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Poucos países têm as tecnologias do Brasil, diz almirante sobre programa nuclear

Fonte: Yahoo

RICARDO BONALUME NETO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Energia nuclear" é algo que mete medo em muita gente, nem precisa ser um ambientalista fanático. Afinal, duas bombas atômicas foram lançadas contra o Japão em 1945 -que terminaram com a Segunda Guerra Mundial. Houve o desastre com o césio radiativo em Goiânia em 1987, o acidente na usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

Porém, a mesma energia provê boa parte da eletricidade em vários países e também ajuda no diagnóstico e tratamento de doenças como câncer.

E também serve para a propulsão de navios guerra, notadamente os enormes porta-aviões nucleares americanos de 100 mil toneladas de deslocamento, e uma grande frota de submarinos criada por cinco países -EUA, Rússia, França, Reino Unido e China.

O Brasil quis fazer parte do clube nuclear desde a década de 1950. Um dos principais pioneiros, talvez o mais importante, foi um almirante Álvaro Alberto, cujo nome foi escolhido para batizar o primeiro SN-BR (submarino nuclear brasileiro), que a Marinha espera lançar ao mar em 2029.

O almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, diretor-geral do Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, deu mais detalhes do andamento do projeto. Como ele resume, "poucos países no mundo tiveram condições de conquistar, até hoje, essas tecnologias".

Pergunta - O programa nuclear da Marinha existe desde a década de 1970. Não há dúvida de que houve progressos desde então, por exemplo no enriquecimento de urânio, mas o país ainda está longe de ter um submarino nuclear -algo que os americanos obtiveram nos anos 1950. Que garantia tem o país de que, desta vez, o programa está no rumo certo? O primeiro submarino convencional, Riachuelo, ficará pronto no tempo previsto?

Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior - O Programa Nuclear da Marinha (PNM) sempre esteve no rumo certo, sem sombra de dúvidas. O que ocorre é que ele é um programa de Estado, de longo prazo, como todos os programas desta magnitude e complexidade.

Outro aspecto importante a se levar em conta é o fato de a tecnologia nuclear não ser transferida por nenhum país. Ou seja: tivemos que desenvolvê-la de forma autônoma.

É preciso lembrar, também, que o Programa Nuclear da Marinha, iniciado em 1979, compreendia dois grandes projetos: o domínio do ciclo do combustível nuclear; e a construção do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (Labgene).

O primeiro foi concluído em 1987, quando a Marinha divulgou, oficialmente, o domínio do difícil processo do enriquecimento de urânio por ultracentrifugação, tecnologia de alto valor agregado.

A partir dessa tecnologia, a Marinha passou a colaborar com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e, desde 2000, fornece ultracentrífugas para sua planta industrial em Resende (RJ), onde é produzido o combustível nuclear para as Usinas de Angra, um bom exemplo do uso dual dessa tecnologia.

Quanto ao segundo projeto, estamos vendo nossos objetivos iniciais se tornarem realidade, com a proximidade do comissionamento do Labgene, a primeira instalação de energia nucleoelétrica totalmente projetada no país, que será, em terra, o protótipo da planta de propulsão do nosso submarino nuclear. Poucos países no mundo tiveram condições de conquistar, até hoje, essas tecnologias.

No que diz respeito ao primeiro submarino convencional, o "Riachuelo", parte do nosso Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), ele será lançado ao mar no ano que vem, cumprindo o que está previsto no cronograma do programa atualmente em vigor.

A simples expressão "energia nuclear" gera medo em muitas pessoas. Que outros objetivos têm o programa para a sociedade brasileira?

Albuquerque Junior - É compreensível que haja certo receio em relação à energia nuclear, mas ele se deve, fundamentalmente, a muita desinformação e preconceito. As tecnologias desenvolvidas pelo Programa Nuclear da Marinha geram inúmeros benefícios para a sociedade brasileira.

O fato de termos o domínio do ciclo do combustível e a tecnologia de construção de plantas nucleares, por exemplo, é garantia de que podemos ampliar nossa matriz energética com geração limpa de eletricidade.

Outro exemplo concreto desses benefícios é o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Trata-se de um empreendimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), de grande alcance social e arrasto tecnológico, que se beneficiará do esforço e do investimento realizados pelo Programa Nuclear da Marinha.

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