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- 23/03/2017 - Lançado 1º instituto privado de apoio à ciênciaJoão Moreira Salles e sua mulher criaram fundo de R$ 350 milhões para financiar doutores em Medicina, Biologia, Matemática, Química e Física
João Moreira Salles e sua mulher criaram fundo de R$ 350 milhões para financiar doutores em Medicina, Biologia, Matemática, Química e Física
Fonte: O Estado de S. Paulo
Roberta Pennafort
O Estado de S.Paulo
Em meio à crise brasileira, que reduziu os recursos para a ciência, foi anunciado nesta quarta-feira, 22, o início dos trabalhos do Instituto Serrapilheira. A instituição será financiada pelo documentarista João Moreira Salles, da família fundadora do Unibanco, e sua mulher, Branca Moreira Salles. O objetivo será apoiar pesquisadores brasileiros nas ciências naturais e exatas.
Moreira Salles e Branca doaram R$ 350 milhões a um fundo patrimonial. Seus rendimentos financiarão trabalhos de doutores em áreas como Medicina, Biologia, Matemática, Química e Física. A meta é buscar os melhores de cada área e ajudá-los a chegar a descobertas de destaque mundial. Trata-se da primeira instituição privada brasileira voltada a apoiar esses campos do conhecimento. A divulgação dos estudos será outro foco.
Até o fim do ano, devem ser anunciados os primeiros contemplados. Os recursos começarão a ser depositados em 2018. Serão selecionadas cerca de 140 pessoas, que receberão por volta de R$ 100 mil cada uma. Depois, os mais promissores poderão ganhar bolsas com valor individual de até R$ 1 milhão em três anos. Por ano, serão R$ 15 milhões.
As verbas poderão ser usadas livremente pelos pesquisadores. O destino poderá ser, por exemplo, compra de equipamentos, pagamento de salários de uma equipe ou viagens a congressos. O instituto busca tornar mais relevante a produção científica no País.
"O impacto da ciência brasileira ainda é pífio, com raríssimas exceções. Não temos nenhum Prêmio Nobel, nenhum Abel (de Matemática), só uma medalha Fields ( de Matemática, concedida a Artur Ávila). Há muitos jovens pesquisadores bons e sem nenhum tostão”, disse o engenheiro Edgar Zanotto, professor titular da Universidade Federal de São Carlos, que está à frente do Conselho Consultivo da instituição.
Este conselho, de 12 notáveis, como o matemático francês Étienne Ghys e a geneticista Mayana Zatz, fará as escolhas de cientistas e projetos. A seleção levará em conta gênero, raça e local de origem. O objetivo é que os selecionados não sejam apenas homens brancos e do Sudeste e Sul . O diretor-presidente, o geneticista francês Hugo Aguilaniu, destacou que não haverá cobrança de resultado rápido nem de publicações em revistas científicas. Será respeitado "o tempo da ciência”.
Moreira Salles espera inspirar outros. "Queremos ser grandes, criar cultura de ciência no Brasil, como é nos EUA, na China. Lá, é ‘cool’ ser cientista; aqui, é esquisito, coisa de nerd.”
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- 22/03/2017 - Especialistas apontam a necessidade de indicadores ligados à inovaçãoConsultor legislativo Eduardo Viotti e analista Roberto de Pinho apresentaram estudo nesta quarta-feira (22) em ciclo de seminários promovido pelo MCTIC
Consultor legislativo Eduardo Viotti e analista Roberto de Pinho apresentaram estudo nesta quarta-feira (22) em ciclo de seminários promovido pelo MCTIC
Fonte: MCTICO Brasil dispõe de dados suficientes para comprovar o avanço da produção científica no século 21, mas os números ainda não confirmam o aumento do nível de inovação no período. A avaliação é do consultor legislativo do Senado Federal Eduardo Viotti, palestrante desta quarta-feira (22), ao lado do analista Roberto de Pinho, em ciclo de seminários promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Segundo Viotti, se comparado à solidez dos indicadores de produção científica, o consenso em torno da falta de dinamismo da inovação brasileira nem sempre pode ser comprovado em números, apesar da contribuição da Pesquisa de Inovação (Pintec), realizada desde 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
"As políticas tradicionais de ciência e tecnologia [C&T] acreditavam que o aumento da oferta de conhecimentos científicos teria como sua consequência natural o avanço da inovação", ponderou o consultor. "Mas o caso brasileiro é a prova cabal de que essa forma de entender a gênese da inovação, chamada de modelo linear, não funciona. Desde o início do século, o país vem progressivamente evoluindo de uma política tradicional e linear de C&T para uma política de inovação inspirada na abordagem de sistemas de inovação, na qual a política de inovação se confunde com a política industrial."
Viotti destacou que a inovação já aparecia como objetivo central tanto da primeira Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação (Encti), válida de 2012 a 2015, quanto do Plano Brasil Maior, vigente de 2011 a 2014.
Pinho apresentou conclusões do relatório Indicadores de resultado da inovação, publicado em 2015 pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). "O estudo lançou, pela primeira vez, uma luz sobre a participação na economia brasileira daquele núcleo duro do setor produtivo, que é formado pelas empresas que são simultaneamente de alto crescimento e inovadoras", disse, ao lembrar que o documento propõe uma nova família de indicadores.
Os palestrantes discutiram no ciclo de seminário ideias geradas pelo relatório do CGEE, do qual participam como autores. O estudo contou com parceria do IBGE e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e apoio técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do MCTIC.
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- 22/03/2017 - SBPC e ABC solicitam ao presidente Temer que recupere orçamento do MCTICNotícias de que o governo federal prepara a adoção de um contingenciamento de verbas orçamentárias deste ano preocupam a comunidade científica
Notícias de que o governo federal prepara a adoção de um contingenciamento de verbas orçamentárias deste ano preocupam a comunidade científica
Fonte: Jornal da CiênciaA Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) enviaram nesta terça-feira, 21 de março, uma carta ao presidente Michel Temer manifestando a extrema preocupação de toda a comunidade científica com as notícias de que o governo federal prepara a adoção de um contingenciamento de verbas orçamentárias deste ano. A carta foi encaminha também aos ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, Henrique Meirelles, da Fazenda, Dyogo Oliveira, Ministério, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
No documento, as duas entidades pedem que o orçamento do MCTIC não sofra novos contingenciamentos no presente e que o governo inicie o caminho da recuperação dessas verbas, aos níveis verificados nos anos anteriores a 2014.
"O foco dessa preocupação, não sem razão, está no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Vale observar, com a devida ênfase, que o início da vigência da PEC 241 ocorre num momento em que o orçamento do MCTIC é o mais baixo dos últimos anos”, observam as entidades no documento. A SBPC e a ABC acrescentam a tal preocupação o fato de que o orçamento do MCTIC representa em 2017 apenas 0,32% do orçamento global do governo federal – sendo que entre 2008 e 2013 esse índice esteve acima de 0,50%, e em 2010, quando chegou a 0,58%.
Na carta, elas ressaltam que as atividades científicas no País já foram prejudicadas com os cortes e contingenciamentos orçamentários adotados nos últimos anos, o que vai na contramão dos países desenvolvidos, que em épocas de crise investem em CT&I para recuperar o crescimento econômico.
"Considerando-se que os frutos do trabalho em ciência, tecnologia e inovação não são colhidos de imediato, as reduções nos orçamentos do MCTIC tenderão a comprometer cada vez mais, nos próximos anos, se não nas próximas décadas, nossa capacidade de realizar avanços científicos e tecnológicos tão necessários ao desenvolvimento sustentando e moderno do País”, alertam.
Leia a carta na íntegra aqui.
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- 21/03/2017 - Paulo Roberto Pertusi é empossado na presidência da CNENPaulo Roberto Pertusi assumiu o cargo de presidente da CNEN em 21/03
Paulo Roberto Pertusi assumiu o cargo de presidente da CNEN em 21/03
Fonte: ABENO novo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Paulo Roberto Pertusi, tomou posse no cargo na tarde desta terça-feira (21/03), em cerimônia interna realizada na sede da instituição, no Rio de Janeiro. A sua nomeação foi publicada no Diário Oficial da União da última sexta-feira (17/03), em substituição aRenato Machado Cotta, que ocupava o cargo desde novembro de 2015.
Paulo Pertusi é oficial da reserva da Aeronáutica, onde chegou ao posto de Major-Brigadeiro do Ar. Atuou em grande parte da sua carreira profissional em setores de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, com ênfase na gestão de projetos de grande porte e complexidade.
Antes de ser nomeado para a Cnen, era o titular da Diretoria de Gestão das Unidades de Pesquisa e Organizações Sociais do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). -
- 19/03/2017 - Temer exonera servidor contrário a indicação que loteia órgão nuclearTroca em comando de comissão ocorre após tentativa do governo Temer de aprovar nomes ligados a políticos
Troca em comando de comissão ocorre após tentativa do governo Temer de aprovar nomes ligados a políticos
Fonte: Folha de S. Paulo
Lucas Vettorazzo
Do RioO governo Michel Temer exonerou na sexta (17) o presidente da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), Renato Machado Cotta.
A demissão ocorre após tentativa frustrada de aprovar nomes para o comando da Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados), empresa controlada pela Cnen e vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Conforme aFolharevelou na última quinta (16),o governo tentava usar cargos na diretoria da empresa como moeda de troca por apoio à reforma da Previdência no Congresso.
A Nuclep fabrica equipamentos para a construção do submarino nuclear da Marinha e também da usina de Angra 3, em sua fábrica em Itaguaí (RJ).
O governo indicou à diretoria pessoas ligadas aos deputados federais Celso Pansera (PMDB-RJ), Aureo (SD-RJ) e Alexandre Valle (PR-RJ). Os dois últimos são integrantes de uma frente parlamentar que se opõe à reforma.
Inicialmente rejeitadas por uma comissão técnica da Nuclep, as indicações teriam de passar pelo crivo do Conselho de Administração da empresa, em reunião na última quarta-feira (15). O conselho tem cinco cadeiras, ocupadas pelos presidentes da Cnen e da Nuclep, um representante da Marinha, um do Ministério da Ciência e Tecnologia e outro do Planejamento.
Na condição de controladora da Nuclep, a Cnen tem o voto de desempate no conselho. O presidente Renato Cotta era justamente um dos que havia manifestado oposição às indicações.
Temendo derrota, o governo não apresentou os indicados para votação e exonerou Cotta, engenheiro da Coppe/UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências.
A exoneração foi publicada no "Diário Oficial" da União na sexta. No lugar dele assume o major brigadeiro da Aeronáutica Roberto Pertusi, que já ocupava vaga no Conselho da Nuclep, como representante do Ministério da Ciência e Tecnologia.
A Folha apurou que o brigadeiro é indicação do ministro da pasta, Gilberto Kassab (PSD). Em geral, os indicados da Cnen ou são civis ou oficiais da Marinha, órgão responsável pelo desenvolvimento do programa nuclear brasileiro. A Cnen foi criada em 1956 e atua na fiscalização da produção e do uso de energia nuclear no país.
A Folha apurou ainda que a entrada de Pertusi é uma forma de conseguir passar no Conselho da Nuclep os indicados do governo.
INDICAÇÕES
Os nomes encontraram resistência por descumprirem a nova lei das estatais, sancionada pelo próprio presidente Temer em julho passado. Além de não terem notório saber na área nuclear, eles tiveram relação com a política nos últimos três anos, o que é vedado na legislação.
O indicado à presidência, por exemplo, foi candidato a vice-prefeito de Itaguaí na chapa derrotada de Alexandre Valle, em 2016. O cotado para diretor comercial tentou se eleger em 2014 deputado estadual pelo Rio, com doação do padrinho Aureo. A indicada à diretoria administrativa foi cabo eleitoral de Celso Pansera em 2014.
Procurado, o governo não comentou.
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- 12/03/2017 - Apenas 1,7% das prisões tem aval para usar escânerA matéria comenta sobre o uso de escâmeres corporais para varredura no corpo e identificação de objetos ocultos em presídios brasileiros. Cita a CNEN.
A matéria comenta sobre o uso de escâmeres corporais para varredura no corpo e identificação de objetos ocultos em presídios brasileiros. Cita a CNEN.
Fonte: Jornal Extra, RJ
O uso de escâneres corporais, equipamento de última geração que faz uma varredura no corpo humano para flagrar drogas e outros objetos escondidos, será massificado nos presídios do Brasil, no que depender dos estados. Praticamente todos já estão preparando editais para adquirir ou alugar os aparelhos com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) liberados recentemente. Apesar da corrida à tecnologia, ainda não há uma norma técnica específica sobre o emprego nas cadeias do país desses equipamentos que emitem radiação ionizante, considerada perigosa à saúde. Dados levantados a pedido do GLOBO pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, apontam que apenas 24 dos cerca de 1.400 presídios brasileiros — ou 1,7% do total — têm autorização para utilizar escâneres corporais dentro do protocolo atual de controle, feito por unidade penal. Na ausência de uma norma específica, a comissão vem usando regras gerais de segurança em radiação para homologar a instalação dos equipamentos. Mas há penitenciárias, principalmente no Rio de Janeiro, operando a máquina sem esse aval individualizado do órgão, adotado desde 2014.
A CNEN sustenta que esses presídios não estão necessariamente em condição irregular, se adquiriram o equipamento nas regras anteriores, quando a autorização era dada para os modelos de aparelhos apresentados pelas empresas e considerados seguros, e não individualmente ao estabelecimento penal. Mas afirma que, nesses casos, está "contatando uma a uma (unidade prisional) e informando sobre a necessidade de regularização”. Outra situação possível, segundo o órgão, é a homologação não ter entrado na lista oficial de presídios com uso de escâner permitido por ter sido concedida muito recentemente.
O Rio tem um número elevado de escâneres em uso, que atendem a praticamente todo o sistema prisional do estado. Mas, dos 33 aparelhos, metade (17) está sem autorização individual da CNEN. A Secretaria de Administração Penitenciária estadual informou, em nota, que "os contratos de manutenção estão sendo renovados e em seguida terão autorização”, mas não respondeu por que mantém os escâneres em funcionamento mesmo assim.
No Paraná, o Complexo Penitenciário de Piraquara e a Casa de Custódia de São José dos Pinhais usam escâner, mas não estão na lista de unidades autorizadas. O Departamento Penitenciário paranaense afirmou ao GLOBO que "solicitou que a empresa responsável verifique tal situação junto ao CNEN e esclareça o caso”, embora tenha informado à pasta que tudo estava regular. Segundo o departamento, é responsabilidade da firma licitada que aluga os equipamentos mantê-los homologados.
NORMAS PARA EQUIPAMENTOS VÃO DEMORAR A SAIR DO PAPEL
Em Minas Gerais, cinco prisões foram apontadas pela própria Secretaria de Estado de Administração Prisional (SAP) como locais em que há uso de escâner corporal, porém não estão no rol da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) como autorizados. Questionada, a SAP não respondeu até o fechamento da reportagem.
Na lista de 24 presídios com autorização da CNEN para operar o escâner, o Rio de Janeiro se destaca, com dez locais. Há cinco unidades com homologação individual válida em Minas, quatro em São Paulo, três no Paraná e duas em Goiás. A maior parte das autorizações vence neste ano. As mais longevas, em 2019.
Técnicos da comissão já prepararam um esboço detalhado da norma técnica específica para uso de escâner corporal em práticas de Segurança Pública no país, incluindo presídios, mas o texto ainda tem um longo caminho. Precisa ser discutido por um grupo maior, que envolve representantes do Ministério da Justiça, empresas e outros interessados, antes de passar por consulta pública para, só então, chegar a uma versão final. A expectativa da CNEN é a de que "esse processo seja concluído ainda em 2017”. O órgão afirma, no entanto, que "a elaboração de normas segue um processo rigoroso, que não pode ser atropelado”.
O rigor do processo é necessário porque os escâneres corporais emitem radiação ionizante que, acima de limites seguros, podem causar doenças como câncer. Os equipamentos usam carga mais elevada, por exemplo, que os aparelhos detectores de metal, liberados para uso em presídios sem necessidade de autorização individual da CNEN. Essa potência possibilita que o equipamento identifique objetos estranhos ao corpo humano. Além de calibragem adequada para emissões bem abaixo do considerado nocivo para a saúde humana, a CNEN tem exigido treinamento do pessoal e manutenção.
Danilo Dias, presidente da Smiths Detection Brasil, uma das cinco empresas autorizadas a vender ou alugar escâneres, concorda com o rigor do CNEN. `Ele explica uma peculiaridade das penitenciárias:
— A radiação é menor que a emitida na radiografia. Porém, se está descalibrado, e a pessoa passa uma vez por semana, ou 48 vezes no ano, é outra história.
O Ministério da Justiça afirmou, em nota, que a ausência de uma norma não justifica atraso nas contratações do serviço: "Se os equipamentos estiverem em conformidade com os preceitos normativos vigentes exigidos pela CNEN, não existe problema no ponto de vista da operação”.
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- 08/03/2017 - Fórum reúne representantes de FAPs de 25 Estados em SPFonte: Agência FAPESP
Representantes das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de 25 estados e do Distrito Federal estarão reunidos na sede da FAPESP, em São Paulo, nos dias 9 e 10 de março, para a primeira edição em 2017 do Fórum do Conselho Nacional de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).No encontro, gestores e pesquisadores de diferentes instituições de fomento debaterão o financiamento à pesquisa no Brasil e as possibilidades de cooperação internacional.
Participarão da cerimônia de abertura, os presidentes da FAPESP e do Confap, respectivamente, José Goldemberg e Sérgio Gargioni, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Márcio França, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Jailson Bittencourt de Andrade, e os presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), respectivamente, Mário Neto Borges e Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, entre outras autoridades e representantes de instituições estaduais e federais.
Logo após a cerimônia de abertura haverá a assinatura do Termo Aditivo ao Memorando de Entendimento entre a Fundação Bill & Melinda Gates (FBMG) e o Confap. O entendimento diz respeito ao programa Grand Challenges Explorations (GCE), lançado em 2008 com a proposta de transformar ideias inovadoras em soluções para graves problemas mundiais. O GCE já apoiou 2.035 projetos em 87 países,36 deles no Brasil.
O objetivo do documento é prolongar o prazo de vigência e incluir as FAPs na parceria. O documento será assinado por Sérgio Luiz Gargioni, presidente do Confap, e Alexandre Menezes, vice-presidente da Global Health Strategies Brasil e representante de Trevor Mundel, presidente do Programa de Saúde Global da FBMG.
Os projetos selecionados recebem US$ 100 mil do programa, ao longo de 18 meses, para colocar a proposta em prática. Os projetos brasileiros aprovados recebem, além do apoio da Fundação Bill & Melinda Gates, recursos adicionais da FAP do estado do pesquisador, de US$ 50 mil a US$ 100 mil. Se a proposta, depois de implementada, for bem-sucedida, é possível se inscrever para um financiamento adicional de US$ 1 milhão do programa.
Em seguida, o diretor-presidente da FAPESP, Carlos Américo Pacheco, vai apresentar a palestra "CTI no Mundo e a atuação da FAPESP como fomentadora da pesquisa em São Paulo”.
As demais atividades serão reservadas apenas aos representantes das FAPs e demais instituições convidadas. Na parte da tarde do dia 9, o presidente da Confap e Maria Zaira Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), vão conduzir a mesa-redonda "Fomento à Pesquisa no Brasil”, com a participação de representantes das agências de fomento federais e internacionais, além da discussão sobre o planejamento para 2017.
O Fórum ocorre um dia após o seminário privado Infoday – Informação e Diálogo com a Comissão Europeia, que reunirá os representantes das FAPs com autoridades da Europa na área de Ciência, Tecnologia e Inovação para discutir o financiamento conjunto de pesquisas entre instituições brasileiras e europeias.
Alguns participantes do Infoday estarão presentes também na abertura do Fórum Confap, como João Gomes Cravinho, embaixador da União Europeia no Brasil, Alejandro Zurita, chefe da Seção de C&T&I da delegação da União Europeia no Brasil, Luciana da Silva Santos, da direção geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia, e Laura Maragna, do Setor de C&T&I da delegação da União Europeia no Brasil. Também participarão Charlotte Grawitz, representante nacional da EURAXESS Brazil, e Ana Rossetto, representando a Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI).
No dia 10 de março, também em caráter privado, será realizada a eleição da nova diretoria do Confap para os próximos dois anos, até fevereiro de 2019. Como parte do Fórum, os participantes farão ainda uma visita ao Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), incubadora de empresas tecnológicas instalada no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária da USP, a fim de conhecer algumas das pesquisas realizadas por empresas com o apoio FAPESP.
Para participar da abertura do Fórum Confap inscreva-se no endereço www.fapesp.br/eventos/aberturaconfap2017/inscricoes.
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- 28/02/2017 - Como será o armazém para resíduos nucleares da Central de Almaraz?O Armazenamento Temporário Individualizado (ATI) para o combustível irradiado da central nuclear de Almaraz é uma espécie de doca seca, onde serão depositados provisoriamente os resíduos nucleares de alta atividade dentro de contentores cilíndricos com 5 metros de altura e 2,6 metros de diâmetro.
O Armazenamento Temporário Individualizado (ATI) para o combustível irradiado da central nuclear de Almaraz é uma espécie de doca seca, onde serão depositados provisoriamente os resíduos nucleares de alta atividade dentro de contentores cilíndricos com 5 metros de altura e 2,6 metros de diâmetro.
Fonte: SIC - Portugal
Carla Castello
Armazém? Aterro? Cemitério nuclear? A própria denominação da instalação industrial, cuja construção foi autorizada pelo Governo espanhol no terreno da central nuclear de Almaraz, suscita dúvidas deste lado da fronteira, onde não existem centrais nucleares para produção de eletricidade. Aquilo a que os espanhóis chamam Armazenamento Temporário Individualizado, ou ATI, pode assumir diferentes formas.O ATI da central nuclear de Almaraz não terá cobertura, tal como os armazenamentos temporários individualizados já construídos nas centrais nucleares de Ascó, na província de Tarragona, e José Cabrera, mais conhecida como Zorita por se situar em Almonacid de Zorita, na província de Guadalajara. Esta última em processo de desmantelamento.
Segundo o projeto aprovado pelo Governo espanhol, a área ocupada pelo ATI de Almaraz terá cerca de 3.600 metros quadrados. A estrutura é aparentemente simples. Será construída uma laje de betão sem cobertura, rodeada por uma vala e por um muro de cinco metros de altura e meio metro de largura.
Na laje serão dispostos vinte contentores cilíndricos, modelo ENUN32P fabricado pela empresa espanhola Ensa, com cinco metros de altura e 2,6 metros de diâmetro. São contentores que, segundo o fabricante, têm uma dupla função: armazenamento e transporte, podendo por isso ser transferidos depois para outro local.
Cada contentor é composto por uma cápsula de metal protegida por várias camadas de aço e betão de alta densidade. Lá dentro, podem ser armazenados até um máximo de 32 elementos de combustível irradiado nos reatores, ou seja, resíduos do processo de fissão nuclear, altamente perigosos para a saúde e para o ambiente. Já com a carga, cada contentor pesará cerca de 120 toneladas.
A ideia é começar a transferir primeiro para o armazenamento os elementos de combustível irradiado que já estão nas piscinas da central nuclear há mais anos, por já terem menos atividade.
O ATI ficará localizado dentro dos 1.680 hectares de terrenos da central nuclear, a norte do local já ocupado pela própria central (reatores e restantes edifícios e infraestruturas), a cerca de 800 metros do núcleo urbano de Almaraz, na província de Cáceres, e a aproximadamente 100 quilómetros da fronteira portuguesa.
O projeto foi sujeito a avaliação de impacto ambiental em Espanha, mas Portugal não foi ouvido, nem foram avaliados os eventuais impactos transfronteiriços, o que motivou uma queixa do Estado português a Bruxelas, entretanto retirada na sequência de um acordo alcançado entre os dois países, por iniciativa do Presidente da Comissão Europeia.
Esta segunda-feira, uma delegação técnica portuguesa, chefiada pelo Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, visita a central nuclear de Almaraz para se inteirar no local dos pormenores do projeto.
Atualmente há três armazenamentos temporários individualizados em centrais nucleares em Espanha: José Cabrera/Zorita, Ascó e Trillo. São instalações construídas para o armazenamento provisório dos resíduos nucleares de alta atividade junto às próprias centrais, como complemento às piscinas especiais usadas para esse fim, enquanto não é construído o Armazenamento Temporário Centralizado (ATC), uma instalação industrial desenhada para receber todos os resíduos radioativos de alta atividade de todas as centrais nucleares espanholas (5 em funcionamento, uma parada e duas em processo de desmantelamento) por um período de 60 anos.
Em 2011, o Conselho de Ministros espanhol aprovou a localização do ATC em Villar de Cañas, Cuenca, mas o processo de construção está bloqueado e envolto em polémica.
Ainda sem solução centralizada, a construção duma instalação para o armazenamento temporário dos resíduos radioativos nos terrenos da própria central nuclear de Almaraz é a alternativa encontrada para permitir prolongar a vida da central mais 20 anos após terminar a atual licença em 2020. Pretensão já confirmada pelo porta-voz da central, Aniceto González ao Canal Extremadura.
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- 23/02/2017 - Entidade alega risco a funcionárias grávidas no Aeroporto de BrasíliaDe acordo com denúncia do Conter, trabalhadoras gestantes são obrigadas a operar aparelhos que utilizam radiação, pondo em risco a gestação
De acordo com denúncia do Conter, trabalhadoras gestantes são obrigadas a operar aparelhos que utilizam radiação, pondo em risco a gestação
Fonte: MetrópoleA operação de aparelhos de scanner em aeroportos brasileiros tem causado polêmica entre trabalhadores e concessionárias. O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (Conter) denuncia a alocação de funcionárias grávidas para a tarefa no Aeroporto Internacional de Brasília, e alega que a função apresenta grave risco para as servidoras e os bebês.
O último flagrante ocorreu no dia 23 de janeiro (veja foto abaixo). Na ocasião, uma funcionária grávida utilizava um aparelho emissor de raios X para fazer a checagem de passageiros e bagagens no terminal. De acordo com o Conter, uma situação parecida também foi registrada no dia 31 de março de 2015 em Brasília, e ocorrências do tipo são recorrentes em outros aeroportos pelo Brasil.
Segundo especialistas, o comportamento oferece perigo, já que a exposição dos fetos à radiação pode causar problemas como má formação e retardamento mental. O crescimento também pode ser comprometido, dependendo da quantidade de radiação absorvida e o período da gestação.
Segundo o tecnólogo em radiologia e mestre em engenharia de materiais João Henrique Hamann, o risco é ainda maior se houver exposição à radiação ionizante sem o controle das doses absorvidas nos primeiros três meses de gestação.
"Independentemente da dose, do tipo de radiação e do tempo de exposição, temos um dano que será causado e que pode ou não ser reparado pelo organismo. Portanto, se observarmos sob o aspecto científico da radiobiologia, existe risco à saúde. Principalmente para fetos e embriões, por conta da sensibilidade que possuem”, explica.
Segundo a presidente do Conter, Valdelice Teodoro, a situação também apresenta um outro problema: a pressão psicológica. "Essas moças gestantes não podem deixar o emprego, pois precisam dele para sobreviver, mas trabalham com medo de acontecer alguma coisa e acabam somatizando agressões físicas e psicológicas que se refletem no organismo e no desenvolvimento do bebê”, afirma.
Outro lado
Já para a Inframerica, concessionária responsável pela administração do Aeroporto de Brasília, a operação dos aparelhos com radiação por grávidas não oferece perigo. Em nota, a empresa afirma que "os equipamentos de raios X do Aeroporto de Brasília seguem rigorosamente os padrões e requisitos de radioproteção exigidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem). Os aparelhos têm isenção dos requisitos de proteção radiológica deferidos pelo Cnem. Desta forma, não há qualquer risco de mulheres grávidas operarem ou estarem próximas dos equipamentos”.
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- 21/02/2017 - Laboratório de bolso (Revista FAPESP - nº 272 - fev. 2017)Aumento da eficiência de laser aleatório abre caminho para a fabricação de microchips de baixo custo para exames médicos
Aumento da eficiência de laser aleatório abre caminho para a fabricação de microchips de baixo custo para exames médicos
Fonte: Revista FAPESP
Quebrar recordes de eficiência energética na geração de feixes de laser está se tornando uma rotina para Niklaus Wetter, físico suíço que trabalha no Brasil desde 1988 e há três anos dirige o Centro de Lasers e Aplicações, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. Em 2015, Wetter e o físico Alessandro Melo de Ana, da Universidade Nove de Julho, apresentaram na revistaOptics Expressuma nova configuração de lentes e espelhos para geradores de laser que usam cristais contendo o elemento químico neodímio. Com o novo arranjo, o dispositivo, um dos mais utilizados no mundo para fins industriais, médicos e de pesquisa, conseguiu aproveitar 60% da energia depositada em seu cristal para gerar luz laser, superando o recorde anterior de 50% para esse tipo de equipamento.
Agora, com a física brasileira Julia Giehl e o físico alemão Felix Butzbach, ambos ex-alunos do Ipen, e o físico espanhol Ernesto Jimenez-Villar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Wetter conseguiu um avanço ainda maior na eficiência energética de um tipo diferente de laser: o laser randômico ou aleatório, que ganhou a atenção de físicos e engenheiros nos últimos anos por ser de baixo custo e usar dispositivos muito pequenos (verPesquisa FAPESPnº 247). No lugar de um cristal, os equipamentos de laser aleatório produzem uma luz com características do laser convencional a partir de um líquido contendo partículas micro ou nanométricas em suspensão ou de uma mistura de partículas no estado sólido (na forma de um pó). O problema é que a eficiência desse tipo de laser costuma ser baixa. As soluções e misturas de partículas microscópicas convertem em laser no máximo 2% da energia que recebem na forma de luz. Calculando detalhes de como o laser é gerado e amplificado à medida que a luz é refletida várias vezes pelas partículas, a equipe de Wetter descobriu como elevar a eficiência dessa conversão, que agora chegou a 60%. "Esse resultado é comparável ao dos melhores lasers de estado sólido [convencionais] disponíveis no mercado”, afirma Wetter.
O segredo, descobriram os pesquisadores, é misturar partículas de diferentes tamanhos. Nos experimentos, eles usaram grãos de um cristal com 54 micrômetros de diâmetro e grãos quase 10 vezes menores, de apenas 6 micrômetros. Na mistura, as partículas menores preencheram o espaço entre as maiores criando bolsões que aumentaram localmente em 30% o espalhamento da luz – a cada espalhamento mais energia é incorporada ao laser. O resultado final é um aumento de 160% na potência do feixe de laser emitido. Esses resultados foram apresentados dia 31 de janeiro naPhotonics West 2017, em São Francisco, Estados Unidos, a principal conferência de tecnologia laser no mundo. "Temos o recorde atual”, comemora Wetter.
No Ipen, o físico suíço sempre trabalhou na melhoria de fontes de laser de grande potência e precisão, produzidas em equipamentos que usam cristais de alta pureza e lentes e espelhos com polimento especial. São aparelhos de dezenas de milhares de dólares. Desde 2008, porém, seu laboratório persegue em paralelo outra linha de pesquisa: desenvolver melhorias em lasers aleatórios, cujo custo de produção, Wetter avalia, pode um dia chegar à casa dos centavos.
Sua motivação é o impacto tecnológico que os lasers aleatórios prometem produzir no desenvolvimento de laboratórios biomédicos compactos, portáteis e descartáveis, conhecidos pela expressão em inglêslab on a chip. São cartões feitos de vidro ou plástico que contêm uma espécie de encanamento microscópico: canais e reservatórios com milímetros a micrômetros de espessura que permitem o armazenamento, a passagem e a mistura de volumes ínfimos de líquidos. Os pesquisadores projetam essas redes de canais e reservatórios de forma a ser possível combinar amostras de sangue, saliva ou outros fluidos corporais com os reagentes químicos necessários para realizar exames laboratoriais.
Laboratórios de mão
A meta é um dia usar essa tecnologia para oferecer alguns exames a pessoas sem acesso fácil a ambulatórios e laboratórios, como idosos enfermos que não podem sair de casa ou populações carentes que vivem longe dos centros urbanos. Já existem no mundo alguns modelos delab on a chipprontos para uso. No Brasil, uma equipe multidisciplinar coordenada pelo biomédico Marco Aurélio Krieger, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Paraná, está desenvolvendo um chip plástico em forma de disco, com 3 centímetros de diâmetro, capaz de detectar até 20 doenças infecciosas por meio da análise de uma gota de sangue (verPesquisa FAPESPnº192). Os dispositivos que já existem, porém, só realizam diagnósticos mais simples. Identificam, por exemplo, a presença de um patógeno numa gota de sangue, mas não permitem quantificar compostos em amostras biológicas.Alguns obstáculos ainda dificultam a criação de versões mais sofisticadas e baratas doslabs on a chip. Físicos e engenheiros já dominam as técnicas de fabricação dos microcanais nos quais ocorrem as reações químicas necessárias para os exames médicos mais comuns, como o de glicemia, de colesterol ou o de detecção de infecções. Mas o controle dessas reações e a análise dos resultados ainda exigem que o chip seja acoplado a um equipamento externo. Esse equipamento pode ser algo simples, como a lâmpada de luz ultravioleta usada para avaliar os exames feitos no chip da equipe de Krieger, ou uma fonte de laser de alta precisão, necessária para testes mais sofisticados como os que fazem a leitura precisa de níveis de colesterol, insulina e outras moléculas no sangue.
Para que oslabs on a chipse tornem independentes dos equipamentos externos, é preciso incorporar ao cartão de plástico ou vidro uma estrutura capaz de produzir um feixe de laser com direção e comprimento de onda (cor) muito bem definidos, além de potência suficiente para atravessar um microcanal contendo sangue, saliva ou outro fluido biológico. Depois de passar pela amostra, a luz ainda deve chegar a um sensor que analisa as mudanças na intensidade e na cor do laser – alterações nessas propriedades podem indicar a presença das moléculas e a quantidade em que se encontram no material biológico.
Nos Estados Unidos e na Europa, algumas universidades e startups de tecnologia já fabricam chips de diagnóstico capazes de fazer esse tipo de análise em material biológico. Mas esses dispositivos ainda usam lasers produzidos por diodos semicondutores ou cristais geradores de laser convencional que, apesar de relativamente pequenos, custam centenas de dólares. Os aparelhos que geram laser convencional de alta qualidade custam caro porque exigem o uso de espelhos e cristais feitos de material muito puro e com um polimento especial – quanto mais puro o cristal e mais polidos os espelhos, mais eficiente é a produção do laser e mais bem definidas são as suas propriedades necessárias para as análises bioquímicas.
Os físicos esperam resolver esse problema de custo substituindo o laser convencional por laser aleatório. "Vislumbro os lasers randômicos como a maneira mais barata de inserir uma fonte de laser em umlabon a chip”, diz Wetter.
Em um artigo publicado em julho de 2016 na revista Applied Optics, a equipe de Wetter, em parceria com os grupos dos engenheiros Marco Alayo e Marcelo Carreño, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), descreve a fabricação e o funcionamento de uma fonte de laser aleatório que poderia facilmente ser integrada a umlab on a chip. No experimento, uma fonte externa de luz estimulou as moléculas de uma solução contendo rodamina, corante orgânico que emite luz ao ser iluminado. No lugar dos espelhos, o que amplifica a luz produzida pela rodamina são partículas microscópicas de dióxido de titânio (TiO2), também conhecido como rutila, o principal componente das tintas brancas e dos protetores solares, com grande capacidade de refletir e espalhar a luz. Quando ajustam corretamente a concentração de partículas de rutila ao tamanho e ao formato do microcanal com rodamina, os pesquisadores conseguem gerar um feixe de laser aleatório com direção e cor bem definidos.
Obstáculos tecnológicos
Wetter e seus colaboradores trabalham com diferentes materiais para produzir lasers aleatórios e tentar guiar o percurso dessa luz no interior dos microcanais. O objetivo é superar os obstáculos tecnológicos que impedem a fabricação de umlab on a chipbarato e descartável que funcione com o auxílio de um telefone celular. "Queremos usar o flash da câmera do celular como fonte de luz para gerar o laser aleatório no chip”, explica o físico. A câmera do aparelho serviria para analisar alterações de propriedades do laser que atravessou as amostras. "Se for bem-feito, esse dispositivo talvez possa ser usado em comunidades distantes dos centros urbanos para realizar diagnósticos hoje disponíveis apenas em laboratórios especializados”, conta Wetter.Ainda há muito a fazer. Os lasers aleatórios e o meio ativo desenvolvidos no Ipen, por ora, demonstram que é possível criar o dispositivo. Mas restam barreiras importantes a serem vencidas para se chegar a um dispositivo que possa ser usado por profissionais da saúde. Uma delas é diminuir a energia necessária para ativar a emissão de luz pela rodamina, hoje milhares de vezes mais alta que a fornecida pelo flash de um celular.
Um fenômeno óptico observado recentemente por Wetter e Jimenez-Villar pode ajudar a reduzir a energia necessária para produzir o laser aleatório. Ao revestir as partículas de rutila com uma
fina camada de sílica (SiO2), os pesquisadores produziram, pela primeira vez nesse tipo de laser, um efeito chamado de localização Anderson e aumentaram mais a interação da luz com a matéria, o que reduziu em mais de 10 vezes a energia necessária para gerar o laser. Ainda assim, o flash de um celular não permitiria gerar um laser com potência suficiente para analisar uma amostra biológica. "Temos de melhorar a eficiência de todo o dispositivo para que possa funcionar com um feixe de luz mais fraco”, diz Wetter."A tecnologia dos lasers randômicos está evoluindo rapidamente”, afirma o físico Vanderlei Bagnato, da USP em São Carlos. Ele nota, porém, que outros tipos de laser estão sendo desenvolvidos para integrarlabs on a chip, como os lasers de cavidade vertical. "Nenhuma está completa ainda.”
Projetos
1.Microusinagem com laser de pulsos ultracurtos aplicada na produção e controle de circuitos optofluídicos (nº 2013/26113-6);ModalidadeProjeto Temático;Pesquisador responsávelWagner de Rossi (Ipen);InvestimentoR$ 3.614.777,92.
2.Desenvolvimento de lasers em meios altamente difusos para análise estrutural de tecidos (nº 2012/18162-4);ModalidadeAuxílio à Pesquisa – Regular;Pesquisador responsávelNiklaus Ursus Wetter (Ipen);InvestimentoR$ 279.768,38.Artigos científicos
JORGE, K. C.et al.Directional random laser source consisting of a HC-ARROW reservoir connected to channels for spectroscopic analysis in microfluidic devices.Applied Optics. v. 55 (20). p. 5393-98. 2016.
WETTER, N. U. e DEANA, A. M.Influence of pump bandwidth on the efficiency of side-pumped, double-beam mode-controlled lasers: Establishing a new record for Nd:YLiF 4 lasers using VBG.Optic Express. v. 23. 9379-87. 2015.
REIJN, S-M.et al.Enabling focusing around the corner in multiple scattering media.Applied Optics. v. 54. p. 7740-46. 2015.
JIMENEZ-VILLAR, E.et al.Anderson localization of light in a colloidal suspension (TiO2@Silica).Nanoscale. v. 8. p. 10938-46. 2016.
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- 16/02/2017 - Transporte de pastilha de cobalto para máquina de radioterapia é autorizadoAparelho está desativado em Sorocaba por falta do item, afetando tratamento. Processo de transporte é delicado porque o material é altamente radioativo.
Aparelho está desativado em Sorocaba por falta do item, afetando tratamento. Processo de transporte é delicado porque o material é altamente radioativo.
Fonte: G1Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A Comissão Nacional de Energia Nuclear autorizou o transporte da pastilha de cobalto para Sorocaba (SP), onde um equipamento está desativado por falta do item, prejudicando o tratamento de muitos pacientes da região.
Segundo informações da direção da Santa Casa, a empresa que fará o transporte já foi contratada e o objeto deve chegar até o início da semana que vem. É um processo delicado e precisa de autorização porque o material é altamente radioativo.A máquina fica na Santa Casa cidade que é referência em atendimento médico para 48 cidades da região, onde vivem mais de 2 milhões de moradores. As aplicações de radioterapia, que foram interrompidas, devem voltar a ser feitas em abril, segundo o hospital.
A direção da Santa Casa não informa de qual cidade ela vem, mas confirma que a doação da pastilha foi feita pelo mesmo hospital que doou um novo equipamento de radioterapia. O antigo que parou de funcionar em outubro tinha mais de 30 anos de uso.Por conta disso, o único equipamento que atende pacientes que precisam de radioterapia foi desativado no dia 12 de novembro de 2016.
A medida foi tomada por conta do prazo de validade do material radioativo que fica dentro do aparelho que está vencendo. A pastilha de cobalto tem o tamanho de um comprimido e custa aproximadamente R$ 1,5 milhão.
Desde outubro de 2016, pacientes que precisam do tratamento estão sendo encaminhados pela Direção Regional de Saúde de Sorocaba para outros hospitais referência, nas regiões de Campinas e São Paulo.
Equipamento de radioterapia está desativado em Sorocaba (Foto: Reprodução/TV TEM) -
- 15/02/2017 - José Goldemberg recebe título de professor emérito da USPPresidente da FAPESP recebeu o título concedido a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da USP
Presidente da FAPESP recebeu o título concedido a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da USP
Fonte: Agência FAPESP
A Universidade de São Paulo (USP) outorgou na terça-feira (14/02) o título de professor emérito ao professor e ex-reitor da universidade, José Goldemberg, presidente da FAPESP. A cerimônia ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, de secretários de estado, dos ex-presidentes da FAPESP Carlos Vogt e Celso Lafer – professor emérito da USP também representando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –, do reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Sandro Roberto Valentini, de diretores e conselheiros da FAPESP, além de professores e diretores de unidades da USP e outras autoridades.
A concessão do título a Goldemberg foi aprovada pelo Conselho Universitário da USP em sessão realizada em 4 de outubro de 2016. A honraria é concedida a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da USP.
Este foi o 17º título de professor emérito concedido pela universidade desde a sua fundação, em 1934, e o primeiro concedido a um ex-reitor. Goldemberg já possuía os títulos de professor emérito do Instituto de Física e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
"É um privilégio e uma honra receber da Universidade de São Paulo o título de professor emérito. Devo à USP minha formação e experiência universitária”, disse Goldemberg em seu agradecimento.
"O professor Goldemberg reúne as qualidades de cientista, acadêmico e homem público. Na sua adolescência, se encantou com a busca de respostas para questões simples do mundo que nos cercam. Em seguida, caminhou para equações e questões que derivam da análise dos átomos e da energia. E, depois, voltando-se para a sociedade, buscou aproximar a ciência dela, dando um sentido prático ao conhecimento”, disse Marco Antonio Zago, reitor da USP, em sua saudação.
"Como reitor da USP, modernizou a universidade, fundou o IEA [Instituto de Estudos Avançados] e promoveu de maneira prática a autonomia das universidades públicas paulistas que são, ainda hoje, as únicas instituições genuinamente autônomas na área do conhecimento e da ciência no país. Por isso, a USP decidiu conceder merecidamente o título de professor emérito a ele, que é um cientista com visão social da ciência e que promove essa visão nas instituições em que atua”, afirmou Zago.
Por sua vez, o governador Geraldo Alckmin destacou a contribuição de Goldemberg para a USP e como cientista e também para os governos paulista e federal, além de seu papel como atual presidente da FAPESP.
"Desde que assumiu a presidência da FAPESP, em 2015, a instituição expandiu o apoio a pequenas empresas inovadoras de tecnologia e, apenas no ano passado, aprovou 200 projetos”, disse. O governador fez referência ainda a acordos feitos pela FAPESP com grandes empresas em conjunto com a Escola Politécnica da USP, para utilização de gás natural, e à elaboração em curso de um programa para o desenvolvimento e a modernização dos institutos de pesquisa do estado.
"É fundamental que a FAPESP contribua com São Paulo no avanço das ciências aplicadas, trazendo novos rumos para a ciência paulista”, avaliou.
Autonomia universitária
Em seu discurso, Goldemberg relatou como tentou durante sua gestão como reitor da USP contribuir para o reerguimento da instituição, afetada pelo período autoritário pelo qual o país passou de 1964 a 1985.
"O que tentei como reitor foi tentar elevar o nível da universidade para atingir melhor os objetivos para os quais foi criada, em 1934, e que refletiam uma visão republicana e liberal da universidade”, disse Goldemberg.
"Segundo esta visão, a função da universidade é propiciar a busca livre da ciência e da excelência em todas as áreas; realizá-las sem se submeter a interesses de classes, grupos partidários ou a ideologias totalitárias; e garantir o acesso sem utilizar outro critério que não seja a capacidade dos candidatos”, detalhou.
Goldemberg também discorreu sobre sua contribuição como reitor da USP para assegurar a autonomia não só da instituição, mas das outras universidades paulistas, como estabelecido no artigo 207 da Constituição brasileira de 1988, que preceitua que "as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Uma das versões iniciais do anteprojeto da Constituição, contudo, continha no artigo 207 a expressão "nos termos da lei”, que tornaria indefinida a autonomia das universidades, ponderou Goldemberg.
"Como reitor discuti este tema várias vezes com Mario Covas [1930 – 2001], relator da Constituição, contribuindo para que essa expressão fosse eliminada”, disse.
Na avaliação dele, a defesa apaixonada da autonomia didática-científica e da defesa da ciência e dos cientistas que fez durante toda a sua trajetória teve origem em sua experiência como diretor do Instituto de Física da USP, entre 1970 e 1980, com apoio do então reitor da universidade Miguel Reale (1910 – 2006), e como presidente da SPBC, entre 1979 e 1981.
"Em alguns períodos, a interferência do aparato policial do governo na vida universitária era tal que havia agentes do SNI [Serviço Nacional de Informações] no gabinete do reitor, que não distinguiam entre ideias e atividades subversivas, vetando até a nomeação de professores. Esse aparato policial desapareceu assim que assumi a reitoria da USP, em 1986”, afirmou.
Goldemberg também lembrou que a liberação dos recursos para as universidades paulistas era negociada no passado pelos reitores e o Governo do Estado, e sujeita a atrasos, contingenciamentos e ajustes de todo o tipo.
Como os orçamentos fixados no início do ano eram insuficientes – sobretudo devido à inflação vigente –, era necessário negociar com o governo o tempo todo recursos adicionais (suplementações). "A autonomia de gestão era uma mera ilusão”, afirmou.
"Em 1988, junto com Paulo Renato Souza (1945 – 2011), então reitor da Unicamp, e Jorge Nagler, reitor da Unesp, negociamos com o governador do estado uma nova sistemática de alocação e liberação de recursos. Foi fixada, através do decreto de número 29.598, de 2 de fevereiro de 1989, uma porcentagem fixa do ICMS do estado de 8,4%, que era a média histórica dos três anos anteriores”, disse Goldemberg.
"Esse percentual foi atualizado ao longo dos anos e hoje é de 9,57% – dos quais cerca da metade (aproximadamente R$ 5 bilhões) é destinada à USP e o restante para as outras universidades do estado”, afirmou.
Na avaliação dele, a partir de 1989, a autonomia financeira da USP e o elevado senso de responsabilidade e de missão de uma sucessão de reitores permitiu que a universidade atingisse um nível de desempenho e excelência sem precedentes. E hoje figura entre as 200 melhores universidades do mundo, em um universo de cerca de 10 mil universidades, e é uma das melhores da América Latina, ressaltou.
O aumento de despesas com pessoal a partir de 2010, entretanto, comprometeu mais de 100% dos recursos da USP e colocou em risco a própria autonomia da universidade porque implica na busca de suplementação do Governo do Estado – que é justamente o que se pretendeu evitar com o decreto número 29.598, de 1989, que atribuiu à universidade uma fração fixa do ICMS –, ponderou Goldemberg.
"Nesta situação, as atividades de pesquisa científica e tecnológica, de interesse estratégico para o país, e não apenas de interesse da universidade, só não sofreram uma queda acentuada graças ao apoio da FAPESP”, ressaltou.
Goldemberg defendeu que a indexação dos recursos da USP ao ICMS é justificada pelo fato de que a educação exige um esforço continuado e, assim como a pesquisa, precisa ser alimentada o tempo todo. E que considera essencial em tempos de crise, como a atual, que haja um esforço para esclarecer o governo e a sociedade sobre a importância da universidade e que os gastos que isso implica são justificados, não se confundindo com demandas corporativas das quais a própria universidade tem de saber se defender.
"Um dos argumentos que justificam esta visão é o de que a USP já formou cerca de 300 mil profissionais em todas as áreas desde sua criação há mais de 80 anos, que são líderes incontestes na indústria, agricultura, ciência e cultura do estado e do país. E é graças à USP e a toda influência que exerce no sistema universitário de São Paulo e do país (público e privado) que temos um Incor e tratamento de câncer de primeiro mundo, uma engenharia de vanguarda em grandes obras, uma agricultura avançada e, só para dar um exemplo, um programa pioneiro de álcool de cana-de-açúcar que gera um milhão de empregos por ano”, enumerou.
"Por essas razões é tão importante preservar a USP como uma universidade de primeiro mundo e da qual eu muito me honro hoje em ser professor emérito”, afirmou Goldemberg.
A serviço da ciência e da sociedade
Nascido em Santo Ângelo (RS), em 1928, Goldemberg fez o bacharelado em Ciências (1950) na USP – tendo trabalhado como bolsista orientado pelo professor Marcello Damy de Souza Santos (1914 – 2009), a quem auxiliou na instalação do acelerador Betatron (um tipo de acelerador de elétrons) –, doutorado em Ciências Físicas (1954), livre-docência (1957), professor titular do Instituto de Física e reitor da universidade de 1986 a 1990.
Foi professor catedrático na Escola Politécnica da USP, professor associado na Universidade de Paris, professor titular da Universidade de Toronto, professor visitante na Universidade de Princeton, professor visitante na Academia Internacional do Meio Ambiente de Genebra e catedrático de Estudos Latino-Americanos na Universidade de Stanford.
Goldemberg dirigiu o Instituto de Física da USP, foi presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), da Sociedade Brasileira de Física (SBF), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
No governo federal, foi secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da República, secretário Interino de Meio Ambiente – quando teve papel decisivo para o sucesso da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Rio-1992) – e ministro da Educação.
É membro da Academia Brasileira de Ciências desde 1955 e recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República do Brasil, em 1995.
Entre diversos prêmios e títulos honoríficos que recebeu em sua carreira estão o prêmio pela contribuição excepcional para o desenvolvimento da economia da Associação Internacional da Economia Energética (1989); de doutor honoris causa do Instituto de Tecnologia de Israel (1991); o prêmio Volvo Meio Ambiente (2000); a Medalha Butantan (2005); o título de pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2006); o KPCB Prize for Greentech Policy Innovators (2007), e o Blue Planet Prize (2008), da Asahi Glass Foundation.
Foi selecionado em 2007 pela revista Time como um dos 13 "Heroes of the Environment” na categoria de "líderes e visionários". Recebeu o Trieste Science Prize da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS), em 2010, e o Zayed Future Energy Prize na categoria "Life achievement", em 2013.
Em 2014, foi condecorado com o prêmio "Guerreiro da Educação - Ruy Mesquita" pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) e o jornal "O Estado de S. Paulo”. Em 2015, recebeu o prêmio da Fundação Conrado Wessel e foi nomeado presidente da FAPESP.
Desde fevereiro de 2014, ocupa como membro efetivo a cadeira nº 25 da Academia Paulista de Letras (APL).
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- 14/02/2017 - Almaraz: Ordem dos Engenheiros impedida de entrar na central nuclear espanholaDurante a viagem para Espanha, o grupo de engenheiros foi surpreendido com a decisão do cancelamento da visita. Ordem diz que a situação só pode ser encarada como "uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas" dos dois países. Empresa diz que objectivo inicial da visita foi alterado.
Durante a viagem para Espanha, o grupo de engenheiros foi surpreendido com a decisão do cancelamento da visita. Ordem diz que a situação só pode ser encarada como "uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas" dos dois países. Empresa diz que objectivo inicial da visita foi alterado.
Fonte: Jornal de Negócios (Portugal)
"Uma decisão inesperada", cujas "razões e motivações carecem certamente de uma justificação" e que "contraria o são relacionamento e as normas de cooperação que devem pautar o relacionamento técnico entre entidades dos dois países" bem como "a desejável transparência a nível da partilha de informação técnica". A Ordem dos Engenheiros de Portugal comenta, desta forma, a decisão da empresa responsável pela central nuclear espanhola de Almaraz que esta segunda-feira, sem que nada o fizesse prever, decidiu cancelar a visita de uma comitiva de engenheiros portugueses.A decisão foi comunicada à Ordem já no decurso da viagem para Espanha, apanhando todos de surpresa e surge numa altura em que a central nuclear tem estado no centro de alguma polémica entre os dois países, na sequência da decisão das autoridades espanholas de, sem terem consultado Portugal, autorizarem a construção de um armazém de resíduos. Almaraz fica a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, pelo que o tema é particularmente sensível do ponto de vista da segurança.
Levantou-se entretanto também a questão do prolongamento, por mais dez anos, do período de funcionamento da central e esta precisamente essa a temática que estava no centro desta viagem a Espanha dos representantes da Ordem dos Engenheiros. Tratava-se "de uma visita de natureza técnica, cujo propósito assentava na recolha de informações sobre a operação da Central, bem como das perspectivas de prolongamento do seu ciclo de vida e sobre a intenção de construção de um depósito de resíduos nucleares", esclarece a Ordem.
Essa motivação, acrescentam os responsáveis em comunicado, esteve clara desde o início da marcação da visita, que "estava há muito agendada". Não será esse o entendimento dos responsáveis da Central, explorada pelas empresas Iberdrola, Endesa e União Fenosa. Em declarações à Lusa, fonte da central explicou que"há dezenas de visitas anualmente de cortesia e de caráter técnico" geral, para explicar às mais diversas entidades "o que é e como funciona uma unidade nuclear de produção de eletricidade". No entanto,a Ordem dos Engenheiros pretendia "investigar" as condições de prolongamento da central e a construção do aterro nuclear "e isso não era o tema da visita".
O cancelamento foi recebido "com total surpresa por parte da Ordem", cuja delegação integrava o bastonário, Carlos Mineiro Aires, os dois vice-presidentes nacionais, membros do Conselho Directivo Nacional, os presidentes dos Colégios Nacionais de Engenharia Electrotécnica e de Engenharia do Ambiente, o coordenador da Especialização de Energia, um membro da Assembleia de Representantes e vários especialistas.
Nada fazia perspectivar que a Ordem, "preocupada com a segurança dos portugueses e com os impactes transfronteiriços" do futuro da central nuclear "pudesse ser confrontada com este desfecho imprevisível" que, consideram os representantes dos engenheiros, "é um mau exemplo do que deve ser o relacionamento, no campo técnico, entre dois países vizinhos" e "uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas e associativas de Espanha e Portugal".
(notícia alterada às 13:00 com reacção de fonte da Central de Almaraz citada pela agência Lusa)
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- 14/02/2017 - NASA descobriu bolsas de radiação no ar que podem ser perigosas para quem viaja de aviãoAs bolsas apresentam níveis de radiação duas vezes maiores do que os transmitidos durante uma radiografia ao tórax
As bolsas apresentam níveis de radiação duas vezes maiores do que os transmitidos durante uma radiografia ao tórax
Fonte: Visão
Quem tem medo de andar de avião normalmente pensa em cenários apocalíticos, como a queda do avião. No entanto, um estudo da NASA revelou um perigo que poderá ser bem mais comum do que a queda – segundo o Curiosity.com, estatisticamente falando, precisaríamos de viajar de avião uma vez por dia durante 55 mil anos até termos um acidente fatal.
Esse perigo tem a ver com a descoberta de bolsas de altos níveis de radiação, encontradas em regiões de latitude magnética específicas e a alturas frequentemente atravessadas por voos comerciais (de 35 000 a 39 000 pés, mais ou menos 11 a 12 quilómetros).
A radiação ionizante destas nuvens é cerca de duas vezes maior do que aquela que é transmitida durante uma radiografia ao tórax e tem o poder de danificar células genéticas, que podem provocar cancro.
Embora até aqui já se soubesse que em qualquer voo os passageiros são afetados por uma pequena quantidade de radiação – a tripulação tem, inclusivamente, o dobro da taxa normal de melanoma, um cancro de pele – este estudo revela algo novo. Das motorizações feitas em 213 aviões comerciais, os investigadores verificaram picos de atividade radioativa em cinco casos.
De acordo com site Quartz, os investigadores do Automated Radiation Measurements for Aerospace Safety, um projeto inovador que pretende estudar e melhorar as condições de segurança da aviação, consideram que a principal preocupação tem a ver com os efeitos que esta radiação pode provocar com o passar do tempo, já que atravessar algumas destas bolsas de radiação, à partida, não aumenta os riscos para a saúde.
Uma radiografia ao tórax aumenta o risco de cancro mortal numa proporção de 1 em 200 mil, portanto o risco absoluto deve ser baixo. No entanto, deve haver um balanço entre estes dados com o número de voos e se o risco pode ser evitável.
Na aviação norte-americana ainda não existem padrões de segurança de exposição a radiação para os viajantes. No entanto, W. Kent Tobiska, um dos autores do estudo, disse ao New Scientist que as regulações vão surgir nos próximos anos.
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- 14/02/2017 - Programa de Apoio à Propriedade Intelectual tem novas chamadasFonte: Agência Fapesp
A FAPESP anunciou a abertura de novas chamadas de propostas para o Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (PAPI) nas modalidades Capacitação e Institucional.
A modalidade Capacitação apoia o aprimoramento dos conhecimentos técnico-científicos dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das instituições de ensino superior e pesquisa do Estado de São Paulo.
O apoio se dá por meio do financiamento de estudos e intercâmbio em instituições estrangeiras de notório reconhecimento nas atividades de transferência de tecnologia (Fase 1). Após a finalização bem-sucedida da Fase 1, poderão ser submetidos projetos de pesquisa nas áreas de gestão, valoração e transferência de tecnologias (Fase 2).
A instituição-sede deverá se comprometer com o afastamento remunerado dos membros da equipe que farão as visitas ou estágios em instituição no exterior.
As propostas serão recebidas na FAPESP até 29 de abril de 2017. A chamada está disponível em: www.fapesp.br/10766.
Institucional
Na modalidade Institucional, instituições de ensino superior e pesquisa do Estado de São Paulo são apoiadas por meio do apoio ao registro e licenciamento de propriedade intelectual criada a partir dos resultados de pesquisas financiadas pela FAPESP.
O orçamento total apresentado à FAPESP poderá ser de até 50% do valor despendido nos dois anos anteriores com recursos próprios do NIT para a gestão da propriedade intelectual resultante de projetos de pesquisa financiados pela FAPESP.
A estimativa de contrapartida poderá incluir desembolsos para o pagamento de taxas, honorários para a prestação de serviços especializados para a redação do relatório descritivo do pedido de patente ou para o licenciamento das tecnologias e horas da equipe do NIT dedicadas à gestão e licenciamento da propriedade intelectual resultante de pesquisas financiadas pela FAPESP.
As propostas também serão recebidas até 29 de abril. A chamada está publicada em: www.fapesp.br/10767.
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- 13/02/2017 - “Acidente com o Césio é tratado como tabu e ninguém o insere na história da cidade”Gore e trash, obra dos goianos rememora, com muito terror ficcional, um dos episódios mais trágicos da história de Goiás
Gore e trash, obra dos goianos rememora, com muito terror ficcional, um dos episódios mais trágicos da história de Goiás
Fonte: Jornal Opção
Os produtores da HQ destacam: "Não estamos ridicularizando nenhum dos envolvidos no acidente, em momento algum, e não ignoramos a triste memória da população acerca do acidente” | Arte de Rodrigo Spiga
Ademir Luiz & Sarah Cabral
Especial para o Jornal OpçãoEm 2017, o acidente radiológico com o Césio-137, ocorrido em Goiânia, completa 30 anos. Partindo desse trágico evento real, o roteirista Ronaldo Zaharijs e os artistas Eduardo Menna e Rodrigo Spiga lançaram, no dia 13 de janeiro (uma sexta-feira 13!), o romance gráfico "137”. A obra é uma ficção de terror que solta a criatividade para imaginar quais efeitos colaterais a radioatividade poderia ter gerado na população goiana, particularmente nos moradores dos arredores de Abadia de Goiás, cidade vizinha à capital, onde se encontra o depósito — que deveria ser provisório e se tornou definitivo — dos rejeitos radioativos. A HQ foi patrocinada pela plataforma de crowdfunding, ou financiamento coletivo, Catarse, e publicada pela Editora Contato Comunicação. Para falar dessa obra gore e intencionalmente trash, entrevistamos Rodrigo Spiga, primeiro desenhista da HQ e responsável pela capa, e Ronaldo Zaharijs.
Ademir Luiz – A narrativa do romance gráfico se passa nos arredores da cidade de Abadia de Goiás, onde fica o depósito dos rejeitos radioativos do Césio-137. Para desenhar os cenários houve uma pesquisa no local?
Rodrigo Spiga – Houve um estudo do local, da aparência geral da região rural imediata à Abadia de Goiás; porém, o local onde a história se passa, o sítio da família do personagem Sérgio, é fictício. O conceito do lugar foi feito especialmente para ambientar e climatizar a história de acordo com o necessário para o tema da história.
Ademir Luiz – O acidente expôs os goianos ao preconceito pelo país e afora. Consideram que a HQ que estão produzindo, que sugere que a radioatividade provocou mutações nos habitantes de Abadia de Goiás, pode contribuir para a manutenção desse estereótipo?
Rodrigo Spiga – Dificilmente. O que acontece aqui é apenas o uso da história do estado para a produção de uma história fictícia, e normalmente o leitor entende este tipo de coisa. Na história, os mutantes têm caráter tão absurdo que a história ganha ar cômico, é mais uma brincadeira com o estereótipo caipira do que com o próprio acidente com o Césio-137, e o leitor tem de estar aberto a este tipo de assunto. Além do mais, temos o próprio brasão da cidade de Abadia de Goiás, brincando com o fato do depósito de lixo radioativo estar lá: carregam o símbolo radioativo junto a uma vaca.
Ademir Luiz – Em "O massacre da serra elétrica” temos uma família disfuncional com membros que, apesar de tudo, fazem as refeições em comum e, de alguma maneira, se importam uns com os outros. Jason, em "Sexta-Feira 13”, e Michael Myers, em "Halloween”, são personagens estabelecidos por preceitos freudianos. Os mutantes de seu romance gráfico não apresentam traços de humanidade, são basicamente máquinas de matar. Não dar-lhes nenhuma complexidade, nem pessoal nem na relação entre eles, foi consciente? Se sim, por quê? Considerando que a tendência atual é problematizar o mal, como aconteceu em obras como "Malévola” e "Drácula, a História não contada”.
Rodrigo Spiga – O "137” é diferente desses filmes citados. Se aproxima mais de a "Viagem Maldita” e "Pânico na Floresta”, pois os protagonistas aqui são os sobreviventes e não os assassinos. Isso nos deu a liberdade para explorar os personagens nessas situações extremas citadas na pergunta. Os mutantes são sim máquinas de matar, mas isso visto pelos olhos das vítimas. Eles podem ter relações familiares, podem ter profundidade, mas isso as vítimas não têm como saber e pouco nos interessaria demonstrar. Os mutantes apenas aparecem acompanhados pelas vítimas e o enquadramento dessas cenas sempre é escolhido a ponto de priorizar esse ponto de vista. Por isso a escolha de não mostrar hora alguma qualquer tipo de relação entre os mutantes, inclusive nunca confirmar se eles são mutantes, ou se eles forem mutantes, se surgiram pelo fato de o depósito de lixo radioativo estar ali. Lembramos que quem falou isso foi um personagem de ideias questionáveis: Miguel.
Do nosso ponto de vista, esses "mutantes caipiras radioativos” podem muito bem ser seres humanos perfeitamente normais com uma aparência um pouco detestável e com um paladar diferenciado. Poderíamos problematizar o mal, mas não nos interessa, isso tira a graça de uma história de premissa simples. Tudo o que o leitor precisa saber é que esses ditos mutantes tiveram fome e tiveram a sorte de ter um grupo de jovens passando por ali, quiseram os comer e comeram, isso para não haver a chance de serem confundidos com os mocinhos, como acontece nesses dois filmes citados na pergunta, o vilão perde seu poder, não é mais vilão, é apenas um ser incompreendido pela grande maioria das pessoas. Isso nos tira o "fazer pela vontade de fazer”, que é o "mal pelo mal”, a "ação pela ação” etc.
Sarah Cabral – "137” é a adaptação de uma das maiores tragédias ocorridas em Goiás. Geralmente, as obras de ficção que trabalham esse tema procuram ser realistas, mas vocês optaram pelo fantástico. Sendo assim, como foi o processo de concepção da narrativa da HQ, em que é ignorada toda a triste memória da população acerca do acidente e apresentada uma versão ficcional com direito a mutantes e "cozido de carne humana”? A inspiração para a criação veio por onde? Cinema? Livros?
Rodrigo Spiga – Primeiramente, a "137” não é a adaptação do ocorrido, apenas introduzimos o acidente com o césio na história do próprio estado, o que muitas pessoas o esquecem de fazer; esse acidente por aqui é tratado como tabu, ninguém o insere na história da cidade. Nós o inserimos e ele trouxe certas consequências para algumas pessoas. Infelizmente, em nosso mundo ficcional, para algumas pessoas, como os mutantes, as consequências foram maiores. Não estamos ridicularizando nenhum dos envolvidos no acidente em momento algum e não ignoramos a triste memória da população acerca do acidente; temos a personagem Cintia para nos lembrar das consequências.
Ronaldo Zaharijs – A inspiração veio principalmente do cinema. Filmes anteriores à era em que se você não problematiza ou dá explicação para tudo, você está sendo um mau artista.
Sarah Cabral – Sabe-se que o período entre a criação até o "produto final” da obra é bastante extenso e, por muitas vezes, o processo é tido com muita interferência e mudanças. A respeito disso, como se dá a relação da produção visual da história com a ideia original da obra? O peso autoritário de um roteiro a ser seguido tem regido a obra ou, conforme a obra vem se desenvolvendo, a história vem seguindo outros caminhos até então não imaginados?
Rodrigo Spiga – Nós temos o período do projeto em que a figura do roteiro vai lentamente sumindo e virando a figura do quadrinho, e todas as imagens, ações e falas são um só; esse é o sinal de um projeto bem executado, quando não sentimos a figura do roteiro no quadrinho – assim como no cinema. Nesse período, temos a produção visual, seja em forma de rascunhos, "rafes”, layouts, conceitos de personagem e de cenário, decupagem do próprio roteiro. É nesse período em que as mudanças acontecem, as mudanças de história, para que a leitura possa fluir mais perfeitamente. Os cortes e adições de cenas, a definição do "timing”, tudo isso é feito nessa etapa, e é essa etapa que é cercada de mudanças no roteiro base.
Ronaldo Zaharijs – O peso autoritário do roteiro no quadrinho quase sempre é ruim quando são pessoas separadas que executam as etapas de produção, que são poucas, geralmente duas. O ilustrador cria as sequências visuais a partir do zero, as imagens a partir do zero, a partir do momento em que o roteiro já dita por base de regra enquadramento, definições de cena etc. Assim, corta a ação criativa do ilustrador. Então, foi decidido eliminar esse peso autoritário na obra, e há mudanças de ambos os lados sempre que se fazem necessárias.
Sarah Cabral – A ideia por trás de uma obra artística, independente de qual seja a sua forma a ser materializada, frequentemente será questionada quanto a presença de um significado subjetivo afim de categorizar a obra como arte ou não. Dentro da história em quadrinho, é possível distinguir duas obras: a história da obra narrada versus a obra dramatizada em imagens. Considerando isso, foi desejado que a obra tivesse uma subjetividade? Ou haveria uma ausência de significado abstrato, que caberia ao leitor encontrá-lo ao acaso e elevá-la ou não à condição de arte?
Rodrigo Spiga – Primeiramente, o quadrinho não pode ser dividido em "obra narrada” e "obra em imagens”; tudo deve ser um só, pois as imagens contam o que você vê e as palavras comumente o que se ouve. Mas acaba por aí a divisão, já que o produto deve ser um só. E, nisso, entra a liberdade e necessidade de se materializar personalidade em forma de falas, faladas e não escritas. Muitas vezes, se não na maior parte das vezes, é necessário ignorar a gramática, assim como ignoramos no momento em que falamos, muitas das vezes, claro. A subjetividade no quadrinho pode ser encontrada em diversos níveis, como dito na pergunta cabe ao leitor querer identificar isso, estamos seguros que fizemos essa "arte” mencionada, seja na composição visual, nos enquadramentos, na forma de se seguir a narrativa visual, no apelo em forma de história em conjunto ao falado. Elevar esta obra a arte cabe somente a sua forma de conceituá-la, não exatamente ao que fizemos ou deixamos de fazer.
Ademir Luiz é professor da graduação e pós-graduação da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e Sarah Cabral é acadêmica de Arquitetura e Urbanismo na mesma instituição
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- 07/02/2017 - Fazenda fixa US$ 301 milhões para importações destinadas à pesquisaA medida foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (6). Em carta encaminhada na última quarta-feira, a SBPC e outras 7 instituições pleitearam a liberação imediata das cotas de importação
A medida foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (6). Em carta encaminhada na última quarta-feira, a SBPC e outras 7 instituições pleitearam a liberação imediata das cotas de importação
Fonte: Jornal da Ciência
Após mobilização da SBPC e outras 7 entidades pela liberação de cotas de importação de equipamentos e insumos para pesquisas científicas, tecnologia e inovação, o Ministério da Fazendapublicou segunda-feira, 6, no Diário Oficial da União, a Portaria 59, que fixa o limite global anual para 2017 das importações destinadas à pesquisa científica e tecnológica. O limite estipulado é de US$ 301 milhões.
Na última quarta-feira (1), a SBPCenviou uma cartaao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, com cópia para os ministros da Fazenda, Henrique de Campos Meireles, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, pedindo providências para que fossem liberadas as cotas de importação de equipamentos e insumos para pesquisa científica, tecnologia e inovação, conforme a Lei 8010/94.
Assinaram também a carta a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Nacionais de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec).
No documento, as entidades afirmavam que as referidas importações se encontram paralisadas desde o inicio do ano e a demora vinha prejudicando dezenas de projetos de forma irreversível.
Jornal da Ciência/Texto publicado 06/01/2017
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- 06/02/2017 - Irã quer reforçar relações com o Brasil em ‘todos os setores’Presidente iraniano diz que o interesse principal de Teerã no País é nos setores de energia e de transporte
Presidente iraniano diz que o interesse principal de Teerã no País é nos setores de energia e de transporte
Fonte: O Estado de S. Paulo
TEERÃ - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou neste domingo, 5, que seu país está interessado em desenvolver as relações com o Brasil "em todos os setores”, especialmente no de energia e de transporte.
Rouhani ressaltou que os laços bilaterais "avançaram notavelmente nos últimos anos e devem ser promovidos”, informou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores iraniano.
Rouhani recebeu as credenciais do novo embaixador brasileiro em Teerã, Rodrigo de Azeredo Santos, que afirmou, por sua vez, que o Irã é "um parceiro confiável” na região, segundo a nota oficial.O embaixador destacou que Irã e Brasil sempre tiveram "relações amistosas” e o governo brasileiro quer "desenvolver a cooperação nos campos da indústria, da energia, do transporte, da ciência, da tecnologia, da cultura e da agricultura”.
Azeredo destacou que o Brasil não pretende exportar bens ao Irã, mas está interessado em importar petróleo e outros produtos energéticos.
Por sua vez, o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, ressaltou que "as capacidades de cooperação bilateral são amplas” e o Irã é "um parceiro adequado” para o Brasil na região.
Brasil e Irã já cooperam em vários setores como o de petróleo e gás e o petroquímico.
Rouhani também recebeu as credenciais do embaixador português, João José Corte Real, e instou os investidores desse país a aproveitar as oportunidades econômicas que o Irã apresenta após o acordo nuclear.
O pacto nuclear assinado em julho de 2015 levou à suspensão das sanções diplomáticas e comerciais impostas ao Irã, em troca de que o país limitasse seu programa atômico./ EFE
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- 04/02/2017 - Atritos entre governo estadual e Fapesp são antigos, dizem cientistasFonte: Folha de S. Paulo
Gabriel Alves
De São Paulo
O episódio em que o governador disse que algumas pesquisas financiadas pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) seriam "inúteis", em 2016, e a recente retirada de R$ 120 milhões do orçamento da fundação (e posterior devolução) mostram que a relação entre o governo e a entidade com a agência de fomento não está muito bem –e não é de hoje.Segundo aFolhaapurou, em 2015 o vice-governador Márcio França (PSB), que comanda a SDECTI (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), já havia manifestado, em reuniões com representantes de institutos de pesquisa, vinculados à pasta, o desejo de "enquadrar" a Fapesp às prioridades do governo estadual.
Na avaliação de cientistas ouvidos pela reportagem, a intenção do governo estadual de realocar parte dos recursos da Fapesp para os institutos de pesquisa do Estado seria dar um empurrãozinho para o financiamento de estudos com um viés mais prático –com possibilidade de uso político.
Entre as pesquisas, a mais "útil" seria a vacina contra a dengue que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan. O governo cogitou deslocar centenas de milhões de reais do orçamento da Fapesp para acelerar os estudos clínicos –o que não é possível de acordo com as regras da fundação.
Por isso, Márcio França tem defendido uma reformatação dos recursos que vão para a Fapesp (a entidade recebe 1% das receitas tributárias estaduais). Uma parte iria para a pesquisa científica (que a Fapesp administraria) e outra para a pesquisa tecnológica, nos institutos de pesquisa (sobre os quais o governo tem mais influência).
"O governador tem que entender que não pode mexer na Fapesp. Tenta-se imitá-la em outros Estados e ela é reconhecida no exterior como uma instituição séria e que funciona. É algo sagrado", diz a geneticista Mayana Zatz.
Outros eminentes cientistas brasileiros, ouvidos pelaFolhasob condição de anonimato, afirmam que Alckmin, apesar da formação como médico, demonstra pouco conhecimento sobre o funcionamento da pesquisa científica e erra ao cogitar possíveis cortes na área.
"O governador substituiu a retirada de recursos pela perda de autonomia da Fapesp, obrigando-a a gastar R$ 120 milhões diretamente nos institutos de pesquisa do Estado. Nos últimos 50 anos sempre houve autonomia, nem nos piores governos ela foi perdida. Em ciência isso é importante e garante a isenção e a ausência de interferência política na decisão", afirma o físico Paulo Artaxo, especialista em mudanças climáticas.
"Infelizmente pensam mais em fomentar campanhas eleitorais com os recursos do que as próprias pesquisas", critica o físico.
Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB e ex-governador de São Paulo, publicou na internet um vídeo a respeito. "É uma pena que se mexa em uma das instituições mais bem geridas e de maior utilidade. Isso se deu provavelmente por alguns interesses políticos que acabaram influenciando a decisão da Assembleia", afirmou.
"Por interesses políticos da Assembleia, do Secretário de Desenvolvimento e do executivo, a Fapesp se transformou em uma matéria de negociação política", disse.
OUTRO LADO
A assessoria de Alckmin disse, em nota, que ele "jamais demonstrou 'desprezo pelas ciências básicas' e as ilações neste sentido não passam de declarações tomadas de segunda mão e fora de contexto. Ele entende que urge a necessidade de discutir a ciência aplicada, dentro e fora da academia, de forma intensa e livre de preconceitos, pois ela é um dos motores do desenvolvimento econômico e social de nossa época."
"A Constituição Estadual garante incentivo à pesquisa tecnológica, e esse objetivo será contemplado pela solução recém-negociada pela SDECTI e pela Fapesp."
ÀFolha, Márcio França disse que a decisão de retirar 10% dos recursos da Fapesp para os institutos foi da Assembleia Estadual e que isso teria pouco uso eleitoral, já que haveria poucas pessoas diretamente beneficiadas.
"Muitos pesquisadores dos institutos reclamam que não conseguem competir por causa da mentalidade acadêmica da Fapesp. Hoje eles conseguem só coisa de 5% dos recursos da agência."
Para ele, com o novo acordo entre governo e Fapesp, isso deve melhorar: "Foi um empurrãozinho. Ia demorar mais 1, 2, 5 meses para a Fapesp ajudar os institutos... Agora vão ter que andar mais depressa."
FALTA DE PESSOAL
Os institutos de pesquisa do Estado de São Paulo sofrem com a falta de recursos financeiros e humanos. Sem a reposição de quadros de funcionários, alguns serviços importantes, como a produção de drogas, podem ser prejudicados ou interrompidos.
"Há hoje no Ipen [Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares] uma enorme escassez de recursos humanos especializados. O deficit vem de contínuas aposentadorias, mortes e transferência de funcionários nos últimos dez anos, praticamente sem reposição do quadro", diz o diretor de pesquisa, desenvolvimento e ensino, Marcelo Linardi.
"Várias atividades de pesquisa do Ipen se encerraram ou estão funcionando precariamente, na iminência de extinção. As consequência serão duras para a sociedade, pois tratam-se de produção de radiofármacos, análises ambientais e serviços tecnológicos diversos", afirma.
Um pesquisador de um outro instituto, sob anonimato, disse que antes trabalhavam 32 funcionários em seu núcleo de pesquisa, e nove eram pesquisadores. Hoje, restam seis funcionários ao todo (três pesquisadores).
Ele relata ter trabalhado por anos dentro de um banheiro, onde improvisou um laboratório. Só mais tarde conseguiu financiamento para montar um espaço de trabalho adequado.
O pesquisador também afirma que frequentemente são escolhidas pessoas sem produção intelectual e sem doutorado para dirigir as instituições. A indicação, que cabe às secretarias estaduais às quais os institutos se vinculam, seriam muitas vezes meramente políticas e deletérias para as entidades.
Ele cita ainda uma desvantagem na hora de receber financiamento em comparação com os colegas de universidades, que saem na dianteira por ter um número maior de alunos –critério utilizado na avaliação do currículo do cientista.
Para Linardi, os R$ 120 milhões do acordo entre o governo do Estado e a Fapesp "podem favorecer solicitações de modernização de infraestrutura, bem como capacitação laboratorial dos institutos com equipamentos e obras e ainda itens de fora do escopo de atuação da agência"
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- 02/02/2017 - SBPC e mais 7 entidades pedem liberação de cotas de importação de equipamentos e insumos para CT&IEm carta enviada ao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, as instituições alertam que a paralisação tem prejudicado dezenas de projetos de forma irreversível
Em carta enviada ao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, as instituições alertam que a paralisação tem prejudicado dezenas de projetos de forma irreversível
Fonte: Jornal da CiênciaA SBPC mais sete entidades enviaram uma carta, nesta quarta-feira (1), ao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, com cópia para os ministros da Fazenda, Henrique de Campos Meireles, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, pedindo providências para que sejam liberadas as cotas de importação de equipamentos e insumos para pesquisa científica, tecnologia e inovação, conforme a Lei 8010/94.
No documento, as entidades afirmam que as referidas importações se encontram paralisadas desde o inicio do ano, pois o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – órgão central do Siscomex – responsável pela análise do enquadramento do projeto beneficiário, até o momento não pôde emitir Licença de Importação. Essa demora tem prejudicado dezenas de projetos de forma irreversível.
Assinam também a carta a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Nacionais de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec).
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