Coppe-UFRJ usará ressonância magnética nuclear em pesquisas de petróleo
Fonte: EBC
Um
equipamento de ressonância magnética nuclear, desenvolvido com tecnologia
nacional, será utilizado para monitoramento e exploração de poços de petróleo
pelo Laboratório de Engenharia de Poços e Engenharia Mecânica do Instituto
Alberto Luiz Coimbra da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). A
instituição já tem parcerias com a Petrobras, a BR, a Petrogal para a utilização
da tecnologia.
O
projeto do equipamento de ressonância magnética nuclear que será usado em poços
de petróleo teve financiamento de R$ 1,8 milhão da Finep
Divulgação/Petrobras
O
aparelho Specfit foi inteiramente desenvolvido no Brasil pela empresa Fine
Instrument Technology (FIT) e adquirido pelo Programa de Planejamento Energético
da Coppe com recursos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), informou hoje (11) o coordenador do programa, professor
Maurício Arouca.
O projeto teve financiamento de R$ 1,8 milhão da Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação,
para o desenvolvimento da tecnologia.
O
equipamento será usado no desenvolvimento de aplicações de ressonância para
monitoramento e exploração dos poços de petróleo. Segundo Arouca, essa será a
primeira vez que serão feitas aplicações de ressonância em laboratório. "Esse é
o primeiro [aparelho] feito no Brasil com essa finalidade”,
confirmou.
Atualmente,
existem aplicações de ressonância na exploração de petróleo por uma única
empresa no mundo (Schlumberger), mas com instrumentos dentro dos poços. O
Laboratório de Engenharia de Poços pretende utilizar o Specfit para trabalhar
com empresas que atuam na exploração de petróleo no
Brasil.
O
professor explicou que a ressonância é uma tecnologia nova no mundo. O primeiro
equipamento comercial, da empresa norte-americana GE e da alemã Siemens, foi
feito em 1983 e voltado para a área da saúde. "Agora, está se começando a fazer
uma série de aplicações para outras áreas, como alimentos, segurança e
petróleo”.
A
perfuração e a operação dos poços de petróleo demandam o desenvolvimento de
tecnologias para extrair petróleo de dentro da rocha. Para isso, é necessário
conhecer a estrutura interna da rocha, o que existe lá dentro, se é água, gás,
petróleo, e quais são as condições que devem ser provocadas para que o petróleo
saia mais facilmente.
"A
ressonância é usada para você conseguir ler o que está acontecendo na rocha.
Sabendo o comportamento dela, você pode aplicar determinadas tecnologias para
aumentar a produção”, informou Arouca. Ele estimou que o aumento de apenas 1% na
produção de um poço de petróleo significa "muito valor que você agrega à
operação”.
A
Petrobras é uma das empresas do ramo do petróleo que já tem parceria para
utilização do aparelho para monitoramento e exploração de poços de petróleo
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Outra
aplicação do equipamento de ressonância Specfit é no monitoramento do poço,
porque o conhecimento em tempo real do que está ocorrendo dentro do local pode
dar às empresas condições de prever se o poço vai entrar em colapso dentro de
algum tempo. "Você já antecipa as providências de reparo, para não ficar com o
poço parado durante meses, porque isso seria um prejuízo
gigantesco”.O
equipamento começou a ser montado e será inaugurado a partir do próximo dia 20,
quando começarão a ser testadas amostras de rochas. Arouca disse que, "a grosso
modo”, a técnica da ressonância complementa a técnica de raios X, que retrata os
elementos sólidos da rocha.
"[Com
o raio X] você não consegue pegar os líquidos que estão lá dentro, como óleo,
gás e água. E a ressonância é exatamente o contrário. Ela dá uma noção muito boa
de tudo que tem hidrogênio”. Com as duas informações, é possível reproduzir a
rocha virtualmente, facilitando descrever o que ocorre a cada intervenção que é
feita nesse material.