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- 24/06/2017 - Com histórico de corrupção, Angra 3 segue sem previsão de entrega: obra começou em 1984Segundo Eletronuclear, usina está 61,5% concluída e segue paralisada, aguardando uma decisão favorável do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Segundo Eletronuclear, usina está 61,5% concluída e segue paralisada, aguardando uma decisão favorável do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Fonte: G1Uma obra iniciada há mais de 30 anos e sem previsão de término. Essa é a realidade da usina nuclear de Angra 3, que começou a ser construída em 1984. Crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas na execução do projeto são investigados em uma operação que é um desdobramento da Lava Jato – e que já resultou na prisão de um ex-presidente de Eletronuclear.
A construção de Angra 3 foi interrompida pela primeira vez dois anos depois de início das obras, quando o país atravessava uma crise econômica que afetou a área de infraestrutura e implicou na desaceleração dos investimentos no setor.
Retomada em 2010, com a concretagem do reator, a obra foi novamente interrompida em 2015, quando o governo federal esbarrou na falta de dinheiro para terminar o projeto.
De acordo com a Eletronuclear, as obras estão 61,5% concluídas, mas seguem paralisadas aguardando uma decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A nova previsão é que a construção termine em 2022, caso seja retomada até o início do segundo semestre de 2018.
O valor inicial, projetado na retomada das obras em 2010, era de R$ 10 bilhões, com previsão de que 70% dos gastos fossem efetuados no país. Atualmente, conforme publicado no relatório financeiro divulgado pela Eletrobrás, o valor previsto de Angra 3 chega a R$ 26 bilhões, incluídos custos diretos e indiretos. Deste valor, cerca de R$ 8,4 bilhões já foram gastos.
Quando em funcionamento, Angra 3 produzirá mais de 10 milhões de megawatts por ano, energia suficiente para abastecer cidades como Brasília e Belo Horizonte. De acordo com a Eletronuclear, as centrais nucleares Angra 1 e 2 são responsáveis por gerar 30% da energia consumida no Rio de Janeiro.
Ex-presidente condenado
Em julho de 2015, a Operação Radioatividade, um desdobramento da Lava Jato, trouxe à tona crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas nas obras de Angra 3.
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- 23/06/2017 - Ciência brasileira ‘perde’ R$ 500 mil por horaFonte: ExtraRIO - A ciência brasileira está "perdendo” dinheiro a um ritmo de R$ 500 mil por hora, colocando em risco o presente e futuro da produção de conhecimento no país. A conta é do "tesourômetro”, uma espécie de relógio digital inaugurado nesta quinta-feira no campus da Praia Vermelha da UFRJ que exibe os cortes no orçamento público federal para as áreas de ciência e tecnologia e instituições de ensino superior este ano e no passado na comparação com 2015, num total que já passa da marca de R$ 11,1 bilhões.
A inauguração do "tesourômetro” também marcou o lançamento da campanha "Conhecimento sem cortes”. Promovida por professores universitários, cientistas, estudantes e técnicos de diversas instituições de ensino e pesquisa espalhadas pelo país, ela tem como objetivo monitorar e denunciar os cortes no orçamento para a área e suas consequências negativas para a sociedade brasileira, além de sensibilizar a população para o que se produz nas universidades e nos institutos de pesquisa.
— Está sendo perdida toda uma geração de pesquisadores, na qual o governo investiu nos últimos anos, seja na universidade, nos cursos de mestrado e doutorado, bastante dinheiro, e que hoje estão com dificuldade de continuar a suas pesquisas — disse à Agência Brasil Tatiane Roque, presidente da Associação dos Docentes da UFRJ (Adufrj). — A pesquisa científica é cumulativa e o que está se perdendo agora não se pode recuperar no futuro.
Estudantes sem condições de se manterem
Ainda de acordo com Tatiane, sem as bolsas do governo federal alguns estudantes universitários não têm como se manter, com os cortes afetando também o fornecimento de moradia via alojamentos, alimentação por meio de bandejões que necessitam. Isto sem falar na própria infraestrutura básdica de pesquisa.
— A pesquisa científica precisa de investimentos em material, em reagentes, precisa de laboratórios e também de pessoal para continuar a exercer seu trabalho — destacou.
Baseado em cálculos de economista Carlos Frederico Leão Rocha, professor da própria UFRJ, o "tesourômetro” considera só as verbas de custeio e investimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), das instituições de pesquisa e universidades, não levando em conta salários de professores, cientistas e funcionários administrativos.
Só no caso do MCTIC, o orçamento original deste ano, que era de cerca de R$ 5 bilhões e já apenas a metade dos aproximadamente R$ 10 bilhões registrados em 2013, sofreu no fim de março um contingenciamento radical de R$ 2,2 bilhões, ou 44%, para ajudar a cumprir a meta fiscal de 2017. Com isso, os recursos da Pasta regrediram a valores registrados 12 anos atrás, apontou a Academia Brasileira de Ciências (ABC) à época.
— Se estamos passando por uma crise no modelo econômico e de desenvolvimento, o que nós precisamos é justamente que se faça o contrário, que se invista em pesquisa, em formação de quadros, em pensadores que nos levem a sair dela (crise) — concluiu Tatiane.
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- 21/06/2017 - Putin pleiteia aumentar papel russo no complexo nuclear de Angra dos ReisEm Moscou, Temer promete esforço para acordo do Mercosul com bloco que inclui Rússia
Em Moscou, Temer promete esforço para acordo do Mercosul com bloco que inclui Rússia
Fonte: El PaísO presidente russo, Vladimir Putin, apoiou nesta quarta-feira os projetos das grandes estatais russas no Brasil, nos setores de transporte, energia e exploração espacial, após se reunir no Kremlin com seu homólogo Michel Temer. Uma declaração conjunta – em que ambos os líderes manifestaram a intenção de "reforçar o diálogo estratégico” em política internacional – e quatro documentos de colaboração interagências foram o resultado da visita do presidente brasileiro à Rússia no âmbito de uma viagem à Europa cujo próximo destino é a Noruega. Temer foi recebido também pelo chefe de Governo Dmitri Medvedev, ao qual ressaltou a importância de aumentar os investimentos russos no país, que atualmente equivalem a um valor acumulado de 1,5 bilhão de dólares (cerca de cinco bilhões de reais).
Putin e Temer analisaram a colaboração entre os dois países, com especial atenção, segundo o presidente russo, aos "problemas de natureza econômica”. O volume comercial bilateral caiu 11% em 2016, mas aumentou 30% no primeiro trimestre deste ano, segundo Putin (de acordo com Temer, houve um aumento de 40% nos primeiros cinco meses). Em 2012, a Rússia e o Brasil haviam concordado em incrementar seu comércio bilateral para 10 bilhões de dólares (33 bilhões de reais), mas a meta não foi alcançada. O intercâmbio não chegou a superar os 6,5 bilhões de dólares e baixou para 4,3 bilhões em 2016, segundo o jornal russo Nezavísimaia Gazeta. A Rússia e o Brasil colaboram no âmbito do grupo de países Brics, formado também pela Índia, China e África do Sul, mas o tema não foi especialmente exaltado. Putin e Temer "decidiram reforçar o diálogo estratégico entre os dois países em temas de política exterior, no âmbito da ONU, Brics, G20 e outros fóruns internacionais”, diz o comunicado conjunto.
Em matéria energética, o líder do Kremlin declarou que existem "projetos com perspectivas no campo da energia atômica” e lembrou que o Rosatom (consórcio de energia nuclear com autoridade de ministério) venceu, no início deste ano, a concorrência internacional aberta pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para o fornecimento de urânio. A Rosatom "está disposta e gostaria também de receber a tarefa de construir um depósito do combustível nuclear utilizado na usina nuclear de Angra dos Reis”, disse Putin. Por sua vez, a empresa de construção de máquinas Silovie Mashini instalou cinco novas usinas hidrelétricas e tem a intenção de produzir peças turbinas de gás no Brasil.
O presidente russo também disse que as empresas de transporte russas "estão dispostas a participar da realização do novo programa do Brasil para modernizar a infraestrutura nacional”, lembrando que uma empresa de transporte ferroviário russa já iniciou as conversas para a construção e exploração de um setor da Ferrovia Norte-Sul.
Atualmente, já trabalham no Brasil as petroleiras Gasprom e Rosneft, ambas controladas pelo Estado russo. A primeira tem interesse em fornecer gás liquefeito de petróleo ao Brasil e importar equipamentos para a obtenção de gás na plataforma continental, assim como para a construção de depósitos de armazenamento subterrâneos para esse combustível, segundo a informação difundida pelo Governo russo por ocasião da visita de Temer. A Rosneft realiza explorações na bacia do rio Solimões, na Amazônia.
No campo da exploração do espaço, Putin mencionou o telescópio russo para detecção de lixo espacial inaugurado no Brasil. Recordou que aqui funcionam quatro estações terrestres do Glonass, o sistema russo de navegação global por satélite, e disse que há estudos sobre a possibilidade de realizar lançamentos conjuntos em base brasileira, além da produção de foguetes portadores de classes leve e média. Putin se mostrou otimista quanto à manutenção das alianças tecnológicas existentes e à criação de outras, mencionando a colaboração entre o centro de inovação russo Skólkovo e o brasileiro Tecnopac.
Conselho de Segurança da ONU
Na nota conjunta, os dois presidentes enfatizam sua idêntica posição sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU e sua disposição em reforçar a cooperação técnico-militar. A Rússia ressalta o desejo de desenvolver suas relações multilaterais com os países da América Latina e do Caribe, enquanto o Brasil expressa a disposição de colaborar com esse objetivo russo. Em suas intervenções no início e no final da reunião do Kremlin, Putin e Temer adotaram posições simétricas – no caso do Brasil, em relação à América Latina e, no caso da Rússia, em relação à União Econômica Euroasiática (UEE, formada por Rússia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Armênia).
A Rússia e o Brasil expressaram sua intenção de trabalhar pela rápida assinatura de um memorando de cooperação comercial e econômica entre a UEE e os Governos dos países do Mercosul. No próximo semestre, quando ocupar a presidência do bloco sul-americano, o Brasil fará todo o possível para que a Rússia assine um acordo de colaboração com a UEE, afirmou Temer. Entre os quatro documentos firmados, há um memorando de colaboração econômica e investimento, um plano de consultas entre os Ministérios das Relações Exteriores e um memorando entre a Receita Federal do Brasil e o Serviço Federal Alfandegário da Rússia (SFA) para a troca de informações sobre o transporte de mercadorias, além de um protocolo para troca de informações e ajuda mútua no âmbito do sistema de tarifas da UEE.
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- 21/06/2017 - Cristalografia e Software LivrePesquisadores da área de Materiais do IPEN criam software livre para estudo de estruturas cristalinas
Pesquisadores da área de Materiais do IPEN criam software livre para estudo de estruturas cristalinas
Fonte: Blog Código Aberto - Sessão Link do Estado de S. Paulo
Que tal aprender sobre estruturas cristalinas? Com software livre, é claro!
Por CCSL
Centro de Competência em Software Livre da USP
Comparação de modelo físico com imagem gerada pelo primeiro software cristalográfico, o ORTEP, em 1965 (Fonte: Felknor, 1965)
Por Fernando Bardella e Ricardo Leal Neto*
Haveria algo em comum entre flocos de neve, a fiação elétrica de cobre, as rodas de liga leve de seu automóvel e diamantes ostentados em joias?
As formas geométricas externas de cristais naturais, como flocos de neve, quartzo, pirita, hematita e tantos outros sempre aguçaram o intelecto humano. Não por acaso, o próprio termo cristal, advindo do grego krustallos, significa rocha de gelo. Mas foi apenas nos primórdios do século XVII que as formas geométricas externas dos cristais foram atribuídas a um arranjo regular de pequenos "glóbulos” que os constituem… Isso ocorreu a partir da observação de flocos de neve, cujas formas geométricas hexagonais intrigaram e foram objeto de estudo do matemático e astrônomo alemão Joannes Kepler, mais conhecido por suas leis do movimento planetário.
No século XX, descobriu-se que não apenas em cristais naturais, mas em muitos outros materiais naturais ou sintéticos, os átomos constituintes estão regularmente organizados, independentemente da forma externa do corpo em questão. A essa organização interna dá-se o nome de Estrutura Cristalina.
Fios de cobre, barras de aço de construção, sal de cozinha, ouro, prata e pedras preciosas, talheres metálicos e xícaras de porcelana são todos cristalinos, o que não quer dizer que tudo que é sólido é cristalino: o vidro da janela de nossas residências e peças de plástico em geral não são cristalinos, ou seja, os átomos que os constituem não estão regularmente organizados.
A característica central que constitui a organização cristalina é a periodicidade, ou seja, há um padrão de repetição dos átomos ou moléculas que é encontrado em toda a estrutura. Desde a época de Keppler, cientistas e filósofos têm se perguntado – quantas são as possíveis configurações de átomos organizados no espaço tridimensional? Há um limite para isso? Sim! Foi em meados do século XIX que o físico francês Auguste Bravais determinou matematicamente que apenas 14 redes espaciais bastariam para definir os modos de repetição em três dimensões. Você provavelmente se surpreenderá com a próxima afirmação: são 14 redes espaciais ou cristalinas, mas há um número muito maior de estruturas cristalinas conhecidas, que em tese é ilimitado. Não é tão difícil entender o porquê: as redes definem o modo de repetição, mas não aquilo que será repetido! Para facilitar o entendimento, vamos analisar o que ocorre em duas dimensões, ou seja, algo como uma folha de papel, no exemplo abaixo:
No exemplo, temos à esquerda uma rede de pontos, definindo as posições onde se dará a repetição. As redes cristalinas definem essas posições no espaço. No primeiro caso, o círculo branco será repetido em cada posição da rede. No segundo caso, dois círculos, um branco e outro preto, serão repetidos. Na ilustração, os círculos brancos foram situados sobre os pontos da rede; poderia ser o contrário, mas qualquer que seja o posicionamento dos círculos em relação aos pontos da rede, a mesma repetição deve ser obedecida. A ideia é que os dois arranjos de círculos são distintos, porém gerados a partir de uma rede em comum de pontos. A diferença entre os dois arranjos reside naquilo que está sendo repetido. Essas "unidades” ou temas de repetição são designadas de "motivo” ou "base” e esta é a essência expressa pela "equação” da figura: Rede + Motivo = Cristal.
Os motivos podem ser formados por apenas um átomo ou grupo deles; quanto maior o número de átomos que integram o motivo, mais complexa será a estrutura do cristal. Assim, de acordo com o material cristalino, temos motivos os mais diversos, ou seja, temos muitas estruturas cristalinas, mas apenas 14 redes espaciais (padrões de repetição). Por exemplo, no sal de cozinha ou cloreto de sódio (formula química NaCl), o motivo é formado por um átomo de sódio (Na) e outro de cloro (Cl) dispostos lado a lado, conforme figura abaixo ("b”). A sua rede espacial é cúbica de face centrada ("a”). A célula unitária do NaCl, que representa o cristal ("d”), está ilustrada em ("c”).
Exploração de estruturas cristalinas através de recursos de visualização do CrystalWalk: (a) pontos de rede; (b) motivo; (c) célula unitária; (d) cristal. Fonte: Bardella (2016d) (adaptado).
E por que tanto interesse em conhecer a estrutura cristalina de materiais? Muitas propriedades físicas e químicas dos materiais são influenciadas pela sua estrutura cristalina. Engenheiros (principalmente os engenheiros de materiais), físicos, químicos, biólogos e farmacêuticos são exemplos de profissionais que estudam estruturas cristalinas. Parte desse estudo depende da representação física ou gráfica dessas estruturas, e modelos físicos muito comuns e simples são feitos com bolas de isopor e varetas. Há programas dedicados à cristalografia (o estudo dos cristais), mas o modo como tais representações são criadas exige um conhecimento muito específico, que só estudiosos de cristalografia (os cristalógrafos) dominam: estudantes de engenharia e ciência dos materiais têm dificuldade em assimilar o conteúdo correspondente. Outro aspecto relevante é que esses programas tradicionalmente possuem licenças de uso e distribuição comerciais restritivas, sendo distribuídos apenas no formato binário sem o código-fonte e bastante custosos.
Com o espírito de oferecer a estudantes e professores uma alternativa, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), situado no campus da Universidade de São Paulo, se propuseram a desenvolver uma ferramenta didática destinada à criação e à visualização de estruturas cristalinas num ambiente tridimensional interativo. De tecnologia totalmente nacional, o projeto batizado de CrystalWalk preconizou os princípios do software livre, da acessibilidade e da democratização do conhecimento em seu processo de desenvolvimento, oferecendo acesso irrestrito ao código-fonte e a liberdade para estudá-lo, modificá-lo e desenvolvê-lo.
Por meio do CW, o usuário cria estruturas cristalinas seguindo um processo passo a passo. Uma vez criada, o usuário pode interagir de várias maneiras com a imagem do cristal. Foram adotadas duas estratégias para facilitar o entendimento de estruturas cristalinas: a primeira consiste em diversos recursos de visualização e interação, de modo que o usuário tenha uma experiência multifacetada com as estruturas criadas; a segunda, denominada "narrativa didática”, é uma ferramenta com a qual o usuário pode expressar sua criatividade didática por meio de sequências de visualização (vídeos) que podem ser compartilhadas, recurso muito útil para professores, por exemplo. Também foram incorporadas outras funcionalidades didáticas, tal como o suporte à interação avançada e às tecnologias de interface de Realidade Virtual (Oculus Rift, Cardboard, Leap), suporte à impressão 3D e plataforma de publicação online. O CrystalWalk não precisa ser instalado no computador do usuário, tampouco requer qualquer cadastro para o acesso, bastando digitar na barra de endereço do navegador a url http://cw.gl. Além de computadores desktop, o acesso pode se dar também por meio de tablets e smartphones. Qualquer que seja o dispositivo, ele deverá ser compatível com os recursos HTML5/WebGL, como os de última geração.
O CW foi desenvolvido na tese de doutorado de Fernando Bardella, defendida em julho de 2016, orientada pelo Dr. Ricardo Mendes Leal Neto, do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). O código-fonte do projeto é disponibilizado integralmente através do repositório colaborativo http://github.com/gvcm sob os termos da licença MIT.
O acesso irrestrito ao conhecimento, a reprodutibilidade e a transparência são pilares fundamentais da atividade científica. Nesse sentido, o software livre é (ou deveria ser) peça essencial dessa atividade nos dias atuais. Com o CrystalWalk, esperamos oferecer nossa contribuição para construção de um contexto para o desenvolvimento da ciência cada vez mais aberto e colaborativo.
* Fernando Bardella é pós-doutorando e pesquisador do IPEN; Ricardo Leal Neto é pesquisador e professor do IPEN-USP
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- 21/06/2017 - Brasileiros criam aparelho para rastrear nanopartículas magnéticas no corpoFonte: Inovação TecnológicaMedicamento magnético
Pesquisadores brasileiros desenvolveram um equipamento de baixo custo capaz de monitorar em tempo real a acumulação de nanopartículas magnéticas em órgãos do corpo humano.
As nanopartículas vêm sendo testadas em modelos animais tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de diversas doenças, entre elas o câncer.
Entre as possibilidades futuras está o uso do nanomaterial magnético como transportador de medicamentos, podendo ir diretamente ao ponto do tratamento, ou como agente de contraste em exames de ressonância magnética nuclear. Também é possível empregar o nanomaterial na avaliação da motilidade gastrointestinal e da função hepática e renal.
"Nosso trabalho pode auxiliar estudos em todas essas áreas, oferecendo uma ferramenta de baixo custo para detectar nanopartículas magnéticas in vivo. Seria para uso em modelos animais e, no futuro, também em humanos," disse Caio César Quini, pesquisador da UNESP (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu (SP).
Monitoramento de nanopartículas magnéticas
A técnica foi batizada de Biossusceptometria de Corrente Alternada (BAC).
"[A] BAC funciona como um transformador de fluxo magnético. O equipamento é composto por duas bobinas de cobre e um sensor. A bobina de detecção [externa] gera um campo magnético que induz uma corrente na bobina de referência [interna]. Quando um material magnético se aproxima do sensor, ele muda a indução de uma bobina para outra e isso gera um sinal. A alteração de sinal varia de acordo com o tipo, a quantidade e a distância do material magnético e pode ser monitorada por um computador acoplado ao equipamento", explicou Quini.
O equipamento foi testado para o monitoramento de nanopartículas magnéticas no fígado de animais de laboratório, com o aparelho sendo posicionado diretamente acima da barriga dos animais. Foram usadas nanopartículas de óxido de ferro-manganês revestidas com citrato, que foram injetadas por via venosa.
"Observamos que o sinal do sistema BAC aumenta à medida que a concentração das nanopartículas se eleva no fígado. Depois de um tempo, começa a decair em decorrência da atividade dos macrófagos, células de defesa responsáveis por captar e degradar a substância estranha ao organismo. Com base nesses dados e em referências da literatura científica, criamos um modelo farmacocinético para descrever o acúmulo das nanopartículas no fígado ao longo do tempo," contou Quini.
Baixo custo
Os dados obtidos pelo sistema BAC foram comparados com os de outro equipamento conhecido como ressonância paramagnética eletrônica (EPR), capaz de quantificar o elemento ferro no organismo, não sendo observada discrepância significativa nos parâmetros obtidos pelas duas técnicas, o que sugere que o sistema BAC apresenta boa sensibilidade para monitorar as nanopartículas in vivo.
"Esses aparelhos custam na ordem dos milhões de reais, enquanto um equipamento de BAC pode ser construído com pouco mais de R$ 5 mil. Além de bem mais barato, é portátil e não requer o uso de radiação ionizante. A desvantagem do BAC é que, ao contrário dos métodos-padrão, ele não oferece imagens. Ao menos por enquanto," disse Quini.
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- 20/06/2017 - Elaboração de Projetos e Captação de Recursos Financeiros em Ciência, Tecnologia e Inovação: da Teoria à PráticaAbipti realiza curso para analistas, pesquisadores, empresários e gestores de políticas públicas
Abipti realiza curso para analistas, pesquisadores, empresários e gestores de políticas públicas
Fonte: Agência Fapesp
A próxima edição do curso "Elaboração de Projetos e Captação de Recursos Financeiros em Ciência, Tecnologia e Inovação: da Teoria à Prática”, da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti), ocorrerá de 20 a 22 de junho de 2017, em Brasília.O curso, que passa a ser mensal, visa capacitar os participantes em relação a conceitos e métodos de gestão e elaboração de projetos de captação de recursos.
Segundo a Abipti, o curso tem o diferencial de trabalhar com um método presencial e dinâmico que mescla a teoria à prática de trabalhos em equipe. Serão 16 horas de conteúdo teórico abordando temas como contexto e estrutura básica do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, fontes e instrumentos de fomento, metodologia de elaboração e gestão de projetos.
A capacitação tem foco em analistas, pesquisadores e empresários de micro e pequenas empresas, de empresas incubadas e gestores de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação.
O instrutor do curso será o economista Felix Andrade, especialista em inovação tecnológica e assessor da Abipti.
Mais informações: http://portal.abipti.org.br/elaboracao.
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- 16/06/2017 - MP argentino quer saber se siderúrgica pagou propina para a EletronuclearFonte: Yahoo
Uma promotora da Argentina decidiu promover nesta sexta-feira uma investigação para determinar se uma subsidiária do grupo siderúrgico argentino Techint pagou propina à brasileira Eletronuclear para a construção de uma central nuclear.
O Ministério Público Fiscal informou que a titular da Promotoria Nacional Criminal e Correcional Federal 10, Paloma Ochoa, resolveu mover a ação penal após uma denúncia apresentada pela Procuradoria de Criminalidade Econômica e Lavagem de Capitais (Procelac) da Argentina.
Ochoa quer investigar se os representantes da Techint Ingeniería y Construcción, através da sua filial brasileira Engenharia Construções (TEBRA), pagaram propina entre 2009 e 2014 ao então presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
De acordo com o Ministério Público Fiscal da Argentina, o suposto pagamento de propina teria tido como propósito conseguir a licitação da obra de construção da central nuclear de Angra III.
Segundo a denúncia da Procelac, a TEBRA, contratada pela Eletronuclear (uma subsidiária da Eletrobras), teria efetuado junto às empresas do consórcio Angramon (UTC Engenharia, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e EBE) pagamentos indevidos a Othon Luiz Pinheiro da Silva.
"Por intermédio da sua empresa Aratec, esse funcionário teria recebido cerca de R$ 4,5 milhões em conceito de propina por parte do citado consórcio, para conseguir a licitação da obra de Angra III", indicou o Ministério Público Fiscal da Argentina.
O caso está vinculado com o processo denominado "Radioatividade", efetuado pela Polícia Federal do Brasil por ordem do juiz Sérgio Moro como desdobramento da Operação Lava Jato.
Dentro dessa investigação, em julho de 2015 foi detido Ricardo Ourique Marques, diretor-geral da filial brasileira da Techint.
A promotora Ochoa destacou em seu texto que "o próprio Procurador-Geral da República Federativa do Brasil oportunamente apontou as incompatibilidades resultantes da atuação de Othon Luiz Pinheiro da Silva como presidente da Eletrobrás e por sua vez titular do pacote de ações desta empresa na Aratec".
Para desenvolver a investigação, Ochoa recorrerá a um convênio de cooperação jurídica internacional contra a corrupção assinado em fevereiro pela Procuradoria Geral da Argentina e os representantes dos Ministérios Públicos de outros países sul-americanos.
Em agosto de 2016, a Justiça brasileira condenou Othon Luiz Pinheiro da Silva a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros, dentro dos contratos para a construção de Angra III. EFE -
- 14/06/2017 - Novo detector de radiação a gás é avanço da física às artes - Jornal da USPGrupo de pesquisadores do Instituto de Física trabalhou em colaboração com laboratório europeu Cern
Grupo de pesquisadores do Instituto de Física trabalhou em colaboração com laboratório europeu Cern
Fonte: Jornal da USP
Um novo tipo de detector de radiação a gás está sendo desenvolvido e construído integralmente no Instituto de Física da USP (IF). A nova versão do objeto oferece precisão e velocidade maiores do que antigos modelos destes detectores. Outra vantagem reside no baixo preço para realizar medições em áreas ou objetos muito grandes.
Este é o trabalho que vem sendo realizado pelo pesquisador Hugo Natal da Luz no High Energy Physics and Instrumentation Center (HEPIC), um dos centros do IF. O estudo iniciou-se em novembro de 2016 como um projeto de pesquisa financiado pela Fapesp na modalidade Jovem Pesquisador.
Detectores de radiação são semelhantes a uma câmera fotográfica, explica o pesquisador. As câmeras são uma espécie de detector de luz: criam uma imagem a partir da luz que vem dos objetos por ela detectados. Já o detector de radiação funciona de forma parecida, mas, como diz o nome, o que ele capta é a radiação presente ou lançada em um objeto.
A substância gasosa absorve a radiação e transmite um sinal elétrico. Os elétrons são recolhidos e fornecem um sinal eletrônico, que permite determinar a energia e a posição onde houve a radiação. Com isso é possível identificar quais elementos químicos compõem o material analisado e como eles se distribuem
Embora detectores de radiação a gás existam há muito tempo, novas tecnologias têm melhorado bastante seu desempenho, diz Luz. No caso do projeto desenvolvido no IF aplica-sea tecnologia Multiplicador de Elétrons a Gás (GEM), usando processos de fabricação de circuitos impressos com precisão de alguns micrômetros. Com isto, é possível focalizar os elétrons produzidos pela radiação com maior precisão e rapidez.
Quadros falsos e fósseis
O campo das artes e da preservação do patrimônio histórico e cultural pode se beneficiar desta evolução. São detectores deste tipo que permitem identificar, por exemplo, quais os elementos químicos presentes nos pigmentos da tinta usada em uma pintura e onde eles estão. Isso beneficia o trabalho de restauradores, que podem recriar pigmentos o mais próximo possível dos originais.
Falsificações também podem ser desmascaradas. Uma das técnicas para tal consiste em avaliar se a composição dos pigmentos usados no quadro já era de fato conhecida na época em que ele foi pintado. Quanto mais precisa a detecção dos elementos químicos e de suas combinações presentes no quadro, a tarefa dos investigadores da arte é facilitada.
Outras áreas como a geologia também podem tirar proveito do detector. Tal como nos quadros, é possível detectar não apenas quais elementos químicos estão presentes num objeto, mas também onde eles estão. Assim, é possível mapear de forma bastante complexa como são feitas certas rochas, artefatos arqueológicos com vestígios de pinturas e até mesmo fósseis, exemplifica o pesquisador.
Colaboração com o Cern
O grupo de pesquisadores coordenado por Luz também pode colaborar com o Cern, o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, o maior laboratório de física de partículas do mundo. A colaboração se deu no âmbito do projeto Alice, um dos grandes detectores montados no laboratório europeu, voltado para pesquisas de ponta na física da matéria.
Como conta Luz, um dos componentes principais deste detector, chamado Time Projection Chamber, irá passar por uma grande atualização que envolve substituir o uso de detectores de radiação a gás antigos por outros que usem a tecnologia GEM – aquela com a qual o grupo de Luz trabalha.
"O nosso grupo teve a possibilidade de colaborar com este projeto montando uma infraestrutura de teste para protótipos de 10 x 10 cm², onde caracterizamos várias geometrias possíveis de detectores, a estabilidade de operação, o ponto operacional para otimizar os sinais em relação ao ruído, entre outros.”
O Alice já está em fase de produção dos detectores. Enquanto isso, o projeto no Brasil não para. O grupo continua a estudar efeitos físicos nos detectores e desenvolve suas próprias estruturas, que são fabricadas em São Paulo. O objetivo é estudar protótipos para a detecção de nêutrons, em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a Escola Politécnica (Poli) da USP.
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- 13/06/2017 - CMA aprova rastreamento do transporte de material radioativoFonte: Notícias SenadoA Comissão de Meio Ambiente (CMA) aprovou, nesta terça-feira (13), projeto de lei da Câmara (PLC 127/2013) que torna obrigatório o rastreamento de carga de material nuclear e radioativo durante o seu transporte. A proposta recebeu substitutivo do relator, senador Cristovam Buarque (PPS-DF), e segue para votação no Plenário do Senado.
O PLC 127/2013 determina que um mecanismo de rastreamento de carga seja acoplado à embalagem dos materiais nucleares e radioativos. O objetivo é evitar acidentes. Na justificativa do projeto, foi lembrado o episódio com o Césio 147 em Goiânia (GO), ocorrido em 1987. Na época, um aparelho utilizado em radioterapia foi encontrado dentro de uma clínica abandonada na cidade e acabou contaminando muitas pessoas.
Em seu relatório, Cristovam ressaltou que os materiais radioativos são nocivos ao ser humano, a outras formas de vida e à natureza em geral. No seu ponto de vista, é inegável o mérito de procurar proteger a sociedade dos riscos de acidentes nucleares, prevendo o emprego de instrumentos de rápida localização da carga radioativa furtada, roubada ou extraviada.
- Isso [o monitoramento da carga nuclear ou radioativa transportada] é algo fundamental para a segurança de todos nós – afirmou o relator durante o exame da proposta pela CMA.
O senador José Medeiros (PSD-MT) tentou convencer o relator a deslocar, via emenda de redação, a instalação do rastreador da carga para o veículo. Cristovam rejeitou a sugestão argumentando que é importante monitorar esse tipo de material não só durante o transporte, mas também nos locais onde será utilizado e, posteriormente, descartado.
Já o senador Roberto Muniz (PP-BA) se mostrou perplexo diante da necessidade de se colocar em lei a exigência de monitoramento de uma carga nuclear ou radioativa.
- É preciso fazer uma lei para se dizer o óbvio? Como é possível trafegar qualquer tipo de produto nuclear ou radioativo que não tenha rastreabilidade? – indagou Muniz, levando Cristovam a concordar que, "de fato, não deveria ser necessária uma lei para se fazer algo que é quase uma obrigação moral”.
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- 13/06/2017 - TCU fiscaliza armazenamento de resíduo radioativoFonte: N3W5
A pedido da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o Tribunal de Contas da União – TCU fiscalizará as despesas e as condições de armazenamento do resíduo radioativo conhecido como Torta II, das Indústrias Nucleares do Brasil – INB. A fiscalização ocorrerá em seus depósitos localizados em Poços de Caldas/MG, no município de Itu/SP e na capital de São Paulo. No pedido enviado ao TCU, os parlamentares justificaram a necessidade de fiscalização devido à constatação de não cumprimento de normas rígidas de segurança no depósito de resíduo radioativo.A INB foi criada em 1988 para cumprir o Acordo Nuclear celebrado entre Brasil e Alemanha. O objetivo é desenvolver tecnologia e impulsionar a produção da energia nuclear, desde a mineração até a entrega do elemento combustível. Uma das normas que trata sobre a estatal é o Decreto nº 96.622, de 31 de agosto de 1988, que aborda a constituição de subsidiárias pela INB.
Embora a INB tenha informado aos parlamentares que a forma de armazenamento era segura, constataram que havia precariedade e que o local em que se encontravam os produtos nucleares estava incompatível "com o nível de segurança que se exige de instalações que armazenem material radioativo, em especial quando se observa que o resíduo está próximo a vários condomínios residenciais e a apenas quinhentos metros do manancial de água que abastece a cidade”.
A ministra Ana Arraes entendeu que a solicitação da Câmara era para duas situações distintas, quais sejam, "avaliação das despesas realizadas com os três depósitos de rejeitos” e "avaliação da aderência dos procedimentos de armazenamento às normas nacionais e internacionais”.
Assim, compreendeu que as informações para avaliar a regularidade dos gastos com a adequação dos depósitos não poderia ser verificada somente por meio do processo de prestação de contas da INB.
É preciso, para a segunda alternativa ser cumprida, realizar "visita aos locais dos depósitos a fim de verificar as reais condições de armazenamento e segurança e, em seguida, confrontá-las com as correspondentes normas aplicáveis”.
Contaminação radioativa
De acordo com o advogado e professor de Direito Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, a preocupação dos parlamentares e dos ministros do TCU é extremamente relevante e poderá impedir que o Estado tenha que pagar indenizações para as pessoas que tiverem contato com o material nuclear por falta de zelo da INB.
"Veja que a Constituição Federal estabelece que o Estado deve responder integralmente e objetivamente quando houver dano à pessoa por causa de resíduo nuclear”, observa.
O professor lembra que o Brasil já passou por um traumático acidente nuclear ocorrido em Goiânia/GO, quando, em 1987, um grupo de catadores entrou em uma clínica abandonada, encontrou um aparelho de radioterapia e decidiu desmontá-lo para revender suas peças. Após esse acidente, várias pessoas morreram, e outras até hoje convivem com sequelas físicas. Além disso, o Estado foi condenado a indenizar essas pessoas, em razão da responsabilidade objetiva em razão do descarte inadequado.
"Assim, é louvável o cuidado dos parlamentares, e espera-se que a atuação do órgão de controle e da Câmara dos Deputados impeça que a água e as pessoas tenham contato com material nuclear”, conclui Jacoby Fernandes.
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- 12/06/2017 - Abdan propõe reestruturação do setor nuclear, com criação de agência reguladora e participação privada em usinasFonte: Petronotícias
A Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) pretende apresentar seu novo plano estratégico no mês que vem, durante o Seminário Internacional de EnergiaNuclear, que acontece entre 12 e 14 de julho, e propõe dentre outras coisas uma reestruturação do setor nuclear. Na visão do presidente da ABDAN, Celso Cunha, é importante que as atribuições da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) sejam revistas, com a criação de uma agência reguladora especificamente para a área nuclear, e que a participação do capital privado seja aprovada para a conclusão de Angra 3 e para a construção de novas usinas. "O melhor cenário é o que passa pela iniciativa privada. Não tenho a menor dúvida sobre isso”, afirmou, ressaltando que a própria Eletronuclear estimou em R$ 17 bilhões os aportes necessários para a conclusão da usina nuclear, num momento em que o País passa por uma escassez de recursos. Cunha estará com o Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, na próxima quarta-feira (14), em Brasília, e pretende tratar dessas questões no encontro.– Quais seus planos à frente da ABDAN?
O mandato vai até março de 2018 e a diretoria está bem renovada, com cinco novos vice-presidentes, o Carlos Leipner, da Westinghouse, o André Salgado, da Areva, o Ricardo Antunes, da Nuclep, o Paulo Akashi, da Intertechne, e o Orpet Peixoto, da AF Consult.
Já fizemos um planejamento estratégico para a associação e as empresas estão interessadas em ser parcerias de Angra 3, mas para isso o governo precisa se posicionar nessa direção. A usina é uma das nossas prioridades.
Também estamos terminando um roadmap para novas usinas, e acreditamos que o setor nuclear precisa se reestruturar.
– De que maneira?
A CNEN [Comissão Nacional de Energia Nuclear], por exemplo, controla a Nuclep e a INB. Ela tem institutos de pesquisa, faz fiscalização e regula o setor, ao mesmo tempo em que é um executor. Então o setor precisa se reestruturar.
Outra questão importante é que tivemos uma reunião com a equipe de planejamento energético. Precisamos priorizar as usinas nucleares na nossa matriz. Hoje existe potencial para poucas usinas hidrelétricas para a geração de base, ou então as térmicas. Tem muita geração solar e eólica, mas essas fontes não são de base, então é uma questão importante priorizar a nuclear.
As usinas hidrelétricas do Nordeste, por exemplo, não produziram quase nada esse ano, então tem um limitante significativo, muito importante, para impulsionar a entrada de novas usinas nucleares, que são limpas e são de base. Os países que se comprometeram com a diminuição dos gases de efeito estufa estão indo nessa direção. Algumas pessoas acham que é muito caro, mas não é. A instalação tem um capital intensivo, mas a operação tem um custo baixo, então as empresas têm interesse em investir.
– Qual o cronograma para levar essas pautas ao governo?
No dia 14 [quarta-feira] vamos ter uma reunião com o Ministro de Minas e Energia, para falar sobre a importância da geração nuclear na matriz energética brasileira.
– O novo plano estratégico da associação já está pronto? Quais suas diretrizes?
Está quase pronto. Devemos divulgar provavelmente no SIEN [Seminário Internacional de EnergiaNuclear, que acontece entre 12 e 14 de julho]. Estamos na fase final de acabamento do planejamento estratégico da ABDAN. É o primeiro realizado dentro da associação. Outro trabalho que estamos buscando é a questão da comunicação, focando em como explicar melhor, comunicar melhor isso para a sociedade. E, quando falamos disso, não nos referimos apenas à energia, mas também a medicina, agricultura etc. São áreas em que a ABDAN pretende expandir seus horizontes, como prevê o estatuto.
– Qual o melhor caminho para a retomada das obras de Angra 3?
O melhor cenário é o que passa pela iniciativa privada. Não tenho a menor dúvida sobre isso. O governo tem uma escassez de recursos, a Eletronuclear estimou em R$ 17 bilhões a necessidade de capital para a conclusão da usina, e a empresa não pode pagar por esse problema todo que o País está passando.
– E qual o melhor modelo?
Tem mil modelos possíveis, o governo pode montar uma joint venture, pode passar direto para a iniciativa privada fazer o investimento, mas tudo depende de regulamentação. Provavelmente a Eletronuclear continuará a operadora, mas esse modelo passa pela participação privada.
– Como vê a participação privada em novas usinas nucleares no Brasil?
Vamos entrar num ciclo de geração nuclear agora, da mesma maneira como aconteceu e vem acontecendo com eólica, hidrelétricas etc. No caso delas, temos a venda de energia a partir de plantas específicas. E acredito que para a geração nuclear deva ser da mesma maneira, calculando preços, a demanda e com a garantia de uma base segura de energia. Se não, vamos piorar nossa matriz. A nuclear é limpa e tem um custo de operação baixo. Então a tendência é a iniciativa privada ter uma participação ativa, com investimentos, em novas usinas.
– Acredita em leilões nos mesmos moldes dos que já existem para as outras fontes?
O leilão precisa de algumas adaptações, como existem para cada leilão, levando em conta as características específicas de cada fonte, mas acredito que esse seja um caminho interessante para ser seguido.
– Qual a expectativa da ABDAN em relação ao próximo plano decenal de energia da EPE?
A nossa expectativa é que a área nuclear apareça de forma clara, porque até hoje foi de maneira muito tímida. Foi acertada uma participação da ABDAN num grupo de trabalho com a EPE e vamos discutir intensamente com eles sobre isso, para um desenvolvimento conjunto e para que o setor nuclear apareça de forma clara. Então temos muitas frentes em aberto, mas todas muito palpáveis.
– Como estão as relações com o governo em busca de dar mais espaço à geração nuclear no País?
A relação com o governo é ótima. O Ministro de Minas e Energia é uma pessoa muito capaz, tem feito muita articulação, é um jovem que ganhou o respeito do setor. Estivemos com ele há poucas semanas e estaremos com ele de novo no dia 14. Foi criada uma agenda propositiva das associações e entregue a ele, que tem ouvido muito o setor e dado atenção. Então nossa relação é ótima e temos muita expectativa de que as coisas vão continuar caminhando.
– Quais os maiores obstáculos ao avanço da fonte e como superá-los?
Acho que os principais são a arrumação do setor nuclear. Defendemos a criação de uma agência reguladora, que vá desde a geração de energia até medicina, tratamento e radiofármacos. Precisamos então redefinir o papel da CNEN. A segunda agenda é a definição clara da participação da iniciativa privada dentro dos investimentos, tendo em vista que as empresas já se manifestaram interessadas em investir no setor.
– Qual a expectativa de conquistas no seu período de mandato à frente da ABDAN?
O que está no planejamento estratégico. São seis macroações. A expectativa é concluir esses itens no período.
– Quais são essas seis ações?
A realização de um Roadmap com o objetivo de difundir junto aos principais stakeholders informações e ideias sobre futuros projetos de geração de energia nuclear no Brasil; demostrar os benefícios da geração de energia nuclear, reforçando o foco de "energia limpa”; promover pautas com associações no âmbito dos poderes Executivo e Legislativo; empreender esforços para a conclusão de Angra 3; ampliar a presença da ABDAN junto à sociedade, levando informações de forma desmistificada dos benefícios da geração de energia nuclear; e expandir as atividades por toda a cadeia da indústria nuclear.
Todas estas ações estão sendo discutidas pela diretoria da entidade por conta da elaboração no Plano Estratégico da instituição.
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- 08/06/2017 - Conferência de Segurança Nuclear debate sobre proliferação de armas atômicasFonte: UOLA Conferência sobre Segurança Nuclear começou nesta quinta-feira com o objetivo de debater a ameaça da proliferação de armas atômicas e possíveis soluções para o problema.
"É um tema preocupante. Temos que nos unir, nos unir como uma só voz para pressionar os que têm armas nucleares para acabar com esse perigo para sempre", disse Erlan Idrissov, ex-ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão, durante o evento.
O diplomata cazaque, atualmente embaixador do país no Reino Unido, expressava a opinião de seu país, um dos líderes no movimento para banir as armas atômicas. "Somos um país jovem, de só 25 anos, mas, no momento da independência, em 1992, éramos a quarta potência nuclear mundial", explicou Idrissov.
"Mas destruímos nossa infraestrutura de armas nucleares e os locais de testes. Fomos a primeira potência ex-União Soviética a destruir o maior local de testes nucleares", afirmou, se referindo a Semipalatinsk, a principal instalação do tipo.
Durante a conferência também foi abordada a situação do Banco de Urânio Enriquecido (LEU, na sigla em inglês), uma infraestrutura que fica no Cazaquistão e que pertence à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"O banco do LEU é um bom exemplo de como o Cazaquistão pode ajudar a administrar esse problema. É uma ferramenta importante, um passo prático para garantir que o mundo está um pouco mais a salvo da ameaça nuclear", disse Idrissov.
O banco do LEU pretende proporcionar uma reserva de combustível para ser colocado à disposição dos países-membros da AIEA, a preços de mercado, como último recurso caso eles não sejam capazes de obter urânio enriquecido para a geração de energia no mercado mundial.
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- 08/06/2017 - Agência da ONU usará drones para erradicar insetos que causam doençasFonte: EBC Agência Brasil
Esther Martín, da Agência EFEA Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), usará drones para combater insetos como a mosca tsé-tsé, transmissora da chamada "doença do sono", que afeta tanto humanos quanto animais.
Em uma primeira etapa, um drone teleguiado será lançado no Sul da Etiópia, a cerca de 200 metros de altura. Pequenas caixas abertas terão moscas esterilizadas previamente com tecnologia nuclear.
Esse método, que existe há décadas, consiste em esterilizar os insetos machos para que se reproduzam com as fêmeas infectadas, reduzindo, de forma paulatina, a população desses insetos.
o avião não tripulado, construído pela empresa Embention, tem, embaixo das asas, dois tubos dotados de um mecanismo para soltar as caixas biodegradáveis nos locais indicados.
Com apenas 25 quilos e capacidade de liberar cerca de 5 mil moscas em cada voo, o aparelho custa 15 vezes menos que os drones utilizados até agora, disse, em entrevista à Agência EFE, o fundador da Embention, David Benavente.
A "doença do sono" afeta, na Etiópia, tanto humanos quanto animais, com graves efeitos sobre a economia e a sociedade. As moscas tsé-tsé também provocam nos animais a "nagana", uma doença que os deixa muito frágeis e os impede de colaborar nas tarefas agrícolas, o principal motor da economia africana.
O principal problema enfrentado para implantar o projeto na Etiópia é a falta de legislação sobre drones no país. Por isso, as autoridades têm que estudar o uso dos equipamentos caso a caso.
"Como não existe um regulamento, temos que mostrar que o drone é seguro, seja na Etiópia ou em qualquer outro país", explicou o fundador da Embention.
Com autonomia de três horas, o drone está programado para percorrer um máximo de 300 quilômetros a 200 metros de altura, nível considerado espaço aéreo "não controlado". Assim, não há chance de um pequeno avião surgir no caminho do equipamento.
Ainda que o drone seja completamente autônomo da decolagem à aterrissagem, deve haver um responsável na base que o controle, para verificar todos os mecanismos durante o voo, ressaltou Benavente.
A Aiea já está em contato com as autoridades etíopes para iniciar o projeto o mais rápido possível. Antes de cada voo, será preciso informar a rota do drone à Aviação Civil da Etiópia.
"Os drones são cegos, não são capazes de ver em tempo real se existe alguma ameaça para evitá-la. Algo assim só pode ser feito por um piloto humano", acrescentou Benavente.
O uso de drones vai melhorar a eficácia da chamada Técnica do Inseto Estéril (TIE), disse o diretor-geral adjunto da Aiea para a Ciência, Aldo Malavasi Filho, por permitir soltar as moscas em locais específicos.
Enquanto os aviões utilizados atualmente para lançar as moscas alcançam uma velocidade de 200 quilômetros por hora (km/h), os drones não superam os 80 km/h, o que permite uma liberação mais eficaz e precisa.
Em entrevista à Agência EFE, o especialista brasileiro estima que os drones estarão prontos para uso geral em pouco mais de um ano.
A introdução dos drones nessa batalha é apoiada pela Aiea e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Se o atual projeto-piloto com a Embention evoluir, a ideia é estendê-lo para novas regiões da África e para novas espécies de insetos.
"O uso de drones permitirá também dispersar mosquitos menores, que são muito mais delicados que as moscas", afirmou Malavasi.
Com mosquitos estéreis será possível combater outros vírus perigosos, como da zika, dengue e chikungunya.
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- 06/06/2017 - Momento histórico: SBMN firma convênio com a CNENFonte: SBMN
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), representada pelo presidente Juliano Cerci e pelo Diretor de Ética e Defesa Profissional, Celso Darío Ramos (presidente da SBMN nos biênios 2011-2012 e 2013-2014), tem o prazer de anunciar que assinou, na tarde desta terça-feira (6) o acordo de cooperação bilateral com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).O documento prevê o fortalecimento da proteção radiológica e segurança nas atividades nucleares. O encontro aconteceu na sede do CNEN, no Rio de Janeiro, que foi representada pelo presidente Paulo Roberto Pertusi, e o vice-presidente do órgão, Alexandre Gromann de Araújo Góes. "Esse é um momento histórico para a SBMN, além da anuência da Associação Médica Brasileira (AMB), passamos a ter um acordo formalizado com esse importante órgão federal”, comemorou Juliano Cerci no momento da assinatura. "Quero agradecer o empenho de todos para vivermos esse momento tão especial para a SBMN, iniciado na gestão do Darío”, completa.
Como órgão regulador das aplicações sociais de energia nuclear no Brasil, cabe à CNEN licenciar e controlar práticas de medicina nuclear no que diz respeito à proteção radiológica. Assim, o acordo abre a possibilidade de uma série de ações práticas já acertadas entre as entidades, como a avaliação conjunta de competências exigidas de responsáveis técnicos de serviços de MN. As entidades também atuarão em parceria nos processos de habilitação de médicos nucleares.
A assinatura do acordo prevê ainda reuniões periódicas entre as entidades para que, juntas, atuem no desenvolvimento de pesquisas, instrumentos científicos e técnico-administrativos que permitam levar os benefícios da especialidade nuclear a um número maior de pessoas.
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- 06/06/2017 - MME vai mexer em lei do setor elétrico para atrair investidor para Angra 3Fonte: Estado de Minas
O ministro de Minas de e Energia (MME), Fernando Coelho Filho, disse que o governo vai mexer no "arcabouço jurídico legal" do setor elétrico para permitir que empresas privadas possam investir em projetos de geração nuclear de energia.
Pelas regras atuais, a extração, produção e consumo de urânio pelas usinas nucleares é um monopólio estatal. Empresas privadas são proibidas de atuar em qualquer etapa dessa cadeia. Com as mudanças nas regras, que devem ocorrer neste segundo semestre, o governo pretende abrir espaço para que empresas internacionais façam uma sociedade com a estatal Eletronuclear para concluir a construção de Angra 3, no Rio de Janeiro.No último sábado, 3, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que as estimativas avaliadas pelo MME para concluir a usina exigirão investimentos da ordem de R$ 17 bilhões, além dos R$ 7 bilhões que já foram consumidos pela obra. Caso o governo opte por desistir do projeto, seriam necessários mais R$ 12 bilhões para dar fim a todos os compromissos financeiros que o projeto já tem, além do desmonte da estrutura atual.
"É mais vantajoso terminar do que abandonar a obra. É difícil explicar para a população como é que você vai deixar aquela quantidade de recursos lá, investidos", comentou Coelho Filho, durante participação em uma audiência pública realizada pela Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado.
"Como a Constituição proíbe que o capital privado possa manusear e operar energia nuclear, a ideia seria montar uma SPE (sociedade de propósito específico), uma PPP (parceria público-privada), onde a Eletronuclear entra com o que já tem investido e se responsabiliza pela operação e direção da usina, e o parceiro entra com os recursos necessários para conclusão da obra", disse o ministro. "Nossa expectativa é de que, até o final deste ano, a gente possa colocar de pé todo esse arcabouço jurídico legal que dê segurança ao investidor para tomar essa decisão."
Coelho Filho admitiu a incapacidade do governo em assumir a obra. "O fato é que nós não temos, nem a Eletrobrás nem o governo, os recursos suficientes para poder terminar esses investimentos. Estamos conversando com diversos parceiros e recebemos propostas de empresas."
A Eletronuclear tem mantido conversas com várias empresas, como CNNC e SNPTC (chinesas), EDF (francesa), Kepco (coreana) e Rosatom (russa). Mesmo com as operações de Angra 1 e 2 em pleno funcionamento, a estatal fechou o ano passado com prejuízo líquido de R$ 4,075 bilhões. Somado aos anos anteriores, o prejuízo acumulado já chega a R$ 10,952 bilhões.
Por conta da situação financeira da estatal e das necessidades de Angra 3, o ministro afastou a possibilidade de tocar qualquer novo projeto de geração nuclear até o ano que vem. "De fato o governo brasileiro tinha projetado mais cinco usinas. Não vejo a Eletronuclear com recursos suficientes para tocar um projeto de uma usina nuclear. Isso é algo para ser debatido no próximo governo. Esse governo vai focar seus esforços para endereçar a questão de Angra 3." -
- 06/06/2017 - Invenção espanhola busca revolucionar combate a zika e outros vírusFonte: Portal TerraUm método inovador, elaborado por um grupo de cinco cientistas espanhóis, busca revolucionar a luta contra diferentes vírus transmitidos por mosquitos, como zika, dengue e chicungunha.
Trata-se de uma máquina desenvolvida em Valência, no leste da Espanha, capaz de separar de forma automática, com ajuda de um laser, as pupas de mosquitos machos das fêmeas, um processo-chave para reduzir a população de insetos com tecnologia nuclear.
A pupa é o estado pelo qual passam alguns insetos durante a transformação de larva a adulto.
A chamada Técnica do Inseto Estéril (TIE) consiste em esterilizar com radiação ionizada os mosquitos machos. Dessa forma, apenas as fêmeas picam os humanos e transmitem doenças.
Os machos esterilizados são liberados em áreas de risco para que se acasalem com as fêmeas, que assim deixam de se reproduzir, causando uma redução da população de mosquitos perigosos.
Uma das principais dificuldades desta técnica é a separação de sexos, um complicado e custoso processo, que é realizado até agora de forma manual, com o uso massivo de água e com uma porcentagem de erro que chega a até 6%, segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A nova tecnologia, desenvolvida por uma equipe de cientistas da empresa pública espanhola Tragsa, consegue eliminar com absoluta precisão e em pouco tempo os mosquitos fêmeas, cujo tamanho é maior que o dos machos.
O biólogo Carles Tur é um dos responsáveis deste método, que está a ponto de ser concluído para a sua comercialização. "Esperamos poder conseguir com a nossa máquina um milhão de mosquitos machos por dia", explicou à Agência Efe o cientista da Tragsa.
"Na China, o país que mais gente emprega para separar mosquitos pelo seu sexo, conseguem reunir cinco milhões de machos por semana. Estamos nos saindo muito bem com nossa maquina", afirmou Tur.
Segundo a AIEA, para poder combater doenças como a zika com a TIE são necessárias dezenas de milhões de mosquitos esterilizados.
O novo método de seleção de sexos consiste em colocar os insetos sobre um prato pequeno transparente que gira como um toca-discos.
Uma câmera de vídeo registra em questão de milissegundos o tamanho de cada um dos insetos e envia a informação a um aparelho laser, que em seguida dispara contra as pupas maiores, deixando ao final apenas os machos.
"Desta forma, alcançamos uma separação muito precisa, sem ter de recorrer a funcionários e sem erros possíveis", destacou Nacho Plá, outro dos responsáveis pela nova máquina.
"Buscamos algo matemático, que fosse padrão, que trabalhasse com estatísticas e que fosse o mesmo para todos os usuários e garantisse um bom resultado", resumiu esse engenheiro agrônomo.
Este projeto tem sido desenvolvido sob os cuidados da AIEA, uma das principais impulsoras da técnica do inseto estéril, que já é aplicada em 40 países, não só contra mosquitos, mas também contra outros insetos como a mosca da fruta e a mosca tsé-tsé.
Ainda que o uso desta técnica já funcione com grande sucesso há décadas contra a mosca da fruta, a sua aplicação contra o mosquito que transmite a zika é mais recente.
A epidemia deste vírus causou pânico na América Latina em 2015 e 2016, principalmente no Brasil e na Colômbia, pela transmissão de diversas doenças aos fetos.
Com a ajuda da AIEA, o Brasil está aplicando a TIE, mas necessita de dezenas de especialistas para separar os mosquitos machos das fêmeas, o que encarece muito o processo.
O fator econômico e a precisão na hora de separar as pupas por sexos é o que destaca também Aldo Malavasi Filho, diretor-geral adjunto da AIEA para assuntos científicos.
"A separação é a parte crítica deste processo. O que fazem em Valência com o laser é grandioso, é precioso", destacou o especialista brasileiro em declarações à Efe.
"Precisamos de um processo mais eficaz, já que a separação de mosquitos constitui entre 20% e 30% da despesa total da TIE", ressaltou Malavasi, que estima que a máquina da Tragsa estará disponível "dentro de um ano".
O preço estimado deste equipamento estará "abaixo de US$ 1 milhão", segundo previu o diretor adjunto da AIEA.
Dessa forma, os países interessados poderão adquiri-lo diretamente ou a AIEA os distribuirá no marco de seu programa de cooperação técnica com Estados com poucos recursos.
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- 05/06/2017 - Santa Fé promete apoio do Ministério à construção do reator multipropósito brasileiroFonte: Infodefensa
O secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), Elton Santa Fé Zacarias, garantiu todo apoio à construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).A declaração foi feita na solenidade de assinatura do acordo de cooperação técnica entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) para o desenvolvimento do projeto detalhado do RMB. "Estamos confiantes na capacidade técnica da Amazul e da Marinha do Brasil para tirar do papel grandes projetos como o navio oceanográfico, o satélite geoestacionário e o superlaboratório Sirius. Faltava o RMB e por isso tenho muito orgulho de participar deste momento”, acrescentou.
O reator nuclear, cujo desenvolvimento será conduzido pela Cnen, dará ao Brasil autossuficiência na produção de radioisótopos usados na fabricação de radiofármacos para diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer. Atualmente, o Brasil importa os insumos da Argentina, Rússia e África do Sul.
A serviço da vida
"O RMB é a tecnologia nuclear a serviço da vida”, sintetizou o professor José Augusto Perrotta, coordenador técnico do projeto na Cnen. No evento de assinatura do acordo, Perrota fez uma apresentação sobre os benefícios do projeto a autoridades civis e militares, acadêmicos e especialistas em energia nuclear.
"Para nós, o RMB tem um incalculável valor social, já que coloca a tecnologia nuclear a serviço da saúde dos brasileiros, salvando vidas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, afirmou Ney Zanella dos Santos, diretorpresidente da Amazul. "Além disso, promoverá uma sinergia de conhecimento com o Programa Nuclear Brasileiro”, acrescentou.
"A demanda reprimida de radioisótopos tanto na rede pública quanto na particular é muito grande e será melhor suprida quando o RMB estiver operando em sua plena capacidade”, reforçou o presidente da Cnen, Paulo Roberto Pertusi. Ele lembrou que a pesquisa a partir do RMB contribuirá também para o Programa Nuclear da Marinha e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos.
O RMB terá outras aplicações além da medicina nuclear. Ele disponibilizará tecnologias que poderão ser aplicadas na agricultura, no meio ambiente e na indústria. Essas tecnologias permitem, por exemplo, testar materiais, localizar fissuras em superfícies como asas de avião ou verificar a quantidade de agrotóxicos contida em alimentos.
Convênio com a Finep
O projeto detalhado do RMB será desenvolvido por meio de convênio com a Financiadora de Projetos (Finep), no valor de R$ 150 milhões. O empreendimento, incluindo a construção do reator, absorverá investimentos de US$ 500 milhões (R$ 1,6 bilhão a câmbio atual), recursos que virão do Tesouro Nacional.
Também participará do desenvolvimento do projeto detalhado a Invap S.E., empresa pública argentina de tecnologia e projetos, uma das responsáveis pelo projeto básico do RMB.
A Amazul, coexecutora do projeto, agregará a expertise de seus empregados que há décadas participam do Programa Nuclear da Marinha, Programa Nuclear Brasileiro e Programa de Desenvolvimento de Submarinos. O projeto básico do RMB está pronto e o empreendimento já tem a licença prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e licença local da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Cnen.
O empreendimento será construído em terreno de 2 milhões de metros quadrados (cerca de 200 campos de futebol), parte cedido pela Marinha do Brasil e parte em processo de desapropriação pelo governo de São Paulo, localizado ao lado do Centro Industrial e Nuclear de Aramar, em Iperó, onde também está sendo desenvolvido o reator para o submarino nuclear brasileiro.
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- 02/06/2017 - HCor capacita inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA)Fonte: SegsO HCor (Hospital do Coração) recebeu nesta quinta-feira (01/06), das 8h às 18h, 22 inspetores de 16 diferentes países da América Latina, indicados pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) para uma capacitação sobre controle regulatório em práticas de radiocirurgia. O programa do curso, que contempla a atividade prática, caracteriza-se por uma inspeção regulatória em um serviço de radiocirurgia. O Gamma Knife do HCor, equipamento de última geração utilizado com pioneirismo pelo HCor no tratamento de algumas patologias, foi escolhido para realização da capacitação destes inspetores.
Na ocasião, os inspetores realizaram a inspeção no Serviço de Radiocirurgia do HCor - Gamma Knife, supervisionados pela equipe de Física Médica do hospital, juntamente com o CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que estabelece normas e regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar serviços que fazem uso de radiação ionizante para fins terapêuticos.
De acordo com o gerente do HCor Onco, Leonardo Morelli, este treinamento foi muito importante para o desenvolvimento de uma prática comum, entre os inspetores de diferentes países da América Latina, que contemple todos os requisitos fundamentais para realização do procedimento de radiocirurgia, seja em aceleradores lineares (radioterapia) ou Gamma Knife. Essa prática visa proporcionar qualidade e segurança no tratamento radiocirúrgico de pacientes.
"Vale lembrar, que todas as equipes médicas e multiprofissionais do HCor envolvidas em procedimento radiocirúrgico com Gamma Knife possuem expertise para utilização desta tecnologia com qualidade e segurança. 100% dos profissionais foram treinados em centros de referência mundiais, como Universidade de Pittsburgh, Estados Unidos, e Instituto Karolinska, na Suécia”, explica Morelli.
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- 02/06/2017 - Instituição de pesquisa privada poderá receber estímulo governamentalFonte: Informe Parlamentar ABIPTI
Os Parlamentares da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) aprovaram nesta quarta-feira (31), projeto de lei projeto que declara as instituições de pesquisa e desenvolvimento privadas como Centros de Pesquisa e de Inovação de Empresas (CPIEs) (PL 5752/16).
O objetivo da proposta do deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) é garantir aos CPIEs a possibilidade de receber benefícios previstos na legislação como programas de estímulos, fomentos e regimes tributários especiais. Para isso, é indispensável o parque ou polo tecnológico ser reconhecido formalmente pelo Ministério da Ciência. Segundo Leite, a legislação brasileira precisa reconhecer jurídica e explicitamente a existência de instituições de pesquisa e inovação privadas com fins lucrativos. "Elo fundamental da cadeia do negócio baseado no conhecimento e responsáveis pela introdução de bens e serviços com alto conteúdo tecnológico no mercado consumidor.”
O atual arcabouço regulatório, de acordo com Leite, ignora a existência de instituições de pesquisa e inovação privadas com fins lucrativos. "Isso prejudica a interação com as instituições públicas e a atratividade dos parques tecnológicos e o desenvolvimento pleno da ciência e da tecnologia no País", afirmou. O deputado ressaltou ainda que essas instituições geram empregos de alta qualidade e empregam grandes quantidades de pesquisadores formados no País, exercendo papel importante para a fixação de mestres e doutores no Brasil.
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- 01/06/2017 - Qual é a única cidade possuidora de 'escudo nuclear'?Moscou é a única cidade do mundo a ser protegida contra mísseis com ogivas nucleares, declara The National Interest.
Moscou é a única cidade do mundo a ser protegida contra mísseis com ogivas nucleares, declara The National Interest.
Fonte: Sputnik
A cidade mais protegida do mundo não é Washington, capital norte-americana, e, sim, Moscou, segundo artigo publicado no jornal norte-americano The National Interest. A capital da Rússia é a única cidade do nosso planeta que está embaixo do "escudo nuclear", acrescenta a edição.O jornal destaca que o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM), assinado pelos Estados Unidos e União Soviética em 1972 (com o objetivo de limitar o número de mísseis desse tipo usados para defender certos lugares contra mísseis com carga nuclear), contém uma exclusão — o acordo não proibiu todos os sistemas de defesa antimíssil. Cada integrante do acordo poderia possuir tal sistema, não ultrapassando 100 instalações. Segundo aponta o NI, o sistema poderia ser implantado em qualquer lugar.
Os Estados Unidos decidiram deslocar seu sistema Safeguard ao redor da base aérea militar Grand Forks no estado de Dakota do Norte, que funcionou por um curto período e logo depois foi desmontado.
"No fim das contas, entenderam que não faz sentido defender uma só região com um sistema tão caro", escreve o NI.
Enquanto isso na União Soviética a situação era outra — se Moscou tivesse sido destruída por bomba nuclear, o país perderia a oportunidade de responder ao ataque, pois todo o comando se encontrava na capital.
Isso resultou na instalação do sistema A-35, que se trata de uma rede de defesa antiaérea que garantia a segurança de Moscou em caso de guerra nuclear.
O jornal sublinha que, inicialmente, planejava-se construir 32 áreas com sistemas de defesa ao redor da capital soviética, mas depois decidiram diminuir o número de construções, pois os mísseis passaram a ser equipados com ogivas nucleares, o que aumentou a eficiência dos mesmos.
Se levarmos em consideração que o potencial nuclear de ambos os países não parou de crescer, nos anos 70 o sistema A-35 foi substituído por um mais novo — A-135. No projeto de construção de 32 instalações foi adicionado 68 novos sistemas, sendo assim, Moscou atingiu o limite de 100 instalações, acordado pelo Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM).