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- 21/06/2015 - Produção de urânio da mina de Caetité na Bahia será retomada em 2016Fonte: EBC
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) vai retomar a produção de urânio da mina de Caetité, na Bahia, em condições de atender à demanda do país, informou o presidente da INB, Aquilino Senra. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que a ideia é que, em 2017, a mina esteja preparada para atender à demanda atual de Angra 1 e 2, avaliada em 400 toneladas de urânio por ano, e a de Angra 3, cuja entrada em operação comercial está prevista para dezembro de 2018. Quando Angra 3 entrar em funcionamento, a demanda subirá para 780 mil toneladas/ano.As reservas brasileiras de concentrado de urânio, estimadas em 309 mil toneladas, "são mais do que suficientes para atender às demandas das duas usinas nucleares existentes e da usina em construção (Angra 3), podendo atender também à demanda de até quatro novas usinas. E ainda sobra”, garantiu Senra. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), o Brasil detém a sétima maior reserva de concentrado de urânio do mundo.
O que ocorre, de acordo com o presidente da INB, é que o urânio está no solo e tem que ser extraído. "Essa é a prioridade do país, no momento”. Explicou que para abrir uma mina de urânio, são necessários entre seis a oito anos, segundo experiências mundiais. "Nós aqui estamos tentando fazer isso o mais rápido possível”.
Nesse sentido, disse que outro projeto importante é o da mina de Santa Quitéria, no Ceará, parceria com o setor privado, em que o produto principal é o fosfato, utilizado na produção de fertilizantes, e o urânio é um subproduto. A INB desenvolveu uma técnica junto com o setor de engenharia nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para separar urânio do fosfato "e, com isso, viabilizar a produção do fosfato de que o Brasil é dependente do mercado internacional”. Quase 50% desse material são importados pelo país para a produção de fertilizante, junto com o potássio, importado em maior quantidade.
A previsão é que a mina de Santa Quitéria entre em operação no fim de 2018 ou início de 2019. A unidade poderá quadruplicar a atual possibilidade de produção de urânio no país. "Vai para 1,6 mil toneladas. E aí nós teremos um excedente”. Senra observou, porém, que essa produção de urânio é dependente da produção do fosfato. Se houver uma variação do fosfato no mercado internacional, a produção de urânio também sofreria alteração. "Por isso, a gente investe fortemente em Caetité, para não ter uma dependência de outro produto que tem flutuação no mercado, como qualquer outra commoditie (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior).
O presidente da INB estimou que para a vida útil de uma usina nuclear que é, em média, da ordem de 60 anos, as reservas de urânio de Caetité e Santa Quitéria são suficientes para abastecer até sete usinas, com excedente de 80 mil toneladas. "Santa Quitéria tem um papel estratégico, pode fazer uma reserva estratégica para o país”.
No momento, para fazer a decapagem (limpeza das bancadas) da mina de Caetité, os investimentos alcançam R$ 28 milhões. Depois que a mina entrar em processo de lavra, em 2017, com capacidade de 340 toneladas, os investimentos serão de R$ 30 milhões por ano. Senra acrescentou que em Santa Quitéria, os investimentos da INB na parte de urânio serão bem inferiores. "A razão é que lá, o urânio é um subproduto”.
Como as novas usinas nucleares que vierem a ser construídas no Brasil têm prazo estimado de dez anos até entrarem em operação, porque incluem desde a escolha do local e da tecnologia, licenciamento, construção, período pré-operacional até o pleno funcionamento, Senra avaliou que o ideal é que várias dessas unidades sejam iniciadas ao mesmo tempo, porque isso representaria um ganho no longo prazo. "Tem que prever com muita antecedência uma produção, para ter uma reserva estratégica”, disse.
Como exemplo, o presidente da INB voltou a citar a mina de Caetité, que tem 38 anomalias, isto é, áreas onde se pode extrair urânio, e desde 2000, somente uma anomalia foi aberta, que era uma mina a céu aberto. "Ela poderá ser continuada, de maneira subterrânea. Mas o processo de licenciamento de uma mina subterrânea é bastante complexo, porque existe um gás e todo o projeto de ventilação e alimentação elétrica da mina tem de ser muito robusto. Isso torna o processo de licenciamento muito demorado”.
Por isso, a estratégia da INB agora é abrir outras minas a céu aberto, preparando-as para serem exploradas quando houver necessidade. "Enquanto isso, perseguimos o licenciamento da mina subterrânea, que é mais eficiente e tem impacto menor, inclusive, de área de produção”.
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- 21/06/2015 - Ministério trata como prioridade questão nuclear no país, diz presidente da INBFonte: EBC
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação está tratando como prioridade a questão nuclear no Brasil. A informação é do presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa vinculada ao ministério, Aquilino Senra. "É uma área estratégica para o país, não só para a geração de energia, aplicar em áreas como a medicina ou a produção de radiofármacos [compostos utilizados em medicina nuclear]”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Segundo Senra, a participação nuclear na matriz energética ainda é baixa, inferior a 2%. A ideia é ampliar essa participação para algo em torno de 5%, explicou o pesquisador. Ele informou também que a decisão para a construção de novas usinas ocorrerá tão logo seja resolvida a questão econômica que o país enfrenta. Nesse sentido, lembrou que tem havido, da parte do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anúncio de que haverá retomada da construção de usinas nucleares no país. "Eu acho que essa decisão está bem próxima”, avaliou.
Para o presidente da INB, a energia nuclear vai ter um importante papel na matriz energética brasileira. "O Brasil é um dos poucos países que têm minério de urânio, domínio da tecnologia para beneficiar esse urânio e faz uso para a geração de energia elétrica. Só tem três países no mundo com essas características. São o Brasil, a Rússia e os Estados Unidos. Isso é um diferencial”.
Senra disse ainda que os problemas relativos à segurança, após o acidente de Fukushima, no Japão, em 2011, já foram superados, sob a coordenação da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). "Resta agora a questão econômica, mas eu tenho certeza que vamos superar esse quadro rapidamente, e haverá uma decisão favorável”.
O presidente da INB também destacou que um projeto importante do país é do reator produtor de radioisótopos para atender à demanda da medicina nuclear, estimada em torno de 2 milhões de procedimentos médicos para diagnóstico e tratamento de doenças. "O Brasil até hoje é dependente da importação do principal isótopo, o molibdênio, usado na produção desses radiofármacos”. Segundo ele, o ministério pretende priorizar essa atividade estratégica.
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- 18/06/2015 - INB pretende voltar a produzir concentrado de urânio em 2016Fonte: O Globo
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) pretende retomar no próximo ano a mineração e produção do concentrado de urânio (yelow cake), primeira etapa da produção do combustível para as centrais nucleares. O presidente da INB, Aquilino Senra, informou nesta quarta-feira que recebeu do Ibama a licença de instalação para a exploração da lavra do minério de urânio a céu aberto da mina do Engenho, em Caitité, na Bahia. A mina terá capacidade de produzir 340 toneladas anuais de urânio a partir de 2017. Os investimentos são estimados em R$ 150 milhões em cinco anos, com recursos próprios.
A nova mina fica dois quilômetros da antiga chamada de Cachoeira, onde a INB explorou urânio desde o ano 2000. Mas a capacidade de extração a céu aberto se esgotou. Cada mina é chamada de anomalia e em Caitité existem ao todo 38 anomalias. A mina antiga está em processo de licenciamento pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cenen), que é o órgão regulador do setor nuclear, para exploração da mina subterrãnea, mas por ser mias complexo devido a cuidados maiores com a segurança, o seu desenvolvimento será mais demorado.
Segundo o executivo, está em processo de preparação também a abertura de uma terceira mina na mesma reserva de urânio, que permitirá o atendimento pleno da demanda do país que até 2018 é de 380 toneladas anuais. Com a extinção da capacidade da mina desde o ano passado o Brasil voltou a importar parte do urânio que precisa.
O executivo não quis comentar a gestão anterior na INB, mas deixou claro que as importações teriam sido evitadas se a empresa tivesse solicitado antecipadamente as licenças ambientais de novos sítios para mineração.
— Houve um problema de gestão. Deveria ter sido aberta uma nova anomalia a céu aberto (mina). E não custava nada há dez anos atrás pedir o licenciamento que ficaria disponível quando fosse preciso se faria a exploração — destacou Senra.
O executivo informou ainda que o projeto mais importante de extração e produção do concentrado de urânio é o da mina de Santa Quitéria, no Ceará, onde o urânio é associado ao fosfato e, por isso, está sendo desenvolvido com parceiros privados, a Galvani, empresa da área de fertilizantes. A previsão é iniciar a produção a partir de fins de 2018.
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- 18/06/2015 - Setor nuclear discute em seminário as perspectivas do programa brasileiroFonte: Monitor Digital
Um momento de reflexão sobre os caminhos e as perspectivas do Programa Nuclear Brasileiro. Esse é o foco do VI Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN), que começou nesta quarta-feira no prédio da Bolsa de Valores, no Centro do Rio. Para o setor nuclear, ainda faltam alguns passos importantes, como o marco regulatório, mas, antes, as empresas da cadeia precisam saber o que o futuro as reserva.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Ângelo Padilha, lembrou que o Brasil hoje é doador de tecnologias, tem um programa enxuto, pacífico e bem estruturado. Para ele, é essencial que as empresas que fazem parte do processo tenham consciência de seu papel nos próximos anos, tanto a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep), criada para fabricar os componentes das usinas, quanto as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsável pela extração e enriquecimento do urânio.
- Hoje temos cerca de oito mil pessoas trabalhando na área nuclear, que está estruturada em três vertentes: o setor de geração de energia, com a Eletronuclear; o de desenvolvimento de um submarino a propulsão nuclear, por conta da Marinha; e a área de pesquisa de aplicações, desenvolvimento e manutenção da tecnologia, com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - explicou.
Para o presidente da INB, Aquilino Senra, que representou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, há uma preocupação do governo de estruturar bem o setor. Para ele, o marco regulatório é essencial e dará um novo gás às empresas que focam seu trabalho nessa área.
Para o gerente geral de Engenharia da Nuclep, Carlos Frederico Figueiredo, é importante se discutir o futuro e as implicações do que deve ser feito. Ele lembrou, por exemplo, que dos 102 funcionários que participaram do primeiro treinamento para a construção dos grandes equipamentos para as plantas nucleares, na Alemanha, apenas três continuam trabalhando. No setor de Engenharia ainda há uma tentativa de se transferir tecnologia, mas muito se perdeu no chão de fábrica.
- Muito me preocupa essa falta de posicionamento sobre o Programa Nuclear Brasileiro, pois estamos perdendo os profissionais que participaram daquele primeiro momento e precisamos começar logo a capacitação dos novos profissionais, para que eles possam atender às demandas dos novos projetos - ressaltou Carlos Frederico.
O diretor comercial, Marcos van der Putt, que representou o presidente da Nuclep, Jaime Cardoso, compartilha da preocupação do gerente geral de contratos e acredita que é importante que o governo entenda que a empresa foi criada para atender ao Programa Nuclear e precisa estar atenta a todas as tecnologias que serão utilizadas nas futuras usinas, para poder estar preparada para cumprir o seu papel na cadeia.
O VI SIEN terá debates sobre todas as áreas envolvidas no desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro. Nesta quinta-feira a Nuclep participa de uma mesa de debates sobre a possível participação do setor privado no desafio nuclear. Na sexta, executivos de diversas empresas participantes do evento, como Rosatom, da Rússia; e SNPTC, da China, estarão visitando o parque industrial da Nuclep, em Itaguaí. A estatal é apontada por grandes empresas, como a Westinghouse, como a parceira ideal para grandes projetos no Brasil.
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- 18/06/2015 - Energia Nuclear: Três Transições, Três AgendasFonte: Ambiente Energia
Por Ronaldo Bicalho - A ampliação da participação da energia nuclear na matriz energética no mundo, e em particular no Brasil, depende da evolução de três agendas. A primeira delas diz respeito aos problemas específicos à transição nuclear, a segunda aos desafios associados à transição energética mundial e a terceira às questões relacionadas à transição elétrica brasileira.
Essas agendas sintetizam os desafios e as oportunidades dessas três transições; dependentes e fortemente inter-relacionadas. A dinâmica evolutiva dessas transições irá desenhar os espaços a serem ocupados pela energia nuclear no suprimento de energia necessário ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar da sociedade.
A transição nuclear
Grande parte do parque nuclear mundial nos próximos quinze anos terá mais de quarenta anos. Países como Estados Unidos, Rússia e França terão que decidir que destino será dado a essas plantas: ampliar a sua vida útil, repô-las ou substituí-las por outras fontes.
Esse é um tema importante de política energética e a forma pela qual os países envolvidos irão encaminhar essa questão desenhará uma parte importante do futuro da matriz energética mundial.
Esse encaminhamento será definido parcialmente a partir da agenda específica da indústria nuclear. Essa agenda é constituída de elementos que compõem um conjunto de questões centrais que foram sendo reunidas ao longo da evolução histórica dessa indústria.
A questão principal dessa agenda é a legitimação dessa alternativa energética como solução para a garantia da segurança do suprimento de energia. Essa legitimação passa pela percepção da sociedade dos riscos envolvidos nessa solução.
Na medida em que essa percepção aumenta, a legitimação do nuclear se reduz e crescem os obstáculos políticos e sociais ao uso dessa fonte.
Nesse quadro, os acidentes em usinas nucleares sempre representaram um duro revés para a indústria. Assim tem sido desde Three Miles Island em 1979 nos Estados Unidos até Fukushima Daiichi em 2011 no Japão, passando por Chernobil em 1986 na, à época, República Soviética da Ucrânia.
O acidente de Fukushima abortou um movimento de recuperação da aceitação do nuclear que vinha se observando ao longo da última década. Movimento este sintetizado na suspensão da moratória nuclear alemã e no plebiscito italiano convocado para suspender esse mecanismo vigente até então na Itália. A partir do acidente no Japão, a Alemanha voltou à moratória e a Itália a manteve.
Contudo, como tudo que envolve o nuclear, as reações não se dão da mesma maneira em todos os países. Se existem aqueles que desistem do nuclear, como os citados anteriormente, incluindo aqui a Suíça, outros se mantêm nessa opção. Entre eles, o destaque é a China. País hoje chave no jogo nuclear, a China será responsável por quase a metade da expansão do nuclear nas próximas décadas. Com ambições de se tornar um grande player nessa indústria, a China não só amplia fortemente seu parque como se associa a produtores de equipamentos – principalmente franceses – em busca de uma capacitação tecnológica que lhe permita voos mais altos no futuro; deslocando o Japão do papel estratégico de fornecedor para a Ásia; pretensão japonesa inviabilizada pelo acidente de Fukushima.
Além da China, a Índia, o Paquistão, a África do Sul, a Argentina, a Rússia, a Inglaterra e a Arábia Saudita mantêm-se no nuclear.
No caso específico do Japão, a retirada de operação de todos os seus reatores colocou o país em uma trajetória delicada de crescimento acentuado dos custos de geração com impactos negativos sobre a sua competitividade. Em função disso, o governo japonês tem sinalizado claramente no sentido da necessidade da retomada da geração nuclear.
Assim, embora seja muito claro o impacto negativo sobre a legitimação dessa fonte de energia de um acidente nuclear, deve-se chamar a atenção de que esse impacto varia de país para país em função de um conjunto de fatores que vão desde a sua base de recursos naturais até a sua estrutura institucional/política, passando pela sua capacitação tecnológica/industrial e sua dotação econômico-financeira.
De fato, um impacto amplamente efetivo para indústria é aquele que se dá em termos de novas exigências de segurança. Exigências essas que não só aumentam concretamente os custos como ampliam a insegurança regulatória em relação à indústria, com efeitos arrasadores sobre as suas condições de financiamento.
Dessa maneira, a equação: novo acidente = mais segurança = mais custo, combinada com a equação: novo acidente = mais riscos = mais dificuldades de financiamento, forçam a entrada do Estado no jogo para viabilizar a expansão do nuclear. Assim, sem o apoio do Estado fica difícil imaginar o avanço na resolução da agenda própria da indústria.
Se somarmos a isso a questão do lixo/proliferação de armas a partir da possibilidade do reprocessamento de combustível irradiado, tem-se um cardápio do qual é difícil afastar o Estado. Presença incontornável dada a existência de indiscutíveis externalidades no enfrentamento dessas questões.
Essa presença se amplia quando se observa a agenda tecnológica da indústria envolvendo o desenvolvimento de reatores avançados de água leve (terceira geração), que buscam maior simplicidade e sistemas de segurança mais confiáveis; de reatores de baixa pressão com fluidos refrigerantes (quarta geração), que aumentam a segurança e a sustentabilidade dos projetos nucleares a custos mais baixos; os reatores de regeneração (breeder) que são capazes de gerar mais materiais físseis do que utilizam, ampliando a sustentabilidade em termos da disponibilidade de longo prazo dos recursos naturais; dos reatores pequenos e modulares, que aumentam a simplicidade dos projetos, reduzindo os custo e o tempo de construção com resultados positivos sobre as condições de financiamento desses projetos.
Dessa maneira, embora haja uma agenda da indústria nuclear que contempla desde a maior aceitação social até a maior economicidade da alternativa nuclear, a sua implantação exige uma forte participação do Estado na mobilização de recursos tecnológicos, econômicos, financeiros e político/institucionais para viabilizá-la.
Essa mobilização não se define apenas no âmbito restrito da indústria nuclear, mas na esfera ampla do conjunto de políticas públicas. Nessa esfera, uma transição maior do que a nuclear se coloca: a transição energética.
Será no âmbito dessa grande transição que o destino do nuclear será efetivamente jogado.
A transição energética
A transição de uma economia baseada em combustíveis fósseis para uma economia baseada em combustíveis limpos implica enormes desafios econômicos, tecnológicos e políticos.
Esses desafios podem ser sintetizados no trade-off segurança energética versus mudança climática no qual garantir segurança energética utilizando a solução tradicional de recorrer aos combustíveis fósseis implica acelerar o processo de mudança climática. Por outro lado, desacelerar esse processo recorrendo à redução das emissões de CO2 via a limitação do uso de combustíveis fósseis implica em colocar em risco a segurança energética.
O reconhecimento, a administração e a redução desse trade-off estruturam as políticas energéticas nacionais e definem a maneira pela qual os diferentes países concebem a transição energética.
Dado o fato de que hoje as fontes de energia renováveis não são plenamente competitivas em relação aos fósseis, demandando avanços tecnológicos e institucionais significativos para que essa competitividade se torne real, a tensão (política/econômica) advinda da necessidade das instituições – leia-se o Estado em suas várias esferas – terem de arbitrar as perdas e os ganhos da transição é bastante elevada.
Alguns recursos surgem nesse contexto como fontes de redução dessa tensão. Assim, o gás natural, o nuclear e a eficiência energética, na medida em que permitem a manutenção da garantia do suprimento com um custo de emissão menor, podem jogar esse papel na transição. Os dois primeiros representam soluções pelo lado da oferta, ao passo que a última representa uma resposta pelo lado da demanda.
Dessa forma, o espaço para a ampliação do uso do nuclear teria um determinante parcialmente exógeno à sua agenda específica que seria a necessidade maior ou menor do seu emprego em função da evolução da própria transição energética.
Assim, uma radicalização do reconhecimento da urgência da mitigação da mudança climática, fruto do processo de aceleração do aquecimento global, por um lado, e da insuficiência da resposta via renováveis, por outro, abre um maior espaço para o nuclear.
Em contrapartida, uma redução no sentimento de urgência da transição, somada a uma percepção de que a evolução da mudança climática, de um lado, e dos avanços atuais dos recursos (leia-se renováveis) para mitigá-la, por outro, são compatíveis, reduzem a demanda por uma participação maior do nuclear.
Em particular, avanços significativos nas renováveis, tanto tecnológicos quanto institucionais, principalmente no que diz respeito à superação dos problemas ligados à intermitência, aceleram e fortalecem a transição, prescindindo do uso mais intensivo do nuclear.
Nessa mesma direção, um salto nas tecnologias de captura e estocagem de carbono recupera a competitividade do carvão e limita o espaço do nuclear.
Ao fim, porém não menos importante, a disponibilidade de gás natural – convencional e não convencional – em abundância e barato também ajuda a espremer o espaço do nuclear na matriz energética futura; chamando para esse gás o papel de protagonista principal na função de grande atenuante das tensões da transição, constituindo-se na ponte segura de passagem de um mundo fóssil e sujo para um mundo renovável e limpo.
Em suma, o papel a ser desempenhado pela energia nuclear na transição energética não depende apenas dos seus próprios atributos técnicos, econômicos e políticos, mas da evolução do processo como um todo. Essa evolução compreende o avanço não apenas do contexto de urgência dessa transição, mas do avanço das trajetórias alternativas; principalmente das fontes renováveis.
Na medida em que essas alternativas se fortalecem, o peso do nuclear na transição se reduz; na medida em que se enfraquecem, esse peso aumenta.
A transição brasileira
A exaustão de um modelo elétrico baseado na intensa exploração das grandes hidrelétricas com seus grandes reservatórios de acumulação impõe grandes desafios ao Brasil.
A mudança necessária do papel das térmicas, deixando de atuar temporariamente como seguro para os reservatórios em períodos de seca para atuar todo o tempo na base, exige plantas distintas daquelas que temos hoje.
A estruturação de um novo modelo elétrico depende em muito dessa nova térmica; mais do que a entrada das renováveis, que, na verdade, ampliam os problemas da intermitência, já presentes historicamente no setor elétrico brasileiro na hidroeletricidade.
A grande questão é que térmica é essa capaz de estruturar o novo setor elétrico brasileiro. Uma térmica estruturante. Uma térmica que constitui a espinha dorsal que faz face à intermitência tanto da hidro quanto da solar e da eólica.
Considerando que os nossos reservatórios são os nossos grandes trunfos na transição energética, a preservação da água neles contida, para que elas façam o papel de back-up à solar e à eólica, pode ser o papel decisivo dessa nova térmica. Isto exige uma térmica de base.
No Caso brasileiro, essa térmica será a gás, a carvão ou nuclear.
Como na seção anterior, mais uma vez o espaço do nuclear não será dado apenas pelos seus próprios atributos, mas mediante o cotejo desses com o dos seus competidores.
Se as dificuldades de acesso a um gás natural abundante e barato prevalecerem e as restrições ao uso do carvão, em termos de emissão, se impuserem, o espaço para a ampliação da geração nuclear pode se ampliar no caso brasileiro.
Se essas dificuldades e essas restrições não prevalecem e não se impõem, evidentemente, esse espaço se reduz.
Em síntese, o espaço do nuclear na matriz energética brasileira também depende da evolução de uma dada transição: a transição elétrica. Dependendo de como a agenda dessa transição venha a se formular, o papel do nuclear poderá ser maior ou menor. E isto, mais uma vez, transcende os desafios específicos da indústria nuclear brasileira.
Conclusão
O papel da energia nuclear na matriz energética envolve um conjunto amplo de determinantes que vão além daqueles específicos à indústria do átomo.
A evolução da política energética acelerando a transição, ou reduzindo o seu ritmo, pode dar distintas dimensões aos avanços da agenda própria da indústria.
Pode tornar esses avanços imprescindíveis ou desnecessários, significativos ou irrelevantes. Pode ser que se tenha que recorrer ao que se tem disponível hoje, ou pode ser que nem mesmo os maiores avanços viabilizem o uso da tecnologia.
Assim, deve-se encarar o nuclear como parte de uma agenda que vai além daquela agenda específica histórica que os policy-makers se acostumaram desde o nascimento da indústria.
Os desafios colocados pela transição energética redimensionam os desafios da política energética. Neste sentido, a energia nuclear não foge desta nova e necessária forma de pensar a segurança energética, fortemente contingenciada pela mudança climática.
Nesse contexto, o caso brasileiro não se distingue na essência do caso maior. Aqui, o nuclear também deve ser pensado no âmbito de uma política setorial que coloque a necessidade de se reinventar o suprimento elétrico brasileiro. Suprimento historicamente baseado no uso da hidroeletricidade, mediante o emprego de um modelo hoje esgotado.
O nuclear pode ter um papel mais ou menos relevante nesse novo setor elétrico. Para responder a essa questão é necessário ir além da agenda tradicional do setor elétrico brasileiro. E isto vale inclusive para forma como se dá a inserção do nuclear nessa agenda. Uma nova agenda implica uma nova inserção. Contudo, tanto essa nova agenda quanto essa nova inserção estão para ser definida.
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- 18/06/2015 - Ministro debate cooperação em pesquisas científicas com parque tecnológico russoAldo Rebelo reuniu-se com diretores da Fundação Skolkovo, maior parque tecnológico em construção na Rússia. A interação da entidade com parques tecnológicos brasileiros também foi debatida
Aldo Rebelo reuniu-se com diretores da Fundação Skolkovo, maior parque tecnológico em construção na Rússia. A interação da entidade com parques tecnológicos brasileiros também foi debatida
Fonte: Jornal da CiênciaO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, visitou, nesta quarta-feira (17), a Fundação Skolkovo, o maior parque tecnológico em construção na Rússia. Foi recebido por seus diretores para participar de uma reunião com O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) já sinalizou com a Fundação Skolkovo possibilidades de cooperação, por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM). Durante a reunião, o ministro apontou a importância de aprofundar e ampliar a cooperação nas cinco áreas prioritárias da Skolkovo. O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo, afirmou que há uma série de programas na área espacial, por exemplo, que podem ser objeto de desenvolvimento conjunto.o objetivo de discutir perspectivas de cooperação em áreas como desenvolvimento de pesquisas científicas, de tecnologias para a inovação, de formação de recursos humanos. Discutiu-se também a possibilidade de realizar a interação da Skolkovo com parques tecnológicos brasileiros, como o de São José dos Campos (SP).
"Há muitas razões para que a cooperação com a Rússia seja ousada, profunda e duradoura", disse Aldo Rebelo, incluindo a parceria com a Skolkovo como uma das ações promissoras do diálogo Brasil- Rússia na área de ciência, tecnologia e inovação. "Essa iniciativa é ambiciosa e ousada. Torcemos para que seja bem sucedida", disse o ministro sobre o parque tecnológico.
"Temos o prazer de constatar que, nas atuais circunstâncias, a cooperação científica com o Brasil pode ser muito produtiva", afirmou Vasily Belov, vice-presidente para assuntos de inovação da Skolkovo.
O parque tecnológico russo fica a 15 quilômetros de Moscou, em uma área de 400 hectares, que terá ao todo 2,5 milhões de metros quadrados construídos. No complexo, previsto para ficar pronto em 2020, funcionará uma cidade tecnológica, com universidade, laboratórios, incubadoras de empresas, startups, além de conjuntos habitacionais, escolas, centros comerciais, de medicina e de recreação. A previsão é que Skolkovo seja moradia para 25 mil habitantes e local de trabalho, estudo e pesquisa para outros 30 mil.
Segundo Anna Nikina, chefe da Assessoria Internacional, são cinco as áreas prioritárias de atuação do parque tecnológico: espacial, nuclear, biomedicina, energia e tecnologia da informação. O complexo fará a integração entre startups, investidores, universidade, parque tecnológico, parceiros empresariais e comerciais além de instituições promotoras de soluções de infraestrutura.
Anna Sidorovskaya, chefe do departamento de infraestrutura da fundação, disse que o governo russo já investiu o equivalente a US$ 1,2 bilhão na construção do parque; e os investidores privados, cerca de US$ 1,8 bilhão.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) já sinalizou com a Fundação Skolkovo possibilidades de cooperação, por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM). Durante a reunião, o ministro apontou a importância de aprofundar e ampliar a cooperação nas cinco áreas prioritárias da Skolkovo. O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo, afirmou que há uma série de programas na área espacial, por exemplo, que podem ser objeto de desenvolvimento conjunto.
Para Rebelo, uma das ações mais urgentes é a celebração de um acordo para a presença de estudantes e de professores brasileiros no centro russo. "Queremos enviar alunos e professores brasileiros para passar temporadas aqui e também receber alunos e professores russos no Brasil", disse.
A sugestão de acordo para ampliar o intercâmbio estudantil partiu também de Edward Crawley, presidente do Instituto de Ciência e Tecnologia da Skolkovo. Com uma trajetória de 40 anos de vida acadêmica no Instituto de Massachusetts (MIT) e tendo participado da concepção do programa espacial do Governo Obama, Crawley disse ao ministro que sua missão é "construir o ITA (em referência ao Instituto de Tecnologia de Aeronáutica, localizado em São José dos Campos) no parque russo". Ele afirmou que, na Rússia, se sente como Richard Smith. Oriundo do MIT, Smith foi convidado pelo brigadeiro Casemiro Montenegro para ajudar a criar o ITA. O norte-americano foi o primeiro reitor da instituição.
Como resultado da reunião, o ministro disse que formará no MCTI um grupo de trabalho, com representantes da Secretaria de Tecnologia e Inovação (Setec), da Subsecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa (Scup), além do CNPEM, da AEB e do Inpe. Este grupo fará a interlocução com uma equipe da Fundação Skolkovo com objetivo de estabelecer os programas de cooperação.
Após a reunião, o ministro e sua comitiva, formada pelo presidente da AEB e chefe da Assessoria Internacional do MCTI, embaixador Carlos Henrique Cardim, fizeram uma visita ao parque tecnológico. Guiada por Sidorovskaya e Nikina, a delegação conheceu as obras dos centros de pesquisa, residenciais, de medicina, do edifício da universidade, da vila das startups, bem como dos laboratórios e escolas.
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- 18/06/2015 - Elemento químico é visto transformando-se em outro pela primeira vezFonte: Site Inovação Tecnológica
Alquimia moderna
Químicos conseguiram ver pela primeira vez um elemento químico transformando-se em outro.
E, durante esse processo, eles inesperadamente descobriram uma forma de tornar mais eficazes os tratamentos de radioterapia para o câncer.
Alex Pronschinske e seus colegas da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, flagraram todo o processo durante o qual o iodo-125, um isótopo radioativo usado em terapias contra o câncer, se transformava em telúrio-125, um isótopo não-radioativo do elemento telúrio.
A transformação de um elemento em outro foi documentada em um experimento no qual Pronschinske colocou o iodo-125 em uma única gota de água e a depositou sobre uma camada fina de ouro. Quando a água evaporou, os átomos de iodo se ligaram com o ouro.
Ele então colocou a amostra no microscópio, e ficou esperando para ver.
Meia-vida
Os átomos de iodo-125 têm uma meia-vida de 59 dias, o que significa que metade dos átomos de uma amostra desse radioisótopo irá decair nesse período, liberando uma grande quantidade de energia e se tornando um isótopo de telúrio.
O problema é saber o momento exato para olhar no microscópio e flagrar um único dos bilhões de átomos presentes na amostra passando por esse processo.
Isso exigiu que a equipe fizesse turnos de até 18 horas de trabalho durante várias semanas, até finalmente flagrar o processo de decaimento em toda a sua glória.
Alquimia para o câncer
A equipe descobriu que, durante o processo de decaimento, a emissão de elétrons de baixa energia do iodo-125 misturado com ouro é seis vezes maior do que a emissão do elemento radioativo isoladamente, como ele é usado hoje nas radioterapias.
Os elétrons de baixa energia são muito eficazes nos tratamentos oncológicos porque eles quebram o DNA das células doentes, mas viajam distâncias muito curtas, o que inibe sua ação sobre as células saudáveis - esses elétrons viajam apenas de 1 a 2 nanômetros, o que pode ajudar a tornar as radioterapias mais eficazes e mais precisas.
A equipe agora pretende fabricar novas amostras de iodo-125 sobre películas ou nanopartículas de ouro e testar seu uso em tratamentos oncológicos. As nanopartículas poderiam ser atreladas a anticorpos que as levem até os tumores, onde farão seu trabalho durante vários dias - até o decaimento de toda a fármaco -, afetando menos os tecidos saudáveis.
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- 18/06/2015 - Comissão Eleitoral da SBPC divulga resultado das eleições 2015Fonte: Jornal da Ciência
Helena Nader é reeleita presidente da Sociedade
A biomédica e professora titular da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Helena Bonciani Nader, foi reeleita presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), para um novo mandato de dois anos, de julho de 2015 a julho de 2017. Para os dois cargos de vice-presidente, foram eleitos o físico Ildeu de Castro Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Vanderlan da Silva Bolzani, da Universidade Estadual "Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Para o de secretário geral, foi eleita a pesquisadora Claudia Mansini D’avila Levy, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Já para as três vagas de secretários, foram eleitos Ana Maria Bonetti, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Maíra Baumgarten, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Adalberto Luís Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Como primeiro tesoureiro, foi eleito Walter Colli, da Universidade de São Paulo (USP), e como segundo, José Antonio Aleixo da Silva, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Os eleitos serão empossados no dia 16 de julho, durante a 67ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada em São Carlos, entre os dias 12 e 18. A apuração das eleições na SBPC ocorreu na tarde desta segunda-feira (15/06), na Unidade Administrativa da entidade, em São Paulo, sob a coordenação da conselheira da SBPC, Letícia Veras Costa Lotufo, da USP, presidente da Comissão Eleitoral. O período de votação foi aberto no dia 21 de maio e encerrado em 12 de junho. Os eleitores votaram somente pela internet.
Conselho
Para o conselho, com mandato para o quadriênio 2015 a 2019, havia 13 vagas em disputa nessas eleições. Conforme previsto no estatuto da SBPC, as candidaturas ao conselho ocorrem regionalmente. Para os estados que compreendem a Área A (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), em que havia uma vaga para dois candidatos, foi eleito Hiroshi Noda (INPA).
Nos estados da Área B (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) havia duas vagas para quatro candidatos. Elas serão preenchidas por Nelson de Luca Pretto (UFBA) e Maria do Carmo Figueiredo Soares (UFRPE). Na Área C (Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Distrito Federal), as três em disputa foram preenchidas por Eduardo Mortimer (UFMG), Fernanda Sobral e Laila Espindola Darvenne, ambas da Universidade de Brasília (UnB).
A região da Área D, que compreende os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, dispunha de três vagas para seis candidatos. Elas foram preenchidas por Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos (LNCC), Adalberto Moreira Cardoso (UERJ) e João Ramos Torres de Mello Neto (UFRJ). Pelo estado de São Paulo, Área E, foram eleitos Regina Pekelmann Markus (USP), Glaucius Oliva (IFSC/USP) e Rubens Belfort Mattos Junior (UNIFESP). Para a Área F (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), havia uma vaga, que foram disputadas por três candidatos. A eleita foi Zelinda Maria Hirano (FURB).
Secretarias Regionais
Neste processo, foram eleitos também os secretários regionais da SBPC, para um mandato de dois anos (2015-2017). A representação regional é por estado.
Os eleitos foram os seguintes:
Amazonas: José Wilson do Nascimento Corrêa (UFAM) e Rosany Piccolotto de Carvalho (UFAM), como Secretária Regional Adjunta.
Bahia: Jaime Santos Filho (UFBA) e Alberto Brum Novaes (UFBA), como Secretário Regional Adjunto.
Ceará: Lindberg Lima Gonçalves (UFC) e Claudia Linhares Sales (UFC), como Secretária Regional Adjunta.
Distrito Federal: Ligia Pavan Baptista (UnB)
Goiás: Reginaldo Nassar Ferreira (UFG) e Romão da Cunha Nunes (UFG), como Secretário Regional Adjunto.
Maranhão: Eloisa da Graça do Rosario Gonçalves (UFMA) e Auro Atsushi Tanaka (UFMA), como Secretário Regional Adjunto.
Pará: Maria Elvira Rocha de Sá (UFPA) e Marlucia Bonifácio, como Secretária Regional Adjunta.
Paraná: Araci Asinelli da Luz (UFPR) e Elizabeth de Araujo Schwarz (UFPR), como Secretária Regional Adjunta.
Pernambuco: Marcos Antonio Ramos Pereira de Lucena (FUNDAJ) e Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira (UFRPE), como Secretária Regional Adjunta.
Piauí: Willame Carvalho e Silva (TJPI) e Joaquim Campelo Filho, como Secretário Regional Adjunto.
Rio de Janeiro: Marco Moriconi (UFF) e Luana Bonone (ANCINE), como Secretária Regional Adjunta.
Rio Grande do Norte: Maria Bernardete Cordeiro de Sousa (UFRN) e John Fontenele Araujo (UFRN), como Secretário Regional Adjunto.
Rio Grande do Sul: José Vicente Tavares dos Santos (UFRGS) e Sergio Bampi (UFRGS), como Secretário Regional Adjunto.
São Paulo – SubÁrea I – Roseli de Deus Lopes (USP).
São Paulo – SubÁrea III – Francis de Morais Franco Nunes (UFSCar).
A Comissão Eleitoral da SBPC é composta pelos conselheiros Letícia Veras Costa Lotufo (USP) – presidente; Etelvino José Henriques Bechara (USP); Lisbeth Kaiserlian Cordani (USP); Lucile Maria Floeter Winter (USP) e os sócios Maria Teresa Riggio de Lima Landman (UNIFESP) e Marilia de Arruda Cardoso Smith (UNIFESP).
Mais informações sobre o processo eleitoral 2015 estão disponíveis no site da SBPC: -
- 17/06/2015 - Governo passa a encarar setor nuclear como prioritário e diz que apoiará desenvolvimento tecnológicoFonte: Site Petronotícias
O Ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, não esteve presente na abertura do VI Seminário Internacional de Energia Nuclear, no Rio de Janeiro, por estar em missão na Rússia, mas enviou uma mensagem que deu ânimo aos representantes da indústria nuclear em atividade no Brasil. O presidente da INB, Aquilino Senra, que representou o governo no evento, leu a mensagem do ministro para uma plateia de grandes executivos do segmento, em que reconheceu a importância do setor nuclear e o destaque que a área deverá ganhar nos planos governamentais para os próximos anos.
"Registro, em nome do ministro, que será dada prioridade à energia nuclear na administração do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O ministro entende que é uma área estratégica, entende seu valor na geração de energia para o País, e reconhece que o desenvolvimento tecnológico precisa do apoio prioritário do Ministério", afirmou Senra, ressaltando ainda que o ministro já vem tentando trabalhar neste sentido, inclusive com a tentativa de realizar uma integração maior entre diversos elos da indústria nuclear nacional.
O breve discurso em nome do ministro foi um novo aceno do governo a favor da indústria nuclear brasileira e foi bem recebido pelos executivos presentes no encontro. As maiores empresas do segmento mundial já vêm se movimentando no País para ganhar espaço nessa discussão, interessadas em participar da construção das próximas usinas nucleares nacionais, e a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) tem desempenhado um papel de liderança nesse processo. O presidente da associação, Antonio Müller, defende há tempos a participação privada no setor nuclear e agora acredita que esse caminho deve começar a ser trilhado com mais agilidade.
"Há muito tempo nós reiteramos a necessidade de novas usinas nucleares para garantir a segurança energética brasileira, e agora o governo vem mostrando que está engajado nesse objetivo. Ficamos satisfeitos com as sinalizações positivas".
O seminário foi realizado junto a uma pequena exposição das companhias e reuniu as maiores do segmento nuclear mundial, como Westinghouse, Areva, EDF, Rosatom, SNPTC, Engie (ex-GDF Suez), Atmea (joint venture entre Areva e Mitsubishi), entre outras, além da própria Eletronuclear. As expectativas dos executivos vêm crescendo nos últimos tempos, amparadas pelos primeiros anúncios feitos pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e agora ganham ainda mais força.
O presidente da Atmea, Andreas Gobel, por exemplo, afirmou que a empresa passou a estudar melhor o mercado brasileiro após o discurso de Braga em 8 de abril, quando foi anunciada a retomada do Programa Nuclear Brasileiro, prevendo a construção de quatro novas usinas nucleares até 2030 e mais oito unidades até 2050.
A russa Rosatom também já vem traçando esse perfil do cenário nacional há algum tempo e desde o ano passado prepara a instalação de um escritório no Brasil, processo que já está praticamente finalizado, segundo o vice-presidente da Rusatom International Network, Ivan Dybov. O executivo inclusive já estabeleceu residência no País, de onde também coordena as atividades pelo resto da América Latina.
O diretor de planejamento da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, que também discursou na abertura do seminário, ressaltou que o avanço da indústria nuclear pode ser uma fonte de oportunidades num momento complicado da economia nacional.
"Lembrei outro dia de uma imagem que recebi, brincando com a palavra 'crise'. O 'S' tinha sido cortado, deixando a palavra 'crie'. Então é isso, esse é o foco no momento", disse, destacando a necessidade de a indústria se movimentar em busca de novas oportunidades.
Marco regulatório
A abertura contou ainda com um discurso do presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Ângelo Padilha, que exaltou os 60 anos da indústria nuclear no Brasil, lembrando que as primeiras instituições voltadas formalmente ao setor foram criadas durante o governo de Juscelino Kubitschek. Além disso, reconheceu a importância da Marinha no processo de desenvolvimento do setor nuclear brasileiro, com participações importantes do Almirante Álvaro Alberto, que dá nome à Central Nuclear de Angra dos Reis, e do Almirante Otacílio Cunha, primeiro presidente da CNEN.
"Ao longo desses 60 anos, as posições do governo variaram muito em relação à área nuclear, desde o entusiasmo de Juscelino até governos que foram contra, mas teve uma instituição que manteve o interesse sempre: a Marinha do Brasil", afirmou Padilha, antes de dar uma panorama do total de pessoas envolvidas nesse segmento, de 6 mil a 8 mil, pelas suas contas. "Então é um programa recente, pequeno, com fins pacíficos e de grande sucesso", concluiu, após comparar o nosso programa com o da França, que já tem 120 anos.
O presidente da INB, Aquilino Senra, corroborou o discurso de Padilha, elogiando as conquistas da indústria, mas enfatizou que há algumas ações que precisam ser tomadas o mais rápido possível para que o segmento continue avançando, como a criação de um novo marco regulatório e a expansão dos investimentos em formação de mão de obra especializada.
"O marco regulatório é fundamental, porque há leis que se sobrepõem e precisam ser revistas, além de outras que precisam ser aprimoradas. Além disso, a formação de recursos humanos é um ponto que destaco há muito tempo. Então meu discurso não é de otimismo definitivo, mas de realismo em relação à boa base que foi construída e que agora precisamos ampliar", afirmou.
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- 17/06/2015 - Unesc participa de projeto inédito no Brasil para recuperação de áreas degradadas pela mineraçãoFonte: Unesc
A Unesc faz parte de uma iniciativa inédita no Brasil para a recuperação de solos e recursos hídricos contaminados pela mineração de urânio e carvão, com o uso do ozônio. O projeto "Processo de geração e transferência de ozônio na recuperação de solos e recursos hídricos contaminados por metais pesados em mina de urânio”, que iniciou em 2013, está em sua reta final – o prazo de conclusão é em dezembro de 2015 – e já obteve resultados positivos em Caldas, Minas Gerais, onde foi comprovada a possibilidade de recuperar a drenagem ácida gerada em área de mineração de urânio. Já os estudos da recuperação e tratamento de drenagem ácida da mina São Geraldo, pertencente à Carbonífera Rio Deserto, em Criciúma, com o uso de ozônio, começaram no fim de maio de 2015, quando a planta para o tratamento das águas que saem da mina desativada foi instalada.
Em Caldas, o passivo ambiental na área de estudo é de 45 milhões de metros cúbicos de bota-fora concentrado em aproximadamente 130 hectares. Na região carbonífera são 6 mil hectares de passivo em processo de recuperação, com geração de drenagem ácida suficiente para contaminar as bacias hidrográficas do rio Araranguá, do Rio Urussanga e do Rio Tubarão.
A Universidade faz parte de um grupo formado pela Fundação Patria (Fundação Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências), pela empresa Brasil Ozônio, de São Paulo e pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil), com sede em Caldas, Minas Gerais, que aprovou junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma concessão de apoio não reembolsável de R$ 9,6 milhões. O projeto está orçado em R$ 10,8 milhões e a Brasil Ozônio, fornecedora dos geradores de ozônio, é responsável por uma contrapartida de R$ 1,2 milhão.
O projeto conta também com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e da Comissão de Energia Nuclear (CNEN). A Unesc entrou no projeto como Instituição Tecnológica e responsável técnica por aplicar, avaliar e construir indicadores de eficácia da aplicação de ozônio nos solos e nas águas.
O professor doutor da Unesc, Elídio Angioletto, é quem coordena os trabalhos de pesquisa do projeto, e conta que os primeiros experimentos com ozônio para o tratamento de drenagem ácida de mina ocorreram na década de 60 nos Estados Unidos e que no Brasil, ainda são recentes. "Vivemos um período com recursos hídricos mais escassos. Poder tratar a água contaminada e tornar ela utilizável é um avanço necessário”, comenta.
Projeto possibilita aprendizado para acadêmicos da Unesc, UFSC e USP
O projeto também é um campo de estágio para futuros profissionais. Além de Angioletto, o grupo de trabalho da Unesc conta com o engenheiro químico formado na Unesc, e mestrando em Engenharia Química na UFSC, Thauan Gomes, e os estudantes bolsistas da sétima fase do curso de Engenharia Química da Unesc, Ana Carolina Feltrin e Willian Acordi Cardoso. Também estão inseridos nas atividades dois mestrandos e dois alunos de iniciação científica da USP.
Ana Carolina está há quase um ano no projeto, e realiza as análises de microrganismos presentes no solo e nas águas, no Laboratório de Desenvolvimento e Caracterização de Materiais Antimicrobianos, localizado no Iparque (Parque Científico e Tecnológico da Unesc). Segundo ela, o estágio permite o contato com novas áreas e colocar em prática conteúdos aprendidos em sala de aula.
Já Cardoso, que está o mesmo período de tempo que Ana Carolina no projeto, faz análises químicas da recuperação dos efluentes, montagem de equipamentos e estudos sobre a viabilidade do projeto.
"Estou tendo contato com algo diferente e a possibilidade de aprender, em um menor espaço de tempo, uma série de questões que envolvem um projeto, desde a montagem de máquinas e aspectos econômicos até o funcionamento de empresas da área, sem contar a parte química e o contato com instituições de vários lugares do Brasil. Isso será um diferencial para mim”, conta o estudante.
Entenda o processo
O ozônio é um gás (que tem o ar como matéria prima) e nos estudos realizados, passa por um separador e secador de oxigênio e então pelo gerador de ozônio. Após a reação, esse gás, em tempo médio de sete minutos, volta a ser oxigênio. "O estudo feito em Minas Gerais, mostrou que o ozônio é efetivo na recuperação da DAM (Drenagem Ácida de Mineração), onde oxida todos os metais presentes. Com a adição de um pouco de cal hidratada para corrigir a acidez, essa água pode ser utilizada para diversos fins, como irrigar lavouras, para a criação de peixes, para esportes aquáticos e para animais beberem”, explica.
Angioletto comenta que pelas características da drenagem ácida das minas de carvão, haverá mais dificuldade no tratamento em Criciúma do que a encontrada em Caldas. "A intenção é conseguirmos tratar e recuperar o passivo com ozônio a um custo competitivo em relação às demais tecnologias já existentes no mercado”, afirma.
O outro estudo realizado no projeto possui o objetivo de evitar a formação da drenagem ácida de mineração. Neste caso, o ozônio é aplicado diretamente nas pilhas de rejeitos e estéreis de mineração e como ele é um forte oxidante, elimina os microrganismos ferro-oxidantes que atuam na formação da drenagem ácida de mineração.
Na planta piloto, a água contaminada recebe uma injeção de ozônio para oxidação dos metais pesados, que serão separados por meio de processo como filtração ou centrifugação e poderão ser aproveitados para ajudar a suprir a demanda do mercado por esses óxidos. O manganês que está sendo recuperado em Caldas é um bom exemplo desse potencial. Posteriormente a água segue para um tanque, onde é adicionado cal para ajuste do pH (Pontencial Hidrogeniônico) e decantação de metais remanescentes e segue seu curso para o ambiente.
Já no caso dos depósitos de rejeitos e estéreis de mineração, o gás ozônio é injetado diretamente nas montanhas de resíduos utilizando para isso um conjunto de sondas e ar comprimido. A ideia é eliminar o microrganismo Thiobacillus ferrooxidans, que é catalisador de reações que produzem ácido sulfúrico. -
- 17/06/2015 - Governo estuda participação privada na geração nuclear sem alterar ConstituiçãoDiretor da Eletronuclear afirma que há vontade política e que modelo estaria sendo trabalhado pelo governo
Diretor da Eletronuclear afirma que há vontade política e que modelo estaria sendo trabalhado pelo governo
Fonte: O Globo
por Ramona Ordoñez
A participação da iniciativa privada na geração de energia nuclear será possível sem que seja necessário alterar a Constituição. A informação foi dada nesta quarta-feira pelo Diretor de Planejamento da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, durante o VI Seminário Internacional de Energia Nuclear, no Rio de Janeiro. O executivo lembrou que o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, vem falando sobre o assunto, e confirmou que o governo já está trabalhando no modelo que poderá adotar.
— Existe a vontade política e o ministro (Eduardo Braga) já deixou isso bem claro. Agora como vai se modelar isso, depende da legislação atual. Tem duas maneiras: uma sem alterar a Constituição ou alterando — destacou Leonam.
Sem alterar a Constituição, seria possível desde que se preserve a operação da usina pelo ator estatal. A maneira mais viável seria por meio da Parceria Público Privada (PPP), pela qual a Eletronuclear seria a responsável pela operação da usina. O parceiro privado ficaria com a construção da usina e vai ficar com parte da receita futura obtida pela venda da energia gerada, relativos aos recursos investidos.
— A parceria privada no caso de PPP pode ser até majoritária desde que a responsabilidade o controle da operação fique sob controle estatal. Assim estaria atendendo a Constituição e se poderia fazer composições de parceria de forma a ser atrativo para o investidor investir nessa instalação — explicou Leonam, ao lembrar que outro tipo de negócio, sem a necessidade de se alterar a constituição, seria a associação da Eletrobonuclear com um grupo privado num projeto, mas nesse caso a participação estatal teria que ser majoritário.
A outra forma, que exigiria mudança na Constituição, seria mudar o atual regime para o de concessão, como foi feito no setor de petróleo. Já existe uma proposta de emenda constitucional tramitando no Congresso nesse sentido. Leonam disse não ser favorável à alterações na Constituição porque além da maior demora, seria uma mudança muito abrupta no modelo do setor nuclear brasileiro e poderia não atrair investidores.
— Não estamos discutindo o monopólio sobre materiais nucleares. Essa é uma razão que leva a operação a continuar com a Eletronuclear, porque precisa comprar e usar esse material — explicou Leonam.
Durante o seminário os participantes estão destacando a necessidade de se dar continuidade ao programa nuclear brasileiro, independente do seu ritmo, não só para evitar a perda do conhecimento tecnológico desenvolvido ao longo das últimas décadas, mas também por ser a energia nuclear uma das melhores opções para complementação da energia hidrelétrica na base do sistema elétrico.
Segundo Leonam as opções existentes para a geração na base são as térmicas a gás natural, a carvão e a energia nuclear. As térmicas a gás tem o desafio de se conhecer o real potencial de reservas e a possibilidade do desenvolvimento da produção e a que custos. Já as térmicas a carvão vão contra a tendência mundial de redução das emissões de CO2 na natureza e exigirão pesados investimentos para mitigar essas emissões. Assim, segundo Leonam, a opção nuclear surge como uma das mais limpas, seguras e de menor custo.
— Acredito que o momento hoje é de dar atenção , dar um peso importante à segurança do abastecimento. Energia é um insumo caro, o problema é que esse caro traga junto com ele a segurança no abastecimento. A energia nuclear tem o enorme desafio que é a aceitação pública — destacou Leonam, ao lembrar que o preço da energia gerada em Angra 1 e Angra 2 é de R$ 160 o megawatt/hora.
A Eletronuclear continua desenvolvendo os trabalhos e estudos para definição dos futuros locais onde poderão ser construídas novas centrais nucleares no Brasil. O executivo disse que os trabalhos estão em ritmo lento, devido à escassez de recursos, mas continuam enquanto o governo federal não anunciar uma posição em relação ao futuro do programa nuclear brasileiro. Atualmente, o país tem Angra 1 e Angra 2 em operação e está construindo Angra 3, que atrasou 23 anos em suas obras, e agora está prevista para ser concluída em 2018 com 1.400 MW de capacidade.
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- 16/06/2015 - Indústria nuclear faz movimento global para fortalecer geração de energia limpa no mundoFonte: Petronotícias
O presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Antonio Müller, representou o Brasil num encontro global do setor recentemente na França, e colocou o País no grupo de nações que pretendem impulsionar o uso da energia nuclear em defesa do clima global. Para isso, foi assinado o acordo "Nuclear for Climate”, reunindo associações de 39 países, que visa fomentar este processo e que já vem sendo estimulado no Brasil, onde o governo começou a divulgar informações há poucos meses sobre a construção de novas usinas nucleares nos próximos anos.
O executivo e a ABDAN foram um dos destaques do evento, em função do grande interesse das empresas internacionais em participarem do setor nuclear brasileiro. Na ocasião, Müller foi entrevistado para falar em nome do acordo pelo clima, em vídeo que o Petronotícias traz agora ao público (na seção Vídeo em Destaque, à direita da página), e ressaltou a importância do trabalho que vem sendo feito no Brasil e das ações a favor do clima que já foram desenvolvidas pela indústria nuclear no País.
"O Brasil é considerado um país verde, já tendo assinado uma série de acordos internacionais para reduzir os impactos ambientais de suas ações, e hoje tem cerca de 70% de sua energia produzida a partir de hidrelétricas”, afirma o presidente da Abdan no vídeo, ressaltando que esse cenário não será mais possível no futuro, porque a capacidade de geração de energia a partir de hidrelétricas será esgotada por volta de 2025. "Então precisaremos de uma tecnologia de geração que possa suprir a carência deixada pela hidroeletricidade sem gerar impactos ambientais no País. E a nuclear é a melhor opção para isso”, conclui.
Müller explica ainda que hoje a matriz brasileira conta com duas usinas nucleares em operação – Angra I e Angra II, com capacidade somada de aproximadamente 2.000 MW –, além de uma terceira em construção – Angra III, com potência prevista de 1.405 MW –, e enfatiza que o Ministério de Minas e Energia já anunciou a necessidade de construir novas usinas.
De fato, o governo brasileiro deu um novo sinal de avanço do Programa Nuclear nacional recentemente, com a previsão de construir 12 novas usinas até 2050, sendo quatro até 2030 e oito nos 20 anos seguintes, o que tem gerado um aumento do interesse da indústria internacional pelo Brasil.
"Nós acreditamos, de uma maneira muito orgulhosa, que a energia nuclear é a solução para ter um ambiente muito amigável no Brasil, sem poluição”, finaliza.
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- 16/06/2015 - Inscrições abertas para o XXIX Congresso Brasileiro de Medicina NuclearAs oportunidades, desafios e perspectivas futuras da medicina nuclear no Brasil e no mundo estarão no centro das atividades do XXIX Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. Organizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), instituição filiada à Associação Médica Brasileira (AMB), o encontro será realizado nos dias 23 a 25 de outubro, no Centro de Convenções do Hotel Royal Tulip. As inscrições on-line estão abertas, e o prazo para a submissão de trabalhos também.
De acordo com o presidente da SBMN e do Congresso, Claudio Tinoco Mesquita, a especialidade vivencia um momento de rápidas transformações, tanto no campo educacional, quanto científico e na prática clínica, seja ela diagnóstica ou terapêutica. Segundo Tinoco, este cenário derivou o mote do encontro, intitulado: Medicina Nuclear em Movimento. "A medicina nuclear mudou a história de várias doenças, mas ainda é subutilizada no Brasil. Nossa especialidade tem crescido e precisamos unir esforços neste sentido, sobretudo, por meio do estímulo à produção científica multicêntrica no País e ampliação do acesso à especialidade via saúde pública”, relatou Tinoco.
Direcionado a médicos nucleares e de outras especialidades, residentes, biomédicos, tecnólogos, biólogos, físicos, químicos, farmacêuticos e especialistas que tenham interesse na aplicabilidade de radioisótopos na medicina, o encontro terá como abordagens as perspectivas para a aplicabilidade da medicina nuclear em cardiologia; oncologia (adulto e pediátrica) – com ênfase em linfomas; neurologia; e a avaliação de processos inflamatórios e infecciosos. Os assuntos serão abordados em mesas redondas.
De acordo com o presidente da Comissão Científica do Congresso, Sergio Altino, esta edição do encontro terá como um dos enfoques centrais trazer ao debate questões ligadas às políticas públicas de saúde, em especial o que cabe à medicina nuclear via Sistema Único de Saúde (SUS). Para tanto, o Congresso contará com a participação de representantes dos Ministérios da Saúde (MS) e Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI) – representado pelo IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares) e CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Convidados Internacionais
Já está confirmado no encontro a presença de ao menos 10 convidados internacionais, representantes de países como Estados Unidos, Chile, México, Itália e Espanha. Entre eles Enrique Estrada Lobato, da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e Hossein Jadvar, presidente da Sociedade Americana de Medicina Nuclear e Imagem Molecular (SNMMI). Confira alista de especialistas que será atualizada a cada novo especialista confirmado.Submissão de trabalhos científicos
O prazo de submissão de trabalhos científicos - nas categorias oral ou pôster – vai até às 16h do dia 31 de julho. Os interessados em enviar artigos ao Congresso podem abordar as seguintes áreas: Cardiologia; Técnico e Radiofarmácia; Ciências Básicas; Gama-Câmara e Terapia; SPECT/CT e PET/CT.Confira as regras para participar com resumos.
Informações à imprensa & CredenciamentoAgência de Comunicação - RS PressTelefone: (11) 3875-6296
JornalistasTatiana Almeida - tatianaalmeida@rspress.com.brAna Carolina D'Angelis - anadangelis@rspress.com.br
Fonte: SBMN
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- 16/06/2015 - Especialistas definem prioridades para Plano Diretor de CT&I de São PauloFonte: Agência Fapesp
Em palestra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), no dia 19 de maio, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, apresentou os primeiros resultados do diagnóstico do sistema paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação. Essas informações subsidiarão o Plano Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo (PDCTI).
Proposto pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI) e desenvolvido com o apoio da FAPESP, o plano fornecerá diretrizes para políticas para o setor ao longo das próximas duas décadas, possibilitando a intensificação e a expansão da pesquisa científica, do desenvolvimento tecnológico e da inovação de maneira estratégica para o estado.
De acordo com Brito Cruz, os objetivos do PDCTI são consolidar São Paulo como referência em educação superior de excelência, aumentar o impacto científico da pesquisa acadêmica realizada no estado e ampliar seu impacto econômico e social com base na expertise local.
"São Paulo é o principal centro inovador do país, formado por uma grande rede institucional de ciência, tecnologia e inovação amparada por um forte conjunto de programas de fomento. Mas para tornar esse sistema ainda mais efetivo é preciso conhecer seus potenciais e elaborar estratégias que contribuam para seu desenvolvimento de forma plena, e é nisso que trabalham agora as equipes dedicadas à formulação do PDCTI”, disse.
Na ocasião, Brito Cruz apresentou avaliações da atividade científica em São Paulo realizadas por grupos de trabalho coordenados pela FAPESP.
"Os grupos buscam conhecer em profundidade as ações públicas e privadas relacionadas à pesquisa, identificando eventuais obstáculos ao seu desenvolvimento. Trata-se de um esforço para sinalizar para esse conjunto de organizações e pessoas quais os desafios e as prioridades para o estado, considerando o investimento feito pelo contribuinte e a necessidade de revertê-lo em benefícios para a sociedade como um todo.”
Em 2013, de acordo com os dados levantados pelos grupos, foram investidos R$ 25 bilhões em atividades de pesquisa e desenvolvimento no Estado de São Paulo.
Ainda de acordo com os dados apresentados, São Paulo conta hoje com mais de 57 mil pesquisadores em atividade, sendo 25 mil em instituições de ensino superior, 3 mil nos institutos de pesquisa e 29 mil em empresas.
O sistema de ciência e tecnologia do estado é composto por três universidades estaduais, quatro instituições de ensino superior federais, pelo menos 19 institutos estaduais de pesquisa e três federais, além de institutos de pesquisa particulares e entidades privadas de ensino superior.
Grupos de trabalho
Os grupos de trabalho, formados por especialistas, membros da comunidade acadêmica, dos institutos de pesquisa e do setor privado, foram divididos em seis áreas de interesse.
Os relatórios gerados pelos grupos serão utilizados pela coordenação do projeto na elaboração do documento final, com recomendações preliminares para o desenvolvimento do PDCTI, que será encaminhado ao Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (Concite).
O grupo dedicado aos sistemas de ciência e tecnologia (C&T) é coordenado por Hélio Nogueira da Cruz, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP; a formação de recursos humanos em C&T é o tema do grupo coordenado por Elizabeth Balbachevsky, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP; o grupo com foco em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas empresas tem coordenação de Gerson Valença Pinto, da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei).
A atividade dos institutos de pesquisa estaduais, federais e privados é discutida no grupo coordenado por Cylon Gonçalves da Silva, membro da coordenação adjunta de Programas Especiais da FAPESP; a pesquisa acadêmica é tratada pelo grupo coordenado por Marcelo Knobel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e o grupo dedicado a setores focais é coordenado por Renato Corona, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e Carlos Pacheco, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Prioridades
É tarefa dos grupos identificar prioridades em cada área tratada. Nos setores industriais, por exemplo, foram identificadas oportunidades importantes, a médio prazo, na produção de etanol de segunda geração e em setores como aeronáutica, automotivo, fármacos e vacinas e equipamentos médicos e hospitalares. Também foram apontadas três áreas com grande potencial de desenvolvimento em São Paulo: energia eólica, energia solar, aeroespacial e defesa.
Os grupos discutem ainda desenvolvimentos em biocombustíveis, petróleo e gás; meio ambiente, em especial mudança climática global, biodiversidade e oceanografia; tecnologia de informação e comunicações, com foco em equipamentos e serviços de telecomunicação; indústria aeroespacial; agronegócio, em especial citricultura e risco sanitário; nanotecnologia; saúde, com desdobramentos em equipamentos médicos e hospitalares, pesquisa clínica, neurociências, fármacos e vacinas e câncer; setor automotivo; tecnologia industrial básica; metrópoles e violência; e educação.
"Todo esse trabalho tem o objetivo de identificar os setores que, do ponto de vista do desenvolvimento do Estado de São Paulo, deveriam chamar mais atenção, especialmente quando se tem quantidade limitada de recursos e é preciso escolher prioridades”, explicou Brito Cruz.
Dessa forma, quando finalizado, o PDCTI apresentará propostas de ações em diversas frentes, instituindo uma política abrangente de expansão e intensificação da pesquisa científica, do desenvolvimento tecnológico e do processo de inovação no estado nos próximos 20 anos.
A primeira versão do documento deverá ser finalizada até setembro.
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- 15/06/2015 - Uso da Luz Síncrotron na área da ciência dos materiais é tema de palestra na UFSCarFonte: Site Planeta Universitário
No dia 18 de junho, quinta-feira, o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realiza o seminário "Estudos em Ciência de Materiais usando Luz Síncrotron”, com apresentação de Santiago José Alejandro Figueroa, pesquisador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O tema da palestra é o uso da Luz Síncrotron para abordar problemas de interesse na área de Ciência de Materiais.
Segundo o professor Daniel Rodrigo Leiva, do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar, a luz síncrotron é um tipo de radiação eletromagnética de alta intensidade e alto brilho, utilizada em experimentos para a caracterização da estrutura interna de materiais.
No evento serão apresentadas possibilidades atuais da fonte UVX – nome dado à fonte atual de luz síncroton do LNLS/CNPEM -, bem como as futuras oportunidades com a construção da nova fonte de Luz Síncrotron Brasileira, no projeto Sirius, prevista para 2018.
Na ocasião ainda serão enfatizadas as técnicas de maior interesse para ciência de materiais, como as baseadas em espectroscopia de absorção de raios-X, uma técnica capaz de revelar a ordem local em materiais, ou com base na difração de raios-X, que permite detectar os aspectos de ordem de longo alcance, possibilitando, assim, a identificação das fases presentes no material em análise. "Ambas as técnicas se baseiam na utilização de radiação com uma faixa específica de comprimento de onda, chamada de raios-X”, complementa Leiva. A palestra ainda apresenta uma visão abrangente de todas as técnicas hoje disponíveis.
Figueroa é graduado em Física pela Universidade Nacional de La Plata, na Argentina, com doutorado em Física pela mesma Universidade. Realizou seu pós-doutorado no European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), na França.
O Seminário do PPGCEM acontece a partir das 10 horas na Sala de Seminários do Laboratório de Caracterização Estrutural (LCE) no Departamento de Engenharia de Materiais, localizado na área Norte do Campus São Carlos da UFSCar.
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- 15/06/2015 - Vítimas do césio-137 ainda reclamam de dificuldades para auxílio médicoQuase 28 anos após acidente, elas dizem que se sentem 'esquecidas'. MPF instaurou inquérito para apurar se há omissão do governo de Goiás.
Quase 28 anos após acidente, elas dizem que se sentem 'esquecidas'. MPF instaurou inquérito para apurar se há omissão do governo de Goiás.
Fonte: Portal G1
Quase 28 anos após o acidente radiológico com o césio-137, emGoiânia, vítimas da tragédia ainda reclamam de dificuldades para receber atendimento médico gratuito. Apesar da determinação da Justiça de que o governo estadual preste auxílio aos pacientes e familiares, em até 3º grau, alguns dizem que muitas vezes precisam comprar os remédios e até mesmo pagam pelo plano de saúde do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), no qual deveriam ser isentos. O Ministério Público Federal (MPF) analisa o caso.
Policial militar da reserva, Marques de Souza Rodrigues, 51 anos, reclama de dificuldades. Ele foi um dos agentes que trabalhou durante isolamento do ferro-velho no Setor Aeroporto, na região central da capital, onde houve a contaminação com o césio-137. Além disso, atuou por mais três anos e meio na unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), em Abadia de Goiás, na Região Metropolitana da capital, para onde o material foi levado.
"Eu nunca tive contato direto com o césio, por isso, estou na classificação dos radioacidentados. Mas enfrento inúmeros problemas até hoje, e o ruim é que eles não param de surgir”, contou ao G1.
Marques diz que, em 1996, foi diagnosticado com um tumor no cérebro e chegou a passar por uma cirurgia, mas não foi possível fazer a retirada. Com isso, fez sessões de radioterapia e diz que o tumor foi controlado.
"O problema é que o tratamento deixou sequelas, como na minha memória recente, por exemplo, já que não consigo memorizar nada. Além disso, desenvolvi transtornos de humor e tenho que tomar cerca de 10 comprimidos todo o dia para suportar as dores de cabeça”, diz.Segundo ele, que foi aposentado logo após o diagnóstico, os gastos com remédios são altos, pois nem sempre consegue obter todos na rede pública de saúde. Além disso, ele afirma que, até hoje, nunca teve a isenção do plano de saúde do Ipasgo.
"Eu pago todos os meses. Já vem descontado da minha aposentadoria. Se dizem que nós, as vítimas, temos direito ao auxílio gratuito, por que isso não ocorre? Eu cumpri com a minha obrigação de PM e, depois do que aconteceu, me sinto esquecido”, ressaltou o policial aposentado.
Outro policial militar aposentado vítima da tragédia, Gaspar Alves da Silva, de 51 anos, diz que uma das coisas que mais o incomodam é o preconceito. Um dos poucos que tem um laudo que comprova que foi contaminado pelo césio-137, ele desenvolveu uma mancha no cérebro e diz que nunca passou por uma cirurgia, por medo de perder os movimentos.
"Os riscos no meu caso eram muitos grandes e eu preferi continuar do jeito que estava. Porém, já desenvolvi outra doença, a esclerodermia, na qual a pele do meu corpo está ficando dura, paralisada. Por conta disso, preciso de um acompanhamento médico constante”, conta.
Ele diz que recebe atendimento gratuito pelo Ipasgo, mas afirma que precisa ter muita paciência. "Todas as vezes que vou usá-lo ele está bloqueado. Alegam que eu tenho dívidas, mas aí, quando puxam no sistema, veem quem eu sou e liberam. Mas sempre tenho que ir para uma única clínica, fora de mão, e sou tratado de maneira diferente. Às vezes, percebo que os médicos não querem mais me atender”, lamenta.
Além disso, ele afirma que o auxílio prometido no Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), da Secretaria Estadual de Saúde, deixa a desejar. "Eu marquei uma consulta odontológica há quatro anos e até hoje não fui chamado. Vejo um descaso muito grande”, disse Silva.
Inquérito civil
Após receber reclamações das vítimas, o MPF decidiu instaurar um inquérito civil público para apurar possíveis omissões do Estado de Goiás em relação aos atendimentos às vítimas do césio.Segundo o órgão, em meados de 2005, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) proferiu um acórdão em que determinou ao Estado de Goiás uma série de medidas visando o atendimento, entre elas o auxílio médico-hospitalar, a efetivação de sistema de notificação epidemiológica sobre câncer, a realização do trabalho de monitoramento epidemiológico na população de Goiânia, nos moldes do que era oferecido na extinta Fundação Leide das Neves.
Para cumprir com as determinações, na ocasião, o governo firmou um convênio com o Ipasgo, ao qual repassaria os valores decorrentes do atendimento às vítimas citadas. No entanto, segundo o MPF, "a autarquia estadual alega o não recebimento desses montantes, o que estaria ocasionando o descumprimento de algumas providências".
Sendo assim, o procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Ailton Benedito de Souza, enviou um ofício à Secretaria da Casa Civil de Goiás, requisitando informações sobre as ações prestadas. "Temos informações das vítimas de que o governo estadual está descumprindo as medidas, principalmente no que se refere ao atendimento médico", disse ao G1.
Além disso, segundo o procurador, o convênio entre o Estado e o Ipasgo vai expirar em setembro deste ano. "Por isso, precisamos saber quais serão as alternativas adotadas para que essas vítimas não fiquem desassistidas, uma vez que o Cara não dispõe do corpo médico adequado e, por isso, os pacientes precisam do plano de saúde. Um imbróglio entre os órgãos não pode afetar essas pessoas", explicou o procurador.
A assessoria de imprensa da secretaria informou ao G1 que foi notificada sobre o inquérito no último dia 10 e que o documento "foi encaminhado à Advocacia Setorial do órgão para as devidas providências”. No entanto, a Casa Civil diz que "entende que os questionamentos feitos pelo procurador devem ser respondidos pela Secretaria de Estado da Saúde, órgão que abriga o Cara, responsável pela assistência às vítimas do acidente e que, portanto, dispõe das informações solicitadas”.Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que cumpre as medidas para atendimento das vítimas do acidente por meio do Cara e que "presta assistência médica e social às vítimas direta e indiretamente atingidas pelo acidente radioativo, faz o transporte em casos necessários; mantém em pleno funcionamento um centro de atendimento específico paras as vítimas do Césio 137 em Goiânia e também atende crianças, contanto com uma equipe de três pediatras”.
Além disso, segundo a SES, "o Hospital Araújo Jorge, referência no tratamento contra o câncer em Goiás, elabora um boletim de controle epidemiológico com os dados de câncer no estado e especificamente em Goiânia”.
A secretaria diz, ainda, que está fazendo a interlocução entre a Secretaria da Fazenda (Sefaz) e o Ipasgo para o pagamento das parcelas em atraso decorrente do atendimento às vítimas. Em 2011, uma negociação possibilitou o pagamento de sete anos de dívidas que estavam em atraso.
A assessoria de imprensa do Ipasgo, por sua vez, negou a falta de auxílio às vítimas do césio-137 e diz que, independente de qualquer dívida entre o governo e o instituto, todas as pessoas enquadradas nas condições recebem o atendimento gratuitamente, no plano básico, com acomodação de enfermaria.
"Todas as pessoas reconhecidas oficialmente como vítimas do acidente radiológico de Goiânia, através de decreto e pensão específicos no âmbito estadual, tem direito sim à cobertura do Ipasgo Saúde, sem cobrança de mensalidade e coparticipação, para o plano básico. Tal situação está convalidada ainda em contrato mantido pelo instituto e Secretaria Estadual da Saúde, que faz a remuneração pelo serviço”, destacou, em nota.
Sobre o caso do policial aposentado Marques Rodrigues, o Ipasgo informou que ele paga o plano de saúde porque fez a opção pelo plano especial, com acomodação em apartamento. "Para tanto, a mesma lei estabeleceu a alíquota de 7,94% sobre os vencimentos, relativa à diferença de acomodação. Se a opção fosse pelo plano básico, nenhuma cobrança seria feita, como determina a lei”, destacou o órgão.
O acidente
A tragédia começou quando dois jovens catadores de materiais recicláveis abriram um aparelho de radioterapia em um prédio público abandonado, no dia 13 de setembro de 1987, no Centro de Goiânia. Eles pensavam em retirar o chumbo e o metal para vender e ignoraram que dentro do equipamento havia uma cápsula contendo césio-137, um metal radioativo.
Apesar de o aparelho pesar cerca de 100 kg, a dupla o levou para casa de um deles, no Centro. Já no primeiro dia de contato com o material, ambos começaram a apresentar sintomas de contaminação radioativa, como tonteiras, náuseas e vômitos. Inicialmente, não associaram o mal-estar ao césio-137, e sim à alimentação.
Depois de cinco dias, o equipamento foi vendido para Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho localizado no Setor Aeroporto, também na região central da cidade. Neste local, a cápsula foi aberta e, à noite, Devair constatou que o material tinha um brilho azul intenso e levou o material para dentro de casa.Devair, sua esposa Maria Gabriela Ferreira e outros membros de sua família também começaram a apresentar sintomas de contaminação radioativa, sem fazer ideia do que tinham em casa. Ele continuava fascinado pelo brilho do material. Entre os dias 19 e 26 de setembro, a cápsula com o césio foi mostrada para várias pessoas que passaram pelo ferro-velho e também pela casa da família.
A primeira vítima fatal do acidente radiológico foi a garota Leide das Neves Ferreira, de 6 anos. Ela se tornou o símbolo dessa tragédia e morreu depois de se encantar com o pó radioativo que brilhava durante a noite. A menina ainda fez um lanche depois de brincar com a novidade, acabou ingerindo, acidentalmente, partículas do pó misturadas ao alimento.O acidente fez centenas de vítimas, no entanto, o Governo de Goiás e as autoridades envolvidas só assimiram quatro mortes, ocorridas pouco depois do acidente, incluindo o caso da menina.
No âmbito radioativo, o acidente com césio-137 só não foi maior que o registrado na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, segundo a Cnen. Cerca de 6 mil toneladas de lixo radioativo foram recolhidas na capital goiana e levada para Abadia de Goiás, onde permanece até os dias atuais.
Passadas mais de duas décadas, os resíduos já perderam metade da radiação. No entanto, o risco completo de radiação só deve desaparecer em pelo menos 275 anos.
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- 15/06/2015 - Descoberta de hádrons exóticos estimula desenvolvimento teóricoProposto independentemente pelos físicos norte-americanos Murray Gell-Mann e George Zweig em 1964, o modelo dos quarks completou meio século no ano passado. Mas, apesar de sua longevidade, novos desenvolvimentos desse modelo têm ocorrido, tanto no domínio experimental como no teórico.
Proposto independentemente pelos físicos norte-americanos Murray Gell-Mann e George Zweig em 1964, o modelo dos quarks completou meio século no ano passado. Mas, apesar de sua longevidade, novos desenvolvimentos desse modelo têm ocorrido, tanto no domínio experimental como no teórico.
Fonte: Agência Fapesp
Por José Tadeu ArantesUma dessas novidades foi a descoberta de um objeto constituído por quatro quarks, denominado Z+ (4430). Encontrado pela primeira vez em 20087, no Instituto KEF (High Energy Accelerator Research Organizattion), no Japão, sua existência foi convincentemente confirmada em 2014 no LHC (Large Hadron Collider), o Grande Colisor de Hádrons localizado na fronteira franco-suíca.
O número 4430 se refere à massa do objeto, em unidades de megaelétrons-volt por velocidade da luz ao quadrado (MeV/c2). Comparativamente, a massa do próton é de aproximadamente 938,3 MeV/c2. E, ao contrário do próton, cuja meia-vida é superior a 2,1×1029anos (quase 20 vezes a idade estimada do Universo), o Z+ (4430) sobrevive por apenas uma diminuta fração de segundo.
O grande interesse que suscita decorre de que não há outra explicação para ele que não seja a de uma composição exótica de quatro quarks.
As composições usuais são de três quarks, formando os bárions (categoria a que pertencem os prótons e os nêutrons), ou de um par quark-antiquark, formando os mésons (como o píon, ou méson pi, previsto teoricamente pelo japonês Hideki Yukawa, em 1935, e descoberto experimentalmente pelo brasileiro César Lattes, em 1947).
Mas composições exóticas, que antes eram apenas uma possibilidade teórica, começaram a ser encontradas nos aceleradores de partículas ao longo da última década.
"O Z+ (4430) pode ser tanto uma molécula composta por dois mésons (cada qual constituído por um par quark-antiquark) quanto um tetraquark propriamente dito (constituído por quatro quarks soltos, confinados em um determinado volume devido à interação forte)”, disse Marina Nielsen, professora titular e chefe do Departamento de Física Experimental do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), àAgência FAPESP.
Nielsen coordena o Projeto Temático"Física de Hádrons”, que tem o apoio da FAPESP. "O estudo desseshádronsexóticos constitui uma das linhas de pesquisa de nosso projeto, e aquela à qual eu particularmente me dedico”, disse.
Outros hádrons exóticos, descobertos anteriormente, ainda têm sua estrutura sujeita a controvérsias. É o caso do X (3872), encontrado em 2003 no Instituto KEK, que também parece ser composto por quatro quarks, organizados na forma de molécula de mésons ou de tetraquark.
Porém, pelo fato de ser eletricamente neutro, isso não pode ser dito com segurança. E alguns pesquisadores afirmam que se trata apenas de um charmônio, um méson formado por dois quarks bastante massivos, o charm e o anticharm.
"Mas o caso do Z+ (4430) não dá margem a dúvidas. Ele tem carga elétrica. E, para isso, além do charm e do anticharm, precisa conter também um up e um antidown”, explicou Nielsen.
Artigo referência
A interpretação da natureza do X (3872) e de outros hádrons exóticos encontrados posteriormente constitui um desafio para os físicos que se ocupam da cromodinâmica quântica (QCD, de Quantum chromodynamics), a teoria que trata dos quarks e de suas interações.
Nielsen e seu colega Fernando Silveira Navarra, também professor titular do IF-USP, participam de uma rede internacional dedicada ao assunto, o Quarkonium Working Group (QWG), um grupo de trabalho que reúne quase 70 pesquisadores das principais universidades do mundo.
Em 2011, esse grupo internacional produziu um artigo, publicado no European Physical Journal, que se tornou referência na área, tendo recebido mais de 700 citações em artigos especializados:Heavy quarkonium: progress, puzzles, and opportunities.
Os pesquisadores da USP tiveram expressiva participação nesse trabalho. "Um dos métodos utilizados para fazer cálculos na área são as chamadas ‘regras de soma da cromodinâmica quântica’ (QCDSR, deQuantum Chromodynamics Sum Rules), com as quais trabalhamos há vários anos. Com o auxílio desse método, pudemos avançar na compreensão dos estados exóticos”, disse Navarra.
"Alguns deles podem ser melhor entendidos como tetraquarks; outros como mésons de quarks massivos, a exemplo do charmônio; outros ainda como uma mistura quântica de charmônio e tetraquarks”, detalhou o pesquisador.
A expressão "mistura quântica” significa que a função de onda associada ao objeto em questão possui duas componentes, uma que descreve o charmônio e outra que descreve o tetraquark. E que, em um número grande de observações, o objeto será observado ora como uma coisa ora como outra, conforme certa distribuição probabilística.
"A proliferação de novos estados criou uma situação de certa forma parecida com a que havia antes de Gell-Mann e Zweig proporem o modelo de quarks: várias partículas aparentemente sem conexão umas com as outras, desafiando os pesquisadores a agrupá-las segundo algum critério. Em relação a isso, também demos nossa contribuição, mostrando que certos estados podem ser corretamente interpretados como excitações de outros”, disse Navarra.
O cenário agora considerado simples, constituído por bárions (três quarks) e mésons (quark-antiquark), aos quais os físicos já estavam habituados, correspondia aos patamares de energia do mundo cotidiano ou àqueles alcançados até recentemente nos laboratórios. Mas, na medida em que novos equipamentos capazes de alcançar estados de energia cada vez mais altos são construídos, objetos exóticos tendem a se multiplicar, exigindo novos esforços de interpretação teórica.
"Essas novas descobertas conferem, de certa forma, um aval para a cromodinâmica quântica. Porque essa teoria estabelece as configurações de quarks que podem existir e aquelas que não podem. As mais simples são a tríade de quarks e o par quark-antiquark”, disse Nielsen.
"Mas outras configurações, mais complexas, também são possíveis. E há um dito famoso na mecânica quântica: o que não é proibido tem que existir. O que estamos conseguindo agora, graças aos novos patamares de energia alcançados em aceleradores como o LHC, é observar outros estados possíveis”, disse.
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- 15/06/2015 - Ruy Laurenti morre aos 84 anosFonte: Agência Fapesp
O médico Ruy Laurenti, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Conselho Superior da FAPESP de 1993 a 2000, morreu no dia 12 de junho de 2015, aos 84 anos.
Laurenti nasceu em 15 de agosto de 1931, em Rio Claro (SP). Formou-se em 1957, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde teve início sua dedicação à carreira universitária, atuando a princípio no Serviço de Cardiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP. Obteve o título do doutor em Medicina, na área de Cardiologia, em 1969.
Em 1971, transferiu-se para a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, no Departamento de Epidemiologia, onde se tornou professor livre-docente (1973), professor adjunto (1976) e professor titular (1979). Na FSP, foi chefe do Departamento de Epidemiologia, vice-diretor e diretor.
Na USP, atuou também como pró-reitor de Cultura e Extensão, vice-reitor (1990-1994), reitor (agosto a novembro de 1993) e foi o primeiro ouvidor-geral da universidade (2001-2010).
Como pesquisador, Laurenti contribuiu para o avanço da saúde pública, tendo publicado quase duas centenas de artigos e livros sobre epidemiologia, saúde materna, estatísticas de saúde, entre outros temas.
Desde 1999, era membro titular da Academia de Medicina de São Paulo. Dirigiu o Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Família de Classificações Internacionais.
Ao longo de sua carreira foi agraciado com diversos títulos, entre eles o de Professor Emérito da USP e o de Pesquisador Emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Deixou a esposa, Rose Marie, e dois filhos, Renato e Ruy.
"A FAPESP lamenta, e eu pessoalmente também, o falecimento do professor Ruy, que integrou o Conselho Superior durante sete anos, tendo emprestado à instituição seus conhecimentos e virtudes de pesquisador. Lembro também que ele foi reitor em um momento difícil, e que equacionou muito bem os problemas da universidade durante sua gestão. Por isso, ele recebeu o mais do que bem merecido título de Professor Emérito da USP”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP.
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- 11/06/2015 - Energia nuclear não é bicho raro, diz diretor da EletronuclearFonte: EBC Agência Brasil
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
Com 430 usinas operando em 30 países, que em conjunto geram 13% da energia consumida no mundo, a energia nuclear "não é um bicho raro”, disse hoje (11) à Agência Brasil o diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.
"Estamos falando de um setor industrial que tem dado contribuição importante para a geração de energia”,resssaltou Guimarães. Ele adiantou que dará palestra na Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos, em Pernambuco, na próxima segunda-feira (15), sobre desmistificação e desenvolvimento da energia nuclear. O seminário envolverá os principais segmentos da indústria pesada do país, como petroquímico, óleo e gás, energia, siderurgia, ferroviário. "É o reconhecimento do setor nuclear como ator importante dentro desse contexto da indústria pesada.”
Para o diretor da Eletronuclear, a necessidade de mais uso da energia nuclear na matriz energética deriva, em grande parte, dos problemas envolvidos na redução da emissão de gases de efeito estufa. Isso "porque a geração nuclear é a única forma de energia de base que não emite gases de efeito estufa”, disse Guimarães. Para ele, energia de base é a energia despachada, disponível todo ano, o ano todo. "Então, o papel que ela já desempenha precisará se expandir, se realmente a humanidade tomar ações concretas para reduzir, de modo eficaz, a geração de gases de efeito estufa.”
No Brasil, o problema existe, mas não é grave, porque a matriz de geração elétrica é a mais limpa do mundo, devido à grande contribuição da geração hidrelétrica. Guimarães destacou que os fenômenos climáticos observados nos últimos tempos demonstram que essa contribuição tende a diminuir no longo prazo, porque já não há condições de construir grandes usinas hidrelétricas com reservatórios. "As novas hidrelétricas são praticamente a fio d'água e, portanto, muito sensíveis a esse tipo de mudança climática.”
Ele acredita que a geração hidrelétrica vai continuar sendo a protagonista do setor elétrico nacional ao longo do século 21, mas ressalta que sua participação relativa deve cair. Essa redução terá de ser compensada pelo aumento da geração elétrica de base, que destaca a geração nuclear, e das energias renováveis, em especial a energia eólica (dos ventos).
O crescimento da geração elétrica nuclear no mundo é capitaneado pelos principais países em desenvolvimento, liderados pela China e Índia, que "estão em situação bastante similar à do Brasil”. "Os cinco [países do] Brics têm energia nuclear em sua matriz, e estão expandindo a geração elétrica nuclear”. Dos cinco integrantes do grupo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), China, Rússia e Índia apresentam expansão acelerada da energia nuclear, enquanto Brasil e África do Sul têm expansão planejada, mas ainda não acelerada. "É difícil imaginar um cenário em que a geração nuclear não se expanda e seja um cenário de prosperidade para os países em desenvolvimento”, acrescentou o diretor da Eletronuclear.
Os países desenvolvidos não têm necessidade de expansão, porque já atingiram níveis de consumo per capita (por habitante) de eletricidade elevados. O problema desses países é a manutenção de sua capacidade de geração, minimizando gases de efeito estufa. Aí, a geração nuclear aparece com um importante papel a desempenhar – defendeu.
O consumo per capita de energia elétrica no Brasil está em torno de 2,5 mil quilowatts-hora (kWh) por habitante/ano. Em Portugal, o consumo por pessoa soma 5 mil kWh; na Espanha, 7 mil; na Alemanha, quase 9 mil; e nos Estados Unidos, cerca de 10 mil. Na Índia e na China, o consumo por habitante é inferior ao do Brasil.
Em termos de geração nuclear, a participação na matriz energética é de aproximadamente 3% no Brasil. Na China e na Índia, apesar de estarem construindo um grande parque nuclear, a contribuição é menor que a brasileira. Na Espanha, a participação da energia nuclear na matriz totaliza 25% e nos Estados Unidos e Alemanha cerca de 20%, cada.
Atualmente, das 70 usinas nucleares em construção no mundo, 27 estão na China, nove na Rússia, sete na Índia e uma no Brasil – a Usina Nuclear Angra 3.
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- 11/06/2015 - Caixa Econômica deve financiar parte das obras de construção de Angra 3Fonte: EBC Agência Brasil
O contrato que garante a continuidade do financiamento da parte importada para a construção da Usina Nuclear Angra 3 deverá ser assinado com a Caixa Econômica Federal na próxima semana. A informação é do diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. A estatal, controlada pela Eletrobras, administra a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, no município fluminense de Angra dos Reis. O financiamento com a Caixa é de R$ 3,8 bilhões.
"Nós estamos nos procedimentos administrativos [com a Caixa] para efetivamente assinarmos o contrato. Isso garante a continuidade da parte importada, dos fornecimentos que vêm do exterior. Já é uma grande vitória”, disse Leonam Guimarães.
Apesar das dificuldades de financiamento para a conclusão das obras de Angra 3, a Eletronuclear tem a expectativa de continuidade do programa nuclear brasileiro. "O próprio ministro [de Minas e Energia, Eduardo Braga] vem se colocando de forma muito afirmativa sobre a necessidade da geração nuclear na matriz energética brasileira do futuro”, disse Guimarães. Para ele, o crescimento do setor é viável e pode contribuir na geração de energia limpa e de base, ou seja, com fator de capacidade acima de 90%.
Entretanto, o financiamento da parte nacional para as obras de Angra 3 ainda é um problema enfrentado pela estatal. A Eletronuclear tem empréstimo do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 6,15 bilhões. Este valor, no entanto, é insuficiente para assegurar a conclusão da usina. Segundo Guimarães, é necessário um complemento de financiamento de R$ 4 bilhões.
"Para resolver esse problema e complementar esse financiamento, precisaríamos de um ajuste no preço de venda futura da energia de Angra 3”, disse Guimarães. A questão está sendo tratada no Ministério de Minas e Energia e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Eletronuclear espera conseguir uma parcela dos R$ 4 bilhões com o próprio BNDES. "Não conseguimos elevar a parcela financiada porque o valor da tarifa de Angra 3 não nos permite aumentar o valor de financiamento para não comprometer o índice de cobertura do serviço da dívida.
”Leonam Guimarães afirmou que é preciso rever o preço de energia de venda futura de Angra 3, que equivale hoje a R$ 201 por megawatt-hora (MWh). "Com o valor desse recebível futuro, temos dificuldade de cumprir as regras do índice de cobertura do serviço da dívida dentro dos padrões exigidos pelo BNDES.” De acordo com Guimarães, se os R$ 4 bilhões complementares vierem somente do BNDES, a tarifa ajustada que resolveria o problema seria de R$ 230 por MWh. "Mas, se uma parcela disso vier do mercado privado, tem que aumentar um pouco [o valor] para compensar isso.
”A Eletronuclear só poderá negociar com o BNDES sobre esse complemento de empréstimo depois que o contrato de energia reserva com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica para venda futura de energia de Angra 3 for aditivado. "O sistema está em análise pela Aneel. Nós aguardamos a resposta definitiva sobre esse tema para fazer a emissão da portaria ministerial que nos permita fazer um aditivo a esse contrato de energia reserva”, explicou.
As obras de Angra 3 estão em andamento, mas não no ritmo pretendido pela Eletrobras, admitiu Guimarães. Segundo ele, isso se deve à dificuldade do cumprimento do saque do saldo remanescente, em razão do problema de contrapartidas que a estatal tem que dar. Para ele, o ministro Eduardo Braga deve dar em breve uma solução para o problema. Guimarães disse esperar que Angra 3 seja entregue ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em dezembro de 2018. O orçamento para construção da usina foi reajustado em setembro do ano passado em 13%, com base na última inspeção de monitoramento do Tribunal de Contas da União (TCU). O custo passou para R$ 13,9 bilhões.