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- 23/10/2015 - Urânio em poço de Lagoa Real tem origem natural, mostra INBFonte: Setorenergetico.comAtividades da empresa na região contam com licenciamento ambiental pelo IBAMA e licenciamento nuclear pela CNEN.
As Indústrias Nucleares do Brasil – INB, a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia e até mesmo o representante do Movimento Paulo Jackson afirmaram durante audiência realizada essa semana pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, em Brasília, que a presença de urânio na água do poço situado na propriedade de Osvaldo Antônio de Jesus, em Lagoa Real, na Bahia, é natural e não foi causada pelas atividades da empresa.
O representante da INB, Pedro Luís dos Santos Dias, esclareceu durante a audiência que os exames foram feitos a pedido de Osvaldo, e que o poço não está na área de influência da unidade da INB: "Com a análise que nós fizemos podemos afirmar que a ocorrência é natural”.
Dias explicou como são as atividades da empresa na região, que possui licenciamento ambiental concedido pelo IBAMA e licenciamento nuclear, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). "Para mantermos essas licenças e autorizações é necessário cumprir programas como monitoramento ambiental, recuperação de áreas degradadas, gerenciamento de resíduos sólidos e medidas relacionadas à atmosfera”, explicou.
O secretário de Meio Ambiente do Estado da Bahia, Eugênio Spengler, enfatizou que todas as condicionantes e normas de licenciamento ambiental são cumpridas pela INB. "Os resíduos de urânio encontrados no poço não são fruto de ação da indústria. Os resíduos encontrados são da natureza”, declarou, lembrando que a região é uma província uranífera: "O urânio está lá, está naquele solo, naquela rocha, é natural que ocorra a presença de urânio na água”.
O coordenador geral de Mineração do IBAMA, Jonatas Trindade, disse que de acordo com as análises feitas pelo órgão não existem, até o momento, elementos que indiquem o descumprimento de condicionante da licença de operação da unidade da empresa em Caetité. Sobre a área de influência da unidade de mineração ele esclareceu: "A área de influência do empreendimento para o meio físico, considerando as bacias hidrográficas, chega a um raio de dez quilômetros, conforme estudo ambiental”, acrescentando que a distância entre o poço e a unidade de mineração é de 16 km em linha reta”. O coordenador do IBAMA sugeriu ainda que a INB tenha uma comunicação com a comunidade "mais formalizada, porque a falta de formalidade gera um problema sério de ‘disse-não-disse’”.
O dirigente sindical Lucas Mendonça dos Santos, que representou a ONG Movimento Paulo Jackson na audiência, também afirmou acreditar que as atividades da INB não são responsáveis pela presença de urânio no poço de Osvaldo. "A INB já mostrou que são bacias diferentes, então dificilmente a atividade da empresa terá contaminado esse poço específico”, disse. Mas ele colocou em dúvida a atuação do IBAMA e citou um relatório de um laboratório independente francês, Criirad, que teria apontado, segundo Lucas, que o "monitoramento ambiental é totalmente inconclusivo e precário”.
Sobre este assunto, Pedro Luís foi categórico: "Na INB, nós prezamos pelos órgãos devidamente constituídos. O relatório do Criirad, pelo parecer que temos conhecimento, este sim foi um relatório preliminar, inconclusivo e inconsistente. Nós temos que prezar o que é devidamente constituído”, finalizou.
"O que eu tenho para registrar é que o trabalho do IBAMA é sério e que ele analisa e acompanha a Unidade de Concentrado de Urânio da INB em Caetité”, afirmou o coordenador geral de Mineração do IBAMA, Jonatas Trindade.
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- 21/10/2015 - INB é acusada de omitir dados em mineração de urânio na BahiaFonte: MIX 96 FM
Agência Estado
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal responsável pela exploração de urânio na Bahia, foi acusada de omitir informações do governo e de órgãos de controle. Em audiência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengler, disse que até mesmo seu governo não tem acesso a dados da empresa. "O que o Estado se ressente muito é que, às vezes, a informação que nós mesmos pedimos à INB não vêm a contento.”
A falta de transparência também foi apontada pelo coordenador geral de transporte, mineração e obras civis do Ibama, Jônatas Trindade. Tanto o Ibama quanto o governo da Bahia só tomaram conhecimento da contaminação de urânio em Lagoa Real a partir da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo no dia 22 de agosto. Ao comentar o caso, Trindade disse que a empresa não tem uma comunicação devidamente formalizada e "essa falta de formalidade gera um problema sério de ‘disse, não me disse’ para o órgão licenciador”.
O problema foi endossado pelo funcionário da INB Lucas Mendonça dos Santos, que trabalha na empresa há 13 anos. Secretário-geral do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Microrregião e representante da Comissão Paroquial do Meio Ambiente em Caetité, Santos lembrou que a INB omitiu por sete meses a informação sobre a contaminação de um poço de Lagoa Real. O deputado Sarney Filho (PV/MA) disse que vai cobrar novos esclarecimento da INB, que nega acusações. "O que ficou claro é que nós precisamos de maior transparência nas ações. A energia nuclear é tratada como um clube secreto, em que as coisas não são muito transparentes”, comentou.
"Hoje o que está transparente na questão da energia por urânio são os riscos, com os desastres que temos vistos, como o ocorrido no Japão. Uma coisa ficou patente: há falhas no monitoramento dessa região. É preciso que haja um esforço conjunto dos governos municipal, estadual e da União para que, sistematicamente, seja feito esse monitoramento. Vamos fazer uma avaliação de tudo que foi dito. Novos esclarecimentos seguramente serão pedidos”, declarou.
O gerente de beneficiamento da unidade de Caetité, Pedro Luiz dos Santos Dias, reafirmou que o poço contaminado em Lagoa Real está fora da área de influência da empresa e que, por isso, a INB não tinha obrigação de inspecionar sua água, o que fez apenas como um favor, a pedido do dono do poço.
Dias também disse que a empresa respeita o que determina a legislação do setor e que a presença de alto teor de urânio na água é natural, porque se trata de uma região com forte presença do metal pesado. "São ocorrências naturais, não tendo relação com as atividades da INB em Caetité”, disse. (André Borges)
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- 21/10/2015 - Causa de contaminação água por urânio na Bahia tem que ser analisada, diz IbamaFonte: M.Notícias.NE10.UOLDo Estadão Conteúdo
As declarações feitas pelo governo baiano e pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) de que a contaminação da água por urânio no interior da Bahia decorre da presença natural do minério na região não são suficientes para comprovar o que, de fato, levou à presença do material na água. Em audiência pública realizada na terça-feira, 20, pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, o coordenador geral de Transporte, Mineração e Obras Civis do Ibama, Jônatas Souza da Trindade, disse que ainda não foi possível ter um parecer conclusivo sobre o assunto, em razão das poucas informações enviadas pela INB em relação às águas subterrâneas da região de Lagoa Real e Caetité, no sudoeste baiano.
"O parecer indicou necessidade de informação mais aprofundada de dados geológicos, geoquímicos e hidrogeológicos da região", afirmou Trindade. "O Ibama consegue informar que, sobre a água superficial, realmente a unidade se encontra em uma bacia hidrográfica diferente. Mas precisa dessa confirmação sobre as águas profundas."
No dia 22 de agosto, relatou Trindade, quando o Ibama teve conhecimento sobre um poço contaminado com alto teor de urânio na zona rural de Lagoa Real, a partir de denúncia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi encaminhada uma autuação à INB para que prestasse esclarecimentos. As respostas foram dadas quatro dias depois.
No dia 10 de setembro, o Ibama finalizou sua análise técnica em relação à INB. Explicações complementares sobre o caso também foram enviadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). "No dia 17 de setembro, o Ibama encaminhou um parecer para conhecimento e providências da CNEN. O ofício informa que a INB deveria tomar providências no sentido de apresentar um relatório mais robusto a cerca da situação", disse Trindade.
O relatório enviado pela estatal, comentou o representante do Ibama, apresenta algumas informações - como a presença da anomalia (jazida de urânio) 7 na região - para indicar que há presença natural de urânio. "Mas, como não apresentou um dado geoquímico, uma apresentação mais técnica, nosso parecer indicou que deveria ser apresentada essa informação, para confirmar se ou não vínculo da contaminação com as atividades da empresa."
O poço contaminado está localizado a 15,8 km do local de exploração de urânio, segundo o Ibama. A INB alega ainda que a comunidade Varginha, onde fica poço contaminado, está localizada numa sub-bacia hidrográfica (Sub-Bacia do Rio São Pedro) diferente daquela onde se situa a unidade da empresa (Sub-Bacia do Riacho das Vacas), o que, segundo a empresa, significa que suas atividades não têm influência sobre a contaminação.
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- 21/10/2015 - Trabalhadores nucleares têm risco aumentado de câncer mesmo a baixas doses de radiação, diz estudoFonte: Diário de Pernambuco
Paris (AFP) - A exposição prolongada a fracas doses de radiação ionizante aumenta o risco de cânceres, segundo estudo internacional realizado com mais de 300.000 trabalhadores do setor nuclear na França, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
Os resultados "oferecem provas diretas sobre os riscos dos cânceres ligados às exposições prolongadas a fracas doses de radiações ionizantes", comentou a agência do câncer da Organização Mundial de Saúde (CIRC/IARC), em comunicado publicado nesta quarta-feira no British Medical Journal (BMJ).
"Este estudo demonstra uma associação significativa entre uma dose crescente de radiação e o risco de todos os cânceres sólidos", ou seja, os cânceres que afetam os órgãos, excluindo os cânceres do sangue, explicou Ausrele Kesminiene, pesquisadora do CIRC e co-autora do estudo.
No grupo de trabalhadores do setor nuclear estudado, de cada 100 mortes observadas por câncer (além da leucemia), uma morte pode ser atribuída à exposição a radiações no ambiente de trabalho, segundo o CIRC.
O estudo avaliou as exposição de mais de 300.000 trabalhadores do setor nuclear (com média de idade de 58 anos) na França, Reino Unido e nos Estados Unidos entre 1943 e 2005.
"Os resultados são importantes não apenas pela proteção dos trabalhadores da indústria nuclear, mas também para os profissionais de saúde e o público em geral", afirma Isabelle Thierry-Chef, do CIRC, também co-autora do estudo, citada no comunicado.
"O nível de doses recebida pelos trabalhadores do setor nuclear é comparável ao recebido pelos pacientes" que teriam passado diversas vezes por alguns exames médicos de imagem ou intervenções guiadas pela radiologia, informou Thierry-Chef. "Isso mostra a importância de encontrar um equilíbrio entre os riscos e as vantagens destes procedimentos de imagem".
Para o médico Christopher Wild, diretor do CIRC, "muitas questões estão envolvidas no que diz respeito ao impacto das radiações sobre a saúde". Continuar o monitoramento deste grupo de 300.000 pessoas terá um papel chave para compreender melhor a relação entre o câncer e as radiações, ressaltou.
Mesmo que, excluídos os cânceres do pulmão e da pleura, com resultados similares, os pesquisadores não puderam descartar totalmente que o tabagismo e o amianto tenham tido uma influência sobre os resultados, apontou Kesminiene. -
- 20/10/2015 - Subutilização da medicina nuclear no Brasil preocupa especialistasFonte: Rede PressO panorama atual e desafios à expansão da medicina nuclear no Brasil; a fragilidade enfrentada no que cabe à produção e distribuição de radiofármacos no Brasil – ainda totalmente dependente da importação de matéria-prima; o acesso deficitário a procedimentos diagnósticos e terapêuticos via saúde pública e suplementar; bem como os desafios para o ensino e pesquisa da especialidade, são os principais aspectos a serem debatidos na sessão "Perspectivas da Medicina Nuclear no Brasil”.
A atividade é destaque na programação do segundo dia do XXIX Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, encontro que acontece de 23 a 25 de outubro, no Rio de Janeiro. A mesa reunirá representantes da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), entidade organizadora do evento, da Gerência-Geral de Produtos Biológicos, Sangue, Tecidos, Células e Órgãos (GGPBS) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); e da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) – que trará uma ampla abordagem das oportunidades e desafios do uso pacífico da energia nuclear empreendido no campo da saúde por meio da medicina nuclear.
De acordo com o presidente da SBMN e do Congresso, Claudio Tinoco Mesquita, a especialidade vivencia um momento de rápidas transformações, tanto no campo educacional, quanto científico e na prática clínica, seja ela diagnóstica ou terapêutica. Segundo Tinoco, este cenário derivou o mote do encontro, intitulado: Medicina Nuclear em Movimento. "A medicina nuclear mudou a história de várias doenças, mas ainda é subutilizada no Brasil. Nossa especialidade tem crescido e precisamos unir esforços neste sentido, sobretudo, por meio do estímulo à produção científica multicêntrica no País e ampliação do acesso à especialidade via saúde pública”, relatou Tinoco.
Embora ainda pouco conhecida entre a população e até mesmo entre seus pares médicos, a especialidade atua no campo diagnóstico e terapêutico em diversas áreas como cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia, por exemplo. Por serem menos invasivos e capazes de detectar alterações funcionais decorrentes de algumas doenças antes que outros métodos de imagem sejam capazes de realizá-lo, os procedimentos em medicina nuclear são extremamente úteis. Além disso, são indicados em todas as faixas etárias, desde a primeira infância, a adolescentes, adultos e idosos, sem representar riscos à saúde. Seu mecanismo consiste em utilizar quantidades mínimas de substâncias radioativas (radiofármacos) como ferramenta para acessar o funcionamento dos órgãos e tecidos vivos, realizando imagens, diagnósticos e, também, tratamento.
Com 430 serviços de medicina nuclear no Brasil, entre clínicas, hospitais e centros de pesquisa, nos últimos 20 anos – desde 1995 – mais de 30 milhões de procedimentos foram realizados no Brasil. Entretanto, mesmo frente a esta evolução que vem sendo alcançada nos últimos anos, a medicina nuclear ainda é notoriamente subutilizada pela população brasileira, em especial pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
No que cabe ao potencial de uso o Brasil ainda ocupa a 25ª posição de um ranking de quantidade de exames realizados por ano. Como comparativo, o Canadá executa 64,6 exames por mil habitantes/ano, o Brasil realiza apenas 2,5. Isso demonstra claramente a necessidade de se difundir a especialidade no País.
A maior parcela (82%) dos procedimentos ambulatoriais de medicina nuclear diagnóstica realizados pelo SUS são feitos na esfera privada, que precisa manter a sua sustentabilidade financeira. Ao SUS são fornecidos 23 radiofármacos, enquanto no Brasil há aproximadamente 40 radiofármacos.
"É preciso dobrar o número de serviços para 800 e de médicos nucleares, também – alcançando 1.400 especialistas, para assim atingir o padrão internacional mínimo”, analise o presidente da SBMN. Um maior investimento no desenvolvimento e produção de radiofármacos no Brasil. Desenvolver novos radiofármacos e alcançar soberania na área de pesquisa e desenvolvimento são outros pontos a serem alcançados, visto que somos dependentes de insumos importados – os radiofármacos. Precisamos deles assim como é necessário o combustível para o carro andar.
"É lamentável que a medicina nuclear ainda não se apresente adequadamente empregada. Se nada for feito para aumentar e for esperado um aumento "natural” da capacidade de seu potencial de atendimento aos usuários da saúde pública, levará aproximadamente 54 anos para que chegue ao valor de hoje alcançado na esfera privada no país”, analisa Mesquita.
Serviço
XXIX Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear
Data: 23 a 25 de outubro
Local: Centro de Convenções do Hotel Royal Tulip – Rio de Janeiro (RJ)
Organização: Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Programação: www.sbmn.org.br/congresso/programacao.htmlPré-Congresso – I Fórum Educacional Práticas da Medicina Nuclear na Saúde
Data: 22 de outubro
Horário: 13h às 17h
Atividade gratuita e aberta a todos
Local: Centro de Convenções do Hotel Royal Tulip – Rio de Janeiro (RJ)
Informações: www.sbmn.org.br/congresso/forum-dos-pacientes.php -
- 19/10/2015 - Diretor da Eletronuclear discute novos negócios na área de energia e controle de ameaças nucleares em eventos no Rio de JaneiroFonte: Site da ABEN
O diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, discutirá os aspectos financeiros e estratégicos que envolvem o desenvolvimento nuclear durante sua participação no Congresso Brasileiro de Energia e na Semana de Defesa, que acontecem no Rio de Janeiro, de terça (20/10) a quinta-feira (22/10).
Nesta quarta (21), o diretor da Eletronuclear marca presença, às 11h, no debate O futuro de novos negócios em energia no Brasil, que faz parte da programação do XVI Congresso Brasileiro de Energia (www.congressoenergia.com.br), realizado no Centro de Convenções da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan - Av. Graça Aranha, nº1, Centro). O tema desse ano é A Otimização da Produção e do Uso da Energia.
Também na quarta, às 16h, Leonam apresenta a palestra As ameaças nucleares da atualidade e os impactos para a Defesa do Brasil, durante a V Semana de Defesa e Gestão Estratégica Internacional (www.semanadefesa.com.br). O evento acontece na Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ - Auditório do Bloco A do Centro de Tecnologia) e traz como tema A nova agenda de segurança internacional: o panorama brasileiro.
Sobre a Eletronuclear
Subsidiária da Eletrobras, a Eletronuclear é a responsável por operar e construir as usinas termonucleares do país. Conta com duas unidades em operação na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), com potência total de 1.990 MW. Hoje, a geração nuclear corresponde a aproximadamente 3% da eletricidade produzida no país e o equivalente a um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro. Angra 3, que está em construção, será a terceira usina da central. Quando entrar em operação comercial, em 2018, a unidade (1.405 MW) será capaz de gerar mais de 10 milhões de MWh por ano – energia limpa, segura e suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período.
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- 14/10/2015 - Radioterapia demoradaFonte: O Diário
Já dura quatro anos a promessa feita pelo Governo do Estado de São Paulo de dotar o Hospital Luzia de Pinho Melo de um completo atendimento para os pacientes de câncer de Mogi das Cruzes e Região, anteriormente atendidos por uma unidade hospitalar particular, que acabou fechada sob suspeitas de irregularidades.
Passado todo esse tempo, a Secretaria de Estado da Saúde bem que tentou, com medidas paliativas, mas não conseguiu resolver totalmente o problema de mais de 20% dos portadores de câncer com necessidade de radioterapia, que continuam sendo obrigados a cansativas viagens para a Capital em busca do atendimento que a Cidade não lhes oferece.
Segundo informações oficiais divulgadas por este jornal em sua edição de domingo, pouco mais de 50% das obras do Centro Oncológico do Hospital Luzia foram executadas até agora.
Um percentual anêmico para um governo que prometia a restabelecimento de todo o serviço aos portadores de câncer dentro de, no máximo, um ano. O contrato da obra, no valor de R$ 15,9 milhões, foi prorrogado até março do próximo ano, em razão da demora na aprovação do projeto da Radioterapia pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A avaliação da CNEN se deve ao fato de o equipamento envolver a utilização de material radioativo para a realização dos exames.
O deputado estadual Luiz Carlos Gondim Teixeira, que é médico e desde o princípio duvidou dos prazos estipulados para a obra, é cético quanto à desculpa. "Colocar a culpa da demora numa licença é algo muito frágil. O Governo deveria ter se mobilizado antes para evitar tamanho atraso”, disse ele, em entrevista a este jornal.
O mesmo parlamentar – que integra a base de sustentação do atual governo na Assembleia – diz também que "faltou ‘pegada’ e vontade para resolver uma questão tão séria como esta”.
Os erros de cálculo do setor de Saúde da atual administração em relação à obra do Luzia só não produzem resultados ainda mais desastrosos porque o próprio governo foi buscar uma saída um tanto inusitada para o caso. Depois de praticamente desativar o Hospital do Câncer Dr. Flávio Isaías Rodrigues sob alegação de irregularidades, o Estado recontratou indiretamente os serviços da instituição, usando para isso o Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, que fez uma parceria com o centro hospitalar mogiano para utilizar sua estrutura de radioterapia.
Em meio a promessas não cumpridas, improvisos e justificativas, sobram os pacientes que continuam enfrentando dificuldades para serem atendidos e precisando se deslocar até São Paulo em busca de tratamento. Justamente aqueles que são portadores dos casos mais graves e raros de câncer.
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- 07/10/2015 - Nobel de Física premia pesquisas que evidenciaram a massa do neutrinoDescobertas do japonês Takaaki Kajita e do canadense Arthur McDonald provocaram revisão da física de partículas, da descrição dos processos estelares e da cosmologia
Descobertas do japonês Takaaki Kajita e do canadense Arthur McDonald provocaram revisão da física de partículas, da descrição dos processos estelares e da cosmologia
Fonte: Agência Fapesp
José Tadeu Arantes
| Duas décadas depois da descoberta das oscilações dos neutrinos, que mostrou que essas partículas possuem massa, os dois principais responsáveis pela façanha, o japonês Takaaki Kajita, da Super-Kamiokande Collaboration, da Universidade de Tóquio, e o canadense Arthur McDonald, da Sudbury Neutrino Observatory Collaboration da Queen’s University, foram contemplados com o prêmio Nobel de Física de 2015. O anúncio oficial da premiação ocorreu em 6 de outubro.
Em dois experimentos independentes, Kajita e McDonald demonstraram que os neutrinos podem mudar de identidade – ou de "sabor”, conforme o jargão da física de partículas. Isto é, um tipo de neutrino pode se transformar em outro. E, para que tal mudança ocorra, é preciso que a partícula tenha massa. O chamado Modelo Padrão da Física de Partículas considerava até então que o neutrino não possuía massa.
A importância da descoberta para o avanço do conhecimento é enorme, porque, depois do fóton (a partícula da interação eletromagnética), o neutrino é o objeto mais abundante do Universo, descontada a matéria escura (da qual quase nada se sabe).
Além disso, diferentemente do fóton, o neutrino quase não interage com a matéria. Por isso a Terra recebe e é atravessada regularmente por trilhões de neutrinos sem que percebamos: neutrinos que foram produzidos nos primeiros tempos do Universo; neutrinos provenientes de fontes extragalácticas; neutrinos gerados no interior das estrelas, entre elas, o Sol; e neutrinos resultantes do choque de raios cósmicos com a atmosfera terrestre.
"Os neutrinos têm, por assim dizer, o dom da ubiquidade. E são os mensageiros dos confins do espaço e dos primórdios do tempo, fornecendo informações preciosas sobre a estrutura do Universo. Graças à descoberta das oscilações por Kajita e McDonald, o estudo dos neutrinos é hoje um dos ramos mais dinâmicos da Física, mobilizando pesquisadores que trabalham com partículas e com Cosmologia, com o micro e o macro”, disse à Renata Zukanovich Funchal, professora titular do Departamento de Física Matemática do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), àAgência FAPESP.
Especializada no estudo da fenomenologia de oscilações de neutrinos, Funchal participa do Projeto Temático "Fenomenologia de física de partículas”, apoiado pela FAPESP. E coordena a participação brasileira no projeto europeu "Invisibles – Neutrinos, Dark Matter and Dark Energy Physics”, do qual Kajita também participa como coordenador da equipe japonesa.
A primeira partícula da física
Para avaliar o alcance da descoberta que resultou agora no Nobel, é preciso recuar várias décadas. O neutrino foi a primeira partícula da Física que teve sua existência postulada teoricamente, muito antes da descoberta experimental. Tal postulação foi feita pelo austríaco Wolfgang Pauli (1900-1958) em 1930, para explicar a conservação da energia durante o evento nuclear conhecido como "decaimento beta”.
No decaimento beta, o núcleo atômico, que não tem elétrons, emite um elétron. Sabe-se hoje que isso resulta da transmutação de um nêutron em um próton, com a liberação do elétron. Mas, para que a energia final do processo seja igual à energia inicial, como exige a lei da conservação da energia, é preciso que o núcleo emita também outro tipo de partícula além do elétron.
Essa partícula extra proposta por Pauli, que parecia um simples artifício, foi inicialmente encarada com ceticismo pela comunidade científica. Mas o italiano Enrico Fermi (1901-1954) a levou a sério. E, em 1932, atribuiu-lhe o nome de neutrino, que significa "pequeno nêutron” em italiano. O brasileiro Mário Schenberg (1914-1990), que trabalhou com Fermi na juventude, foi um dos primeiros a utilizar operacionalmente tal ideia, por meio da qual fechou o balanço energético da explosão das estrelas supernovas.
A existência do neutrino foi finalmente confirmada em um experimento conduzido pelos norte-americanos Clyde Cowan e Frederick Reines em 1956. Em 1995, essa descoberta experimental foi contemplada com o Prêmio Nobel, que Reines recebeu, em seu nome e no de Cowan, falecido em 1974.
"No Modelo Padrão, o neutrino faz parte da família dos léptons. Para cada lépton eletricamente carregado (o elétron, o múon e o tau), existe um neutrino correspondente. Portanto, existem três neutrinos: o do elétron, o do múon e o do tau”, informou Funchal. "Inicialmente, conhecia-se somente o neutrino do elétron. O neutrino do múon foi descoberto em 1962 e o neutrino do tau apenas em 2000."
Mudança de "sabor”
A hipótese da oscilação, isto é, da mudança de "sabor” por meio da qual um neutrino se transforma em outro foi a resposta encontrada para uma grave anomalia que se tornou conhecida com o desenvolvimento dos processos experimentais. Essa anomalia foi constatada já no final da década de 1960, em um experimento realizado na mina de Homestake, nos Estados Unidos. Destinado a detectar e contar os neutrinos do elétron provenientes do Sol recebidos no local, o experimento mostrou que esse número era apenas um terço do esperado. Era como se os neutrinos solares estivessem desaparecendo.
"Na verdade, o ocorrido foi uma mudança de sabor. Mas isso não se sabia na época. O neutrino e suas propriedades foram sendo descobertos aos poucos. Apesar de extremamente abundantes, e de estarem presentes por toda parte desde o início do universo, ignoramos por muito tempo sua existência. Os neutrinos estão para a física de partículas assim como os micróbios para a medicina. Durante milênios interagimos com os micróbios sem saber que eles existiam”, comentou Funchal.
Foi essa anomalia entre o número de neutrinos esperado e o número de neutrinos contabilizado que motivou, nos anos 1990, o experimento Super-Kamiokande, coordenado por Kajita. Esse experimento, realizado em um detector gigantesco, com 50 mil toneladas de água, foi desenhado para medir neutrinos solares (resultantes nos processos de fusão nuclear que ocorrem no núcleo do Sol) e também neutrinos atmosféricos (resultantes do choque dos raios cósmicos com as partículas existentes na atmosfera terrestre).
"O extraordinário no experimento do Super-Kamiokande é que ele tem direcionalidade. O detector é capaz de medir neutrinos a partir da direção da qual provêm, desde os neutrinos vindos da posição acima do detector até os neutrinos vindos do outro lado da Terra”, afirmou Funchal.
"A grande surpresa foi descobrir que o número de neutrinos variava com a direção. Isso também podia ser interpretado como uma dependência em relação à distância. Porque os neutrinos atmosféricos que vêm de cima do detector têm que percorrer cerca de 15 quilômetros (que é a altitude na qual os raios cósmicos interagem com a atmosfera) enquanto que os neutrinos provenientes do outro lado da Terra têm que percorrer 15 quilômetros mais 12 mil quilômetros (que é o tamanho do diâmetro da Terra)”.
A descoberta feita pelos japoneses podia ser muito bem explicada pela oscilação do neutrino do múon em um outro tipo de neutrino, na época ainda não observado: o neutrino do tau. Esse resultado foi apresentado por Kajita em uma conferência realizada no Japão em 1998. "Ele não apenas chefiou o experimento como fez a análise dos resultados obtidos”, relatou a pesquisadora.
Depois disso, foi realizado o experimento do McDonald para explicar a anomalia descoberta em Homestake, no final da década de 1960, na contagem dos neutrinos solares. "Este novo experimento foi realizado na mina de Sudbury, no Canadá, que, aliás, pertence atualmente à empresa Vale do Rio Doce. Ele foi concebido especialmente para medir neutrinos solares. E observou a transformação de neutrinos do elétron (os únicos produzidos nas reações de fusão nuclear do Sol) em neutrinos do múon e neutrinos do tau”, detalhou Funchal.
A primeira implicação dessas duas descobertas, a do Super-Kamiokande e a de Sudbury, é que o neutrino tem massa. Uma massa extremamente pequena e que ainda não se sabe quanto vale, mas que existe. A segunda implicação é que se trata de um fenômeno quântico, da escala subatômica, que está sendo observado a partir de efeitos macroscópicos, por meio de detectores enormes.
"Além disso, como o neutrino têm o dom da ubiquidade e é produzido pelos mais variados processos, as descobertas de Kajita e McDonald provocaram um enorme interesse pelos neutrinos e uma reavaliação de tudo o que se sabia sobre o papel deles na física de partículas, nos processos estelares, na evolução do universo etc. Todas essas teorias foram revisitadas desde então. Ainda não podemos prever consequências tecnológicas. Mas nada impede que isso possa ocorrer no futuro”, concluiu Funchal.
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- 07/10/2015 - Governador nomeia diretor-presidente e três novos conselheiros da FAPESPJosé Arana Varela é reconduzido à presidência do CTA. Carmino Antonio de Souza, João Fernando Gomes de Oliveira e Pedro Wongtschowski integrarão o Conselho Superior
José Arana Varela é reconduzido à presidência do CTA. Carmino Antonio de Souza, João Fernando Gomes de Oliveira e Pedro Wongtschowski integrarão o Conselho Superior
Fonte: Agência FAPESP
José Arana Varela foi reconduzido ao cargo de diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. Três novos membros do Conselho Superior da Fundação também foram nomeados: Carmino Antonio de Souza, João Fernando Gomes de Oliveira e Pedro Wongtschowski. A recondução e as nomeações foram publicadas no Diário Oficial do Estado de São Paulo do dia 6 de outubro.
José Arana Varela é professor titular do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, e pesquisador principal do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP. Físico, doutor em Materiais Cerâmicos pela Universidade de Washington, Varela é membro do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Sociedade Brasileira de Física. É fellow da American Ceramic Society e membro da Materials Research Society, ambas nos Estados Unidos. Foi diretor-presidente do CTA da FAPESP de 2012 a fevereiro de 2015 e membro do Conselho Superior da Fundação de 2004 a 2010, ocupando a posição de vice-presidente entre 2007 e 2010. Seu nome encabeçava a lista tríplice encaminhada pelo Conselho Superior da Fundação ao governador.
Carmino Antonio de Souza,secretário Municipal de Saúde de Campinas, é professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Obteve graus de doutor e livre-docência pela Unicamp e pós-doutorado no Departamento de Hematologia da Universidade de Genova/Itália. Suas áreas de pesquisa são: onco-hematologia, com maior interesse em linfomas agressivos e leucemia mieloide crônica, e transplante de medula óssea.
João Fernando Gomes de Oliveira é engenheiro mecânico, professor titular da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) e membro titular da Academia Brasileira de Ciência (ABC). Pós-doutorado pela University of California, Berkeley, foi diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e diretor presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprapii). Em 2010, recebeu o Prêmio FCW na Categoria Ciência Aplicada da Fundação Conrado Wessel.
Pedro Wongtschowski é engenheiro químico, mestre e doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É presidente do Conselho de Administração do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), presidente do Conselho de Administração da Embrapii, presidente do Conselho Superior da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) e membro do Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). É conselheiro do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) e membro do Comitê Gestor da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI-CNI). Foi diretor superintendente da Oxiteno e presidente da Ultrapar Participações.
Os novos conselheiros assumem as vagas de Celso Lafer, Horácio Lafer Piva e Yoshiaki Nakano, que tiveram seus mandatos encerrados em 7 de setembro.
O Conselho Superior da FAPESP tem 12 membros, com mandato de seis anos. Seis deles são de livre escolha do governador do Estado e os demais são indicados por ele a partir de listas tríplices eleitas pelas universidades estaduais paulistas e pelas instituições de ensino superior e pesquisa, públicas e particulares, sediadas no Estado de São Paulo.
O Conselho Superior da FAPESP é presidido por José Goldemberg, presidente da Fundação, e formado porEduardo Moacyr Krieger (vice-presidente),Fernando Ferreira Costa, João Grandino Rodas,José de Souza Martins, Maria José Soares Mendes Giannini,Marilza Vieira Cunha Rudge,Pedro Luiz Barreiros Passos e Suely Vilela, aos quais se juntarão agora os três novos conselheiros.
O CTA da Fundação constitui sua diretoria executiva, formada pelo diretor presidente, Varela, pelo diretor científico, Carlos Henrique de Brito Cruz, e pelo diretor administrativo, Joaquim José de Camargo Engler. Com mandatos de três anos e possibilidade de reeleição, os diretores são indicados pelo governador, a partir de listas tríplices elaboradas pelo Conselho Superior.
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- 06/10/2015 - Nanopartículas podem ser base para detectores mais sensíveis de radiaçãoFonte: Agência Fapesp
As imagens feitas com microscópio eletrônico parecem revelar uma enorme quantidade de estrelas minúsculas, que medem apenas alguns micrômetros (milionésimos de metro).
As estruturas, produzidas por Eder Guidelli e Oswaldo Baffa, da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, em parceria com David R. Clarke, da Harvard University, possuem núcleos de partículas de ouro e de prata, cercados por uma "casca” de ZnO (óxido de zinco). E elas têm potencial para melhorar a eficiência de diversos sistemas nos quais seja necessário detectar luz ou radiação com alto grau de sensibilidade.
Os pesquisadores descreveram os detalhes da fabricação e das propriedades das estrelas microscópicas de metais preciosos e óxido de zinco em artigo publicadona revista Scientific Reports, do grupo Nature.
Os estudos que levaram ao artigo foram feitos durante o doutorado de Guidelli, orientado por Baffa no Brasil e por Clarke em Harvard, com Bolsa da FAPESP. Guidelli atualmente faz o pós-doutorado, com outra bolsa.
A ideia de criar estruturas com um núcleo de ouro ou prata e uma "casca” de ZnO se deve às propriedades ópticas incomuns que derivam da junção desses materiais.
Diante da emissão de diversas formas de radiação eletromagnética (o que inclui tanto a luz visível como os raios X, por exemplo), os metais preciosos e o óxido de zinco têm características em comum que lhes permitem atuar em harmonia, explica Guidelli. "Uma analogia que gosto de usar é a do celular e a da antena que amplifica o sinal desse celular”, disse.
Morfologia estelar
Os experimentos realizados revelaram de forma precisa como essa amplificação ocorre. Um exemplo envolve a chamada OSL (sigla inglesa de "luminescência opticamente estimulada”), método que é bastante usado por geólogos e arqueólogos para datar sedimentos e objetos.
Digamos que as "estrelas” sejam bombardeadas com uma emissão radioativa (de raios X, por exemplo). O que ocorre inicialmente é que os elétrons presentes no óxido de zinco são ionizados, ou seja, arrancados da posição que normalmente ocupariam na estrutura molecular de ZnO, a sua camada de valência.
Depois desse bombardeio inicial, tais elétrons podem ficar presos em pequenos defeitos microscópicos dos "raios” da estrela, também chamados de armadilhas.
"Eles podem ficar lá indefinidamente, mas um pulso de luz é capaz de fazer com que eles voltem para a sua camada de valência. Ao retornar, eles emitem luz”, disse Guidelli.
Nesse processo todo, os fótons (partículas de luz) funcionam como uma espécie de "troco” dos fenômenos quânticos: quando um elétron fica temporariamente num estado excitado (ou seja, anormalmente energético), a produção de fótons permite que ele retorne aos seus níveis normais de energia.
Tudo isso poderia ocorrer apenas com a estrutura de óxido de zinco, mas a presença das partículas de ouro e prata faz com que todo o processo de desexcitação (ou seja, de retorno dos elétrons ao seu estado menos energético) ocorra de forma mais rápida e eficiente.
"Daí a analogia com uma antena, que facilita a transmissão e recepção de um sinal”, disse Guidelli.
A estrutura e as dimensões do material afetam os detalhes de como esse processo ocorre, daí a importância do processo de produção das estruturas em forma de estrelas.
Normalmente, o óxido de zinco seria produzido de maneira a aparecerem estruturas em formato de bastão em cima de um substrato de vidro, as quais, vistas de cima, lembram a cama cheia de pregos de um faquir.
Quando as partículas de ouro e prata são agregadas ao processo, porém, o volume certo dos metais preciosos faz com que a morfologia estelar apareça, basicamente porque os "raios” de cada estrela passam a usar as partículas como núcleo de crescimento.
Como esses núcleos são esféricos, os braços de ZnO se espalham em todas as direções, formando o que parece ser uma estrela de brinquedo. Os pesquisadores, inclusive, conseguiram quebrar um dos "raios” de uma das estrelas, revelando a partícula de metal precioso aninhada no centro da estrutura.
É importante controlar esses detalhes porque alguns deles, como a espessura do material, podem influir em suas propriedades ópticas. "É como a atmosfera de um planeta: se for muito espessa, ela recebe a radiação do Sol, mas não consegue mandar de volta essa energia para o espaço depois que ela chega à superfície”, comparou o professor Baffa.
A alta sensibilidade das estruturas produzidas pelos pesquisadores de Ribeirão Preto faz com que elas tenham potencial, por exemplo, para medir com precisão pequenos níveis de radiação no ambiente, minimizando os riscos médicos desse tipo de situação.
Aplicações na datação de objetos em escavações arqueológicas também seriam possíveis – com a sensibilidade do sistema, seria viável datar amostras muito pequenas de material.
Uma patente guarda-chuva (que protege diversas possíveis aplicações tecnológicas ligadas ao trabalho) já foi depositada no Brasil. "Obviamente, ainda há uma distância grande entre esse pedido de patente e algum futuro produto baseado nele”, disse Baffa.
O artigo Enhanced UV Emission From Silver/ZnO And Gold/ZnO Core-Shell Nanoparticles: Photoluminescence, Radioluminescence, And Optically Stimulated Luminescence (doi:10.1038/srep14004), de Guidelli, Baffa e Clarke, pode ser lido em www.nature.com/articles/srep14004.
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- 02/10/2015 - Celso Pansera é o novo ministro da Ciência, Tecnologia e InovaçãoFonte: Agência CT&I
Felipe Linhares
Após muito debate e alguns adiamentos, a presidente da República, Dilma Rousseff, anunciou a reforma administrativa que vinha prometendo para aliviar as contas da União e apaziguar os ânimos de parlamentares que defendiam o impeachment da chefe do Executivo. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) entrou na roda e terá o quinto ministro em menos de cinco anos.O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), de 51 anos, que cumpre o primeiro mandato, assumirá a pasta no lugar de Aldo Rebelo. O novo ministro ajudou na construção do projeto do Centro de Inclusão Digital (CID), que instalou 28 telecentros em municípios da Baixada Fluminense. Entre 2007 e 2014, Pansera atuou na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), instituição ligada ao governo do estado do Rio de Janeiro.
Aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do líder do PMDB na casa, Leonardo Picciani, ambos do PMDB fluminense, Pansera é graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pós-graduado em Supervisão Escolar. "[Assumir o MCTI é] uma tarefa que muito me orgulha e reconhece um trabalho que venho desenvolvendo, desde quando presidi a Faetec. Quero agradecer imensamente a indicação da bancada de deputados federais do PMDB”, disse o novo ministro em seu perfil no Facebook.
Ele já foi filiado ao PSTU – visto como partido de extrema esquerda – e ao PSB. O peemedebista preside a Comissão Especial de Crise Hídrica (CEHIDRIC), é membro titular da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTI) e da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras (CPI-Petro). Veja, neste link, a atuação dele na Câmara dos Deputados.
Celso Pansera chegará ao MCTI em uma situação orçamentária delicada. Do valor aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para MCTI - R$ 7,311 bilhões -, já foram cortados R$ 2,194 bilhões, por conta dos ajustes no orçamento anunciados pela equipe econômica em maio e junho.
Além de a pasta contar com aproximadamente R$ 5,1 bilhões, estima-se que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal ferramenta de apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do Brasil, com previsão de orçamento de R$ 3,4 bilhões em 2015, esteja contingenciado em 75%.
Ele assumirá tratativas delicadas que estavam sendo conduzidas pelo antecessor, como recompor e retirar do FNDCT o orçamento das organizações sociais supervisionadas pela pasta e recursos que financiavam o programa Ciência sem Fronteiras. Pansera ainda poderá "herdar” um empréstimo de US$ 2 bilhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Reforma
A presidente Dilma Rousseff afirmou que a alteração de alguns ministros tem o propósito de atualizar a base política do governo no Congresso "buscando uma maioria que amplie a governabilidade”. Segundo ela, a nova configuração da Esplanada dos Ministérios fortalece a relação com os partidos e com os parlamentares que apoiam o governo.
Aldo Rebelo, que estava no MCTI, assumirá o Ministério da Defesa. A Secretaria Geral foi extinta e será substituída por uma Secretaria de Governo, que receberá também atribuições de três dos ministérios cortados: a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e o antigo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O secretário de governo será o ex-ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.
Os ministérios da Previdência e do Trabalho serão integrados em uma única pasta, o Ministério da Previdência e do Trabalho, cujo ministro será Miguel Rossetto. As secretarias de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos agora estão integradas. A ministra Nilma Lino comandará o órgão.
O Ministério da Pesca passará a integrar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cuja titular continua sendo Kátia Abreu. Helder Barbalho, que era ministro da Pesca, é o novo responsável pela Secretaria de Portos. A Secretaria de Assuntos Estratégicos foi extinta e terá algumas de suas atribuições integradas ao Ministério do Planejamento.
Também faz parte da reforma a ida de Marcelo Castro e André Figueiredo para os ministérios da Saúde e das Comunicações, respectivamente. Jaques Wagner, que era o ministro da Defesa, ocupa o lugar de Aloizio Mercadante na Casa Civil. Mercadante, por sua vez, é o novo ministro da Educação.
Reforma administrativa
As medidas anunciadas pelo governo federal têm como objetivo melhorar a gestão pública, elevar a competitividade do País e continuar assegurando a igualdade de oportunidade aos cidadãos.
O poder Executivo cortará oito ministérios, 30 secretarias nacionais e 3 mil cargos comissionados. Além disso, os salários da presidente, do vice-presidente e dos ministros de Estado serão reduzidos em 10%.
Dilma anunciou ainda a criação de uma central de automóveis, com o objetivo de reduzir e otimizar a frota de veículos; limites de gastos com telefones, passagens e diárias; metas de eficiência no uso de água e energia; e a criação da Comissão Permanente de Reforma do Estado. Também serão revisados o uso do patrimônio da União e os contratos de aluguel e de serviços como vigilância, segurança e TI. Os gastos de custeio e de contratação de serviços de terceiros serão cortados em 20%.
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- 02/10/2015 - Baixo clero do PMDB assume Saúde e Ciência e TecnologiaMesmo assim, 22 dos 66 deputados da sigla assinaram um manifesto criticando a 'barganha por cargos'
Mesmo assim, 22 dos 66 deputados da sigla assinaram um manifesto criticando a 'barganha por cargos'
Fonte: Folha de S. Paulo
BRASIL EM CRISE
Dilma cede mais um pouco ao PMDB para concluir reforma
Parlamentares do baixo clero assumem pastas da Saúde e Ciência e Tecnologia
Mesmo assim, 22 dos 66 deputados da sigla assinaram um manifesto criticando a 'barganha por cargos'
A presidente Dilma Rousseff fez nesta quinta (1º) uma última concessão ao PMDB e aceitou indicações de peemedebistas do baixo clero para os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia.
Na véspera do anúncio da nova equipe, ela acertou que o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) comandará a Saúde e Celso Pansera (PMDB-RJ), a Ciência e Tecnologia.
Dilma já havia sinalizado que aceitava Castro, mas resistia a Pansera, ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Preferia um nome de "mais peso político" e ligado à área.
A presidente pediu aos ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo) que assumissem, mas eles recusaram.
Dessa forma, acabou fechando com Castro e Pansera em reunião com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) –os futuros ministros estavam presentes.
Dilma acertou ainda, segundo ministros ouvidos pelaFolha, Miguel Rossetto (PT) para o futuro ministério resultado da fusão de Trabalho e Previdência. Carlos Gabas (PT) ocuparia a subpasta da Previdência. José Lopez Feijoó, ligado à Central Única dos Trabalhadores e hoje assessor da Presidência, ficaria na subpasta do Trabalho.
A presidente também decidiu não unir mais a essas duas pastas o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família. A ministra Tereza Campello continua à frente da pasta.
Uma negociação que entrou pela noite foi a escolha do nome para a pasta que unirá as secretarias de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. As deputadas Moema Gramacho (BA) e Benedita da Silva (RJ) chegaram a ser lembrados pela bancada do PT, mas a atual ministra da Igualdade, Nilma Lino Gomes, recebeu o aval dos parlamentares para assumir.
A ideia das "subpastas" é a forma encontrada para contemplar petistas que perderão espaço. A nova configuração da Esplanada, que amplia o tamanho do PMDB de seis para sete ministérios, será apresentada nesta sexta (2).
A expectativa da presidente é que a reforma, feita sob inspiração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garanta votos para barrar a abertura de um processo de impeachment e remonte sua base para aprovar o ajuste fiscal.
As duas principais novidades são a troca de Aloizio Mercadante na Casa Civil por Jaques Wagner (Defesa) e a demissão do petista Arthur Chioro (Saúde) para dar espaço ao PMDB. Duas mudanças sugeridas por Lula, que nesta quinta reuniu-se com Dilma.
Cinco outros peemedebistas estavam definidos no ministério: Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Helder Barbalho (Portos) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).
Lula sai fortalecido com a reforma, com três nomes de sua confiança no Planalto: Jaques Wagner, Ricardo Berzoini, que assumirá a Secretaria de Governo, e Edinho Silva (Comunicação Social). Já Aldo Rebelo (PC do B) irá para o Ministério da Defesa.
Lula queria ainda a troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles na Fazenda. Interlocutores do petista, porém, disseram àFolhaque ele espera essa troca mais à frente. Dilma resiste por não ter boa relação com o ex-presidente do Banco Central.
Na reforma a ser anunciada, pelo menos nove dos 39 ministérios serão extintos. A meta inicial era eliminar dez.
SALDO
Mesmo com as trocas, um terço da bancada de 66 deputados do PMDB assinou manifesto criticando Dilma e condenando a "baganha por cargos". Os grupo de 22 diz que ela conduz o país de forma "errática" e "desacreditada".
Um outro setor do PMDB, em compensação, começou a articular o adiamento do congresso do partido, previsto para novembro, em que pretendem discutir a saída do governo.(MARINA DIAS, CÁTIA SEABRA, NATUZA NERY E VALDO CRUZ)
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- 02/10/2015 - Brasileiro comandará Conselho de Governadores da AIEALaércio Antonio Vinhas, embaixador brasileiro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), assume a presidência do Conselho de Governadores do órgão
Laércio Antonio Vinhas, embaixador brasileiro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), assume a presidência do Conselho de Governadores do órgão
Fonte: Fonte Nuclear nº 16
A eleição do governador brasileiro, que ficará à frente do Conselho em 2015-2016 (período de um ano, a contar da última segunda-feira, dia 21), ocorreu por aclamação ontem. Ele substitui a governadora da Eslováquia, Marta Ziaková.
O embaixador Vinhas assumiu seu cargo atual como representante residente do Brasil junto à AIEA e de organização de tratado abrangente de proibição de testes nucleares em janeiro de 2012. Ele atuou na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) entre 1965 e 2011 em diferentes cargos, incluindo o de diretor do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), no Rio de Janeiro; chefe do Departamento de Salvaguardas; chefe do Escritório de Assuntos Internacionais; e diretor na área de Segurança e de Salvaguardas.
Durante sua carreira como pesquisador, gerente, professor universitário e conselheiro acadêmico, Laércio Vinhas adquiriu vasta experiência em diversas áreas relacionadas à energia nuclear, como física nuclear, segurança nuclear, salvaguardas, informações públicas, prontidão e planejamento em caso de emergência e aplicações da energia nuclear.
Ele tem sido um membro da delegação brasileira na Conferência Geral da AIEA e do Conselho de Governadores desde 1990.
O embaixador Vinhas também foi membro da Comissão de Normas de Segurança (CSS, na sigla em inglês), do Grupo Permanente Consultivo de Implementação de Salvaguardas da AIEA (Sagsi, na sigla em inglês) e do Grupo Internacional de Segurança Nuclear (Insag, na sigla em inglês), todos vinculados à AIEA.
Ele possui graduação e doutorado em Física e Física Nuclear, respectivamente, em universidades paulistas: Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Vinhas é autor e coautor de cerca de 50 publicações científicas e 60 trabalhos técnicos apresentados em simpósios e conferências nacionais e internacionais.
Parabéns, Laércio Antonio Vinhas!
A matéria original, redigida em inglês, pode ser conferida aqui.
Fonte: Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)
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- 01/10/2015 - MCTI terá quinto ministro em menos de cinco anosFonte: Agência CT&I
Felipe Linhares
Os comandantes militares já foram informados de que Aldo Rebelo assumirá o Ministério da Defesa. O alagoano foi o quarto ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação do governo Dilma Roussef, que completará cinco anos em 1º de janeiro próximo. O sucessor, ao que aparenta, será do PMDB.O anúncio da mudança será feito, nesta sexta-feira (2), pela própria Dilma, às 10h30, no Palácio do Planalto. O nome mais cotado é o do deputado Celso Pansera, do Rio de Janeiro. O parlamentar almejava assumir a Secretaria de Portos, mas a pasta ficará com Hélder Barbalho. Pansera é muito próximo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e foi indicado pelo deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ). Dilma se mostrou resistente ao nome dele, mas deixou a decisão para o partido, que mesmo sendo da base aliada empregou importantes derrotas ao governo.
A presidente tentou também se reaproximar do PSB, que seria um plano B. No entanto, desde que se afastou da base do governo para concorrer à Presidência da República, o partido manteve-se neutro e desconsidera, por enquanto, refazer a aliança com o Partido dos Trabalhadores.
O sucessor de Aldo Rebelo assumirá uma pasta que, embora tenha papel estratégico numa retomada do crescimento da economia, tem orçamento limitado. Do valor aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - R$ 7,311 bilhões -, já foram cortados R$ 2,194 bilhões, por conta dos ajustes no orçamento anunciados pela equipe econômica em maio e junho.
Além da pasta contar com aproximadamente R$ 5,1 bilhões, estima-se que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal ferramenta de apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do Brasil, com previsão de orçamento de R$ 3,4 bilhões em 2015, esteja contingenciado em 75%.
Nesta quarta-feira (31/9), as instituições representativas do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação alertaram para os riscos de uma nova mudança na gestão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Em carta publicada pela Agência Gestão CT&I, as entidades afirmaram ser "imperativo que seja evitada a instabilidade e a descontinuidade das ações estruturantes em andamento e aquelas pactuadas com o governo federal. O Sistema não suporta mais alterações frequentes na gestão do Ministério, com repercussões em programas e políticas estratégicas.”
Troca-troca
A reforma ministerial deverá cortar dez das 39 cadeiras de ministro do Esplanada e promover uma troca em algumas pastas. Jaques Wagner, atualmente no ministério da Defesa, vai para a Casa Civil. Aloizio Mercadante não resistiu à pressão. O braço direito da presidente Dilma, que resistia em tirá-lo do cargo, irá retornará ao Ministério da Educação, que, inclusive, já divulgou carta confirmando a saída de Renato Janine.
Aldo Rebelo, do PC do B, cumpria agenda em São Paulo nesta quarta, mas recebeu um chamado do Palácio do Planalto para retornar a Brasília. Os comandantes militares foram comunicados da indicação de Aldo ainda ontem. Segundo informações, ele já aceitou o convite e o nome dele foi bem recebido. Aldo foi presidente, em 2002, da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, onde fez uma aproximação com as Forças Armadas.
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- 01/10/2015 - Dilma troca Mercadante por Jaques Wagner na Casa CivilEla cedeu ao ex-presidente Lula, que pedia substituição há meses, e ao PMDB Petista deverá voltar para o Ministério da Educação, cujo atual titular, Renato Janine Ribeiro, foi demitido
Ela cedeu ao ex-presidente Lula, que pedia substituição há meses, e ao PMDB Petista deverá voltar para o Ministério da Educação, cujo atual titular, Renato Janine Ribeiro, foi demitido
Fonte: Folha de S. Paulo
De BrasíliaA presidente Dilma Rousseff cedeu às pressões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PMDB e decidiu afastar do coração de seu governo o petista Aloizio Mercadante, substituindo-o na chefia da Casa Civil por Jaques Wagner, hoje na Defesa.
A troca e a ampliação do naco do PMDB de seis para sete pastas devem garantir, na avaliação de assessores, o apoio de no mínimo 50 dos 66 deputados do partido para evitar abertura de um processo de impeachment contra Dilma.
Ela precisa de ao menos 172 deputados para barrar um pedido de impedimento, que, para passar, carece de 342 votos dos 513 da Câmara.
Mercadante, que volta à Educação, era citado por petistas e peemedebistas como desagregador. Lula defendia sua substituição desde o início do segundo mandato, mas reclamava de não ser ouvido.
O candidato do ex-presidente sempre foi Jaques Wagner, classificado como um petista mais habilidoso e com melhor trânsito no PMDB.
No início do governo, Mercadante tentou fortalecer o PSD e o Pros para minar o PMDB. Mas só conseguiu desagradar o principal aliado do governo no Congresso.
Agora, Lula contará com três petistas de sua confiança ao lado de Dilma: além de Wagner, Ricardo Berzoini, que vai assumir a nova Secretaria de Governo, e Edinho Silva (Comunicação Social).
Além disso, conseguiu, enfim, convencer Dilma a aumentar o poder do PMDB e, assim, tentar ao menos postergar um eventual desembarque do governo –em novembro, o partido fará um congresso para discutir a saída.
Dilma já definiu o nome de cinco ministros peemedebistas: Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Helder Barbalho (Portos) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).
Ela está fechando os nomes dos indicados pela bancada da Câmara para a Saúde, hoje com o PT, e a Ciência e Tecnologia, da qual sairá Aldo Rebelo (PC do B) para substituir Wagner na Defesa.
Na Saúde, o mais cotado é o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Para Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB-RJ). Ambos sugeridos pelo líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ).
Dilma continua sendo pressionada por aliados de Lula a trocar José Eduardo Cardozo (Justiça). Lula queria trocá-lo pelo ex-ministro Nelson Jobim, peemedebista e advogado que tem atuado na defesa de empreiteiros na Lava Jato.
Nesta quinta (1º), Lula deve avaliar com Dilma os últimos detalhes da reforma, na qual prometeu cortar dez pastas. Pelo último desenho, seriam eliminadas nove.
Segundo Temer, há a possibilidade da reforma ser anunciada apenas na sexta (2), já que Dilma cancelou viagem a Bahia nesse dia.
Nesta quarta, quando oficializou a saída de Mercadante, Dilma também recebeu o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, para avisá-lo que ele deixará o governo.
Em dez meses, esta é a segunda troca na Educação, área que carrega o lema do segundo mandato de Dilma, "Pátria Educadora".
Janine é o segundo ministro da área social a ser demitido. Na terça (29), Dilma dispensou, por telefone, o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
No campo petista, Dilma vai fundir os ministérios da Previdência, Trabalho e Desenvolvimento. Fará o mesmo com as três secretarias que têm status de ministérios: Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos formarão o Ministério da Cidadania.
Ela ainda tenta atrair o PSB e acertou com o PDT indicação para as Comunicações.
(NATUZA NERY, VALDO CRUZ, GUSTAVO URIBE E FLÁVIA FOREQUE)
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- 30/09/2015 - Urânio enriquecido no Brasil começa a atender Angra 1Fonte: Inovação Tecnológica
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) produziram o primeiro lote de urânio enriquecido para ser usado na fabricação do combustível destinado ao abastecimento da Usina Angra 1.
O enriquecimento está sendo feito na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende (RJ).
O Brasil domina a tecnologia do enriquecimento de urânio desde os anos 1980. Em 2006, foi inaugurada a Usina de Enriquecimento, em Resende, e o urânio enriquecido desde então será usado agora para produzir o combustível necessário para a recarga de Angra 1.
A tecnologia, 100% nacional, é o resultado do esforço da Marinha do Brasil com participação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP) e de outros parceiros, conduzido ao longo de três décadas.
Em 2014 o país passou a dominar a tecnologia para separar o urânio do fosfato, permitindo aproveitar o minério da jazida de Santa Quitéria, no Ceará.
Combustível nuclear para Angra
Segundo o presidente da INB, Aquilino Martinez, o Brasil tem capacidade para enriquecer, por ano, urânio para atender 7% da demanda das usinas nucleares de Angra 1 e 2.
O objetivo é ampliar essa capacidade para atender toda a demanda de combustível das duas usinas.
O domínio da tecnologia é estratégico porque reduz dependência de fornecedores para a produção de combustível nuclear.
"Além de ser estratégico para a soberania do Brasil, o domínio da tecnologia do enriquecimento significa redução da dependência de fornecedores externos para a produção de combustível nuclear", disse Martinez.
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- 30/09/2015 - Pansera na Ciência e TecnologiaFonte: O Globo
POR ILIMAR FRANCO
O deputado fluminense Celso Pansera está a caminho do Ministério de Ciência e Tecnologia. A informação é da direção do PMDB e sua escolha deve ser anunciada na reforma ministerial, que a presidente Dilma tornará pública entre hoje e amanhã.
A escolha de Pansera teve como objetivo fortalecer o líder do partido, deputado Leonardo Picciani e, também, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Agora há pouco, o governador Pezão afirmou: "Acho que é um lugar super adequado para ele".
A cúpula do PMDB relata que os demais ministros do partido estão praticamente definidos. Indicado pelo senador Jáder Barbalho (PA), o filho, Helder, assumirá a pasta de Portos. O vice Michel Temer que já é representado pelo ministro da Aviação, Eliseu Padilha, avalizou a escolha de Helder.
O líder da bancada na Câmara, Leonardo Picciani, segundo integrante da direção do PMDB, terá um dos deputados que levou à presidente, na Esplanada. Marcelo Castro (PI) será o novo Ministério da Saúde. Castro tem diferenças com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, desde a reforma eleitoral, mas está tentado se reaproximar de Cunha. Anteontem, no plenário da Casa, lhe deu um abraço pelo aniversário.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, sustentou a permanência dos senadores Katia Abreu (Agricultura) e Eduardo Braga (Minas e Energia). Com apoio de deputados e senadores, o ex-presidente da Câmara Henrique Alves deve ticar no Turismo.
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- 30/09/2015 - USP cai em ranking internacional e tem pior resultado em cinco anosFonte: Folha de S. Paulo
SABINE RIGHETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A USP teve o pior desempenho dos últimos anos na avaliação internacional de universidades THE (Times Higher Education), que elabora o principal ranking universitário da atualidade. Na listagem de 2016, lançada nesta quarta (30), a instituição está entre o 251º e o 300º lugar.
A universidade esteve entre as 200 melhores do mundo em 2012 e 2013. Caiu para o grupo 226º-250º em 2014, subiu para 201º-225º na edição seguinte e, agora, despencou (os rankings do THE existem desde 2004, mas as edições só são comparáveis a partir de 2012).
A melhor universidade do mundo, segundo o ranking global, é a Caltech, da Califórnia (EUA) –instituição que tem 31 docentes com prêmios Nobel e 40 vezes menos alunos do que a gigante paulista.
Entre as dez melhores da lista há instituições dos EUA, do Reino Unido e, pela primeira vez, uma escola suíça: a ETH de Zurique subiu de 13º lugar para 9º neste ano.
O THE se baseia em cinco critérios: qualidade do ensino e da pesquisa, internacionalização e impacto da universidade na indústria e no meio científico.
A Caltech recebeu 99,8% no indicador que mede o seu impacto na atividade acadêmica mundial. Isso significa que os trabalhos publicados pelos seus docentes são amplamente mencionados em artigos científicos em todo o mundo.
Já a USP amargou com 20,4% no mesmo indicador. Foi aqui, aliás, que a universidade teve o seu maior tombo: na edição do ano passado, a USP chegou a atingir 32,3%.
"É no impacto da pesquisa científica e na internacionalização que as nossas universidades mais escorregam e que precisam melhorar", analisa Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fapesp (agência que financia pesquisa científica no Estado de São Paulo).
Na avaliação de internacionalização do THE, a quantidade de estudantes e de docentes estrangeiros conta pontos para a universidade. Enquanto a Caltech tem 27% dos estudantes vindos de outros países, a USP tem 4% de alunos de fora.
A universidade paulista também tem perdido pontos no indicador que avalia o ambiente de aprendizagem. Uma das métricas é a quantidade de alunos por docente. Na Caltech, são 6,9 alunos por professor; na USP, a taxa é de 14,6.
"A USP precisa entender onde está perdendo", diz Valdemir Pires, professor da Unesp com doutorado em economia da educação. "Mas vale destacar que avaliações como rankings partem de uma lógica produtivista. É isso que queremos?"
A USP declarou que não comentaria os resultados do THE. Na edição deste ano do ranking internacional QS –concorrente do THE– a USP perdeu a liderança na América Latina para a UBA (Universidade de Buenos Aires), que subiu 74 posições em relação ao ano anterior.
No Brasil, a USP figura como melhor universidade no RUF (Ranking Universitário Folha). Na quarta edição do ranking, lançada em setembro, a universidade também liderou em 29 dos 40 cursos de graduação avaliados.
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- 30/09/2015 - Entidades científicas lançam manifesto contra possível troca em ministérioFonte: Folha de S. Paulo
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
Dez entidades ligadas à ciência e tecnologia divulgaram nesta quarta-feira (30) um "manifesto de vigília" diante de possível troca no comando do Ministério de Ciência e Tecnologia.
A pasta, hoje comandada por Aldo Rebelo (PCdoB), deve ser oferecida ao PSB, como forma de garantir o retorno da legenda à base do governo. Na manhã de hoje, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com os três governadores do partido e pediu apoio do PSB em votação de vetos presidenciais no Congresso Nacional.
"O Sistema [Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação] não suporta mais alterações frequentes na gestão do Ministério, com repercussões em programas e políticas estratégicas", afirma a nota assinada por instituições como SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), ABC (Academia Brasileira de Ciências) e Andifes (associação de reitores das universidades federais).
O texto afirma ser "imperativo" evitar a "instabilidade e descontinuidade das ações estruturantes" adotadas pela pasta.
Ex-ministro do Esporte, Aldo Rebelo assumiu a pasta de Ciência e Tecnologia em janeiro deste ano. Ele substituiu Clelio Campolina Diniz, ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, que estava no cargo há nove meses.
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Leia a a íntegra do documento:
As instituições representativas do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação constituídas pelos setores acadêmico, tecnológico, empresarial, sociedade civil organizada, bem como secretarias estaduais de ciência e tecnologia e fundações de amparo à pesquisa, reunidas hoje, em Brasília, declaram-se em estado de vigília pela preservação da agenda de ciência, tecnologia e inovação, que possibilite o desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade, consistência, competitividade e capacidade de autodeterminação para toda a nação.
É imperativo que seja evitada a instabilidade e a descontinuidade das ações estruturantes em andamento e aquelas pactuadas com o governo federal, por intermédio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Sistema não suporta mais alterações frequentes na gestão do Ministério, com repercussões em programas e políticas estratégicas.
Brasília, 30 de setembro de 2015
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Academia Brasileira de Ciências (ABC)
Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI)
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC)
Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI)
Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM)
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES)
Associação Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC)
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP)
Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CONSECTI)
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- 30/09/2015 - Dilma recebe governadores do PSB e deve oferecer ministério da Ciência e TecnologiaAldo Rebelo pode ir para a Defesa, Jaques Wagner para a Casa Civil e Aloizio Mercadante para a Educação
Aldo Rebelo pode ir para a Defesa, Jaques Wagner para a Casa Civil e Aloizio Mercadante para a Educação
Fonte: Folha de São Paulo
A presidente Dilma Rousseff recebe hoje os três governadores do PSB e deve oferecer ao partido o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Os governadores Ricardo Coutinho, da Paraíba, Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, e Paulo Câmara, de Pernambuco, têm audiência marcada com Dilma às 10h no Palácio do Planalto.
Caso a legenda aceite a pasta, a petista pode deslocar o atual titular, Aldo Rebelo, do PC do B, para o comando da Defesa, transferindo Jaques Wagner para a Casa Civil. Aloizio Mercadante iria para o Ministério da Educação.
Há, no entanto, resistências no PSB em relação à possibilidade de os socialistas ocuparem um ministério.
Um dirigente do partido disse à Folha que "pegaria muito mal" fazer uma negociação tão escancarada quanto a que está sendo feita pelo PMDB, que em troca de espaços na esplanada se comprometeria a votar contra o impedimento da presidente.
"Seria melhor que não perdessem tempo com isso. Não estamos em busca de cargos, de benesses", diz o presidente do PSB, Carlos Siqueira. "No ano passado, nós devolvemos os cargos que tínhamos no governo para lançar candidatura própria à Presidência [de Eduardo Campos, sucedido depois por Marina Silva]. Perdemos as eleições. Um partido que tem dignidade fica no lugar em que o eleitor o colocou."
Siqueira diz que "a presidente jogou o país numa crise". Ele admite a possibilidade de algum acordo agora com ela, mas sem a ocupação de um ministério. "Se o governo tiver alguma proposta interessante para resolver os problemas que ele próprio criou, podemos ajudar em função dos interesses do país, e não de assumir cargos. Essa história de toma lá dá cá não é do histórico do partido", afirma.
Dilma decidiu chamar os socialistas depois que a legenda, na semana passada, sinalizou que pode ir para a oposição e até mesmo apoiar um pedido de impeachment.