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Hidrelétrica e nuclear são melhores para o clima, diz Economist

A revista britânica Economist desta semana fez um levantamento inédito comparando as ações mais eficazes para reduzir as emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas. Os resultados não são os melhores para alguns militantes ambientais. Principalmente para quem luta contra hidrelétricas, usinas nucleares e para quem acha que o Brasil fez pouco nesse campo.

A revista encomendou a um time de especialistas que comparassem o efeito prático das principais ações de redução nas emissões já praticadas. Os resultados foram comparados em toneladas de carbono retirados da atmosfera. Quando a ação retira (ou deixa de lançar) outro gás (que não o carbônico) da atmosfera, os pesquisadores geralmente convertem o potencial de aquecimento desse gás para o carbono, e assim podem fazer uma comparação geral.

Os resultados são os seguintes. As ações mais eficazes para reduzir as emissões, por tonelada de gás carbônico:

1. Protocolo de Montreal, 5,6 bilhões
2. Hidrelétricas, 2,8 bilhões
3. Energia nuclear, 2,2 bilhões
4. Política de filho único na China, 1,3 bilhões
5. Outras energias renováveis, 600 milhões
6. Padrões de eficiência dos carros americanos, 460 milhões
7. Redução no desmatamento no Brasil, 400 milhões

De todas as ações históricas, a mais efetiva foi o Protocolo de Montreal, o tratado para reduzir os gases que atacam a camada de ozônio. O objetivo principal era recuperar a camada na alta atmosfera, que reflete raios solares ultravioleta, que em excesso podem gerar câncer entre humanos e afetar a vida toda na Terra. Esse objetivo foi atingido. Mas a manutenção da camada de ozônio também tem um efeito benéfico para estabilizar o clima da Terra.

Em seguida, vem a produção de energia das hidrelétricas e nucleares, que evitam a queima de combustíveis fósseis, principal causa do aquecimento global. Em sétimo lugar, a medida mais eficaz foi a política brasileira de redução no desmatamento da Amazônia.

Em quarto lugar, a pesquisa lista a política chinesa de permitir apenas um filho por casal. Os pesquisadores, consideraram os efeitos indiretos da redução na velocidade de crescimento da população chinesa. Esse ponto é passível de debate, já que é difícil definir o quanto isso foi compensado pelo aumento de renda e poder de consumo da China, que passou a emitir tanto carbono por pessoa quanto alguns países desenvolvidos.

A pesquisa também levantou quais ações podem reduzir mais as emissões até 2020. E aí outra revelação do estudo é o mérito do Brasil na preservação do clima da Terra. o Brasil é o país com a maior contribuição à redução nas emissões globais nos próximos anos. A diminuição na taxa de desmatamento da Amazônia pode evitar o lançamento de até 1,5 bilhões de toneladas de carbono. A única medida que chega perto disso são as medidas de eficiência energética das empresas chinesas, que podem evitar o lançamento de 1,35 bilhões de toneladas.

O Brasil, graças à matriz elétrica baseada em hidrelétricas, tem uma das mais baixas emissões por pessoa do mundo desenvolvido ou emergente. O desafio é manter essa vantagem diante do desestímulo a grandes hidrelétricas e o avanço das térmicas no país. Agora também deve ser o país com maior contribuição para reduzir as emissões globais futuras. É interessante observar que, apesar de suas absolutas vantagens competitivas num cenário de economia de baixo carbono, o Brasil não tem uma política internacional agressiva nesse sentido. Se o mundo hipoteticamente criasse uma taxa de carbono para o comércio internacional, os produtos de exportação brasileiros teriam uma vantagem expressiva - talvez insuperável em muitos casos. Se as economias desenvolvidas ou emergentes fossem realmente obrigadas a reduzir suas emissões, seria atraente transferir parte da produção para o Brasil.

O levantamento da Economist almeja servir de referência antes do encontro de chefes de estado (ou seus representantes) nas Nações Unidas, em Nova York, dia 23 de setembro. A reunião é uma prévia para a reunião de Paris no fim de 2015. Agora, a proposta do Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU, é que os países coloquem suas propostas na mesa. A coisa é muito pouco ambiciosa, mas pode funcionar. Há uma movimentação como há muito tempo não se via em torno da reunião. Neste domingo, ativistas promoverão passeatas pelo clima em várias cidades do mundo, inclusive no Rio de Janeiro.

Para combater as mudanças climáticas, a mobilização social é tão importante quando a capacidade de entender e transmitir as complexidades da tarefa. Ela inclui lidar com ambiguidades, como a ausência de conexão entre a seca do Sudeste e o aquecimento, ou como o platô de temperatura da atmosfera. Também inclui superar alguns preconceitos e encarar alterativas com potencial para reduzir as emissões de forma eficaz.

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