Comissão Nuclear afasta risco de vazamento de material radioativo na UFRJ
Nos
bastidores, o assunto vinha sendo discutido desde 2014, depois da morte de
renomados professores da universidade, vítimas de câncer. Recentemente, no
entanto, teria sido emitido um alerta a parte da comunidade acadêmica. Mês
passado, corpo docente e estudantes da Geografia chegaram a debater medidas
para pedir a órgãos competentes a investigação das fontes radioativas. A
reunião aconteceu numa sala a poucos metros da Geomata, área de experimento de
plantio de várias espécies de árvores onde as caixas estariam enterradas.
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O material teria sido descartado no terreno anos atrás, por uma professora que
deixou a universidade. Pelo que informaram, uma delas precisaria ficar até 400
anos enterrada antes de retirada do local. E isso tudo nos preocupa, porque nos
últimos anos perdemos muitos professores por causa de diferentes tipos de
câncer. Não sabemos se nossa saúde também está em risco — afirmava, na época,
uma aluna do curso.
Informada
pelo GLOBO sobre o receio que atemorizava os frequentadores do Igeo, a Cnen
mandou uma equipe ao instituto. Foram vistoriados também laboratórios, mas se
verificou que se tratava de um alarme falso. Antes da inspeção, o diretor do
Igeo, Ismar de Souza Carvalho já negava que caixas poderiam estar vazando algum
tipo de material radioativo.
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Todos os nossos equipamentos são monitorados. Não há risco algum. Deve haver
alguma informação truncada nesse assunto — diz Ismar.
Ex-presidente
das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o professor de Engenharia Nuclear
Aquilino Senra, da Coppe/UFRJ, explica que todo material radioativo deve seguir
protocolos para o descarte em local apropriado.
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Com o tempo, fontes radioativas usadas em diversos equipamentos decaem, não têm
mais os efeitos para o que eram utilizadas. Nesses casos, a Cnen deve ser
comunicada para que a comissão faça a coleta e o depósito do material de forma
adequada — explicou ele.
A
suspeita lembrava o caso de 1987, quando um aparelho com uma peça radioativa
foi achado e aberto por catadores de papel em Goiânia, abandonado numa clínica
desativada. Os homens acharam que se tratava de sucata e venderam o fragmento a
um ferro-velho. A cápsula projetava uma luz brilhante que despertou
curiosidade, e muita gente acabou manuseando o material.