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- 11/07/2017 - Revista Superinteressante em visita ao Reator IEA-R1O vídeo documentando a visita de equipe da Revista Superinteressante ao Reator IEA-R1 encontra-se no perfil da revista no Facebook
O vídeo documentando a visita de equipe da Revista Superinteressante ao Reator IEA-R1 encontra-se no perfil da revista no Facebook
Fonte: Revista Superinteressante
O jornalista Bruno Garattoni e o cinegrafista Thiago Akira Almeida visitaram o Reator Nuclear para Pesquisa IEA-R1 em 11 de julho de 2017. O operador de Reator Julio Tondin recepcionou-os no Centro do Reator de Pesquisa (CRPq) do IPEN. O resultado da visita encontra-se documentado em vídeo publicado no perfil da Revista Superinteressante no Facebook. -
- 11/07/2017 - Decisão do Governo de ignorar a Energia Nuclear em Plano Decenal pode trazer consequências graves ao paísFonte: Petronotícias
Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente. Foi assim que a defesa do Planalto definiu as acusações do Ministério Público contra o Presidente Temer. Mas bem que poderia ser a definição do Plano Decenal de Energia anunciado pelo Ministério das Minas e Energia e pela EPE – Empresa de Pesquisa Energética, presidida por Luiz Barroso (foto) – na semana passada. O estudo privilegia a geração renovável, solar e eólica, e ao mesmo tempo, uma matriz energética a gás, combustível que ainda não temos, poluidor e caro, responsável pelo aumento de preços nas contas e energia de todos os brasileiros há poucos meses. Apesar de todas as previsões, o PDE simplesmente ignorou a opção nuclear de geração e as consequências de uma decisão como essa.
Às vésperas de um dos encontros mais importantes do setor nuclear no Brasil, o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN), que começa nesta quarta-feira (12) e vai até sexta-feira (14), certamente esse será um dos temas que serão debatidos. O Plano praticamente enterra um trabalho bem elaborado durante anos pela ABDAN – Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – com o apoio da Fundação Getúlio Vargas e algumas instituições importantes, que mostraram a necessidade de se construir pelo menos 12 novas usinas nucleares até 2050. Enterra também as aspirações de uma geração brasileira que acompanhou o desenvolvimento nuclear do país, desde a decisão de se instalar Angra 1, e uma próxima geração de estudantes ansiosos por entrar no mercado de trabalho. Recentemente o governo inglês, ao dar prosseguimento a decisão de se construir uma nova usina no país, falou que passará a ter a necessidade de ter 100 mil pessoas empregadas para atender ao setor nuclear no país.
O plano prevê para a entrada em operação de Angra 3 apenas para 2026. Provavelmente o governo vai optar pelos oferecimentos internacionais de financiamento e conclusão da usina em troca da venda de energia. Pelos menos duas empresas, uma da Rússia e outra da China, estão dispostas a assumir este investimento.
Não contar com matrizes firmes de energia é realmente ficar ao sabor do vento. Se ventar, temos energia. Se não, é acender uma vela. Literalmente. Ou então, estocamos o vento, como sugeriu a ex-presidente Dilma Rousseff. É bom investir em energia renováveis, mas não apostar o futuro do país em fontes complementares, como a eólica e a energia solar que depende de um espaço gigantesco para se colocar os painéis fotovoltaicos para ter uma capacidade grande de energia durante o dia. Em dias frios ou de chuva, a capacidade de geração sofre uma queda.
Pelo plano, o Brasil prevê uma expansão de cerca de 41 gigawatts na capacidade instalada de geração de energia até 2026, com predomínio das usinas eólicas e solares, que deverão responder por quase 19 gigawatts no período. O estudo aponta que essa trajetória deverá demandar cerca de 174,5 bilhões de reais em investimentos no período. A perspectiva é de que ao final do plano, a participação das hidrelétricas, carro-chefe da geração no Brasil, caia para menos de 50% da matriz elétrica, ante pouco mais de 60% atualmente.
Ainda assim, o plano prevê a contratação de 2,6 gigawatts em novas usinas hídricas, mas com a maior parte dessa capacidade estimada para entrar em operação apenas em 2026, último ano do horizonte de planejamento. As previsões consideram um crescimento de 3,3 por cento ao ano da carga de energia do sistema brasileiro entre 2016 e 2021, que aceleraria para 3,7 por cento entre 2021 e 2026. Entre 2016 e 2026, a expansão média seria de 3,5 por cento.
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- 09/07/2017 - Por que países detentores de armas nucleares não vão abdicar delas?Fonte: Sputnik Brasil
Os países-membros da ONU que não possuem armas nucleares pretendem adotar uma convenção sobre a proibição total destas armas. Se o documento for aprovado na conferência da ONU, ele vai ser enviado para aprovação à Assembleia Geral.A discussão está sendo realizada sem a participação das potências nucleares, que não pretendem assinar o documento. Em Moscou e Washington acreditam que agora não é o momento de abdicar de um escudo nuclear. De acordo com especialistas, a adoção da convenção poderia levar a uma desestabilização da situação no mundo.
Na sexta-feira, 7 de julho, na conferência das Nações Unidas deve ser adotado o texto final da convenção sobre a proibição total das armas nucleares. Depois, o documento será remetido à Assembleia Geral da ONU. Na véspera, a presidente da conferência, Elayne Whyte Gómez, apresentou o projeto de convenção com todas as correções necessárias.
O documento prevê o completo desarmamento nuclear. Os países que o ratificarem vão garantir que nunca vão desenvolver, adquirir, distribuir ou armazenar armas nucleares. Assim, o uso da tecnologia nuclear para fins militares ficará sob proibição total.
A convenção entrará em vigor se os 50 estados-membros da ONU a ratificarem. Agora só os países que não têm armas nucleares mostraram seu interesse nesta convenção. Os cinco membros permanentes do Conselho da Segurança da ONU (a Rússia, os EUA, a China, a França e Grã-Bretanha) recusaram negociar o assunto.
Todos os Estados-membros do "clube nuclear" estão solidários sobre a questão da proibição total de armas nucleares – são contra.
Lembramos que no final do ano de 2016, a Assembleia Geral da ONU representou para votação uma resolução relativa à convenção sobre a proibição de armas nucleares. A iniciativa foi apoiada por 113 países; outros 34 estados, incluindo a Rússia, votaram contra.
Aparentemente, proibir as armas nucleares vão apenas os países que nunca as tiveram.
O poder destrutivo das armas nucleares impediu durante décadas a confrontação militar aberta entre as grandes potências. Assim, a Guerra Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos não passou para uma fase "quente" devido à presença de armas nucleares em ambos os países, escreve Nadezhda Alekseeva para RT.
O vice-ministro russo das Relações Exteriores Sergei Ryabkov tem uma opinião semelhante.
"As armas nucleares são um fator que mantém a estabilidade, um fator que garante a segurança internacional e a nossa segurança, que protege o mundo dos conflitos mais terríveis", disse ele.
Washington expressou uma opinião análoga. De acordo com o representante do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Christopher Ford, a convenção sobre o desarmamento nuclear completo não vai ajudar a manter a paz e a segurança no mundo.
Em março de 2017, a representante permanente dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse que os EUA não podem desistir de seu arsenal nuclear e, assim, garantir a segurança dos seus cidadãos. Um mundo livre de armas nucleares é um sonho inatingível, disse Haley, lembrando os testes nucleares realizados na Coreia do Norte.
Pequim também boicotou a conferência sobre o desarmamento nuclear. Durante a votação da resolução da ONU, em dezembro, a China se absteve. No entanto, Xi Jinping tem muitas vezes falado sobre a necessidade da proibição total das armas nucleares.
Caso a convenção em questão seja assinada só pelos Estados não-nucleares, o documento vai perder todo o sentido. Para os países não-nucleares esta convenção duplica de fato uma outra já existente – o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Os países nucleares não a pretendem ratificar.
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- 06/07/2017 - Evento no Rio debate ações integradas de defesa civil para enfrentar desastresFonte: EBC Agência Brasil
A Defesa Civil do Rio de Janeiro promoveu hoje (6) um workshop de Ações Integradas em Desastres Tecnológicos para discutir as linhas de ação e a integração entre os órgãos em casos de desastres relacionados a incêndios urbanos e obras civis. O evento fez parte da programação da Semana Municipal de Redução de Risco e Desastres.De acordo com o chefe executivo do Centro de Operações do Rio, Marcos Landeira, um dos objetivos do workshop é ampliar a capacidade de resposta a acidentes como incêndios. "Queremos investir na realização de mais exercícios de mesa e simulados sobre respostas a desastres, envolvendo órgãos parceiros.”
Um dos temas abordados no evento foi o episódio com o Césio-137, conhecido como o maior acidente radiológico urbano do mundo, ocorrido em Goiânia, em 1987. Centenas de pessoas foram contaminadas por radiação de Césio-137 depois que o elemento foi encontrado dentro de um aparelho de tratamento de câncer, que foi desmontado e vendido como sucata por catadores de papel. Quatro pessoas morreram.
Durante o workshop, o subsecretário de Defesa Civil e gestor da equipe integrada que atuou em Goiânia no caso Césio-137, coronel Edson Tavares da Silva, destacou a importância da ação conjunta dos órgãos na ocasião. "Não teríamos conseguido superar a crise se não fosse a integração entre as equipes dos órgãos envolvidos na resposta ao acidente”, lembrou.
Outros destaques do evento foram as ações de comunicação do Centro de Operações à população e suas aplicações em casos de desastres tecnológicos. Entre os meios de comunicação analisados, estão as transmissões ao vivo por meio das redes sociais e os alertas por mensagem de texto, via Twitter.
A Semana Municipal de Redução de Risco e Desastre terá outros eventos amanhã (7) em comemoração ao Dia Municipal de Redução de Riscos de Desastres. A programação é uma parceria entre a Subsecretaria de Planejamento e Gestão Governamental da Casa Civil e a Subsecretaria de Defesa Civil da Secretaria Municipal de Ordem Pública.
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- 06/07/2017 - Governo prevê conclusão da usina nuclear de Angra 3 em 2026Fonte: Notícias ao Minuto
O governo federal pretende colocar em operação a usina nuclear de Angra 3 em 2026. A sinalização foi feita no fim da manhã desta quinta-feira (6) pelo presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Luiz Augusto Barroso.A EPE é responsável por elaborar o chamado "Plano Decenal do Setor Elétrico" ou "PDE", que formula as bases para a expansão do setor no país.
Segundo Barroso, o PDE 2016-2026 deve ser divulgado ainda esta semana. O plano será o primeiro pós governo Dilma Rousseff.
No processo de substituição da então presidente, o desenvolvimento do plano, que é divulgado anualmente, havia sido interrompido. Indicado por Michel Temer para a presidência da EPE, Barroso assumiu em julho de 2016 com a tarefa de retomar o plano.
De acordo com ele, a previsão de entrada em operação de Angra 3 em 2026 constará da versão a ser divulgada. A usina nuclear está em fase de construção no município de Angra dos Reis, a cerca de 160 km da capital do Rio.
Segundo Barroso, neste momento a dúvida que existe é quanto a finalização do processo de investimento e construção da obra.
"O desafio de Angra é mais o modelo de negócios do financiamento, investimento incremental, como vai fazer para trazer um investidor externo", disse Barroso.A construção da usina foi alvo de desvios de dinheiro e corrupção, segundo o Ministério Público Federal.
No ano passado, 13 pessoas -entre elas o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro- foram condenados por crimes cometidos na construção da usina. Pinheiro está preso atualmente.
Em março passado, outras sete pessoas, das quais cinco ex-executivos da Eletronuclear, também foram presas e denunciadas por lavagem de dinheiro.
Com informações da Folhapress.
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- 06/07/2017 - Hospital em São Paulo testa técnica inovadora para câncerEinstein tem sucesso em radioterapia localizada para transplante de medula; procedimento foi desenvolvido nos EUA
Einstein tem sucesso em radioterapia localizada para transplante de medula; procedimento foi desenvolvido nos EUA
Fonte: O Estado de S.Paulo
Fernanda Bassette, Especial para o Estado
SÃO PAULO - O Albert Einstein, em São Paulo, é o primeiro hospital brasileiro a usar uma técnica inovadora em radioterapia para preparar pacientes para o transplante de medula óssea com menos efeitos colaterais: trata-se do Targeted Marrow Irradiation (TMI), procedimento desenvolvido pela equipe da University Hospitals of Cleveland, nos Estados Unidos, para "destruir” a medula óssea do paciente com uma irradiação mais focal, localizada, diminuindo o acesso da radiação a outros órgãos e tecidos sadios e, consequentemente, trazendo menos efeitos colaterais.
Segundo Ana Carolina Pires de Rezende, médica radio-oncologista do hospital, todo paciente que faz transplante de medula óssea passa por uma etapa de condicionamento, que é a preparação do organismo para o transplante. Na maioria das vezes, isso envolve realizar sessões de quimioterapia e de radioterapia, com a irradiação do corpo inteiro, sem preservar órgãos vitais que estão saudáveis, como coração, pulmões, intestino e fígado. O problema disso, explica Nelson Hamerschlak, coordenador do Centro de Oncologia e Hematologia do hospital, é que a radiação do corpo todo provoca mais efeitos adversos, como por exemplo uma inflamação do intestino, uma pneumonia, mais indisposição e cansaço, que poderão refletir na qualidade do transplante.
Com o objetivo de reduzir a toxicidade da radioterapia, profissionais de Cleveland desenvolveram uma forma de programar o equipamento de forma que ele atinja efetivamente mais os ossos e o baço – que precisam ser irradiados – e preserve os outros órgãos vitais. Segundo Ana Carolina, essa programação exige um planejamento específico e individualizado de cada paciente, em que o médico indica para o aparelho quais regiões precisam receber a radiação e em qual dose.
"É como se a gente desenhasse e delimitasse os órgãos do paciente para o sistema antes de a máquina fazer a aplicação. É um trabalho extremamente personalizado”, explica a médica. "Ao mesmo tempo que essa radioterapia é menos tóxica, fazendo com que o paciente tolere melhor o tratamento, ela é mais eficiente, pois irradia apenas o que eu preciso, que é a medula”, completa.
O uso dessa técnica não exige um grande investimento dos hospitais em tecnologia. Segundo Hamerschlak, não é necessário comprar um aparelho específico, mas fazer pequenas adaptações do existente e treinar a equipe, especialmente os físicos. "Nossos profissionais acompanharam esse desenvolvimento em nível experimental e foram treinados ao longo de cinco anos”, afirmou. Os pacientes elegíveis para o uso desse método são aqueles que precisam fazer o transplante de medula óssea e tem mais de 60 anos ou tem a saúde fragilizada por outros problemas associados, como desnutrição, baixo peso, entre outros.
Pesquisa
Em parceria com essa equipe de Cleveland, que já usa a técnica como rotina há dois anos, o Hospital Albert Einstein aplicou a radioterapia em dois pacientes no mês de junho, com sucesso. A dose de radiação foi referendada pela equipe americana.
O educador Luiz Fernando Naso, de 63 anos, foi o primeiro a ser beneficiado. Ele descobriu uma leucemia mieloide aguda em março e soube que teria de se submeter ao transplante de medula óssea. Por ter 63 anos, enquadrava-se no perfil do uso da nova radioterapia. "Não fiquei com medo por ser o primeiro. Eu confio e acredito no trabalho do médico. Não tive nenhuma reação e minha única queixa é que a mesa onde o paciente deita é muito dura”, brincou Naso, que passou pelo transplante no dia 6 de junho.
A partir de agora, o hospital vai dar início a um protocolo de pesquisa para testar doses maiores da radiação – sem ampliar a toxicidade. Uma das perguntas a serem respondidas nesse protocolo é se essa técnica reduz os casos de doença do enxerto contra o hospedeiro, uma das principais complicações do transplante, que normalmente acontece por conta da toxicidade da radioterapia. -
- 05/07/2017 - Corrupção torna quase inviável a conclusão das obras de Angra 3Fonte: Jornal do Comercio
O Tribunal de Contas da União (TCU) declarou na semana passada a inidoneidade da empreiteira Engevix, por conta de irregularidades cometidas pela empresa em contratos firmados com a Eletronuclear, nas obras da usina de Angra 3, em construção no Rio de Janeiro. A decisão aprovada pelo plenário do tribunal proíbe a empreiteira, que está sendo investigada na Operação Lava Jato, de participar de qualquer licitação de obras federais pelo prazo de cinco anos.
Em seu voto, o ministro relator, Bruno Dantas, afirmou que, "como é possível observar, a condução do processo de licitação não foi mero acaso, ocasionada por erro ou mesmo por desconhecimento do gestor" do empreendimento. "A condenação criminal demonstrou que eram ações intencionais de modo a direcionar contratos para a Engevix, mediante pagamento de propina, comprovando a fraude ao procedimento licitatório", concluiu o ministro.
A decisão foi tomada após o tribunal colher os argumentos da própria Engevix, além da Eletronuclear e da empresa finlandesa AF Consult, parceira da empreiteira brasileira no projeto. A análise da corte tentou esclarecer irregularidades identificadas no ano passado, envolvendo aditivos irregulares que ultrapassam R$ 20 milhões, além de falhas no processo licitatório. Na decisão, o TCU dá prazo de 15 dias para que Eletronuclear anule esses aditivos.
No início do mês passado, a Polícia Federal (PF) apreendeu uma pasta com documentos relacionados à AF Consult, nas buscas que realizou na empresa do coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer, quando foi deflagrada a Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato decorrente da delação premiada dos donos do Grupo J&F.
Ex-assessor de Temer na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, Lima tem o nome citado em uma troca de e-mails de executivos da Engevix sobre negociações do contrato de Angra 3. A empresa do amigo de Temer participa do contrato "Eletromecânico 1: Área Nuclear da Usina", assinado pela finlandesa AF Consult LTD em 24 de maio de 2012, dois anos após a abertura de concorrência internacional, pelo valor de R$ 162,2 milhões.
Por exigência contratual, a finlandesa teve de subcontratar parcerias nacionais. Foram escolhidas a AF Consult Brasil, criada em 2006, e a Engevix Engenharia, que teve executivos condenados em dois processos da Lava Jato. Angra 3 teria envolvido o pagamento de propinas de 1% nos contratos ao PMDB, partido de Temer, segundo relataram à força-tarefa os delatores das empreiteiras UTC, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
Com obras paralisadas desde 2015 e já tendo consumido R$ 10 bilhões, Angra 3 teve seus custos estimados em mais R$ 17 bilhões para que seja concluída. Para desistir do projeto, seria necessário gastar R$ 12 bilhões, por causa da quitação de seus empréstimos bilionários, desmonte de estrutura, destinação de máquinas e uma infinidade de dívidas. No momento, o governo tenta encontrar um sócio privado que assuma o projeto e conclua a obra, o que não tem prazo para ocorrer.
Na decisão da semana passada, o tribunal decidiu instaurar processos de Tomada de Contas Especial, realizados para detalhar prejuízos e cobrá-los dos envolvidos. A Eletrobras, que controla a Eletronuclear, terá que enviar à corte todos os relatórios produzidos pela Comissão Independente de Investigação, pelo Processo Administrativo Interno da Eletronuclear e pelo escritório americano Hogan Lovells, que apura irregularidades em Angra 3.
Engevix conta com um acordo de leniência para suspender a condenação
A empreiteira Engevix, alvo das investigações da Operação Lavo Jato sobre irregularidades cometidas nas obras da usina nuclear de Angra 3, informou que "mantém firmes negociações com o Ministério Público Federal (MPF) de Brasília" para assinar um acordo de leniência e, com isso, escapar da condenação sofrida no Tribunal de Contas da União (TCU).Da mesma forma que as delações premiadas, que resultam em reduções de pena para os delatores, o acordo de leniência serve para que as empresas reconheçam seus crimes e, a partir daí, tenham possibilidade de negociar a redução de suas punições.
Na semana passada, o plenário da corte declarou a empreiteira inidônea por conta de irregularidades cometidas em contratos firmados com a Eletronuclear, dona de Angra 3. A condenação proíbe a Engevix de participar de qualquer licitação federal por um prazo de cinco anos.
Em seu voto, o ministro relator, Bruno Dantas, afirmou que "a condenação criminal demonstrou que eram ações intencionais de modo a direcionar contratos para a Engevix, mediante pagamento de propina, comprovando a fraude ao procedimento licitatório".
Por meio de nota, a empreiteira afirmou que a decisão "poderá ser revogada caso a empresa conclua o acordo de leniência que já está sendo negociado". O ministro Bruno Dantas declarou em voto, segundo a Engevix, que cabe "tratamento diferenciado àquelas (empresas) que assinam acordos de leniência, por meio do sobrestamento da aplicação da sanção de inidoneidade, face às contribuições apresentadas à Justiça".
A empreiteira declarou que respeita a decisão do TCU, mas discorda de suas conclusões, e "reitera que jamais participou de cartel ou de qualquer ilicitude em procedimentos licitatórios no âmbito da Eletronuclear, que foram amplamente competitivos (inclusive internacionalmente), o que ficou amplamente demonstrado na prova produzida pela investigação criminal".
O processo julgado pelo tribunal se baseou em informações prestadas pela Engevix e pela empresa finlandesa AF Consult, parceira da empreiteira brasileira no projeto. A decisão de declarar a inidoneidade da empresa foi tomada após colher suas justificativas a respeito de uma série de irregularidades.
Ainda assim, a companhia declarou que, "em razão de não ter sido concedido prazo para estudo e defesa no processo, a Engevix se viu impedida de demonstrar seus argumentos" e que, "diante de tal situação, a empresa tomará as medidas legais e adotará as soluções jurídicas para salvaguardar seus interesses e restabelecer com brevidade seus direitos".
"Isso será feito assim que for dada à empresa vista dos autos para que a empresa possa se defender", informou a companhia. "A Engevix assevera que mantém firmes negociações com o Ministério Público Federal de Brasília do acordo de leniência que espera encaminhar em pouco tempo."
No mesmo dia da condenação, a Engevix distribuiu nota dizendo que discorda de suas conclusões. O TCU declarou a inidoneidade da Engevix, por conta de irregularidades cometidas pela empresa em contratos firmados com a Eletronuclear, nas obras da usina de Angra 3, em construção no Rio de Janeiro.
A Engevix reafirma que "jamais participou de cartel ou de qualquer ilicitude em procedimentos licitatórios no âmbito da Eletronuclear ou em qualquer procedimento administrativo, o que ficou amplamente demonstrado na prova produzida pela investigação criminal".
"Em razão de não ter sido concedido prazo para estudo e defesa no processo, a Engevix se viu impedida de demonstrar seus argumentos. Diante de tal situação, a empresa tomará as medidas legais e adotará as soluções jurídicas para salvaguardar seus interesses e restabelecer com brevidade seus direitos. Isso será feito assim que as vistas dos autos sejam concedidas para que a empresa possa exercer sua defesa."
Eletrobras garante que grupos estrangeiros têm interesse na obra
Quatro grupos estrangeiros já demonstraram interesse em participar do projeto de construção da usina nuclear de Angra 3, afirmou, na semana passada, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior. As obras estão paradas desde 2015 em razão do envolvimento no escândalo de corrupção da Lava Jato. Segundo o executivo, empresas de Rússia, China, Coreia do Sul e França já manifestaram disposição para participar do projeto. "Só eu já recebi quatro interessados em ser parceiros da Eletronuclear", disse.
O presidente da Eletrobras espera que o governo federal e o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definam até setembro o futuro da usina, que tem 63% de obras prontas. A expectativa é que as obras sejam reiniciadas somente em 2019.
A busca de parceiros para a conclusão das obras é uma das hipóteses em estudo. Mesmo neste cenário, porém, a operação da usina, que é monopólio da União, continuaria a cargo da Eletronuclear. Já foram gastos R$ 10 bilhões no projeto, dos quais R$ 8 bilhões são referentes a empréstimos.
"É mais barato viabilizar a conclusão da obra do que quitar os financiamentos", disse Ferreira Júnior. As obras de Angra 3 já tinham ficado paradas durante 23 anos, quando foram retomadas em 2008. O envolvimento do projeto em denúncias de corrupção levou à prisão do então presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro.
Em entrevista na semana passada, Ferreira Júnior comentou a polêmica recente na empresa depois que foi divulgado um áudio no qual conversa com sindicalistas e afirma que 40% dos funcionários são inúteis e vagabundos.
Ele reiterou que pediu desculpas após o mal-estar, que a conversa se referia a cargos comissionados, mas ressaltou que as metas de redução de gastos e pessoal estão mantidas. Ferreira Júnior assumiu a presidência da Eletrobras com a tarefa de equilibrar as contas da estatal.
"De fato, exagerei. As pessoas não são vagabundas nem safadas. Eu me arrependo disso e me desculpei no primeiro dia, foi no calor da discussão. Óbvio que a generalidade que fiz é equivocada e errada, e por isso me desculpo. Mas temos uma agenda a enfrentar e quero contar com cada um dos empregados e dos gestores para tocar essa agenda."
Segundo o executivo, ele espera conseguir reduzir os gastos com pessoal de todo o grupo Eletrobras de R$ 6 bilhões para R$ 3,5 bilhões. O corte de custos deve incluir R$ 900 milhões com aposentadoria de empregados, R$ 600 milhões com redução de gastos administrativos por meio da adoção do plano de incentivo à demissão, R$ 700 milhões com a redução de pessoal após a privatização de seis distribuidoras das regiões Norte e Nordeste, e R$ 300 milhões com outras economias.
"A agenda de produtividade e eficiência da companhia é para ser colocada para todos os gestores e empregados da Eletrobras. Não tem outra agenda mais importante do que essa, além da questão da redução da dívida."
Os empregados do grupo Eletrobras anunciaram uma paralisação de 48 horas para protestar contra o não pagamento de Participação nos Lucros em 2016 e o descumprimento de cláusulas do acordo coletivo em vigor até 2018, que prevê negociação quando ocorre mudança de função do trabalhador.
Emanuel Mendes, diretor do Sintergia-RJ, o sindicato que reúne os trabalhadores da Eletrobras, afirmou que a redução de pessoal precisa ser discutida. "Ele (Wilson Ferreira) está fazendo a reestruturação unilateralmente, não está discutindo com a categoria", afirmou.
Em evento realizado na semana passada pelo grupo Lide Rio, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que a companhia já teria condições de obter o grau de investimento pelas agências de risco, mas que isso não ocorre, porque o País também perdeu seu selo de bom pagador. Ele destacou as melhorias nos últimos meses e confirmou que foram retomadas as negociações com a Sete Brasil, que está em recuperação judicial.
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- 04/07/2017 - Bressiani assume Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da CNENFonte: Site CNEN
José Carlos Bressiani foi empossado, na manhã desta terça-feira (4/7), no cargo de diretor da Diretoria Pesquisa e Desenvolvimento (DPD)da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A cerimônia de posse foi realizadana sede da instituição, no Rio de Janeiro, com a presença do presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, além dos demais membros da direção. Dentre inúmeros cargos de relevância, Bressiani foi diretor doInstituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – Ipen/CNEN,de 2012 a 2017.Bressiani é engenheiro de materiais pela Universidade Federal de São Carlos, mestre pelo Ipen, doutor pelo Instituto Max-Planck/Universidade de Stuttgart – Alemanha e pesquisador do Ipen/CNEN desde 1975. É coordenador de vários projetos de pesquisa financiados por FINEP, CNPq, PADCT, CAPES e FAPESP. Dentre eles, três são de cooperação internacional, sendo dois com instituições alemãs e um envolvendo instituições do Canadá e da Argentina. Bressiani atuou como orientador de 16 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, é autor/co-autor de mais de 370 trabalhos científicos (revistas, capítulos de livros e anais), foi membro de diversos conselhos técnicos, de conselhos universitários e de comissão de pós-graduação.
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- 30/06/2017 - De pai do programa nuclear à prisão: Quem é o Vice-Almirante que chefiou ações secretas e corrupção estatalFonte: Jornal Zero HoraEm 40 anos servindo à Marinha, o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva tarimbou-se em operações sigilosas. Mentor do programa nuclear brasileiro durante quatro governos sucessivos, gerenciou contas secretas bilionárias, manteve contatos reservados com cientistas estrangeiros, importou equipamentos vetados ao Brasil por potências atômicas e foi monitorado por agente da CIA que, durante dois anos, morou em um apartamento colado ao seu.
Tamanha eficácia legou ao país a construção de ultracentrífugas para o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento de uma tecnologia nacional para a propulsão nuclear de submarinos. Aclamado pelas Forças Armadas e pela comunidade científica, recebeu oito medalhas militares e dezenas de honrarias. Chamado de lenda viva na caserna e na academia, encerrou a carreira em 2015, quando três homens armados entraram em sua casa.
Segunda ação em desdobramento da Lava-Jato que teve o ex-presidente da Eletronuclear como alvo
O relógio recém marcara 6h em 28 de julho, e o sol ainda despontava no horizonte quando uma viatura da Polícia Federal (PF) estacionou em frente ao número 75 da Rua Ipanema, uma alameda da Barra da Tijuca, no Rio, distante poucas quadras da praia. Subiram ao apartamento 1.501 e foram recebidos pela empregada doméstica Kelly Guimarães, a quem perguntaram pelo dono da casa.
— Está dormindo — disse.
Orientada a acordá-lo, voltou à sala com semblante petrificado. Quando os policiais se dirigiram ao cômodo, a porta estava trancada. Lá de dentro, Othon avisou que era vice-almirante e exigia ser tratado com respeito. Alertado de que havia mandado de busca e apreensão a ser cumprido, exigiu a presença de um almirante, posto superior ao seu na hierarquia militar.
— Vou meter bala — ameaçou Othon.
Abrigados nos demais cômodos do amplo apartamento, os agentes sacaram as pistolas. Chefe da operação, o delegado Wallace Soares deu dois chutes na porta e disse que iria arrombá-la. Ouviu-se então o barulho da fechadura. Othon recebeu ordem para sair devagar com as mãos na cabeça. Mal se abriu um pequeno vão, o militar atracou-se aos agentes.
A pancadaria só acabou com o vice-almirante algemado, sentado ao chão.
Como chefe da Eletronuclear, criou esquema de corrupção em Angra 3
"Mesmo imobilizado, o senhor Othon Luiz Pinheiro da Silva continuou inquieto, gritando que não podíamos agir daquela forma, que ele é um vice-almirante da Marinha, que deveria haver no mínimo um vice-almirante no local. Expliquei novamente que se tratava de um mandado expedido pela Justiça do Paraná e que Polícia Federal estava no local para cumpri-lo", escreveu o delegado em relatório para a coordenação da Lava-Jato.
No quarto, os agentes apreenderam seis armas: uma pistola .40 e um revólver calibre 38, em nome do militar, além de um revólver Colt 357, um pistola Glock 9 mm, um Taurus 38 e uma pistola Bayard calibre 6.35, todas sem registro. O mandado decretava ainda a prisão temporária de Othon, por suspeita de recebimento propina na usina nuclear Angra 3.
Aos 76 anos, militar presidia a Eletronuclear desde 2005. Havia sido um retorno triunfal. À frente de posto estratégico e de orçamento bilionário, Othon jamais desfrutara de tanto poder. Frequentava o Planalto com assiduidade, confabulava com ministros e presidentes de empreiteiras. Indicou dois comandantes da Marinha e tornou-se amigo de Dilma Rousseff, de quem quase foi chefe da Casa Civil após a demissão de Gleisi Hoffmann, em 2014.
Na Eletronuclear, sua missão foi retomar as obras de Angra 3, colosso energético projetado para gerar 12 milhões de megawatts-hora por ano, capacidade suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte. Para tanto, evitou uma nova licitação e reativou um antigo contrato assinado em 1983 com a Andrade Gutierrez. De 2005 a 2015, Othon assinou 13 aditivos com a construtora, no valor de R$ 3 bilhões.
Ao mirar o setor energético, a Lava-Jato encontrou na estatal um "gigantesco esquema criminoso", envolvendo um cartel formado por 16 construtoras, entre as quais gigantes como OAS, Odebrecht, Camargo Corrêa e Mendes Júnior. Presos, executivos disseram que Othon teria começado a pedir propina antes mesmo do começo das obras na usina. Com uma das filhas, foi acusado de montar esquema de lavagem de dinheiro para receber R$ 4,5 milhões em suborno, com empresas laranjas no Brasil e offshores no Exterior.
Condenado por seis crimes, nega as acusações e recorre no TRF2
Em agosto de 2016, um ano após ter a casa varejada pela PF, Othon recebeu a maior pena individual entre os todos 144 condenados na Lava-Jato: 43 anos, cinco meses e 50 dias. Ao final das 159 páginas em que descreve os crimes cometidos por Othon, o juiz federal Marcelo Bretas considerou-o culpado por corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, evasão de divisas e embaraço à investigação. Para o magistrado, o militar, "portador como poucos de segredos de Estado num tema que sempre foi muito caro às maiores potências mundiais, abriu mão de sua honrada história de estudos e trabalhos à nação brasileira para obter vantagens indevidas, agindo com desprezo pela instituição que o acolheu com honras de chefe máximo."
Othon recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Nega as acusações e disse que o dinheiro recebido de empreiteiras financiaria projeto de turbinas para gerar energia a partir de pequenas quedas d'água.
Mestrado em Engenharia Nuclear pelo MIT
Em 1974, o ministro da Marinha, Geraldo Henning, estava fascinado pela tecnologia nuclear. Recém chegado de um viagem da Bahia ao Rio em um submarino atômico americano, relatou a experiência ao almirante Eddy Espellet. O interlocutor revelou que havia designado um capitão-de-corveta para acompanhar, no Reino Unido, a construção de submarinos Tonelero. Sugeriu então enviar o jovem Othon Luiz Pinheiro da Silva, em quem enxergava "liderança, iniciativa e entusiasmo", para estudar o tema nos Estados Unidos.
Ao retornar, quatro anos depois, Othon lustrava o currículo com mestrado em Engenharia Nuclear pelo prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT). Mas a Marinha não sabia o que fazer com ele. Na semana seguinte ao desembarque, foi levado à sala do diretor-geral de Material da Marinha, almirante Maximiano da Fonseca.
— Você, que cursou esse negócio, quais as nossas chances de ter uma produção nuclear aqui no Brasil? — perguntou o oficial.
Líder de pesquisas militares, Othon geria contas secretas do governo
Othon pediu três meses para produzir um relatório. Findo o prazo, entregou um calhamaço no qual sugeria a criação de um programa para dominar o ciclo do combustível nuclear — tema de sua dissertação de mestrado no MIT — e a propulsão atômica de submarinos. A apresentação selou seu destino. Pelas duas décadas seguintes, presidiu diversos órgãos militares e civis, sempre dirigindo todas as pesquisas nucleares do governo.
— O papel do vice-almirante Othon é central no programa brasileiro de enriquecimento de urânio com ultracentrífugas. Criou novos materiais, geometrias, a divisão de cada componente. É uma tecnologia conhecida, faz parte do inconsciente coletivo científico. Mas há diferença entre saber que é possível fazer e efetivamente fazer. Ele fez — diz o pesquisador da USP Alexandre Ramos, pós-doutor pela Stony Brook University, de Nova York e autor de estudos de fissão-fusão nuclear.
Cortejado por cientistas, Othon viveu trajetória de thriller de espionagem. De 1983 a 1986, administrou uma das quatro contas secretas mantidas pelo governo para custear o programa nuclear. Para proteger o dinheiro da inflação, tinha aval do próprio presidente João Figueiredo para investir no overnight — aplicação renovada diariamente — e garantir correção monetária. A existência das contas foi revelada pela jornalista Tânia Malheiros, autora do livro Histórias Secretas do Brasil Nuclear. Segundo Tânia, a conta denominada Delta IV era usada por Othon para "pagamentos suplementares, espécie de caixa 2 do pessoal da máxima confiança da Marinha". Nos anos 1990, Othon se valeu da Guerra do Golfo para obter equipamento fundamental a suas pretensões. O Iraque havia encomendado à Alemanha uma máquina de última geração para produzir ultracentrífugas de fibra de carbono. Com a invasão do Kuweit pelos iraquianos, a entrega foi cancelada, e Othon convenceu um técnico alemão a vender a tecnologia. Em 1996, dois dias após o lançamento do livro de Tânia, Karl-Einz Schaab foi detido pela Polícia Federal porque havia mandado de prisão contra ele expedido pelo Supremo Tribunal Federal a pedido do governo alemão.
Expedientes heterodoxos levaram à aposentadoria a contragosto
Apesar dos avanços científicos, os métodos do vice-almirante incomodavam a Marinha. Sem autorização dos superiores, em 1993 ele contratou duas empresas chefiadas por oficiais da ativa e da reserva que colocaram mais de 400 pessoas trabalhando em projetos especiais da corporação. Logo após a contratação, desconfiou que estava sendo monitorado por um casal que vivia rondando sua casa, em São Paulo. Não teve dúvidas. Dirigiu-se ao carro onde a dupla estava e colocou uma pistola na cabeça do motorista. Eram o cabo Marcelo Ferreira Miranda e a segundo-sargento Kátia de Assis Guimarães, que investigavam Othon por ordem do Centro de Inteligência da Marinha.
Na mesma época, o oficial esteve na mira do serviço secreto americano. Morava no apartamento 191 de um prédio no bairro dos Jardins. Logo abaixo, no número 181, vivia Ray H. Allard, oficialmente um agente de informações do consulado dos Estados Unidos na cidade. Relatório confidencial da Marinha diz que Allard desocupou o imóvel em 26 de julho de 1994. "Seu retorno pode ter objetivo de eliminar provas do constrangimento que causou" a Othon, diz o documento.
Havia intrigas demais na caserna, e o vice-almirante acabou retirado de cena. Ganhou do presidente Itamar Franco a Grã Cruz da Ordem do Mérito Científico Nacional e foi mandado para casa pelo ministro da Marinha, Ivan Serpa. Na reserva a contragosto, escondeu centenas de documentos, entre os quais contratos, detalhamento de despesas e planilha na qual contabiliza ter gasto US$ 668 milhões no período em que liderou o programa nuclear.
Revoltado com o expurgo revestido de homenagem, prestou concurso para retornar à Comissão Nacional de Energia Nuclear. Tirou primeiro lugar, mas jamais foi nomeado. Othon só voltaria a ter destaque no programa nuclear brasileiro com o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a Eletronuclear em 2005. Hoje cumpre pena em uma base da Marinha em Duque de Caxias.
Othon apresenta currículo respeitável
Formação acadêmica
— 1960 — Oficial de Marinha do Corpo da Armada
— 1966 — Engenharia Naval. Cursou simultaneamente as especialidades de Arquitetura Naval e Máquinas
— 1978 — Mestrado em Engenharia Mecânica pelo MITAtuação profissional
— Atingiu o posto de vice-almirante no corpo de engenheiros e técnicos navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros.
— Fundador e responsável pelo programa de desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear e da propulsão nuclear para submarinos de 1979 a 1994.
— Autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio.
— De 1982 a 1984 foi diretor de pesquisas de reatores do Ipen.
— Autor do projeto de concepção da instalação de propulsão nuclear para submarinos brasileiros e do reator de teste, protótipo de terra dessa instalação.
— Coordenador de projeto e desenvolvimento dos laboratórios de grande porte, necessários à validação experimental de equipamentos e componentes do sistema de propulsão nuclear para submarinos, assim como projeto e desenvolvimento desses equipamentos e componentes e sua fabricação na indústria brasileira.
— Diretor-presidente da Eletrobras Eletronuclear.
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- 29/06/2017 - CDMF teve trabalho premiado no 61º Congresso Brasileiro de Cerâmica 2017Prof. Dr. Reginaldo Muccillo orienta pesquisadora com trabalho premiado no 61 CBC
Prof. Dr. Reginaldo Muccillo orienta pesquisadora com trabalho premiado no 61 CBC
Fonte: Site CDMF
Daniela Caceta
O trabalho "Propriedades físicas de compósitos de céria-samária/carbonatos fundidos para aplicação como membranas para separação de CO2” da bolsista de pós-doutorado/CNPq, Dra. Tatiane Cristina Porfírio, apresentado no 61 Congresso Brasileiro de Cerâmica em Gramado (RS), foi premiado como a melhor contribuição do congresso, o evento contou com mais de 400 participantes no 4 a 7 de Junho de 2017.
ApresentadoraTatiane Cristina PorfirioAutores(Instituição)Porfirio, T.C.(Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares);
Muccillo, R.(Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares)ResumoQuestões ambientais como efeito estufa, emissões de CO2, aquecimento global e alterações climáticas têm impulsionado pesquisas no desenvolvimento de tecnologias para redução dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera provenientes da queima de combustíveis fósseis. Uma das soluções mais investigadas nos últimos anos é a captura de CO2 através de membranas inorgânicas compósitas com condução iônica. As membranas são constituídas de uma fase sólida que serve de suporte para uma fase líquida composta de uma mistura eutética de carbonatos alcalinos. Neste trabalho, a fase cerâmica constituída por uma estrutura porosa de céria-samária, foi preparada com frações volumétricas entre 0 e 50% de fluoreto de lítio – LiF como formador de poros. A consolidação foi feita por aquecimento até próximo do ponto de fusão de LiF para formar uma fase líquida, seguida por sua eliminação por capilaridade sob aquecimento a 1500°C, promovendo a porosidade intergranular e a densificação da estrutura esqueletal. A densidade aparente foi avaliada pelo método de Arquimedes, a distribuição de poros por microscopia eletrônica de varredura e as propriedades elétricas por espectroscopia de impedância eletroquímica na faixa de frequência de 5 Hz – 13 MHz e temperaturas de 250 a 500°C. Os principais resultados mostram elevada densidade esqueletal e que as propriedades elétricas do eletrólito são fortemente afetadas pela fração de poros presentes na cerâmica. A membrana compósita para separação de dióxido de carbono foi formada a partir da impregnação dos poros com uma mistura eutética de carbonatos de lítio e potássio – (LiK)2CO3 – a alta temperatura, sob vácuo. O aumento da condutividade total foi verificado por espectroscopia de impedância entre 250 e 850°C. A percolação dos carbonatos fundidos entre os poros da cerâmica foi verificada por microscopia eletrônica de varredura e microscopia de varredura por sonda.
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- 29/06/2017 - Burocracia trava início da operação dos escâneres corporais em 14 unidades prisionais de SCUm trâmite burocrático tem impedido o início da operação dos escâneres corporais em 14 unidades prisionais de Santa Catarina. Os 12 aparelhos foram locados e instalados em maio, porém ainda não estão em funcionamento devido à falta de um certificado da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para os funcionários que operarão as máquinas.
Um trâmite burocrático tem impedido o início da operação dos escâneres corporais em 14 unidades prisionais de Santa Catarina. Os 12 aparelhos foram locados e instalados em maio, porém ainda não estão em funcionamento devido à falta de um certificado da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para os funcionários que operarão as máquinas.
Fonte: Diário Catarinense
Segundo o Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap), todos os funcionários já passaram pelo treinamento obrigatório e a documentação já foi enviada para a CNEN. Os requerimentos têm um prazo de 30 dias para serem avaliados. A expectativa do Deap é que alguns aparelhos entrem em operação em até três semanas, e que todos eles já estejam funcionando num prazo máximo de 45 dias."Importante salientar que os equipamentos foram instalados dentro do prazo e estão em plenas condições de operar, dependendo exclusivamente da liberação da CNEN", afirma o Deap.
Apesar dessa afirmação, em abril o governo do Estado havia prometido que todas os aparelhos estariam em funcionamento até o fim do mês de maio.
A CNEN foi procurada pela reportagem do DC e afirmou que já recebeu cinco requerimentos — um no dia 14 e os outros quatro no dia 19 desse mês — da Secretaria de Justiça e Cidadania de Santa Catarina, órgão ao qual o Deap está vinculado. A comissão nacional ainda reafirmou que o prazo de análise é de 30 dias.
A Deap explica ainda que, no caso de Florianópolis e do Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí, um aparelho servirá tanto para a penitenciária quanto para o presídio, o que explica o fato de serem 12 escâneres para as 14 unidades prisionais, que abrigam 60% da população carcerária do estado. O juiz João Marcos Buch também explicou que não levou em consideração a situação dos escâneres no pedido de interdição do presídio de Joinville.
A instalação dos escâneres têm por objetivo acabar com as chamadas revistas vexatórias — as revistas íntimas a que parentes e amigos são submetidos durante as visitas prisionais. Em maio de 2016, o DC publicou uma reportagem sobre o tema (veja abaixo o vídeo feito na época).
Veja os locais que contarão com escâneres corporais
- Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí
- Presídio de Joinville
- Penitenciária Industrial de Joinville
- Penitenciária de Florianópolis
- Complexo Penitenciário de São Pedro de Alcântara
- Penitenciária Agrícola de Chapecó
- Penitenciária Industrial de Chapecó
- Penitenciária Sul de Criciúma
- Presídio de Criciúma
- Penitenciária de Curitibanos
- Penitenciária Industrial de Blumenau
- Presídio Regional de Blumenau -
- 29/06/2017 - Brasil pode ser autossuficiente em fármacos contra câncerFonte: SEGSCentenas de milhares de brasileiros se submetem a cada ano a exames de cintilografia e PET-Scan, entre outros, usados para diagnóstico de câncer e doenças cardíacas, e fazem uso de radiofármacos para tratamento de tumores. Entre eles certamente está um incontável número de militantes que são contra a construção de reatores nucleares, mesmo destinados a fins pacíficos, e desconhecem as aplicações e os incalculáveis benefícios da medicina nuclear.
Os radiofármacos são substâncias radioativas usadas, em quantidades mínimas e de forma segura, como ferramenta para acessar o funcionamento de órgãos e tecidos vivos, produzindo imagens e diagnósticos e auxiliando o tratamento. Com baixa radioatividade, essas substâncias não oferecem riscos quando aplicadas.
O Brasil importa da França, Rússia e África do Sul radioisótopos, insumo para a produção dos radiofármacos, que são repassados a clínicas e hospitais. Esses permitem a realização anual de 2 milhões de procedimentos de medicina nuclear, número bem inferior à demanda nacional. Para se ter uma ideia, a vizinha Argentina realiza cinco vezes mais procedimentos.
Pior: aumenta a cada ano o número de pacientes que precisam de exames médicos que fazem uso de tecnologia nuclear, mas não se amplia o acesso a ela, principalmente das populações mais carentes. O Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, é responsável por apenas 30% da demanda nacional. E 80% dos quase 400 mil procedimentos de diagnóstico realizados pelo SUS são da esfera privada. Soma-se a isso o baixo acesso de populações fora do Sul/Sudeste a tecnologias proporcionadas pela medicina nuclear.
Para tornar o País autossuficiente na produção de radioisótopos, a Comissão Nacional de Energia Nuclear e a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. iniciam o desenvolvimento do projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujo maior objetivo é tornar o país autossuficiente na produção de radiofármacos. Criada há menos de quatro anos, a Amazul desenvolve tecnologias sensíveis para o Programa Nuclear da Marinha, Programa Nuclear Brasileiro, no qual se insere o RMB, e Programa de Desenvolvimento de Submarinos.
A construção do RMB permitirá pelo menos duplicar a oferta de medicina nuclear para atender à população.
O terreno para a construção do RMB já foi cedido pela Marinha do Brasil. O projeto básico de engenharia já está pronto. As licenças prévias já foram concedidas. E os recursos para o projeto detalhado, da ordem de R$ 150 milhões, já estão disponibilizados via Finep, empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação.
O que falta para que esse projeto saia do papel e cumpra suas funções científicas, tecnológicas e, sobretudo, sociais?
Falta o principal, que é a garantia de recursos para que o empreendimento não sofra mais atrasos. Todos sabem que projetos estratégicos como este costumam ser estrangulados pela falta de recursos provocada seja por crises cíclicas, seja pela mudança de prioridades dos sucessivos governos.
Para a garantia de recursos, é necessária a conscientização e o apoio da sociedade, principalmente dos setores organizados, de instituições das áreas de tecnologia e saúde, da Imprensa e dos parlamentares sobre a importância do RMB, um empreendimento que absorverá cerca de US$ 500 milhões.
Não é só a área de saúde que será beneficiada pela construção do RMB, pois as aplicações dos radioisótopos se estendem à indústria, ao meio ambiente e à agricultura, por meio de traçadores nucleares.
Além disso, o empreendimento desenvolve capacidade nacional para testar e qualificar materiais e combustíveis nucleares, e amplia conhecimento e segurança em projetos de reatores de potência, que podem ser usados seja para geração de energia, seja para propulsão naval.
O RMB é uma conquista de todos nós.
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- 28/06/2017 - ExpoT&C traz inovações tecnológicas desenvolvidas no Brasil para a UFMGA 24ª Exposição de Tecnologia e Ciência (ExpoT&C) é parte da programação da 69ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada de 16 a 22 de julho na UFMG, em Belo Horizonte
A 24ª Exposição de Tecnologia e Ciência (ExpoT&C) é parte da programação da 69ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada de 16 a 22 de julho na UFMG, em Belo Horizonte
Fonte: Jornal da CiênciaResultados de modelagem tridimensional que incluem desde protótipos de desenho industrial, como cadeira de rodas e embalagens para frutas, até a impressão de um braço mecânico poderão ser vistos pelo público de 17 a 22 de julho no estande do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), durante a 24ª Exposição de Tecnologia e Ciência (ExpoT&C).
A mostra, que integra a programação da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), vai funcionar em estrutura de 115 por 40 metros instalada no gramado da Reitoria, no campus Pampulha. A exposição do INT ficará no estande do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Em 23 estandes, o público vai conhecer pesquisas, inovações, produtos tecnológicos, livros didáticos e informações sobre o trabalho desenvolvido em institutos de pesquisa, universidades, agências de fomento, entidades governamentais e outras organizações interessadas em divulgar e difundir novas tecnologias, produtos e serviços.
Nesta 24ª edição, estão confirmadas as presenças da Capes, da Marinha, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do ProQuest, do DAAD, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), da Ofício das Letras, da República do Saber, da Confap, da Fapemig, da Fapesp e da Fapeal – fundação de Alagoas, estado que receberá a próxima edição da SBPC –, entre outros expositores.
INT
Precursor na utilização das impressoras 3D no Brasil, o INT mostrará detalhes do funcionamento e uso dessa tecnologia, que vem transformando a forma de conceber produtos.
Outra atração do estande do Instituto serão as imagens microscópicas e as nanométricas, que revelam aspectos da matéria na dimensão de um milhão de vezes menor que o milímetro.
Obtidas pelos microscópios eletrônicos de varredura e de transmissão do Centro de Caracterização em Nanotecnologia (Cenano), as imagens integram pesquisas desenvolvidas em várias áreas do INT, que envolvem caracterização de materiais para análises de falhas ou de processos químicos e desenvolvimento de novos materiais, catalisadores e produtos.
Há também curiosidades como fibras de um fio de cabelo ou um ovo do mosquitoAedes aegypti, que integram estudos de outros institutos de pesquisas, empresas e universidades que utilizam parte do tempo desse espaço de microscopia eletrônica.
No estande do INT, também será possível obter informações sobre suas diversas áreas de pesquisa e seu serviço como unidade credenciada da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Indústria (Embrapii).
A Unidade Embrapii INT apoia empresas no desenvolvimento de produtos e processos inovadores em Tecnologia Química Industrial, abrangendo soluções em petróleo, gás e petroquímica, química de renováveis, biocombustíveis, agroindústria, polímeros e na síntese de estruturas orgânicas e inorgânicas.
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- 28/06/2017 - Em 30 anos, Brasil alcança o estado da arte na tecnologia de luz síncrotronLNLS abriu as portas em 1987, inaugurando uma nova fase para as pesquisas científicas. Hoje, laboratório se prepara para a quarta geração de luz síncrotron, que colocará a ciência brasileira em novo patamar
LNLS abriu as portas em 1987, inaugurando uma nova fase para as pesquisas científicas. Hoje, laboratório se prepara para a quarta geração de luz síncrotron, que colocará a ciência brasileira em novo patamar
Fonte: Jornal da CiênciaEm 1897, usando um tubo de vidro sem ar, o físico britânico J. J. Thomson aplicou uma carga elétrica negativa em um dos lados desse vidro e conseguiu retirar das moléculas de gás restantes no interior do equipamento alguns de seus elétrons. Estava comprovada a existências dos elétrons, e o mais importante: descobriu-se que, quando estimulados, os elétrons emitem radiações que – a depender do elemento – geram feixes de luzes de cores variadas. Esse estado, entretanto, é instável e, depois de excitados, os elétrons rapidamente perdem a energia adquirida em forma de radiação e retornam para o seu estado original. Quase 100 anos depois da descoberta de Thomson, pesquisadores brasileiros realizaram a primeira volta de elétrons de um acelerador de partículas localizado no hemisfério sul com o anel UVX, máquina de segunda geração. Foi no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), em 1996, e só foi possível após um esforço que durou dez anos.
"Podemos dizer que o marco do início do LNLS foi em 1987, quando tudo começou a ser projetado. Uma iniciativa totalmente brasileira que partiu do zero há 30 anos, contratando jovens sem conhecimento técnico aprofundado. Foi um enorme desafio para pesquisadores e profissionais brasileiros construir a primeira fonte de luz síncrotron nacional”, afirma o diretor do LNLS, Antonio José Roque.
Foi em 1996 a primeira volta de elétrons do LNLS, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). No ano seguinte, as portas foram abertas para funcionar como laboratório aberto. Até hoje, o Brasil é o único país da América Latina a possuir um equipamento gerador de radiação síncrotron por meio dos elétrons. "É a única estrutura das Américas e foi a primeira do hemisfério Sul. Hoje, a Austrália também possui uma fonte de luz síncrotron”, diz o pesquisador.
Desde que as portas do LNLS foram abertas para os usuários, são realizadas pesquisas utilizando a fonte de luz síncrotron em diversas áreas do conhecimento, passando pela agricultura, medicina, paleontologia, ciências materiais e engenharia. "Quando abriu as portas, o número de usuários no LNLS era de 200 pesquisadores. Hoje, recebemos em torno de 1,2 mil por ano. No cadastro de usuários temos algo em torno de 6 mil pesquisadores. Um crescimento gigantesco. Passamos de sete linhas de luz para um total instalado de 18. A quantidade de áreas que hoje se beneficiam dessa estrutura cresceu enormemente ao longo desses anos e continua sendo um esforço regular do laboratório”, explica Antonio Roque.
Cerca de 400 pesquisas são desenvolvidas por ano no LNLS – 80% são do Brasil e 20% do exterior. O síncrotron é uma ferramenta que pode atuar em qualquer área do conhecimento. Mas há limitações. O equipamento não permite a visualização tridimensional das estruturas celulares e atua na escala micrométrica, enquanto, hoje, as pesquisas já alcançam a resolução nanométrica. Mas isso deve mudar com o Projeto Sirius, em construção no LNLS desde dezembro de 2014.
Quarta geração de luz
O Sirius é um dos primeiros anéis de armazenamento síncrotron de quarta geração do planeta, projetado para ter o maior brilho dentre os equipamentos na sua classe de energia. A estrutura deve contribuir para a internacionalização da ciência brasileira por meio do aumento da presença de estrangeiros entre os usuários do LNLS. O Sirius deve abrir novas perspectivas de pesquisa em áreas como ciência dos materiais, nanotecnologia, biotecnologia, física e ciências ambientais.
"Em 30 anos, o Brasil se coloca como uma liderança mundial nesse tipo de infraestrutura e no apoio à ciência, pesquisa e a inovação. Certamente, o Sirius é um dos investimentos mais bem sucedidos do País, como a Petrobras, a Embraer e a Embrapa, no sentido de prover uma ferramenta de importância ampla. Um laboratório nacional aberto com investimento público e que com tecnologia nacional consegue construir e operar esse complexo equipamento em padrões internacionais”, ressalta o diretor do LNSL.
O Sirius poderá ter até 40 linhas de luz. A primeira fase prevê a construção de 13 linhas, que serão capazes de cobrir todas as técnicas que existem hoje. A expectativa é que as atividades tenham início em 2018, ampliando o conhecimento científico em diversas áreas.
"Hoje, a limitação do nosso síncrotron de segunda geração impede que estudos mais avançados sejam feitos. A gente consegue fazer uma tomografia na escala de micrômetro, enquanto as perguntas e o mundo estão conseguindo ter resolução nanométrica. Temos grandes limitações do ponto de vista de experimentos dinâmicos: enxergar como as estruturas dos sistemas mudam ao longo do tempo, por exemplo. É preciso de um equipamento que tenha um brilho muito alto, e é isso o que alcançamos com o Sirius. Ou seja, vai elevar o patamar das pesquisas que poderão ser realizadas no País para níveis de maior competição mundial que se possa imaginar”, explica.
Infraestrutura
Com mais de 500 metros de circunferência, o Sirius será a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil. A construção do projeto, no campus do CNPEM, segue de acordo com do cronograma inicial, com cerca de 50% das obras já concluídas. Em dois anos, deve ocorrer a primeira volta de elétrons no Sirius. A abertura da fonte de luz acontecerá um ano depois, em 2019.
Além de elevar o nível das pesquisas no País e atrair interesse de pesquisadores de outros países, a construção do Sirius vem contribuindo enormemente para a formação de recursos humanos especializados, aquisição de produtos e componentes nacionais e internacionalização das empresas.
"Até 85% dos componentes adquiridos para construção do Sirius são provenientes do Brasil. O investimento feito retorna diretamente ao País com empregos, impostos, e tem toda uma cadeia de desenvolvimento movimentada pelo projeto. Além disso, o Sirius eleva o patamar de várias destas empresas. Muitas delas, hoje, se preparam para exportação. Ou seja, houve um esforço de transferência de tecnologia nacional, e o projeto contribui nessa perspectiva. Com o Sirius, o Brasil conseguirá atrair e colocar os nossos pesquisadores em pé de igualdade para discutir e estruturar projetos que possam trazer benefícios, colocando o País num cenário mundial mais competitivo”, avalia Roque.
Comemorações
Para comemorar os 30 anos do LNLS, uma extensa programação será oferecida ao público neste sábado (1º), no evento gratuito "Ciência Aberta”. No campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, onde está localizado o LNLS, os visitantes poderão assistir palestras do "Chopp com Ciência”, aprender sobre ciência e tecnologia de forma lúdica com o Laboratório Avançado de Bricks, visitar o espaço educativo com o caminhão "Oficina Desafio” e participar de experiências no "Show da Física”. A programação inclui visitas guiadas às instalações do LNLS, incluindo o Projeto Sirius. Ano passado, durante as comemorações pelos 20 anos da primeira volta de elétrons, o evento recebeu cerca de 3 mil pessoas.
MCTIC
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- 27/06/2017 - Maggi pede a construção da unidade de radioterapia em RondonópolisFonte: FolhamaxDa Redação
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, reuniu-se na manhã desta terça-feira (27) com seu colega da Saúde, Ricardo Barros, para pedir agilidade na construção da unidade de tratamento de radioterapia da Santa Casa Rondonópolis. Pelo cronograma do Ministério da Saúde apenas a junho de 2019 que a unidade seria inaugurada.
Blairo Maggi também se reuniu com o ministro Osmar Terra, do Desenvolvimento Social e Agrário, para pedir que o terreno que pertence ao INSS ao lado da Santa Casa Rondonópolis seja doado para a ampliação do hospital.
Além do ministro Blairo Maggi participaram das audiências o deputado federal Adilton Sachetti, o presidente da Santa Casa, Kemper Carlos Pereira, e representantes da Secretaria de Saúde do Município. Na reunião, foi colocada para o ministro Ricardo Barros a importância da unidade de radioterapia para a população de Rondonópolis.
A unidade de radioterapia será construída ao lado da Santa Casa com recursos do Governo Federal. Serão gastos cerca de R$ 8 milhões na construção e em equipamentos. Em 2012 foi publicada uma portaria do Ministério da Saúde contemplando 80 municípios com a construção de unidades para o tratamento de câncer. No entanto, até agora o projeto não saiu do papel.
O projeto básico para a construção da unidade de radioterapia será encaminhado pelo Ministério da Saúde na próxima quinta-feira (29) para apreciação e aprovação da Vigilância Sanitária do município e da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) do Governo Federal.
O ministro Blairo Maggi quer antecipar o cronograma existente no Ministério da Saúde que prevê a conclusão das obras em junho de 2019. Maggi quer que a unidade de radioterapia esteja funcionando até o final do ano que vem.
Atualmente os pacientes com câncer são tratados apenas em Cuiabá. De acordo com informações da Secretaria de Saúde do município, somente no primeiro semestre deste ano já foram registrados 59 óbitos pela doença.
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- 27/06/2017 - Ciberataque afeta sistemas de monitoramento de radiação em ChernobylFonte: Estado de MinasOs sistemas de monitoramento de radiação na zona de exclusão em torno da central nuclear de Chernobyl foram afetados por um ciberataque, nesta terça-feira (27) - informou um porta-voz da agência ucraniana responsável por monitorar a área.
De acordo com a mesma fonte, os sistemas de detecção tiveram de ser desligados como resultado do ataque, mas as medições de radiação continuam a ser realizadas com equipamentos portáteis.
"Nossos técnicos realizam a medição de radiação com aparelhos Geiger nas instalações da central, como se fazia décadas atrás", explicou a porta-voz da agência ucraniana, Olena Kovalchuk.
"O problema afeta unicamente as instalações da central. No resto da zona de exclusão, a situação não mudou", acrescentou.
Em abril, a Ucrânia recordou o 31º aniversário da catástrofe de Chernobyl, ocorrida em 26 de abril de 1986. Naquele dia, o reator número 4 da central nuclear ucraniana explodiu durante um teste de segurança. Os demais reatores continuaram funcionando até o ano 2000.
Em novembro de 2016, foi instalada uma cúpula de proteção sobre o reator afetado, um projeto faraônico financiado pela comunidade internacional para proteger a área por pelo menos 100 anos.O ataque cibernético desta terça-feira faz parte de uma série que tem atingido empresas e organismos públicos na Europa e na América.
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- 27/06/2017 - Você sabia que existe um reator nuclear dentro da USP? - Jornal da USPConheça o IEA-R1, reator de pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Reportagem da TV USP
Conheça o IEA-R1, reator de pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Reportagem da TV USP
Fonte: Jornal da USP
Quem entra na Cidade Universitáriapela portaria 3 pode nem se dar conta, mas estará passando bem próximo de um reator nuclear. Ele fica no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, o Ipen, entidade associada à USP que ocupa uma área de 500mil m² do campus do Butantã.
Um reator nuclear é um sistema capaz de controlar a reação nuclear – caso contrário, essa reação, chamada também de fissão nuclear, liberaria uma quantidade imensa de energia, como acontece na explosão de bombas atômicas. E se engana quem pensa quea aplicação de um reator como esse é apenas para aobtenção de energia: a indústria e a medicina também podem se beneficiar dessas reações que acontecem no átomo.
Estas duas áreas são justamente o foco do IEA-R1, como é chamado o reator do Ipen. Trata-se de um reator de pesquisa tipo piscinaque utiliza água leve como moderador. Isso significa que a água leve é o elemento utilizado para reduzir a velocidade dos nêutrons liberados no processo de fissão.
Frederico Antonio Genezini é gerente do Centro do Reator Nuclear de Pesquisa (CRPq), área responsável pela operação e utilização do IEA-R1, e fala sobre as principais características do reator:
Visitas ao Ipen devem ser agendadas pelo e-mailpergunta@ipen.br. São aceitos grupos de 8 a 18 pessoas, com idade mínima de 18 anos. As visitas ocorrem às terças e quartas, no período da manhã. Mais informações sobre o Ipen nosite do instituto.
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- 26/06/2017 - Quatro grupos estrangeiros têm interesse em Angra 3, diz presidente da EletrobrasObras estão paradas desde 2015 e precisam de investimento estimado pelo governo entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões para ser concluída em 5 anos
Obras estão paradas desde 2015 e precisam de investimento estimado pelo governo entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões para ser concluída em 5 anos
Fonte: G1
Por ReutersQuatro grupos internacionais de quatro países manifestaram interesse em concluir a obra de Angra 3, a polêmica usina nuclear cuja construção está paralisada em meio ao envolvimento no escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Obra precisa de investimento bilionário para ser concluída.Segundo o presidente-executivo da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., russos, sul-coreanos, franceses e chineses estão interessados, enquanto a estatal e o governo debatem valores para conclusão da obra.
Para o executivo, o governo prevê uma decisão até setembro sobre como levar adiante o empreendimento.
De acordo com Ferreira Jr., seria possível iniciar a operação de Angra 3 em 2023, caso uma decisão favorável à retomada das obras seja tomada em setembro.
Ele comentou que as empresas interessadas não temem questões relacionadas ao escândalo de corrupção, pois a Eletrobras está com uma agenda forte de governança para impedir novos desvios de conduta.
"Estamos debatendo valor para conclusão, de ter parceiro, financiamento internacional e indexação da tarifa", declarou ele a jornalistas, em conferência de imprensa para afirmar sua intenção de continuar na empresa, após polêmicas com funcionários.
O executivo não informou o nome das empresas interessadas.
A conclusão da construção da usina nuclear de Angra 3, cujas obras estão paralisadas desde o final de 2015, exigiria entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões de em investimentos e até cinco anos de trabalho, disse em maio o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
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- 26/06/2017 - Série JR: Avanços da Medicina trazem sucesso para os médicos e bem-estar para os pacientesO Jornal da Record divulga uma série de reportagens sobre desenvolvimentos na área da Saúde e divulga pesquisas do IPEN com curativos avançados
O Jornal da Record divulga uma série de reportagens sobre desenvolvimentos na área da Saúde e divulga pesquisas do IPEN com curativos avançados
Fonte: Jornal da RecordPesquisas desenvolvidas no Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA) do IPEN para o desenvolvimento de curativos avançados com biomateriais poliméricos, irradiados no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR), foram tema de reportagem sobre avanços da Medicina no Jornal da Record em 26 de junho de 2017. O gerente do CQMA, o pesquisador Ademar B. Lugão e a pesquisadora Mara Alcântara, do mesmo centro de pesquisa, são entrevistados pela jornalista Cleisla Garcia. Imagens: Elias Rodrigues.
Clique na imagem para acessar o vídeo.
"Todos os dias a medicina dá um passo na direção da cura e algumas doenças graves. Uma delas é a hanseníase, uma doença que causa manchas na pele em várias partes do corpo, redução na sensibilidade ao calor e ao toque e alterações nos nervos periféricos. Caso não for tratada a doença causa graves deformidades físicas. O Brasil é o segundo país em incidência, só perdendo para a Índia. Segundo o Ministério da Saúde, somente no ano passado foram registrados quase 30 mil novos casos. No entanto, graças a criatividade e dedicação dos médicos brasileiros, diagnósticos mais precisos e tratamentos menos invasivos podem estar à caminho. Confira!"
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- 25/06/2017 - inas nucleares ainda são maior fonte de energia “limpa” na Europa e nos Estados UnidosA Agência Internacional de Energia alerta que perda por desativação dos reatores existentes equivale a 20% da nova energia gerada por eólicas e solares
A Agência Internacional de Energia alerta que perda por desativação dos reatores existentes equivale a 20% da nova energia gerada por eólicas e solares
Fonte: ÉpocaOK. Existe um grande debate se a energia nuclear pode ser considerada limpa. Afinal, além da poluição associada à mineração do urânio, há o problema ainda insolúvel dos rejeitos radioativos por milhares de anos. Sem falar no risco de acidentes, como lembrou a tragédia em Fukushima, no Japão.
Mesmo assim, as usinas nucleares não emitem gases de efeito estufa diretamente. São uma forma de gerar eletricidade sem aumentar as emissões responsáveis pelas mudanças climáticas. Países da Europa, os Estados Unidos e outros contam com a fissão nuclear para abastecer a rede elétrica nos níveis atuais de emissões.
Agora, um alto executivo da Agência Internacional de Energia lembrou que o descomissionamento das usinas nucleares da Europa e dos Estados Unidos a partir de 2020 ameaça o cumprimento das metas para redução nas emissões. A não ser que os países construam novas usinas (o que leva tempo e custa caro) ou expandam o uso de energia renovável (o que parece estar ocorrendo, mas não na velocidade desejada).
Sim. No caso americano, é verdade que o presidente disse que não ia honrar meta nenhuma de redução nas emissões e que estava abandonando o esforço do resto do planeta para equilibrar o clima. Mas muitos governos estaduais e grandes empresas do país afirmaram que vão manter os compromissos. E oficialmente não há como sair do Acordo de Paris.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a eletricidade gerada pelas usinas nucleares na Europa e nos Estados Unidos é hoje equivalente a três vezes o que vem das usinas solares e eólicas. Acontece que a maioria dos reatores foi construída nos anos 1970 e 1980. Eles devem chegar ao fim da vida útil por volta de 2020.
Se uma usina nuclear funciona em média 8 mil horas por ano, contra as 1,5 a 2 mil horas de uma usina solar, os governos precisam expandir os investimentos para substituir as nucleares aposentadas e cumprir as metas de descarbonização, alertou Laszlo Varro, economista-chefe da IEA. Segundo ele, de tudo o que foi investido em energia renovável, 20% do potencial de geração foi absorvido pela perda das nucleares que desativadas no mesmo período.
A dependência na energia nuclear é um assunto delicado para o movimento ambiental. Alguns admitem que elas fazem parte do mix de soluções para escapar das tragédias climáticas. Outros acreditam que é necessário e possível reduzir as emissões poluentes sem elas.