empresa, que chegou a ter cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos e agora tem 1 mil, a aumentar a produção. Segundo ele, a empresa, é de economia mista e vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e subordinada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi prejudicada pela crise econômica e pela Petrobras, sua principal cliente."Estamos ampliando a discussão do memorando que foi assinado, inclusive pelo presidente Temer [na época, vice-presidente] e o primeiro ministro russo [Dmitry Medvedev] no ano passado. Tornamo-nos fornecedores internacionais de equipamentos nucleares para a Rosatom. Agora estamos estudando outras formas de cooperação como joint ventures para que esse fornecimento se torne mais efetivo especialmente para o mercado latino-americano”, disse ele, ao adiantar que memorando similar foi assinado com a americana Westinghouse e outro está sendo negociado com a francesa Areva.
Cardoso informou que o processo de impeachment gerou insegurança entre os parceiros e que a viagem serviu para assegurar a continuidade dos compromissos apesar da mudança repentina de governo. "Um dos motivos de estarmos aqui é garantir a tranquilidade dos parceiros, que os acordos firmados serão cumpridos. Estivemos antes na França para garantir que podemos continuar os entendimentos, que não haverá ruptura na administração da empresa”, declarou.
*A repórter viajou a convite da estatal russa de energia nuclear Rosatom
Edição:Wellton Máximo
-
- 06/06/2016 - Kassab recebe cartas de entidades contra fusão do MCTiGilberto Kassab se reuniu pela 1ª vez com comunidade científica: ‘É uma decisão de governo e não de ministério’, disse
Gilberto Kassab se reuniu pela 1ª vez com comunidade científica: ‘É uma decisão de governo e não de ministério’, disse
Fonte: Portal G1 de notícias
O ministro Gilberto Kassab (PSD) se reuniu pela primeira vez com a comunidade científica na tarde desta quarta-feira (8) e recebeu cartas de diferentes universidades e associações contra a fusão do ministérios da Ciência Tecnologia e Inovação com o das Comunicações.
Entre as instituições que apresentaram documentos contra a junção das pastas estão Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), universidades federais de São Paulo, Associação Brasileira de Antropologia, Sociedade Brasileira de Física, Sociedade Brasileira de Química e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). São 15 cartas ao todo, segundo a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
De acordo com Kassab, a fusão "é uma decisão de governo e não é uma decisão de ministério”. Ele disse que os ministérios devem ser ainda mais reduzidos, podem passar de 23 para 18 pastas.
"É uma convicção, é uma unanimidade, quase da nação brasileira, de que o número de ministérios precisa ser reduzido. Foi reduzido, eram 39 um tempo atrás e hoje são 23 e existe uma demanda muito grande para que se reduza mais ainda”, disse.
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena B. Nader, reafirmou que os pesquisadores são contra a fusão dos ministérios, mas disse que a maior preocupação é em relação a mais cortes de verbas. Segundo Kassab, a verba foi reduzida de R$ 10 bilhões para R$ 4,5 bilhões em uma década.Nesta terça-feira (7), o Ministério de Ciência e Tecnologia e Comunicações recuperou R$ 1 bilhão do orçamento de R$ 1,8 bilhão que estava em contenção. Kassab disse que deverá pedir aos ministérios da Fazenda e Planejamento o reparo de aproximadamente R$ 8 bilhões para a pasta.
Após o discurso de Nader, que contou toda a história de criação do MCTi em 1985 até os avanços atuais no setor, o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, retomou as críticas aos cortes de incentivo para o setor científico e disse que leu todo o programa do atual governo em exercício Michel Temer, intitulado "Ponte para o Futuro”. Ele disse que não encontrou a palavra "Ciência” no projeto e brincou: "Já vimos pelo exemplo do Rio de Janeiro que uma ponte sem ciência cai”, em referência à ciclovia Tim Maia que, após ser atingida por uma ressaca no Rio, despencou.
-
- 05/06/2016 - Brasil e Rússia avançam em parcerias nuclearesA Rússia sediou o maior congresso de energia nuclear do mundo, que reuniu milhares de participantes de 50 países em Moscou, durante a primeira semana de junho.
A Rússia sediou o maior congresso de energia nuclear do mundo, que reuniu milhares de participantes de 50 países em Moscou, durante a primeira semana de junho.
Fonte: Sputnik BrasilO evento foi patrocinado pela estatal russa de energia nuclear Rosatom, e a viagem incluiu visita à usina nuclear de geração 3+ na cidade de Novovoronezh, considerada a mais moderna do mundo. Segundo a Agência Brasil, a Rússia tenta vender a usina para o Brasil desde que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff anunciou a meta de construção de pelo menos quatro usinas nucleares até 2030.
Durante o congresso, o número dois da Rosatom, Kirill Komarov, afirmou que a crise econômica e política que o Brasil enfrenta não mudou os planos da estatal russa de aumentar parcerias com o país.
"Energia nuclear deve estar além das questões políticas, pois a necessidade brasileira de usinas nucleares é enorme. E, apesar da situação atual, continuamos a avançar (nas negociações)”, declarou o vice-diretor geral da Rosatom à Agiencia Brasil.
"Há um mês, recebemos o convite da Eletronuclear para visitar alguns locais e fazer consultoria, ver quais são os locais mais apropriados para construções de usinas. Estamos muito otimistas com o programa nuclear brasileiro e ficaremos felizes em participar dele”, acrescentou.
O chefe da Assessoria para Desenvolvimento de Novas Centrais Nucleares da Eletronuclear, ligada ao Ministério de Minas e Energia, Marcelo Gomes, afirmou que asconversas com asdiferentes empresas ainda são iniciais, mas que a Rússia tem se mostrado um parceiro mais do que habilitado, experiente e proativo.
"As usinas de geração 3 incorporam inovações no projeto que astornam ainda mais seguras. São projetos muito interessantes para serem adotados no Brasil. Em função desse projeto de novas usinas, estamos nos conhecendo, eles [russos] têm sido sempre muito cooperativos e isso pode render bons frutos”, declarou Gomes.
-
- 02/06/2016 - Ciência no Brasil está desprestigiada, diz ex-ministro RezendeFusão de ministérios não reduz gastos, mas reduz importância da ciência e tecnologia e compromete o futuro do país, diz o físico Sérgio Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco, que foi ministro durante 5,5 anos — o mais longevo da história do MCTI
Fusão de ministérios não reduz gastos, mas reduz importância da ciência e tecnologia e compromete o futuro do país, diz o físico Sérgio Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco, que foi ministro durante 5,5 anos — o mais longevo da história do MCTI
Fonte: O Estado de S. Paulo
HERTON ESCOBAR
A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o Ministério das Comunicações é símbolo de um desprestígio, que enfraquece a ciência brasileira e compromete o desenvolvimento do país, segundo o físico e ex-ministroSérgio Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco. A economia da fusão é mínima, argumenta ele, enquanto que os prejuízos são enormes — tanto do ponto de vista prático quanto simbólico.
"Não vai contribuir para o governo ficar mais ágil, mas vai contribuir para a ciência e tecnologia perderem importância”, afirma Rezende, que foi o ministro mais longevo da história do MCTI. Ele comandou a pasta por cinco anos e meio (de julho de 2005 a dezembro de 2010), durante o governo Lula. Desde então, em cinco anos e meio de governo Dilma, seis pessoas sentaram na mesma cadeira — agora ocupada por Gilberto Kassab. Um troca-troca que, segundo Rezende, contribuiu para o cenário de instabilidade e desestímulo que o setor vive atualmente.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista, concedida ontem (1/6) aoEstado.
Qual é a opinião do senhor sobre a fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações?
Do ponto de vista da economia, é um ganho muito pequeno, porque o número de cargos extintos no processo é muito pequeno. É mais simbólico, para passar uma ideia de que a máquina diminuiu. Mas justamente por ser simbólico é que é ruim para a ciência no Brasil, porque nossa ciência é muito nova.
Algumas pessoas argumentam que os Estados Unidos não têm ministério de ciência; só que os EUA têm uma Universidade Harvard criada em 1636; têm doutorado desde o século 19; têm inovação embutida na sua cultura. Essa ideia de que é preciso fazer inovação para ser competitivo está embutida no DNA das empresas americanas. No Brasil não tem nada disso. Nossa pós-graduação foi institucionalizada há 50 anos; nossas empresas não têm tradição de fazer pesquisa ou inovação. E as demandas da área de Comunicação são muito grandes.
Então, a economia é irrisória; praticamente nula. E para a ciência é ruim, porque mostra mais uma vez que ciência, tecnologia e inovação não são prioritárias.
Não tenho dúvida das boas intenções do ministro Kassab; aliás, nós já tivemos alguns ministros políticos que foram bons — o primeiro foi Renato Archer, e outro foio Eduardo Campos. Então, o Kassab pode ser um bom ministro, porque ele é um bom político, um bom administrador. Mas ele vai ter que dividir o tempo dele, e talvez ele coloque mais tempo nas Comunicações do que na Ciência e Tecnologia. É natural, porque as demandas da Comunicação são muito grandes.
Na prática, quais serão as consequências disso nas universidades e institutos de pesquisa?
O que vai acontecer é que vai haver desperdício de esforços. As pessoas vão botar esforço em protestar e tentar reverter essa situação, quando deveriam estar fazendo educação e produzindo ciência. Nos últimos dois anos o orçamento de Ciência e Tecnologia caiu muito; vários programas foram interrompidos, congelados, e não acredito que vai haver melhora, porque a situação econômica é ruim e a ciência está desprestigiada.
Cada troca de ministro significa uma descontinuidade de programas; então a coisa já não vinha bem, e a tendência é piorar”
Isso já vinha ocorrendo no governo Dilma?
Em cinco anos e meio de governo Dilma tivemos seis ministros de Ciência e Tecnologia. Quando eu fui ministro, fiquei cinco anos e meio no cargo. Cada troca de ministro significa uma descontinuidade de programas; então a coisa já não vinha bem, e a tendência é piorar.
E olha, não é por falta de recursos, não. Esse ano o MCTI vai ter um orçamento entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. O que o governo federal está pagando pelos juros da dívida esse ano são R$ 540 bilhões. Comparativamente, é uma ninharia. O Brasil não é um país pobre, mas é um país que usa mal os seus recursos. Dinheiro tem, mas a política é tal que a Ciência e Tecnologia não tem prioridade.
É um desastre no Brasil a falta de continuidade dos programas — mesmo quando é um governo de continuidade do anterior. Nós tínhamos vários programas bem sucedidos na gestão Lula que foram descontinuados no governo Dilma.
Por exemplo?
A Lei de Inovação e a Lei do Bem, que foram feitas há 10 anos. A da Inovação estimula a interação universidade-empresa; e a do Bem tem incentivos fiscais para as empresas, permitindo que elas abatam do Imposto de Renda o que investirem em inovação.
No ano passado a Lei do Bem foi suspensa, porque o governo precisava arrecadar mais. Isso é dar um tiro no pé! Quando você não investe em ciência, tecnologia e inovação, você está comprometendo o futuro.
Então as empresas receberam esse recado: Não precisa investir, não, que nós estamos mais interessados em arrecadar a curto prazo. E para quê? Em grande parte, para pagar os juros da dívida; esse juro maluco que a gente tem no Brasil.
Um argumento comum é que cortaram do MCTI, mas também cortaram dos outros ministérios. Então todo mundo saiu perdendo; e a culpa é da crise.
Só que se você usar os números absolutos, vai ver que cortar um mesmo porcentual da Educação e da Ciência e Tecnologia representa uma perda muito maior para a Ciência e Tecnologia, porque o orçamento do MCTI é dez vezes menor que o da Educação. O que se economiza cortando em Ciência e Tecnologia é uma ninharia, e está comprometendo o futuro.
Qual é o impacto a longo prazo de uma crise como essa na ciência, mesmo que ela seja passageira?
Nós já vivemos duas épocas muito difíceis, que foi o final do governo Sarney e todo o governo Collor, e o primeiro mandato do Fernando Henrique Cardoso. Foram dois períodos em que os orçamentos caíram muito e as pessoas não tinha recursos para botar nos laboratórios. E nós estamos entrando nesse período (de novo).
O resultado é que jovens pesquisadores resolvem ir para fora do Brasil, porque aqui não há condições adequadas. Em algumas situações, até pesquisadores mais experientes (como a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que recentemente trocou o Brasil pelos EUA). Isso é muito ruim.
Os exemplos e o ambiente contaminam as pessoas. O ambiente de desânimo que estamos vivendo agora compromete o futuro, porque as pessoas desanimam do Brasil e vão embora; e menos pessoas procuram essas carreiras acadêmicas e científicas.
Dentro das limitações atuais, políticas e orçamentárias, quais seriam as medidas mais importantes para a ciência brasileira sobreviver a esse período de crise?
Se for confirmado que o ministro Kassab vai manter os dirigentes da Finep e do CNPq, isso é uma boa coisa. Mas tem de conseguir recursos para eles atuarem. Tanto a Finep quanto o CNPq estão com seus orçamentos totalmente estrangulados.
De onde tirar esse dinheiro?
Tem R$ 540 bilhões de juros da dívida! É só baixar a taxa Selic que vai sobrar dinheiro!
Quais foram os erros e acertos do governo Dilma?
O grande problema em Ciência e Tecnologia foi ter uma troca muito frequente de ministros, e os cortes orçamentários. Os orçamentos foram cortados desde 2011, e os ministros foram trocados a cada ano. Não é possível ter continuidade com tanta troca e pouco dinheiro.
Do governo Lula para o governo Dilma a mudança foi muito grande, em muitos aspectos. Mas isso não justifica o golpe. Para mim, é um golpe, uma conspiração. O governo dela estava muito ruim, mas ela foi eleita. Vamos ver agora o que vai acontecer.
-
- 02/06/2016 - Ministério da Ciência não acabou, diz KassabEm reunião na USP a convite do reitor Marco Antonio Zago, ministro afirma que a fusão resultou no fim da pasta de Comunicações
Em reunião na USP a convite do reitor Marco Antonio Zago, ministro afirma que a fusão resultou no fim da pasta de Comunicações
Fonte: O Estado de S. Paulo
FÁBIO DE CASTRO E HERTON ESCOBAR -
SÃO PAULO -Apesar dos crescentes protestos da comunidade científica contra a fusão dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Comunicações, a decisão vai "valorizar e fortalecer a ciência, a tecnologia e a academia”, de acordo com Gilberto Kassab, titular da nova pasta. Segundo ele, "o MCTI não foi extinto”. "Foi extinto o Ministério das Comunicações.”
O ministro participou nesta quarta-feira, 1º, aconvite do reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, de uma reunião com alguns dos mais importantes cientistas do Estado de São Paulo. Kassab tentou tranquilizar os pesquisadores, depois de uma reação negativa da comunidade científica brasileira à fusão dos ministérios.Entidades como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro já haviam se manifestado contra a fusão. No dia 25, uma centena de pesquisadores lançou a Frente Contra a Extinção do MCTI, na Coordenadoria de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da UFRJ. "Respeito as opiniões divergentes. Mas, em relação à fusão, há cada vez mais conscientização da comunidade científica de que o MCTI não foi extinto e sim o Ministério das Comunicações. A estrutura de Comunicações é que foi incorporada ”, disse Kassab aoEstado.
O ministro afirmou que a reunião desta quarta-feira na USP é um indício de que os cientistas estão mudando de ideia sobre a fusão. A reportagem acompanhou o encontro, de cerca de duas horas. Diversos pesquisadores fizeram perguntas e comentários, mas não abordaram o tema da fusão. "Acho que só o tempo vai mostrar que a ciência, a universidade e a pesquisa serão valorizadas por um ministério fortalecido. As preocupações são legítimas, mas só o tempo mostrará que foi uma decisão correta.”
Segundo Kassab, embora tenha contribuído para "enxugar a máquina”, a fusão dos ministérios não teve como objetivo principal economizar recursos, mas aumentar a eficiência na gestão do governo federal. "Estamos em um regime presidencialista, o que torna fundamental a proximidade entre o ministro e o presidente. Com 40 ministérios, isso era inviável. Agora, com 23, a proximidade será muito maior. Com Comunicações, o ministério terá mais peso político. Isso trará desdobramentos positivos para termos melhores resultados nas nossas ações”, declarou.
Kassab afirmou que os investimentos em ciências foram incipientes nas últimas duas décadas e caíram ainda mais nos últimos cinco anos. Ele prometeu aos cientistas que lutará por mais recursos, apesar da crise econômica. "Vivemos em uma conjuntura econômica muito desfavorável. Vamos trazer mais apoio político para que o ministério possa enfrentar a crise. Cabe a nós fortalecer o direcionamento de recursos e parcerias com a comunidade científica”, disse. "Meu empenho será muito grande para conseguir mais recursos. Meu papel é político. Não vou dominar todos os assuntos (de ciência), mas vou me cercar de uma boa assessoria e dialogar com a comunidade científica”, acrescentou o ministro.
Empréstimo
Segundo Kassab, o ministério está aguardando a aprovação de um empréstimo de US$ 1,4 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), solicitado em abril pelo então ministro do MCTI Celso Pansera. "Mas primeiramente tem de ser aprovado pela área econômica do governo e pelo Senado”, disse. O ministro afirmou que está traçando um plano diretor para o ministério. "É um instrumento básico de gestão. Pedi à equipe que preparasse uma proposta, que deverá ficar pronta na próxima semana.”
Para ex-ministro, ‘a ciência estádesprestigiada’
A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com a pasta das Comunicações enfraquece a ciência brasileira e compromete o futuro do País, segundo o ex-ministro Sérgio Rezende, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
"A economia de recursos é irrisória, praticamente nula”, diz o físico, que comandou o MCTI de 2005 a 2010, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já o desestímulo para se investir em ciência, tecnologia e inovação é enorme, segundo ele, sinalizando "mais uma vez” que o setor não é visto como prioridade.
"Nos últimos dois anos, o orçamento de ciência e tecnologia caiu muito. Vários programas foram interrompidos, congelados, e não acredito que vai haver melhora, porque a situação é ruim e a ciência está desprestigiada”, disse Rezende, em entrevista ao Estado.
Ele cita a recente suspensão da Lei do Bem, que permitia a empresas abater do Imposto de Renda os investimentos feitos em inovação. "É um tiro no pé”, afirma Rezende. "Quando você não investe em ciência, tecnologia e inovação, você está comprometendo o futuro.” O resultado, segundo Rezende, é um ambiente de desânimo que ameaça fomentar a fuga de cérebros para o exterior, além de desestimular a entrada de jovens talentos nas carreiras acadêmicas e científicas.
Um dos grandes problemas na gestão de Dilma Rousseff, segundo Rezende, foi a troca constante de ministros – seis em apenas cinco anos e meio. "Não há como ter continuidade dessa forma.” Para ele, uma medida importante do ministro Gilberto Kassab, portanto, seria manter as lideranças das principais agências de fomento da pasta: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E obter recursos para elas.
-
- 01/06/2016 - Ministro defende fórum permanente para consolidar CT&I como setor estratégicoEm reunião com o Conselho Universitário da USP, Gilberto Kassab afirmou que o setor é fundamental para a retomada do crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Em reunião com o Conselho Universitário da USP, Gilberto Kassab afirmou que o setor é fundamental para a retomada do crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Fonte: MCTIC
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse nesta quarta-feira (1º), em reunião do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP), que é favorável à criação de um fórum permanente e interministerial para ouvir a comunidade científica e aprimorar as políticas públicas do setor. Segundo o ministro, ciência, tecnologia e inovação (CT&I) é fundamental para o país retomar o crescimento econômico e se desenvolver de forma sustentável. O fórum proposto teria condições de consolidar o caráter estratégico da CT&I em sintonia mais estreita com todas as áreas do governo.
Kassab prometeu, ainda, trabalhar pelo aumento do limite de R$ 8 mil para dispensa de licitação em contratos de bens e serviços destinados a atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). O objetivo é ampliar esse valor para R$ 30 mil e acelerar a compra de insumos e equipamentos destinados aos projetos científicos, como propôs o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação.
"Isso porque os pesquisadores e as universidades perdem muito tempo de trabalho, pois demoram, no mínimo, três meses para comprar insumo ou equipamento, devido à necessidade de concorrência porque a legislação ainda mantém um limite fixado há décadas e sem correção."
Fusão
O titular do MCTIC reiterou que o antigo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) não foi extinto e, na verdade, incorporou o Ministério das Comunicações. "Isso não vai interferir no orçamento de CT&I, mas, por outro lado, deve aumentar o peso político da pasta, pela aproximação com a Presidência da República", disse. "O tempo vai mostrar que o setor pode se valorizar com um ministério fortalecido, com desdobramentos como a vinda de mais recursos, a melhoria do ambiente de P&D e o aumento da eficiência administrativa."
Para Kassab, CT&I e comunicações possuem afinidade temática e são compatíveis em termos de agenda e recursos. "As comunicações hoje dependem efetivamente de muita tecnologia, de bastante investimento em transformação", explicou. "Essa convivência vai ser muito saudável para a pesquisa, para a ciência, para a tecnologia, que terão o peso das comunicações como parceira dentro do ministério. E também para as comunicações, que terão a oportunidade de chegar com muito mais proximidade ao mundo acadêmico, ao universo das pesquisas."
O ministro destacou a representatividade do encontro, liderado pelo reitor da USP, Marco Antonio Zago. Também participaram da reunião o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTIC, Jailson de Andrade, o presidente da Fapesp, José Goldemberg, os reitores da Unesp, Julio Cezar Durigan; da Universidade Federal do ABC, Klaus Capelle; da Universidade Federal de São Carlos, Targino de Araújo Filho e a pró-reitora de pós-graduação e pesquisa, Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni.
-
- 01/06/2016 - Físicos podem ter detectado uma quinta força da naturezaFonte: Hype Science
A física pode ser bastante intensa às vezes, mas um dos aspectos mais simples dela é que tudo no universo é controlado por apenas quatro forças fundamentais: gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares forte e fraca. Agora, no entanto, físicos na Hungria acreditam que podem ter encontrado evidência de uma quinta força misteriosa da natureza.
Se for comprovada, essa descoberta significaria que precisamos repensar a nossa compreensão de como o universo realmente funciona. As informações são do site Science Alert.
Porém, antes de tratar disso, vamos voltar a essas quatro forças por um segundo, porque elas são muito importantes. Elas são uma parte fundamental do modelo padrão da física, que explica todo o comportamento e as partículas que vemos no universo. A gravidade é responsável por manter juntos os planetas e a força eletromagnética é responsável por manter nossas moléculas juntas.
"No menor nível, estão as outras duas forças: a força nuclear forte é a cola dos núcleos atômicos e a força nuclear fraca ajuda alguns átomos a passar pelo decaimento radioativo”, escreve Ryan F. Mandelbaum para a revista "Popular Science”. "Essas forças pareciam explicar a física que podemos observar, mais ou menos”.
Bóson super leve
As provas desta quinta força foram descobertas no ano passado, quando uma equipe da Academia Húngara de Ciências informou que tinha disparado prótons em lítio-7 e, nas cinzas nucleares, haviam detectado um novo bóson super leve que era apenas 34 vezes mais pesado do que um elétron.
Por mais impressionante que isso possa parecer, o artigo ficou em grande medida esquecido, até que uma equipe dos Estados Unidos publicou sua própria análise dos dados no final do mês passado, no site arXiv.
Na análise, a equipe dos EUA, liderada por Jonathan Feng, da Universidade da Califórnia em Irvine, mostrou que os dados não entram em conflito com experiências anteriores e calculou que o novo bóson poderia realmente estar carregando uma quinta força fundamental – e foi aí que o mundo científico começou a se interessar.
Esse artigo ainda não foi revisado por pares, por isso não podemos ficar muito animados, mas, estando público no arXiv, os outros físicos podem analisar os resultados e adicionar suas próprias conclusões, que é o que está acontecendo atualmente. Como relata a revista Nature, os pesquisadores ao redor do mundo estão correndo para realizar testes de acompanhamento a fim de verificar a descoberta da Hungria, e podemos esperar resultados dentro de cerca de um ano.
Descoberta inesperada
Mas, se você for como eu, provavelmente está se perguntando: "O que um bóson super leve tem a ver com uma nova força da natureza?”. Bom, vamos lá.
Esta não é a primeira vez que pesquisadores afirmam ter detectado uma quinta força (tem até uma página na Wikipedia para as possibilidades dessa quinta força), mas a busca por ela tem ficado cada vez mais quente ao longo da última década. Muitos cientistas acreditam que pode haver uma partícula por aí chamada de "fóton escuro”, que poderia levar uma nova força que poderia explicar a matéria escura – essa substância invisível que compõe mais de 80% da massa do universo.
Isso é o que a equipe húngara, liderada pelo físico Attila Krasznahorkay, estava procurando. Para fazer isso, os cientistas dispararam prótons em alvos finos de lítio-7, uma colisão que criou núcleos instáveis de berílio-8, que, então, decaíram em pares de elétrons e pósitrons.
"De acordo com o modelo padrão, os físicos deveriam ver que o número de pares observados cai à medida que o ângulo que separa a trajetória do elétron e do pósitron aumenta”, escreve Edwin Cartlidge na "Nature”. Mas não foi isso que a equipe viu – a cerca de 140 graus, o número desses pares saltou, criando um pequeno "inchaço” antes de cair novamente em ângulos maiores.
De acordo com Krasznahorkay e sua equipe, este "inchaço” era evidência de uma nova partícula. Eles calcularam que a massa desta nova partícula seria de cerca de 17 megaelectronvolts, o que não era esperado para o "fóton escuro”, mas pode ser uma evidência de algo completamente diferente.
"Estamos muito confiantes sobre nossos resultados experimentais”, afirmou Krasznahorkay à "Nature”. Ele diz que a chance do "inchaço” ser uma anomalia é de cerca de 1 em 200 bilhões (só não podemos esquecer que nenhuma outra equipe confirmou isso ainda).
Esperança e precaução
A análise feita pelo grupo norte-americano não envolveu uma repetição do experimento, apenas cálculos para verificar se, pelo menos teoricamente, a proposta de bóson super leve que Krasznahorkay detectou poderia ser capaz de transportar uma nova força fundamental.
Como todos os bons cientistas, a comunidade da física até agora está muito cética a respeito das supostas descobertas, especialmente porque o bóson super leve era algo que ninguém esperava encontrar.
"Certamente não é a primeira coisa que eu teria escrito se eu pudesse mudar o modelo padrão à vontade”, disse Jesse Thaler, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que não estava envolvido em nenhum dos estudos, à "Nature”. No entanto, ele admitiu que está prestando atenção ao que vem por aí. "Talvez nós estejamos tendo o nosso primeiro vislumbre da física para além do universo visível”. [Science Alert]
-
- 31/05/2016 - Câmara aprova regime de urgência para 12 projetos de reajuste de servidoresFonte: Agência Câmara Notícias'
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (31) o regime deurgênciapara 12 projetos de lei com recomposições salariais de diversas carreiras federais. O mérito das matérias será analisado em outras sessões futuras.Confira as urgências aprovadas:
- PL2742/15(Câmara dos Deputados)
- PL 4244/15 (Senado Federal)
- PL 4250/15 (servidores de diversas carreiras do Executivo)
- PL 4251/15 (carreiras da educação)
- PL 4252/15 (agências reguladoras)
- PL 4253/15 (servidores de ex-territórios)
- PL 4254/15 (diversas carreiras, inclusive honorários de sucumbência para AGU)
- PL 4255/15 (forças armadas)
- PL7922/14 (servidores da Defensoria Pública)
- PL2647/15 (Procuradoria-Geral da República)
- PL 2747/15 (defensores públicos da União)
- PL2743/15 (Tribunal de Contas da União)
Posição contrária
O deputado Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS) fez questão de marcar sua posição contrária a dar caráter de urgência aos projetos de aumentos salariais. O deputado disse que não é hora de aumentar despesas, levando em conta o deficit nas contas públicas. "Não é contrário a uma carreira, mas dentro de um cenário em que o Brasil vive, neste momento em que temos projeção de deficit nas contas públicas. Não me parece que seja justiça para todos os brasileiros”, afirmou.O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) destacou que essa é a posição pessoal de Marchezan, não do partido. "Não é a posição do partido, que vai votar a favor dos projetos”, disse.
A postura recebeu críticas do PT, que se referiu aos tempos de arrocho do governo tucano. O deputado Givaldo Vieira (PT-ES) cobrou a aprovação também do mérito das propostas. "São aumentos pactuados e colocados no orçamento federal”, disse.
ÍNTEGRA DA PROPOSTA:
Reportagem – Eduardo Piovesan e Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli
-
- 31/05/2016 - Gilberto Kassab defende fusão dos ministérios em encontro com a AbertSegundo o ministro, sinergia entre comunicações, ciência e inovação permitiu a reorganização das pastas. "Novo ministério terá força para avançar ainda mais", afirmou
Segundo o ministro, sinergia entre comunicações, ciência e inovação permitiu a reorganização das pastas. "Novo ministério terá força para avançar ainda mais", afirmou
Fonte: MCTIO ministro Gilberto Kassab defendeu nesta terça-feira (31) a fusão entre os ministérios que resultou na pasta da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Em almoço oferecido pelo Conselho Superior da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), ele afirmou que existe o consenso de que o governo reorganizou a estrutura ministerial.
"Existe muita sinergia e vinculação entre as comunicações, a ciência, a inovação e a pesquisa. Serão cinco secretarias diretamente ligadas ao ministro, que terá mais força perante à sociedade, e o legitimará a conseguir avançar mais em todos os setores desse novo ministério", disse Kassab.
Segundo o ministro, os desafios são "inúmeros" em virtude dos avanços e conquistas dos últimos anos. "O que temos em relação à radiodifusão e à tecnologia comparado ao que tínhamos há 30 anos são melhorias notáveis. Vou ter uma relação com o setor harmônica e companheira, para que possamos solucionar problemas e trazer progressos para o Brasil."
Kassab apontou ainda uma "convergência" entre a visão dos radiodifusores e a do MCTIC. "Vamos desburocratizar, trazer mais tecnologia, avançar na internet, na transferência do analógico para o digital e proporcionar segurança aos investidores, senão o setor não progride. Vamos avançar rápido", assegurou.
Durante o evento, o presidente da Abert, Daniel Slavieiro, declarou apoio à transferência de competências e o fortalecimento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Para Slavieiro, o ministério precisa de mudanças estruturais. "O radiodifusor tem convido com processos morosos que são meramente burocráticos, cartoriais, por conta de falta de estrutura, falta de investimento em sistemas", afirmou.
Sobre o setor de rádio, Slavieiro reconheceu a migração da faixa AM para FM como a questão mais significativa nas últimas décadas, mas defendeu a revisão dos valores das multas, notificações e processos de aumento de potência. Sobre TV, pediu uma diretriz firme do ministério para que o cronograma de desligamento do sinal analógico seja cumprido.
Participaram do almoço representantes das câmaras de rádio e televisão da Abert e de associações estaduais, além dos futuros secretários do MCTIC Vanda Bonna Nogueira (Radiodifusão), Maxmiliano Martinhão (de Inclusão e Internet) e André Borges (Telecomunicações).
-
- 31/05/2016 - Cnen desenvolve projeto conceitual em dessalinização nuclearMétodo envolve a utilização de um pequeno reator nuclear para produzir água potável a partir da água salgada. Iniciativa é desenvolvida em parceria com a Marinha do Brasil e universidades
Método envolve a utilização de um pequeno reator nuclear para produzir água potável a partir da água salgada. Iniciativa é desenvolvida em parceria com a Marinha do Brasil e universidades
Fonte: Jornal da CiênciaA parceria entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCTIC), a Marinha do Brasil e universidades está prestes a dar um novo passo. O esforço conjunto dessas três frentes foi a responsável a dar ao País o domínio do processo de enriquecimento de urânio e, agora, leva ao desenvolvimento de um projeto nacional em dessalinização nuclear. A ação visa enfrentar a necessidade de se garantir, simultaneamente, seguranças energética, hídrica e alimentar.
Para tanto, o projeto conceitual de um reator de pequeno porte, tendo como ponto de partida o Laboratório de Geração Nucleoelétrica (Labgene), da Marinha. O equipamento foi combinado a diferentes sistemas de dessalinização e iniciado com o envolvimento dos institutos de pesquisa da Cnen, a Marinha e universidades brasileiras, a partir da colaboração em rede de pesquisadores especializados na área.
A segurança hídrica é uma preocupação em todo o mundo. No Brasil, a recente redução no nível de reservatórios que abastecem grandes cidades e a existência de regiões de seca ostensiva tornam o tema relevante. Uma das alternativas mais viáveis está nos processos de dessalinização está nos processos feitos para obtenção de água potável aplicados atualmente em 150 países, dos quais se destacam Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Catar, Barein e Omã, que obtêm cerca de 90% da água potável por meio de processos de dessalinização. Juntas, essas nações produzem cerca de 45% de toda a água dessalinizada do mundo.
O Brasil possui apenas uma usina de dessalinização, no arquipélago de Fernando de Noronha, na costa de Pernambuco. Também há projetos em andamento em outros estados brasileiros, como Ceará, Pernambuco e Bahia.
Em todo o mundo, uma parcela significativa da dessalinização ocorre com a utilização de reatores nucleares - Canadá, Rússia, Paquistão e Argentina já utilizam este método. Na avaliação da Cnen, "este seria um caminho viável e econômico de resolver a escassez de água em nível nacional, já que o Brasil é o país com a sexta maior reserva de urânio, que serve como combustível para reatores nucleares, e tem autonomia no seu enriquecimento e na produção dos elementos combustíveis”.
Multifunção
O grupo de trabalho que estruturou a proposta destaca que a ação poderia servir tanto para dessalinizar água quanto para gerar eletricidade. O calor gerado na reação nuclear seria parcialmente aproveitado para a geração de energia elétrica e outra parte seria empregada, com melhor aproveitamento do calor residual, no processo de dessalinização.
Além disso, é sugerida a criação, em torno do empreendimento, de um parque agroindustrial abastecido pela eletricidade gerada e, também, o desenvolvimento de atividades agrárias que possam ser irrigadas com excedentes de água da região, a partir da garantia do abastecimento da população e de determinados processos com a água dessalinizada produzida.
"Nas próximas décadas, certamente a energia nuclear deverá desempenhar papel crescente e importante na produção de eletricidade e na dessalinização da água, para suprir a necessidade crescente de suprimento de água potável no mundo. Para países em desenvolvimento, pequenas usinas modulares apresentam-se como solução interessante para a produção simultânea de eletricidade e água dessalinizada”, diz trecho de documento da Cnen.
-
- 31/05/2016 - Firme contra a fusão do Ministério da CT&I, SBPC cobra recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovaçãoCientistas se reuniram com o ministro Gilberto Kassab no escritório da Presidência da República, em São Paulo (SP), na última quarta-feira, 25
Cientistas se reuniram com o ministro Gilberto Kassab no escritório da Presidência da República, em São Paulo (SP), na última quarta-feira, 25
Fonte: Jornal da CiênciaNa última quarta-feira, 25, cientistas se reuniram com o ministro Gilberto Kassab no escritório da Presidência da República, em São Paulo (SP), oportunidade em que foi destacada a necessidade de recuperar e manter as fontes de fomento para pesquisa, desenvolvimento e inovação. Participou da reunião a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena B. Nader, que na véspera, 24 de maio, reforçou as críticas à fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações, na audiência pública realizada pela Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado Federal. No evento, por unanimidade, senadores se manifestaram contra a medida e a chamaram de "absurda” e "insana”.
Também participaram do encontro com o ministro o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, e a diretora do Centro de Pesquisa do Genoma Humano e Células-Tronco, Mayana Zatz. O ministro estava acompanhado dos secretários de sua pasta, Jailson de Andrade (Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento) e Álvaro Prata (Inovação).
Os cientistas reforçaram, na reunião, as preocupações sobre a fusão, já declaradas publicamente, e cobraram agilidade na execução de medidas em andamento no Ministério, na tentativa de dar dinamismo à ciência brasileira, hoje fragilizada pelos constantes contingenciamentos de recursos no orçamento da pasta. Uma delas é o empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para pesquisas, na ordem de US$ 1,4 bilhão ao longo de quatro anos, a fim de recompor o caixa do Ministério.
O orçamento previsto neste ano para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação, é de cerca de R$ 1 bilhão, contra R$ 3,01 bilhões do ano passado. Assegurar fontes de fomento para essa área será um dos desafios a ser enfrentado pelo Ministério em um ano de forte recessão econômica.
Crítica ao enfraquecimento da ciência
A presidente da SBPC criticou a diminuição do financiamento para a pesquisa, desenvolvimento e inovação e disse que o orçamento previsto para este ano é equivalente ao de 2001. "Esse dado é muito grave. Aumentou o número de pesquisadores, o número de projetos de pesquisas, e o financiamento é o mesmo de 15 anos atrás”, disse na audiência pública, no Senado Federal, no dia 24 de maio. Enquanto isso, ela destacou que economias em desenvolvimento, como a Coreia e a China, colocam o fomento à ciência, tecnologia e inovação no topo da agenda do desenvolvimento. O premier chinês Li Keqiang, durante o Congresso Nacional do Povo, em março deste ano, na elaboração do 13º plano (2016-2020) do governo central para o desenvolvimento econômico, decidiu aumentar ainda mais os investimentos de ciência, ou seja, os investimentos em P&D em relação ao PIB deverão chegar a 2,5% (atualmente 2,1%).
Política de Estado
Defensora de uma política de Estado para a ciência, a tecnologia e a inovação, Helena Nader acrescentou, ainda na audiência pública, que o MCTI é um órgão transversal que perpassa por todos os demais ministérios. Para ela, a fusão da pasta deve prejudicar a sinergia do órgão. Mesmo com poucos recursos, afirmou que, além de gerir a ciência, o Ministério possui uma estrutura complexa, com muitos institutos vinculados que fazem a ponte com a área de inovação.
Para Nader, a ciência e a educação devem ser entendidas e tratadas como política de Estado. "O Brasil caminhou e podemos dizer que, nos últimos anos, ciência e tecnologia e educação vêm avançando progressivamente para atingir o status de políticas de Estado. Portanto, não podemos admitir a possibilidade de retrocessos”, declarou em artigo publicado na Folha de São Paulo, em 06 de maio.
Ações pela manutenção do MCTI
Logo após o anúncio da fusão entre as pastas de CT&I e das Comunicações, a SBPC, juntamente como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), e outras 12 entidades, publicaram um manifesto conjunto, em que consideram que a unificação das pastas é "uma medida artificial que prejudicaria o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do País”.
A presidente da SBPC manifestou em entrevistas à imprensa preocupação com o impacto no desenvolvimento do País. "O futuro é pequeno para países dependentes de commodities. E é isso que somos hoje”, disse, em entrevista ao O Globo, em 12 de maio. Durante esse mês, Helena Nader reforçou a posição da SBPC contrária à unificação dos ministérios em mais de uma dezena de entrevistas à imprensa. Somente para Folha de S. Paulo foram quatro entrevistas; para O Globo, duas. E ainda para a rádio UFMG Educativa; o jornal O Tempo, de Belo Horizonte; e Correio Braziliense. Os correspondentes no Brasil da revista Nature e do jornal The New York Times também entrevistaram a presidente da SBPC.
-
- 30/05/2016 - Pessoas estão tomando radiação indevidamente, aponta debateFonte: Agência SenadoAparelhos de radiologia são utilizados de forma inadequada por pessoas sem a habilitação necessária em aeroportos, penitenciárias e órgãos públicos, denunciaram participantes de audiência pública promovida nesta segunda-feira (30) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). A legislação em vigor exige que os operadores de equipamentos emissores de radiação ionizante tenham diploma de técnico ou tecnólogo em radiologia.
A falta de conhecimento técnico pode acarretar problemas de saúde para a população, exposta muitas vezes a uma quantidade de radiação superior ao necessário e recomendável afirmou Adriano Levay, presidente dos Conselho Regional de Técnicos em Radiologia do Distrito Federal.
— Câmara e Senado, fóruns, tribunais de Justiça no Brasil inteiro, aeroportos, por onde passam milhões anualmente, estão fazendo as pessoas tomarem radiação de graça — disse Levay.
O uso de bodyscanner – como são chamados os aparelhos de escaneamento corporal – é suspeito de causar problemas de saúde, incluindo abortos. De acordo com a presidente do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (Conter), Valdelice Teodoro, foi identificado que várias mulheres teriam perdido seus bebês após visitarem parentes em uma unidade prisional de Vila Velha (ES). Segundo ela, o uso inadequado dos equipamentos está diretamente relacionado à falta de conhecimentos específicos de agentes penitenciários sobre anatomia e radiação:
— Quem está olhando não entende que aquela massa que está no ventre da pessoa é um feto e pede para passar pelo aparelho de novo e de novo — contou Valdelice.
Debatedores também denunciaram a falta do dosímetro em hospitais. O equipamento é usado para monitorar a radiação dentro da sala de radiologia. Aparelhos velhos e sem manutenção também expõem profissionais e pacientes dos hospitais a potenciais problemas de saúde, alertou Ubiratan Gonçalves Pereira, secretário da Federação Nacional de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia (Fenatra). Segundo ele, falta fiscalização:
— Esses levantamentos radiométricos são obrigatórios em todas as clínicas radiológicas. Infelizmente nem todos cumprem. E assim como nem todos cumprem, a Vigilância Sanitária e a CNEN [Comissão Nacional de Energia Nuclear], mais uma vez, não fiscalizam — apontou.
Durante a audiência, debatedores também acusaram empresas de descumprir obrigações trabalhistas como pagamento de adicional de insalubridade e jornada de 24 horas semanais.
— Esse não é sempre o caso, mas qualquer ocorrência desse tipo em um setor tão sensível representa um grande risco e isso tem de ser alertado. Risco para o profissional, que tem diretamente sua saúde comprometida em razão da imprudência de alguns empregadores, e risco para a população, que muitas vezes é atendida por profissionais sem as devidas qualificações exigidas em lei e sequer têm conhecimento desse perigo — avaliou o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH.
-
- 24/05/2016 - Ipen abre inscrições para workshop sobre Inovação TecnológicaProgramação está voltada para o incentivo ao empreendedorismo, transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual
Programação está voltada para o incentivo ao empreendedorismo, transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual
Fonte: Jornal da CiênciaNos dias 6 e 7 de junho, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizará o "Workshop sobre inovação no Ipen”. Os objetivos são promover a cultura de proteção de propriedade intelectual, discutir aspectos gerais sobre a Lei da Inovação e incentivar o empreendedorismo no âmbito da pesquisa científica. A expectativa é de envolver nesses debates estudantes de graduação e pós-graduação do Ipen e da USP, mas o evento é destinado a todos os interessados da comunidade acadêmica em geral e do setor empresarial.
O workshop será no auditório do Ipen, Rômulo Ribeiro Pieroni, no campus do Instituto. De acordo com Anderson Zanardi de Freitas, gerente do NIT, este ano programação está voltada para o incentivo ao empreendedorismo, transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual, com palestras e um curso sobre propriedade intelectual ministrado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia de abertura, no site do evento ou pelo Portal do Ipen/NIT.
No primeiro dia, com início às 9h30, a administradora Alessandra Ferreira de Andrade, coordenadora do Centro de Empreendedorismo da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e Diretora da Associação Comercial de São Paulo, apresentará o tema "Formando Empreendedores – Case Empreenda FAAP – Planejamento, Metodologia e Cases de Alunos”. Em seguida, às 10h, o jornalista Marcelo Pimenta, que é professor da ESPM, fundador do Laboratorium e escritor do "Blog do Empreendedor” (Jornal O Estado de São Paulo) abordará "Empreendedorismo inovador no ambiente acadêmico”.
Às 10h45, o também jornalista Luiz Augusto Ferreira, que atuou por três anos como coordenador de Empreendedorismo da Prefeitura de São Paulo e em 2013 assumiu o Banco Confia Microfinanças e Empreendedorismo, vai falar sobre o tema "Banco Confia Microcrédito”, a propósito das linhas de crédito para quem pretende inovar. Em seguida, às 11h15, estará em pauta a experiência de inovação na Unicamp, com Milton Mori, professor titular da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp e diretor executivo da Agência de Inovação Inova-Unicamp desde julho 2013. O tema de sua apresentação será "Empreendedorismo da Inova – Unicamp”.
Na parte da tarde, a partir das 13h30, João Cristofolini abordará "O que a escola não nos ensina”, descrevendo as sete habilidades essenciais para uma vida de sucesso que não se aprende na escola. Ele tem experiência acumulada de empreendimentos nas áreas de educação, tecnologia, saúde e social e, em 2015, recebeu o prêmio Ozires Silva como destaque por fomentar o empreendedorismo no País.
Gilcler Regina é um dos palestrantes mais requisitados para eventos motivacionais e convenções de vendas, tendo realizado mais de 3 mil palestras por todo o Brasil, além de Japão e Portugal. É autor de dez livros publicados e vai abordar o tema "Empreendedorismo – vocação de aprendizado”. Às 15h15, o público conhecerá experiências de "Spin-offs acadêmicas e sua importância no desenvolvimento econômico”, na palestra de Mariana de Oliveira Santos, gestora Executiva do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).
Encerrando o primeiro dia, Alexandre Sarmento, diretor da Horizon Line, consultoria em desenvolvimento humano e organizacional, falará sobre "Empreendedor pensando fora da caixa”. Formado em Tecnologia da Informação e em Letras, diversas outras especializações em Liderança, Negociação, Projetos, Empreendedorismo, Gestão de Pessoas, Estratégia de Negócios, T.I, Gestão do Conhecimento, Inovação, Coach, PNL e Mentoring.
No segundo dia, as atividades começam às 9h30, com representante da Johari Consultoria e Treinamento, que abordará o tema: "Empreendedorismo e carreira”, uma visão sobre gestão da carreira de empreendedor para alunos. A partir das 11h15 até às 18h, com intervalo para almoço, haverá o mini curso sobre Propriedade Intelectual – Área de Materiais, ministrado por Frederico de Carvalho Nunes, pesquisador em propriedade intelectual do Inpi.
O Auditório Rômulo Ribeiro Pieroni está localizado no Campus do Ipen, na Avenida Prof. Lineu Prestes, 2242, Cidade Universitária São Paulo. Informações pelos telefones: (11) 3133-9151/9152
SERVIÇO
O quê: Workshop sobre Inovação Tecnológica
Quando: Dias 6 e 7 de junho
Onde: Rômulo Ribeiro Pieroni está localizado no Campus do Ipen, na Avenida Prof. Lineu Prestes, 2242, Cidade Universitária São Paulo
Inscrições: até o dia do evento, no link https://sites.google.com/site/nitipensp/workshop/iv-work-sobre-inovacao—ipen
-
- 24/05/2016 - Senadores e comunidade científica manifestam-se contra fusão de ministériosFonte: Agência SenadoEm audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia nesta terça-feira (24), a comunidade científica e senadores manifestaram-se unanimemente contra a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o das Comunicações. A alteração na estrutura administrativa do governo foi feita pelo presidente da República interino, Michel Temer, por meio de medida provisória (MP 726/2016), publicada no dia 12 deste mês, mesmo dia em que tomou posse.
O presidente da comissão, senador Lasier Martins (PDT-RS), afirmou que encaminhará ofício a Temer pedindo o restabelecimento da autonomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, afirmou que o Brasil precisa entender que ciência, tecnologia e inovação devem ser objeto de uma política de Estado. O MCTI é um ministério transversal, que perpassa todas as áreas do conhecimento, explicou a pesquisadora.
Helena Nader disse ainda que a ciência brasileira, embora jovem, está bem em termos de interdisciplinaridade. No que se refere à inovação, entretanto, o país não mostra bons resultados por causa do número de patentes.
— O Brasil está muito bem com suas universidades, com o número de citações. Nós estamos mal é em número de patentes. Esse é um calcanhar de Aquiles que temos que resolver — afirmou.
A presidente da SBPC criticou ainda os valores orçamentários destinados ao Ministério da Ciência e Tecnologia, observando que equivalem ao que foi direcionado à pasta em 2001.
— Isso é assustador na minha visão. Aumentou o número de pesquisadores, aumentou o número de pesquisas e o financiamento é o mesmo de 15 anos atrás — disse.
Para Elíbio Leopoldo Rech Filho, titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Brasil precisa aumentar os recursos destinados à Pesquisa e Desenvolvimento que, atualmente, ficam em torno de 2% do PIB, enquanto em outros países correspondem a 3%. Segundo o acadêmico, a descontinuidade nos processos do ministério poderá ser um atraso perigoso e irrecuperável para o país.
Manoel Santana Cardoso, superintendente Científico, Tecnológico e de Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, afirmou que a fusão entre os dois ministérios representa um risco à ciência e tecnologia no país, porque é um setor que precisa de autonomia e de reforçar sua agenda.
— Não é uma questão de não ver a importância do Ministério das Comunicações. Mas Ciência e Tecnologia tem que ter uma agenda própria, tem que ter um órgão que a represente de maneira autônoma.
Da mesma forma se manifestou o secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Henrique de Sousa Balduíno. Ele questionou qual seria a verdadeira motivação para unir as duas pastas e afirmou que a fusão é um retrocesso.
— Não podemos pautar o projeto estratégico do país por respostas simbólicas em momentos de conveniência da política e, certamente, a fusão do Ministério de Ciência e Tecnologia não é resposta para isso.
Risco
Os senadores Jorge Viana (PT-AC), Cristovam Buarque (PPS-DF), Hélio José (PMDB-DF), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), ex-ministro da Ciência e Tecnologia, criticaram a fusão dos dois ministérios. Para Jorge Viana, um dos autores de requerimento para a audiência pública, a fusão é um absurdo e o país está correndo um risco.
— Agora o Brasil quer fazer o pior dos negócios, que é pôr uma pedra em cima do conhecimento, do desenvolvimento científico. Nós tínhamos que estar pedindo desculpas à comunidade científica, porque só agora nós fizemos o marco regulatório. Eu não vou discutir outros, mas o fim do Ministério da Cultura e o da Ciência e Tecnologia são inconcebíveis — disse.
Segundo Cristovam, o ensino superior deveria ser incorporado ao MCTI para que o Ministério da Educação desse uma atenção especial à educação de base. Ele chamou de insanidade a extinção da pasta.
O ministro anterior da Ciência e Tecnologia, deputado Celso Pansera, concorda com Cristovam. Ele pediu o apoio dos senadores para conseguir remanejamento de verba do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e para ampliar o valor do déficit fiscal para o ministério na proposta que altera a meta fiscal de 2016 (PLN 1/2016).
— Seria importante que os senadores aqui presentes nos ajudassem na aprovação dessa emenda, ampliando em 600 milhões o orçamento do Ministério, o que fará com que ele respire um pouquinho, os contratos, a Finep, com o orçamento do CNPq voltando a oferecer as bolsas para o exterior, que foram cortadas por falta de orçamento — pediu Pansera.
De acordo com o presidente da CCT, Lasier Martins, as participações do público durante a audiência pelo portal e-Cidadania foram majoritariamente contra a fusão dos dois ministérios.
A comissão pretende ouvir o novo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, em uma próxima audiência pública, ainda com data a definir.
-
- 24/05/2016 - Enxergando o Câncer: O papel do diagnóstico por imagem na evolução da oncologiaFonte: MaxpressHistoricamente, a oncologia, especialidade médica dedicada ao estudo e tratamento do câncer, teve como sua primeira disciplina a cirurgia. Datando de milhares de anos atrás, antes mesmo da descoberta da anestesia e da assepsia 150 anos atrás, as cirurgias oncológicas possuíam baixos índices de cura acompanhados por altas taxas de morbidade e mortalidade. Com o passar dos anos e com o desenvolvimento científico e tecnológico, a especialidade passou a se desenvolver, valendo-se, entre outras coisas, da evolução das técnicas de imagem.
Segundo o médico nuclear e diretor do serviço especializado MND Campinas, Celso Dario Ramos, as informações propiciadas a partir do desenvolvimento da radiologia, por exemplo, foram decisivas para o maior entendimento da configuração dos tumores e de sua operabilidade. A sofisticação e sensibilidade crescente das imagens passaram a guiar cirurgiões e oncologistas, ajudando a aperfeiçoar as margens cirúrgicas, mostrando a extensão dos tumores e até aonde ele deve ser removido.
"Mais do que isso, as técnicas de imagem cada vez melhores diminuíram drasticamente a realização de cirurgias desnecessárias. Se tomarmos como exemplo o tratamento para câncer de esôfago e compararmos as imagens tradicionais com aquelas obtidas pelo PET/CT vemos que a técnica mais recente chega a mudar a estratégia de intervenção em 40% dos casos, causando a queda do número de cirurgias desnecessárias para a remoção do tumor. Isso porque com ele é possível detectar focos de metástases em linfonodos, o que muda o tratamento a ser seguido”, explica.
O PET, sigla em inglês para a Tomografia por Emissão de Pósitrons, é um dos principais avanços da medicina nuclear, especialidade que usa quantidades mínimas de substâncias radioativas (radiofármacos) como ferramenta para obter imagens e oferecer tratamentos precisos para diversas doenças. Incorporado à prática médica há mais de duas décadas, o PET foi melhorado com a incorporação das técnicas de tomografia computadorizada. Dessa forma, o PET/CT une os avanços das duas tecnologias para permitir ao médico obter maior resolução anatômica dos órgãos e tecidos humanos em pleno funcionamento.
O diretor da MND ainda conta que o PET/CT está entre o que há de mais avançado para o diagnóstico preciso, sendo utilizado também em especialidades como neurologia, cardiologia e endocrinologia, entre outras. Por fundir a imagem anatômica com a funcional, o exame define o local exato onde o tumor está.
"Na oncologia, o PET propicia ainda um estadiamento mais preciso do câncer, possibilitando a escolha do melhor tratamento, seja quimioterapia, radioterapia, cirurgia ou paliativo, diminuindo a morbidade da doença. Em outras palavras, à luz do conhecimento atual, não é mais possível praticar oncologia com elevada qualidade sem dispor dessa tecnologia”, ressalta o especialista.
Acesso da população
Atualmente, na saúde suplementar (planos de saúde), há a indicação para o exame PET, prevista em portaria, para oito casos: detecção de nódulo pulmonar solitário, câncer de mama metastático, câncer de cabeça e pescoço, melanoma, câncer de esôfago, tumor pulmonar para células não pequenas, linfoma e câncer colorretal.
"Muitas indicações importantes estão de fora. A lista não foi estendida para câncer de tireoide, colo do útero, testículo e ovário, entre outros, uma prática que já é comum em diversos países em todo o mundo. O Uruguai, nosso vizinho de América Latina, é um exemplo que contempla os também outros tipos de câncer na saúde suplementar”, comenta.
Na saúde pública, porém, a realidade é outra. Apenas três indicações são ressarcidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS): câncer de pulmão de células não pequenas, câncer colorretal com metástase exclusivamente hepática com potencial ressecável e linfomas de Hodgkin e não Hodgkin.
"Seria necessário que essa lista de indicações fosse ampliada. Até o presente momento, não houve a decisão final do Ministério da Saúde (MS) de oferecer PET/CT aos pacientes mais carentes, como ocorre em diversos países, inclusive da América Latina”, finaliza o diretor da MND Campinas.
-
- 23/05/2016 - CCT vai debater a fusão de ministérios no governo TemerSBPC confirmou presença e convida os representantes de todas as Sociedades Científicas a participar do debate que acontecerá amanhã, dia 24, no Senado
SBPC confirmou presença e convida os representantes de todas as Sociedades Científicas a participar do debate que acontecerá amanhã, dia 24, no Senado
Fonte: Jornal da CiênciaA Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) fará, na terça-feira (24), às 8h45, audiência pública interativa para debater a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Ministério das Comunicações, proposta pelo governo interino de Michel Temer.
Com a proposta de ouvir a comunidade científica, representantes das universidades e das fundações estaduais de pesquisa, a comissão convidou para a audiência a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader e o membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Elibio Leopoldo Rech Filho.
Também fazem parte da lista de convidados o Presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Sérgio Luiz Gargioni e o secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Henrique de Sousa Balduíno.
A audiência pública será interativa. Estarão disponíveis canais para o contato com os senadores e convidados. São eles: Portal e-Cidadania e o Alô Senado, por meio do número-0800612211.
Como acompanhar e participar
Participe:http://bit.ly/audienciainterativa
Portal e-Cidadania: www.senado.gov.br/ecidadania
Alô Senado (0800-612211)
-
- 21/05/2016 - Ciência Aberta no LNLSO evento acontece dia 21 de maio, em Campinas, e faz parte das comemorações dos 20 anos da primeira volta de elétrons no LNLS
O evento acontece dia 21 de maio, em Campinas, e faz parte das comemorações dos 20 anos da primeira volta de elétrons no LNLS
Fonte: Agência Fapesp
O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) comemorará os 20 anos da primeira volta de elétrons em sua fonte de luz síncrotron com o evento "Ciência Aberta”.A celebração ocorrerá no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), no dia 21 de maio de 2016, das 10 às 16 horas.
O evento, gratuito e aberto ao público, contará com visitas guiadas às instalações do LNLS, espaço dedicado à manipulação de microscópios, praça de alimentação com food trucks, palestras informais no formato "Chopp com Ciência”, brinquedos para recreação infantil, além da presença do Caminhão Oficina Desafio, da Unicamp.
O público poderá conhecer o funcionamento e as utilidades das fontes de luz síncrotron visitando as instalações do LNLS. Haverá duas opções de roteiro, um tour expresso, com 15 minutos de duração, e uma rota estendida, com visitação aos prédios de apoio e à sala de controle do acelerador de elétrons.
Ao final das visitas, os participantes poderão observar, em microscópios, materiais do cotidiano, como cristais de açúcar, sal, areia, insetos, fios de cabelo, ovos de peixe ou microrganismos presentes na água.
Os participantes também terão a chance de conhecer um pouco mais sobre o Projeto Sirius, a nova fonte de luz síncrotron brasileira, projetada pelo LNLS. O diretor do LNLS, José Roque, falará sobre o projeto na sessão "Chopp com Ciência”.
Mais informações: http://pages.cnpem.br/cienciaabertalnls